Vitórias




 Katherine sabia que era ruim, mas ela também sabia que no todos ali estavam condenados àquele mesmo castigo, afinal aquela fora a primeira das muitas posteriores ordens dadas pela recém-nascida Lady das Trevas.


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 15 – Vitórias


 


        A primavera deixava os jardins de Hogwarts especialmente belos, todas as flores abertas, um clima de felicidade extrema e passarinhos voando que começava a ser até enjoativo para Melinda e Draco.


        - As pessoas estão ignorando que tem uma guerra lá fora só porque é primavera. – Melinda, sentada ao lado de Draco, riu, enquanto observava as garotas mais jovens mandando bilhetinhos super apaixonados para garotos mais velhos, dos sextos e sétimos anos.  – Acham que é tempo de romance. – completou com tom sarcástico.


        - O pior é acharem que algum desses garotos vai olhar pra elas. – ele riu, abraçando Melinda pela cintura. – São praticamente crianças e ficam mandando esses bilhetes embaraçosos.


        - Sinto vergonha alheia por elas. Quanta humilhação gratuita. – ela rolou os olhos. – Mas sinto ainda mais dessas garotas do sexto ano mandando amortentia pro Potter, Merlin.


        Draco fez uma cara de nojo, ele compartilhava o sentimento de asco que Melinda tinha em relação a Harry Potter. Nenhum dos dois entendia o fascínio das pessoas pelo Menino-Que-Sobreviveu.


        A invasão a Hogwarts estava planejada nos mínimos detalhes. Nada podia sair do controle ou Melinda e Draco seriam mandados direto para Azkaban. Não era algo que eles queriam, é claro. E nem Voldemort queria, também.


        Pansy Parkinson se aproximava lentamente, olhando para o chão – como envergonhada. Ela parecia querer sumir dali, não ser mais vista por ninguém no mundo bruxo, seu ultimo deslize lhe custara sua reputação. Não devia ter deixado as cartas caírem no chão. Levá-las consigo tinha como objetivo protegê-las e mantê-las em sigilo, não entregá-las em uma bandeja de prata para Melinda. Resultado? Agora ela tinha de fato que levar as mais diversas coisas em bandejas de prata para Melinda. Sem a bandeja de prata, é claro. Virara sua escrava, e quando alguém em Hogwarts perguntava, tudo era atribuído a uma aposta.


        Os livros em suas mãos eram a prova disso, ela os buscara no quarto de Melinda – com a humilhação de ser supervisionada por Gabrielle, que vinha em seu encalço. Melinda nunca a deixaria entrar sozinha em seu quarto, ou relutaria muito em deixar.


        Pansy não tinha muita escolha, afinal. Era aquilo ou, muito provavelmente, acabar em uma cova. Montes de terra acima de si não eram atraentes. Até servir Melinda a atraía mais. Inclinou-se na direção da garota, estendendo os livros.


        - Oh, meus livros... Finalmente... – Melinda pegou os livros da mão de Pansy. – Obrigada, agora pode ir.


        Agora pode ir. Melinda realmente a estava tratando como uma criada. Pansy engoliu seco, ela tinha selado seu destino ao pedir ajuda para a mãe, mas os métodos extremos da Parkinson mais velha a haviam deixado um pouco preocupada desde o início. E agora ambas pagavam por isso. Soubera da tortura da mãe pela própria Melinda. Ser escrava da Princesinha não estava sendo agradável em nenhum aspecto.


        Retirou-se da presença de Melinda, não querendo ouvir aquela ordem uma segunda vez. Receber ordens da morena uma vez já era humilhante o bastante e ela já não tinha muito orgulho ao qual se agarrar. Saiu andando na frente, tinha aula de Defesa Contra as Artes da Trevas, assim como Melinda, mas faria questão de chegar primeiro. Algo ela tinha que fazer melhor, nem que fosse ser pontual.


        Pansy já estava sentada na cadeira no fundo da sala quando viu Melinda e Draco entrarem, cheios de risinhos, muito antes de Snape virar-se para a classe. Eles sentaram-se um ao lado do outro, abrindo os livros na matéria que estavam estudando naquele trimestre. Os alunos perfeitos. Dava até enjôo.


        Snape com um floreio de varinha encheu o quadro negro de matéria, bem costumeiro dele, tudo rápido e preciso. Logo começaria a falar e deixaria os alunos loucos.


        Os planos de Snape, contudo, não foram tão bem sucedidos. Ele mal abrira a boca e o barulho de alguém batendo à porta o interrompera. Inferno. Andou até a porta e pegou das mãos de um monitor-chefe um pedaço de pergaminho e o abriu, deixando tanto os alunos da Sonserina quanto da Grifinória, com quem dividiam classe, extremamente curiosos.


        - Srta. Black. – chamou o professor, quando finalmente tirou os olhos do pergaminho.


        Melinda, cujos olhos estavam perdidos nas linhas dos livros, olhou para o professor, confusa por não ter idéia de porque ele a havia chamado. Não havia motivo algum para aquilo, por que teria a ver com ela? Bom, só tinha um meio de descobrir.


        - Sim, professor Snape...


        - O professor Dumbledore quer vê-la. Agora.


        Burburinhos inundaram a sala de Snape. Logo a Srta perfeição sendo chamada para a sala de Dumbledore. Era estranho demais, ela devia ter feito algo e bem grave. O diretor não chama ninguém ao seu gabinete a não ser que seja algo realmente importante –a não ser que seja Potter, é claro, mas não era o caso.


        Draco a olhou parecendo chocado e esperando alguma resposta para o recado de Dumbledore, algo que ela parecia não ter de jeito nenhum.


        - Dessa vez eu não fiz nada, eu juro. – disse ela, tão chocada quanto ele. – Não fui eu. – completou, antes de se levantar. A voz dela soou mais irritada do que preocupada, o que o fez ter vontade de rir. Ela devia estar louca da vida por ter que ir falar com Dumbledore sem ter feito nada, se ainda tivesse feito, teria algum motivo plausível para andar meio castelo. Naquele caso, não havia.


        Melinda andou até Snape, recebendo olhares e comentários de todos os colegas de classe, o professor lhe entregou um pedaço pequeno de pergaminho que estava dentro do maior nas mãos dele. Ela pegou o pergaminho e viu que havia um nome de doce escrito nele. Fez cara de confusa para Snape.


        - É a senha. Diga ao chegar na gárgula. – Melinda aumentou a careta, achando a senha um tanto boba, mas fazer o que. Snape a analisou, tentando ver se conseguia tirar dela o que levara àquilo. – Fez algo errado para interessar o diretor? – perguntou, arqueando a sobrancelha.


        Melinda queria dar uma resposta atravessada, mas estava dentro de sala de aula e prometera à Gabrielle ser um pouco menos azeda com Snape – não que confiasse nele, é claro. Respirou fundo, olhando novamente para o pergaminho tentando se acalmar contando as fibras do mesmo. Voltou a olhar para ele, já sem a resposta atravessada na ponta da língua.


        - Esse é o meu ponto, nada. Mas o único jeito é descobrir, professor. – respondeu a jovem bruxa. – Com licença. – ao dizer isso, ela foi até a porta e saiu fechando-a atrás de si.


        Fechou a capa da Sonserina no caminho para o escritório do diretor, não gostaria de algum tipo de reclamação pelo tamanho de sua saia. Aquela capa era o disfarce perfeito. Andou a passos largos, tentando não adivinhar porque diabos Dumbledore a chamara, a única coisa que tinha que fazer era fechar sua mente. Seu pai a havia avisado, ele também era Legilimente.


        A senha saiu de sua boca poucos minutos depois, abrindo a escada para que ela subisse. Nunca havia sido chamada à sala de Dumbledore, mas não sentia medo ou qualquer receio.


        Parou na porta e bateu, ouvindo a permissão para entrar logo em seguida. A mente completamente fechada.  Dumbledore não tiraria dela nada, havia aprendido bem com Bellatrix. Ela adentrou à sala dele.


        - Me chamou, professor Dumbledore? – perguntou, com a maior voz de inocente ao homem que acariciava uma fênix.


        - Oh, sim, Srta Black. – disse o homem, parecendo bondoso e sábio, como sempre. – Sente-se, sente-se. – apontou para a cadeira na frente de sua mesa.


        A jovem adentrou à sala calmamente, mantendo a mente vazia. Sabia que ele tentava ver algo. Sentou-se, educadamente agradecendo.


        Dumbledore arrumou os óculos sobre o nariz e refletiu por alguns segundos.  Não conseguia ver nada na mente de Melinda, mas era óbvio que já haviam-na ensinado Oclumência, ele mesmo ordenara que Harry tivesse as mesmas aulas, uma pena que não tivesse aprendido nada.


        - Creio que não podia mais adiar para ter esta conversa com a Srta. As coisas estão tornando-se descontroladas e preciso que me ouça atentamente. – começou o professor, tendo toda a falsa atenção da hovem, que queria desesperadamente sair dali. Achava que ia vomitar com o que viria a seguir.


        - Sou toda ouvidos. – mentira.


        - Pois bem... Anos atrás eu conheci um garoto que fez todas as escolhas erradas. O seu pai, e é triste ver que está envergando-se pelo mesmo caminho obscuro e tortuoso. Para ele, está feito, mas para você, Melinda, ainda há tempo, ainda há salvação. – a voz sábia e serena do professor começava a irritá-la. Então era isso que ele queria, convencê-la a juntar-se a ele. Patético pensar em tentar aquilo.


        Dumbledore pensava que ainda havia algum resto de chance para Melinda, todos têm o direito de mudar. Ela também. Ainda havia tempo de recuperá-la, trazê-la de volta à luz, só era necessário convencê-la de que este era o melhor caminho. Uma tarefa difícil considerando filha de quem ela era. Bellatrix não era fácil nesse aspecto, muito menos Voldemort.  Por mais difícil que pudesse parecer, ele tentaria. Não desistiria sem uma tentativa.


        - Desculpe-me, professor. Mas eu não tenho a mínima idéia do que o senhor está falando. – era lógico que Melinda não se entregaria tão facilmente, nem Dumbledore pensaria isso.


        Ele sorriu para ela, causando uma onda de irritação percorrer o corpo dela. O que diabos ele estava fazendo sorrindo para ela? Eles eram inimigos. E ele sabia disso. Sorrisos não adiantariam de nada.


        - Ah, você sabe, Srta Black. Vamos, não precisa se prender diante de mim, sei tudo sobre você. Estou falando de seu pai, Tom Riddle. Ou, como o conhecem hoje, Lord Voldemort. E de como está se tornando parecida com ele. – Dumbledore não mudava de expressão uma vez sequer, calmo como se estivesse falando sobre uma nota baixa. Nisso, pelo menos, eles eram parecidos, ela não tinha incômodo ou nervosismo nenhum em falar daquilo.


        - Não sei quem lhe informou, professor, mas eu não sei quem é meu pai. Sei dos boatos que correm sobre minha mãe e... Você-Sabe-Quem, contudo, isso não significa que ele seja meu pai. Eu descobri sobre minha mãe há muito pouco tempo e ainda não tive contato com ela, portanto não posso perceber se me tornei parecida nem com ela e nem com meu desconhecido pai. – ela fingiu fazer uma voz embargada. – Desculpe-me, mas... Esse assunto é um pouco complicado.  


         Dumbledore podia ver claramente Tom Riddle estampado em Melinda. Bela, dissimulada, falsa, fria e ótima atriz. Se ele não tivesse conhecido Tom antes, certamente acabaria por acreditar nela. Contudo, de jovens Riddle ele entendia bem. E esta, ele de fato queria salvar. Mais uma geração Voldemort era ruim demais para o mundo bruxo. E mais uma alma perdida seria triste.


        - Oh, mas sei que conhece sua mãe há muito tempo. Digo, era melhor amiga da outra filha dela, Hilary. E, pelo o que sei, tem tido aulas com seu pai, tutor, Lorde, como prefira chamá-lo. Não precisa mentir para mim, assim como toda a Ordem, eu sei sobre você. Fui o primeiro e tenho certeza que sabe disso. Não é quem você é que importa e sim o que fará com a sua vida. Seu pai escolheu o caminho errado, um caminho de trevas e sofrimento... Sua irmã largou tudo isso, você pode também.


        Os olhos antes postados no colo de Melinda, encontraram os de Dumbledore, pela primeira vez mostrando o sarcasmo neles antes escondidos por uma máscara de lágrimas e falsa tristeza. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela, uma das que ela usaria para tentar enganar Dumbledore, mas nem elas adiantavam mais. Enxugou a lágrima friamente, encarando o professor nos olhos, os lábios curvados com o mesmo sarcasmo estampado nos olhos. Era hora de parar de fingir, ele não a entregaria ao Ministério mesmo. Se quisesse fazer isso, já teria feito.


        - Dumbledore, Dumbledore. Sempre tão sentimental, querendo o bem das pessoas. O melhor para a vida e as almas delas. Crê que todos são como você. Mas o fato é que não são. Frustrante, eu sei. – ela riu. – E eu? Eu nunca serei. Portanto, não perca seu precioso tempo comigo, aconselho que o perca tentando ensinar o Potter a virar um projeto de bruxo se um dia ele quiser realmente enfrentar meu pai.


        Dumbledore não se abateu com a resposta afiada da garota, não esperava menos dela. Tinha a astúcia de Voldemort, mas tinha a língua tão afiada quanto à da mãe. O bruxo não desistiria tão facilmente, ele era persistente, se não conseguisse nada com ela, tentaria salvar ao menos Draco. As idéias cruéis de Voldemort estavam impregnadas naquela garota.


        - Não posso ver seus pensamentos, mas sei que não é igual a seu pai. Tem uma coisa que ele nunca terá, Melinda.


        - Oh, o amor!  – ela fez uma careta dramática. – É isso que ia dizer, eu creio. O amor não faz diferença alguma em uma batalha, professor. Devia saber disso.


        - A senhorita é quem devia saber o poder enorme do amor, acredito que lembra-se do que ele fez a seu pai quinze anos atrás.


        Dumbledore notou uma careta nela ao dizer aquilo, nem mesmo a mais jovem das Comensais da Morte parecia querer acreditar que fora o amor que destruíra seu adorado Lorde.


        - Depois da volta do Lorde esse amor que salvou Potter não serve para mais nada.


        - Talvez, mas e o seu pelo Sr. Malfoy? – ela pareceu engolir seco. – O ignoraria pela guerra? Para ficar ao lado de seu pai?


        Melinda parou por um momento, tentando entender como ele descobrira o que ela havia feito. De fato havia colocado sua felicidade com Draco de lado por um tempo, mas não só pela guerra. Por ele também. Draco estava em perigo e corria mais ainda agora que eles haviam reatado, mas teria Dumbledore furado sua barreira de Oclumência? 


        - Temo que já saiba esta resposta. – a idéia de ter alguém tão habilidoso tentando penetrar seu bloqueio não assustava, mas pensar que ele talvez o tivesse ultrapassado, a deixava louca.


        - É aí que se engana. Não sei de coisa alguma. É muito boa em Oclumência, preciso dizer. Quem andou lhe ensinando? Sua mãe? – Dumbledore tinha conseguido aquela informação através de Snape.


        Melinda apenas sorriu, confirmando. Ele não conseguia invadir a mente dela, ótimo.


        - Ela é muito boa em tudo, se quer saber. E uma ótima professora. Melhor do que Snape, digo, Potter até hoje não fecha a mente. – ela deu um risinho de canto. – Sei tudo o que eu quiser sobre ele, não é algo muito seguro, sabe. Para ele.


        Dumbledore não deixou de sorrir, sua preocupação – existente, ela sabia. – com a segurança de Harry não transpareceu no rosto do bruxo, tirando Melinda ainda mais do sério. Sentimento que ela também, é claro, não demonstrou.


        - Imaginei que estivesse usando suas habilidades de Legilimente nos seus colegas. Seu pai fazia muito isso. – ela arqueou a sobrancelha, parecendo um clone mais jovem de Bellatrix Lestrange


        - Acho que está desviando de seu ponto, me elogiar dizendo que sou parecida com meu pai não vai adiantar de muito, professor.


        - Não, Srta Black. É exatamente este o ponto, é parecida, mas não é ele. É capaz de amar e deve saber que não é uma das qualidades que ele preza.


        - Meu amor é aceitável, assim como de minha mãe por ele, porque ele não me atrapalhará em nada. Não sou como os idiotas a quem apóia e chama de amigos, Dumbledore. – ela estava visivelmente mudada.


        - Tem certeza, Srta Black?


        - Sim. E, eu escolheria meu pai se fosse preciso, pois Draco se tornaria um fraco. Contudo, não será necessário. – ela esperava que tal escolha nunca tivesse de ser feita. Porque ela dizia aquilo, mas sabia que ter que escolher acabaria com ela.


        - Ao que me parece, seu pai de fato fez sua cabeça contra nascidos trouxas e bruxos que os apóiam. É triste ver uma alma tão jovem corrompida pelo ódio e preconceito.


        - Você quer dizer a escória formada por sangues ruins e traidores de sangue. Fracos que drenam nossas possibilidades de usar ao máximo nossos poderes. Se não fossem os trouxas estúpidos não teríamos que nos esconder como se fossemos alguma vergonha! Eles são a vergonha, inferiores a nós.


        - Não existem pessoas inferiores, apenas diferentes.


        - Oh, é claro. É por isso que existem mais e menos poderosos, mais e menos inteligentes, mais ricos e mais pobres. Porque todos são diferentes e não porque alguém fez algo que o fez se sobressair. – sarcástica as hell, ela sorriu. – É uma ótima política de boa vizinhança, professor. Uma pena que não funcione comigo. Eu acredito em superioridade e Hogwarts também. Afinal, monitores são o quê? Superiores aos outros alunos, claro que isso não se aplica a Pansy Parkinson, mas às vezes algumas pessoas, como o Sr, por exemplo, cometem enganos ao darem cargos altos para idiotas.


        - É aí que se engana. Cometi um acerto ao colocar a Srta Parkinson, pois se não fosse ela, teria de ser você, Srta Black. E eu bem me lembro que dar poder a Tom Riddle não foi uma decisão acertada na época em que ele foi Monitor. A cada segundo desta conversa tenho mais certeza de minha decisão foi impecável. – disse Dumbledore, sem mudar a expressão, apesar de as palavras serem um pouco mais pesadas. Permanecer sereno era a arma dele, sabia bem como parecer incomodado era conceder deleite à Melinda.


        Minutos antes ele percebera que aquela era uma batalha praticamente perdida.  Ela já estava totalmente dominada pelos sentimentos de preconceito, ódio, e pela maldade. Não tinha motivo algum para ser má, ela apenas era e se sentia extasiada com isso. Um caso perdido, mas Draco ainda não era e se ele conseguisse trazer Draco de volta, ele talvez a trouxesse junto. O loiro tinha muito mais acesso a Melinda.


        - Eu estava certa, quis me controlar todos esses meses... Seu controle sobre mim acabará, Dumbledore. Não vai conseguir adiar isso por muito tempo. – ela apoiou os cotovelos na mesa, rindo. – Seus cuidados não adiantaram de muito. Incontáveis alunos ainda vão se unir a mim, eles me têm como a verdadeira líder. Não Pansy. O título dela não faz muito efeito em ninguém, porque ser líder... É como ser uma dama: Se você precisa provar que é, então você não é. E ela, coitada, tem que usar o distintivo para provar até que ele é verdadeiro...  


        - Uma lástima que os valores na Sonserina tenham se corrompido de tal forma, antigamente um monitor era respeitado por todos. Mas me diga, se não precisa provar nada, porque quer tanto ser monitora? Soube que até armou para a Srta Parkinson, seu pai ficaria orgulhoso com tamanho absurdo.


        - Porque não gosto que pessoas inferiores a mim tenham uma autoridade, ainda que fantasma, maior do que a minha. E quero que meu poder se estenda a Hogwarts inteira, não só à Sonserina. Porque apesar do poder com os alunos, não posso dar ordens a outros alunos de outras casas. Ainda.


        Melinda sorriu aparentemente sem motivo, contudo, agora era controlava Pansy, era a monitora de fato. Ela mandava. Não que Dumbledore precisasse saber disso. Isso se ainda não o soubesse.


        - Percebo que não há meios de convencê-la, apesar de eu não ser de desistir... Essa conversa já não faz mais sentido, Srta Black.


        - Será que fiz o grande Dumbledore desistir de não me deixar ser engolida pelo Lado Negro? Uhh! Que progresso! – ironizou ela.


        - Parece se esquecer de que sou seu diretor, Srta Black...


        - Para fazer algo contra mim teria que ter motivos e declará-los, e não o fará. Ainda quer tentar me conquistar em outras ocasiões, ou será que estou errada? Não quer me entregar ao ministério, prefere tentar usar a arma mais poderosa dos Comensais contra eles tentando trazê-la para o seu lado.


        - Sem dúvida. O ministério não faria bom proveito da informação, seu pai seria mais rápido em escondê-la do que eles em pegá-la.


        - Viu? Eu posso prevê-lo... Todos os Grifinórios são assim ou existe um que realmente conseguiria me surpreender? Creio que não... De qualquer forma, tem alguma coisa a mais que queira me dizer, professor? Eu estou em aulas, o senhor sabe.


        - É claro. A Srta sempre foi uma ótima aluna. O que eu queria dizer está dito, sei que a Srta vai pensar. Não vai esquecer do que eu lhe disse: Ainda dá tempo para você sair desse caminho de morte e destruição. Se quiser a minha ajuda está disponível, sabe que é o melhor caminho.


        - Não, professor. – ela se levantou. – Eu não sei nada sobre caminho da destruição, apenas da glória e do poder.  


        - Está muito enganada, Melinda. – seu primeiro nome, pela primeira vez.


        - Não, o senhor está, professor. – ela apoiou a mão na mesa, encarando-o fixamente – Minha glória será imortal e meu poder infinito, mas não entrarei neste mérito com o senhor, me custaria inutilmente mais vários minutos de minha preciosa aula do professor Snape.  Com licença.


        - Toda, Srta Black. – ele acenou com a cabeço, parecendo tranqüilo, mas ela sabia: ele tentaria novamente. O que ela não sabia é que ele pretendia atingi-la a partir de Draco. Quem sabe fosse a única forma de mudar a cabeça de Melinda, ou uma tentativa inútil e frustrante. Ele arriscaria, tinha que arriscar. Um Voldemort era ruim, dois... Era desumano.


        Ao voltar para a sala, Melinda percebeu que a aula estava quase acabando. Por Merlin, que demora fora aquela.


        Quando a aula finalmente acabou, Melinda trombou com Harry Potter. Será que por Merlin não havia ninguém melhor para ela encostar?


        - Potter.


        - Zabini.


        - Black. Lembre-se disso, Potter. ­– ela sorriu sarcástica, deixando Harry ainda mais irritado. – Não apenas o seu adorado Sirius pode usar esse nome, alias era ele quem não podia.


        O que Melinda não esperava ela levar um tapa vindo de Potter. A mão dele estalou em seu rosto antes que ela pudesse impedir.


        - Nunca mais repita o nome do meu padrinho! – Nicky saiu correndo do grupo Sonserino e segurou Harry enquanto Melinda limpava um pouco do sangue do canto da boca.


        - Harry, pelo amor de Merlin se controla! Você não quer ser expulso, quer? – Harry empurrou Nicky.


        - Você é uma traidora, devia ficar conosco e não com a vadia ali! De pensar que eu cheguei a me interessar em uma garota como você.


        - Potter! O que...? – Snape andou correndo pela sala até a confusão e viu o rosto inchado e a mancha de sangue na boca de Melinda. – Duas semanas acrescentadas na sua já existente detenção.  Primeiro o Sr. Malfoy, agora a Srta. Black. Onde vai parar?


        - Num lugar muito melhor do que ela, os amiguinhos Comensais da Morte e o pai mestiço dela. – Harry usou o que sabia para atacá-la. Sabia que ela odiaria saber disso. Melinda arregalou os olhos. – Sim, Melinda! Ele é mestiço. Sua mãe pode ser sangue puríssimo, mas ele tem sangue trouxa nas veias.  – só haviam ele, Ron, Hermione, Melinda, Draco, Nicky e Snape na sala naquele momento. – O verdadeiro sobrenome dele, Riddle. Já ouviu em alguma família bruxa esse sobrenome?


        - Enough, Potter! Saia daqui, controle-se antes que fique me devendo detenções até o ano que vem!  E pare de falar bobagens, a Srta Zabini não conhece o pai dela. Saia da minha sala. Granger e Weasley, controlem-no.  – disse Snape, já irritado com o show de Potter. Estavam sozinhos, mas alguém podia ouvir.


        Hermione e Ron arrastaram Harry para fora da sala e Snape mandou Melinda ir ver Madame Pomfrey para ver o rosto.


        - Professor... – alguém o chamou da porta. Gabrielle. Era o que faltava, por Merlin.


        - Srta Ceresier, eu...


        - Eu tenho uma dúvida na matéria da ultima aula. – ela andou, segurando os livros e sorrindo inocentemente. – Poderia me re-explicar? Digo, sei que não costuma fazer isso, mas sou sua monitora e pensei que... Talvez...


        - Pode dizer. O que não entendeu, Srta? – como ele poderia negar algo a ela? Ela sentou na primeira cadeira e abriu o livro. Aquela aula seria um martírio, porque resistir a ela se tornara isso. E ele teria que resistir, de qualquer forma.


        Melinda ficou o resto do dia pensando no que Potter lhe dissera. Seria Voldemort realmente mestiço? Ou apenas uma forma de Potter atingi-la? Ela precisava descobrir quando visse os pais, ou ficaria louca. A dúvida não poderia permanecer de forma alguma. Ela a consumiria. A reação se fosse verdade? Nem ela sabia. Mas sabia que logo descontaria em Potter aquele tapa e com muitos juros.


 


Mansão Riddle


 


         Quando fora chamada por Voldemort a uma parte da casa que desconhecia, Bellatrix fora imediatamente atiçada pela curiosidade extrema, a mesma que agora corria seu corpo em alta velocidade.


        Voldemort a puxava delicadamente pela mão, descendo à frente dela uma escada de pedra que ela nunca imaginaria existir na Mansão Riddle. A cada passo, ficava mais escuro e os dois ligaram as pontas das varinhas quase simultaneamente – quando ficou escuro demais para enxergar, é claro.


        A escada levava ao subsolo da casa. O que ela não entendia era porque ele a levava lá, mas não importava. Uma porta se ergueu logo à frente deles, fazendo-a sentir que sua curiosidade estava próxima do fim.   


        O Lorde abriu a porta com a varinha e entrou, puxando a morena consigo.  A luz das varinhas logo iluminou uma pequena parte da sala, mas ela não pôde ver muita coisa ainda. A escuridão parecia ainda dominar. Apenas ela e Voldemort pareciam de fato iluminados.


        - Deve estar se perguntando porque estamos aqui... Eu já vou te mostrar, mas preciso te dar uma introdução primeiro. Creio que você, que tem um conhecimento até assustador da minha vida... - Ela riu. – saiba que eu não sou tão rico quanto a maioria dos Comensais que me servem. Juntei uma quantidade em minha vida, que consegui pelo trabalho ou até mesmo pela morte de alguns. – ela assentiu. – Mas nada comparado às fortunas herdadas por Lucius e Rodolphus.


        Bellatrix não tinha a mínima idéia de onde ele queria chegar, estava completamente confusa, não podia entender onde aquilo ia terminar.


        - Acho que o que eu acabei de dizer, não se aplica mais a mim...  – Bellatrix jurou ver um brilho, semelhante àquele que de quando ele matava, nos olhos dele.


        Logo depois que ele terminou de falar, Voldemort conjurou lanças de fogo que andaram pelo cômodo, alojando-se em tochas presas às paredes.


        O cômodo iluminou-se imediatamente e algo cintilou, vindo de todos os cantos. Ouro. Barras e mais barras de ouro, além de algumas jóias que pareciam muito valiosas.


        - Holy Merlin. – ela andou em direção às pilhas de barras que cobriam praticamente o quarto todo.


        - Alguns trouxas, como os donos desta casa, tinham o ridículo costume de guardar suas fortunas no porão das casas. Eles foram mortos há muito tempo, portanto, não há dono para este ouro... A não ser eu.


        - Porque é o único herdeiro dos Riddle...


        - O quê? – ele pareceu irritado. – O que você disse? – Bellatrix fechou os olhos com força, tinha falado sem pensar.


        - Quando notou que estava o idolatrando demais, meu tio Órion me contou tudo sobre... Tom Marvolo Riddle... E também meu sogro quando soube que eu traía Rodolphus contigo... Ambos estudaram contigo em Hogwarts...


        Ela ainda não o olhava, estava com os olhos fixos nas barras mais baixas, próximas ao chão.


        - E mesmo assim... Teve um filho comigo? Com um mestiço nojento como você costuma e adora chamar? 


        - Eu nunca pensei assim sobre você. Cortou as raízes ruins da família e acabou. É descendente de Slytherin, não um mestiço nojento. Eu me mataria antes de pensar algo do tipo.


        Voldemort ficou um pouco chocado com o que ela disse, ela parecia realmente concordar com o pensamento dele de que quando ele matou seu pai toda aquela nojeira de sangue acabou, que o que prevalecia era o sangue de Slytherin. A cada segundo ela parecia mais uma versão feminina dele.


        Andou até ela, tentando assimilar o fato de que ela sabia sobre seu pai trouxa. Se Órion e Lestrange estivessem vivos, os mataria.


        - Isso não sairá daqui... Nunca saiu da minha boca antes...


        - Eu sei, confio em você. – ele, parado às costas dela, beijou seu pescoço e estendeu algo pela lateral do corpo dela.


        Quando Bellatrix olhou, viu um anel. Prata, com uma esmeralda enorme, um centímetro quadrado, no mínimo, suspensa do anel em cerca de meio centímetro por uma chapa cravejada de brilhantes que contornava os quatro lados da pedra e se estendia por toda a extensão do contorno anel. Dos anéis que já havia recebido, aquele era certamente o mais lindo de todos.


        Ela estava visivelmente sem ar. Chocada, com o queixo caído. Não sabia o que falar.


        - É como eu disse, somos quase como casados. Agora que eu de fato tenho dinheiro, você não podia ficar atrás. Um anel é o melhor presente que eu podia dar, uma vez que somos quase casados. Nem sei porque ainda usa a aliança do Rodolphus. – ele tirou a aliança do casamento com Rodolphus Lestrange do dedo anelar esquerdo dela. – Uma vez que, na prática, é casada comigo. – disse, no ouvido dela, ainda abraçando-a com uma mão por trás.


        Voldemort colocou o anel de esmeralda, lenta e torturantemente no dedo dela, no lugar da outra. Ela fechou os olhos, respirando pesadamente. O prazer que ela sentia era tão intenso que chegava a ser quase sexual.


        - Agora você usa a nossa aliança. – ele terminou de colocar o anel. – Que serve de forma estranhamente perfeita, já que era uma das jóias que eu encontrei aqui. Depois de tirar a poeira, ficou perfeita. – ele beijou a mão dela, em cima do anel. Bellatrix apertou a mão dele ainda em sua cintura.


        - Nunca vou tirar, creio que saiba que é assim que alianças funcionam.


        Ele assentiu e ela se virou, ainda com o choque estampado no rosto belo. Ela ensaiou dizer alguma coisa, mas ele fez exatamente o que era preciso para selar aquele momento, beijou-a calmamente, apenas encostando os lábios. “E eu os declado marido e mulher, pode beijar a noiva”, isso não foi necessário, mas se encaixaria bem.


        -Não vou tirar e vou proteger com minha vida. – ela disse, ainda próxima aos lábios dele. Era o presente mais maravilhoso que recebera em toda a sua vida.


        - Eu sei que vai. – ele sorriu com o canto dos lábios, era exatamente o que ele queria. Puxou-a pela nuca e beijou-a com mais intensidade, deixando os corpos conversarem da melhor maneira que podiam fazer. Palavras já deixavam de ser necessárias.


        O dinheiro dele, mas a fortuna Lestrange em poder dela, os deixavam absurdamente ricos e mais do que nunca, após aquele acordo verbal, Bellatrix era a Dark Lady. O casamento acontecera, mesmo que verbal e sem as palavras de fato ditas, ele havia ocorrido nas entrelinhas e isso ficara claro para ambos.  O que faltava saber era se o Lorde e a Lady das Trevas teriam o seu “Happily Ever After”. We hope so.  


 


 


 


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Junho de 1997


 


         Feitiços voando por todas as partes, pessoas machucadas, a Ordem da Fênix, os Aurores e os Comensais da Morte em Hogwarts. Era aquilo que estava prestes a acontecer, mas a Princesa das Trevas se arrumava como se fosse para alguma festa.


        Aquela noite seria decisiva em vários aspectos, era a primeira vez que ela atacaria Hogwarts como a verdadeira Melinda Callidora Black, filha de Lord Voldemort... Bruxa das Trevas. Naquela noite, também, Draco cumpriria ou não sua missão e selaria o próprio destino e, talvez, o dela.


        O uniforme de Hogwarts dera lugar à calça cintura alta de couro e à blusa de seda. Os sapatos de boneca às botas de cano alto e saltos estratosféricos. Tudo preto, é claro.


        Em contrapartida à roupa aparentemente incômoda, os cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo lateral baixo, para não caírem no rosto e a atrapalharem. Sim, ela participaria da invasão. E com imenso orgulho. 


        Terminou de passar a maquiagem e pegou a capa. Os Comensais já estavam para chegar, ela precisava estar na Sala Precisa. Draco a encontraria na Sala Precisa, era monitor, podia enrolar Filch. Ela esperava que no ano seguinte não fosse necessário esse tipo de coisa, ela queria ser monitora desde o ano anterior e, com Dumbledore fora de jogo, seu caminho estaria aberto.


        As escadas pareciam intermináveis, provavelmente porque ela estava ansiosa. Mas ela não ligava. Precisava chegar logo ao Salão Comunal. Alguns passos apressados a mais, alguns degraus acima e ela finalmente vira a porta. Draco a esperava, também todo em preto.


        - Finalmente você chegou. – ele a puxou pela a cintura e a beijou. – É o grande dia... – ele riu nervoso. – É hoje, eu...


        - Você vai conseguir... – ela colocou um dedo sobre os labiosa dele. – Sei que vai.


        Draco sorriu, mesmo sem ter certeza de que conseguiria matar Dumbledore. Nunca havia matado antes em sua vida, seria um pouco estranho começar logo com Albus Dumbledore. Ele engoliu seco sem que ela visse, antes de saírem do Salão Comunal e se dirigirem à Sala Precisa.    


        Hogwarts já estava quase deserta, pouquíssimas pessoas ainda se encontravam nos corredores do castelo, então quase ninguém teve a chance de estranhar os casal em preto andando por ali.


        O tilintar de saltos apressados batendo contra o chão do castelo fez os dois virarem os pescoços para trás, para certificarem-se de quem era. Talvez uma desculpa fosse necessária: Pansy estava doente e Melinda ajudando Draco na ronda? Nem Pansy ou Snape teriam coragem de negar.


        As desculpas, contudo, não foram de fato necessárias, afinal. Os saltos pertenciam a Gabrielle, que vinha correndo ao encontro do casal. Eles deviam ter imaginado que ela não perderia aquilo. Desde o que em que ela soubera do ataque à Hogwarts, ela se mostrara bastante interessada.


        - Vocês realmente pensaram em se divertir sem mim? C’mon guys, eu nunca deixaria. – a loira piscou pros dois.


        - Gabie, darling, você sabe que não é... Você sabe o que... E eu e a Mel estamos nos arriscando demais e... – Draco parou e falou o mais baixo possível, temendo que qualquer um ouvisse.  


        - I don’t care. O Potter vai entrar na briga, eu também posso. Garanto que... – ela olhou para Melinda. – seu pai não vai ligar...


        Draco suspirou desistindo e esperou alguma reação de Melinda. Afinal, a filha do Lorde era ela. Olhou para a namorada, que parecia pensar um pouco.


        - Se ela quer, não posso impedir. – Melinda suspirou, derrotada. – E, talvez, seja um bom momento para testá-la. – Melinda sorriu maldosa de canto, era um bom dia para dar um trabalho realmente difícil à Gabrielle. – Mas vamos rápido, não quero atrasos.


        Gabrielle sorriu de orelha a orelha. Seria testada? O que isso significava, teria que de fato machucar alguém? Nunca havia treinado a Maldição da Morte. Talvez devesse tê-lo feito. Merda. Mas se sairia o melhor possível no teste. Contaria pontos não somente com Melinda, mas quem sabe, também com Severus.


        Os três andaram apressados por Hogwarts, olhando para os lados com certo medo de serem vistos e atrapalhados no meio de seus caminhos.


        A Sala Precisa nunca pareceu tão longe, e o fato de eles estarem respirando rápido demais, os deixava cansados mais rápido, aumentando o efeito de distância.


        Quando a tapeçaria se ergueu na frente deles, Draco sabia exatamente o que pensar para revelar a sala e contou para Melinda e Gabrielle. Em segundos eles estavam dentro. Os três. E no horário certo. O marcado.


        Aproximaram-se do tão famoso armário, entreolhando-se consumidos pelo nervoso e pela animação. Draco era o mais nervoso de todos, ele planejara o ataque, seria o responsável por tudo. Gabrielle era a segunda no ranking de nervoso, ela estalava os dedos compulsivamente, tentando controlar-se, mas era inevitável, era a primeira vez que ela lutaria ao lado dos Comensais da Morte. Melinda, por fim, era a menos nervosa e possivelmente a mais animada. Não suportava mais usar a máscara que lhe fora imposta.


        Um barulho no armário e os três se sobressaltaram. A porta se abriu lenta, quase fantasmagoricamente. Figuras encapuzadas, vestidas em negro e com máscaras começaram a aparecer pela fresta.


        A porta estava quase toda aberta, quando Greyback a afastou com força, saindo apressado do armário. Ele parecia não agüentar mais ficar naquele armário, por mais que não houvessem passado mais de dois segundos.


        Logo atrás de Greyback, Melinda focalizou a pessoa que mais esperava ver naquela noite: Bellatrix Lestrange. A bruxa saiu do armário já empunhando a varinha, com uma elegância mais do que digna para a Lady das Trevas.


        Os lábios escarlate da bruxa curvaram-se em um sorriso quando seus olhos focalizaram a filha a pouco menos de dois metros de distância. Dois passos e ela estava frente a frente com aquela que vinha a ser sua cópia mais perfeita. Passou a mão com delicadeza pelo rosto da filha, que sorriu, ignorando os outros Comensais que entravam na Sala Precisa.


        - O grande dia... – sussurrou Bellatrix, parecendo deleitar-se em cada palavra.  – Finalmente nos livraremos daquele velho... Ah, desejo isso há tanto tempo.


        - Imagino que todos nós, madame Lestrange. – Gabrielle captou a atenção de Bellatrix. Novamente, ela queria chamar a atenção e conseguira. Bellatrix gostava dela, ela podia ver e ter a Lady das Trevas gostando de si era algo maravilhoso aos olhos da loira.


        - Sim, Gabrielle, todos nós...


        - Bom revê-la, titia. – disse Draco, quando o olhar de Bellatrix recaiu sobre ele. O loiro tomou a mão da tia e beijou o dorso parcialmente coberto pela manga longa do vestido. 


        - Eu e Gaby dizemos o mesmo, mamãe. – chamá-la de mãe, dentro de Hogwarts, era maravilhoso. Finalmente podia ser a Princesa que ela era, ter seu lugar de destaque.


        Várias viagens de Comensais haviam se passado no tempo de conversa dos quatro, e a Sala Precisa se mostrava cheia até demais. Muitos Comensais, uma noite, muita diversão.


        - Acho que já podemos ir. – disse Bellatrix, quase rindo. – Temos um castelo para tomar, meus caros.


        A forma como Bellatrix falava, deixava claro para Draco, Gabrielle e Melinda que era ela quem estava no controle. Era a comandante da missão.  


        - Você está no comando... – disse Melinda, sorridente, enquanto eles todos saiam da Sala Precisa.


        Bellatrix assentiu, aumentando o sorriso bobo no rosto da filha. Nada menos comum, afinal, ela era agora a Lady das trevas, na ausência do Lorde... bem, o comando era dela. Como em todas as monarquias: quando não há o rei, a chefe é a rainha.


        Eles todos pararam perto da porta, sendo Melinda e Bellatrix as primeiras a passar pela dita cuja. Assim que a realeza das Trevas colocou os pés no lado de fora da porta, no corredor do castelo, ficou claro: A festa acabara de começar.


        Uma festa de Comensais da Morte, é claro, envolvia mortes e sangue, e eles estavam dispostos a não deixam esses ingredientes chaves faltarem. De forma alguma, eles deviam sobrar.


        Chamas, era isso. O castelo arderia em chamas. Não literais, mas, internas. Em cada um, baseado em suas expectativas e na animação para aquela noite grandiosa na vida dos Comensais da Morte. Porque não são todos os dias que Dumbledore é morto, correto? I guess so.


        Os primeiros passos pelo corredor foram tranqüilos, nada. Ninguém. Deserto como as masmorras de castelos abandonados, nem os fantasmas cruzaram com eles. Parecia um pouco chato, mas eles estavam todos atentos, a qualquer momento alguém apareceria. E eles mal podiam esperar por aquilo.


        Bellatrix estava na ponta, ainda conhecia aquele castelo como a palma da mão – ela fora monitora chefe, afinal. O barulho dos saltos dela, Melinda e Gabrielle ecoavam alto. Alguém viria ver o que estava acontecendo, o zelador, ou monitores provavelmente. Logo atrás delas e de Draco, vinham Greyback, os Carrow, e mais uma dezena de Comensais da Morte.


        Um movimento à esquerda e todos se viraram, varinhas empunhadas. Todos seguiriam para as masmorras, onde usariam o Salão Comunal da Sonserina como ponto de encontro com Snape, logo depois se dispersariam para os pontos mais distantes do Castelo. Aquele era o plano, mas o tal movimento os fez parar no meio do passo. Um fantasma, apenas. A Dama Cinzenta, que ao ver os Comensais não demonstrou muita reação, apenas continuou seu caminho. Ela não se metia em assuntos que não tinham nada a ver com ela.


        - Adoraria se o próximo movimento fosse de alguém vivo. – debochou Bellatrix. – Por que aí sim minha varinha poderia ser enfeitada de verde, se é que me entendem.


        Risos baixos vindos da pequena multidão encapuzada encobriram momentaneamente o barulho dos passos. Mas Bellatrix parou abruptamente. Ela ouvira algo, virou-se instintivamente para Melinda, Draco e Gabrielle.


        - Ponham o capuz das capas. Agora! – sussurrou a morena. – Alguém está vindo, eu não quero que sejam vistos. Pelo menos não ainda.


        Melinda ia dizer algo, afinal ela já era visada pela Ordem da Fênix como filha de Voldemort, mas preferiu ficar calada uma vez que haviam Aurores na proteção de Hogwarts que correriam para o Castelo e bom, eles ainda não sabiam dela. Colocou o capuz. Era de fato mais divertido se mostrar quando eles estivessem dominando o castelo.


Draco, diferentemente, obedeceu de imediato. Ele sabia o quão proveitoso o anonimato poderia ser, pelo menos até o momento em que ele matasse Dumbledore, depois disso. Bem, tudo mudaria.


Gabrielle, ficou no meio termo. Obedeceu Bellatrix de imediato, não desacataria uma ordem direta da Lady das Trevas. Contudo, não concordava. Mas hierarquia é assim: Mesmo sem concordar, você deve sempre as ordens acatar.


Uma sombra começou a crescer na curva do corredor, uma figura adulta. Todos pararam, varinhas em punho. Os três adolescentes presentes colocaram os capuzes até o nariz e se esconderam atrás dos adultos.


        À medida que a sombra aumentava, crescia a excitação macabra dos Comensais da Morte. Era uma pessoa e, pela estatura, não era Severus Snape.  


        A pessoa dona das vestes de veludo verde-esmeralda foi imediatamente reconhecida: Minerva McGonagall. Oh Merlin, era bom demais para ser verdade. A diretora da Grifinória, amiga e um dos braços direitos de Dumbledore – que estranhamente tinha vários. Enfim, ele não teria utilidade para membros muito em breve.


        A vida, contudo, não facilita tanto assim as coisas, nem mesmo para os Comensais da Morte – muito menos para eles, diga-se de passagem. Assim como Minerva era facilmente reconhecida por eles, Bellatrix– sem máscara e na ponta do grupo – era também de vasto conhecimento de Minerva, que a identificou de relance.


        - Bellatrix Lestrange! Merlin... – ofegou McGonagall, a tempo de desviar de uma Maldição da Morte desferida pela dita cuja e que passou a centímetros de si.   


        - Minerva, querida! – cumprimentou Bellatrix, com a voz esganiçada e extremamente falsa. – É um prazer vê-la. – Ela desviou de um feitiço, que ricocheteou na parede. – Nossa, que recepção calorosa. – O raio vermelho da maldição que Bellatrix devolveu, a Cruciatus, também não atingiu Minerva. – É sempre um prazer vir a Hogwarts.


        McGonagall queria avisar a todos, mas não conseguiria sair dali sem deixar os Comensais invadirem, mas eles eram muitos. Não poderia lutar sozinha. Tinha que tomar uma decisão. Uma luz prateada saiu da varinha dela, seu patrono, ela dirigiu-o à janela mais próxima. Murmurou alguma coisa.


        - Tonks. Venha para Hogwarts. Comensais da Morte. Chame a Ordem. – foi tudo o que ela berrou, fazendo do patrono um canal de comunicação, enquanto desviava-se das azarações de vários Comensais.


        Por mais nojento que isso parecesse, ela precisava fugir dali, ou não sairia viva daquele corredor. Ela estava se defendendo o melhor que podia, porém não estava sendo suficiente. Esperava que o barulho tivesse acordado os professores, afinal, ajuda nunca é demais. Construiu uma rápida barreira de feitiços protetores no corredor e fez algo que nunca pensaria em fazer em outra situação: correu. Saiu correndo dos Comensais da Morte como uma covarde. Mas os alunos estavam em primeiro lugar, precisava protegê-los. Morta não poderia fazê-lo. Precisava de reforços e contava que os aurores baseados em Hogsmeade chegariam a qualquer momento.


        - Minnie, Minnie. Você pode nos atrasar... – riu-se Bellatrix, livrando-se de um dos feitiços protetores. – Correr... – outro. – Mas você no final não pode se esconder... – o grupo todo riu. – Que feio, fugindo... Tsc. Tsc. Não tem problema, eu adoro esconde-esconde. Vítima quieta e submissa é tão chato... – o tom alto usado por Bellatrix fez com que Minerva, que já havia sumido, pudesse ouvir cada palavra zombeteira.


        O último feitiço estava sumindo e Bellatrix virou-se para os Comensais. Todos parecendo deleitar-se com o fato de terem presenciado a fuga desesperada de Minerva McGonagall. Era bom demais para ser verdade, mas absolutamente racional. Até demais para uma Grifinória Miss Coragem: ela estava em menor número e tinha habilidade inferior. Talvez não fosse tão inferior em poder, mas não tinha peito suficiente para usar o tipo de magia que os Comensais da Morte usavam. 


        - Não vamos mais para as masmorras! Tomem o Castelo! Mas fiquem atentos: ela avisou uma Auror, portanto vários aparecerão, unidos com a Ordem da Fênix. Não podemos nos distrair! Melinda, Draco, Gabrielle, vocês vêm comigo. Para a torre de Astronomia, a Marca Negra tem que se colocada. – ela sorriu. – Greyback, esse castelo tem muitas sangues-ruins, creio que sabe reconhecê-las pelo cheiro. Divirta-se. A Grifinória tem montes delas. Os outros: divirtam-se também, mas não morram.


        Como se libertados de correntes, os Comensais correram, passando por ela, totalmente extasiados com a recentemente adquirida liberdade. Matar sangues-ruins e traidores do sangue? Dentro de Hogwarts? Melhor impossível. Bellatrix andou a largos passos, com os três adolescentes em seu encalço.


        Ao adentrarem mais profundamente no castelo, eles podiam ouvir os gritos de terror dos adolescentes que haviam decidido sair de seus quartos. Os diretores das casas não eram capazes de controlar tantos alunos curiosidade. A curiosidade matou o gato? Não sei, mas talvez alguns sangues-ruins. 


        O quarteto chegou à torre de Astronomia em tempo recorde, temendo perder a “festa” dentro do castelo.


        - Melinda... Quer ter a honra? – perguntou Bellatrix...


        A filha assentiu com os olhos brilhando. Conjuraria a Marca Negra pela primeira vez na vida e logo numa missão de tamanha importância. Aproximou-se do fim da torre e apontou para o céu.


        - Morsmordre. – murmurou ela e a luz verde formou no céu a caveira com a cobra saindo da boca. Estava consumado, eles estavam lá e todos saberiam. Era hora de voltar ao castelo. Da torre eles enxergavam alguns aurores e queriam estar dentro antes deles. – Vamos...


        Bellatrix concordou, assim como Draco e Gabrielle. E eles estavam se movimentando novamente em direção à festa. Não podiam se atrasar, não é mesmo? No way.


        O cenário encontrado por eles não podia ser melhor. Alguns alunos do sétimo ano haviam decidido lutar, a chamada e extinta “Armada de Dumbledore” se reunira novamente e lutava – sem Potter, estranhamente. Os Comensais estavam em vantagem, é claro. O número de Comensais ainda era maior, porque Minerva McGonagall e os outros professores – incluindo Snape – tentavam prender as pessoas nos Salões Comunais. Então, eram os professores e alguns poucos alunos.


        O mais interessante era o fato de que alguns alunos da Sonserina “pareciam” atrapalhar mais do que ajudar os professores ao lutar. Porque eles “acidentalmente” atingiam seus colegas de outras casas. Somente idiotas como Sprout e McGonagall acreditavam tanto no bem das pessoas para não perceber o que acontecia ali. Eram os membros do grupo que Melinda criara para bater de frente com a Armada de Dumbledore. E por que eles tinham uma mira tão terrível? Eu não acho que precise responder.


        Draco, Melinda e Gabrielle infiltraram-se no meio das outras figuras encapuzadas assim que viram Slughorn se aproximar. O professor havia avistado Bellatrix e precisava fazer algo, não podia ficar parado – por mais que quisesse.


        - Slugue! Há quanto tempo não nos vemos... Muitos anos, ainda faz aquelas reuniõezinhas? Adorava-as


         - É uma pena que uma de minhas pupilas tenha tomado um caminho tão desvirtuado. Matar pessoas, torturar... Isso está longe de ser diversão...


        - Believe me, Slug. É mais divertido do que você pensa, acabar com os sangues-ruins... E sabe, Hoggy tem muitos deles. Está cada vez mais decadente essa escola. – Bellatrix disse, como se fosse simples, como se estivesse chamando Slughorn para um chá.


        - Eu não vou poder deixar você encostar nessas crianças, Bellatrix.


        A morena sorriu sarcástica, os olhos brilhando em diversão. Slughorn estava tentando impedi-la. Muita ênfase no tentando, é claro. Ele era um professor, mas se havia uma coisa na qual ela era superior a ele eram duelos.


        - Slugue... Você tem sangue-puro, portanto te dou uma change: saia da minha frente. Você sabe tão bem quanto eu que sairá de qualquer forma, nunca foi tão bom quanto eu em Duelos. Acho que prefere sair sem se ferir, não? – Bellatrix realmente esperava que a veia Sonserina apitasse dentro dele, mas talvez a vontade de não ser estraçalhado pelos outros professores fosse mais forte nele.


        - Vou ter que arriscar. – ele levantou a varinha, tentando demonstrar valentia.


        - É uma pena, um sangue puro. – ela não pensou duas vezes: estuporado antes que pudesse abrir a boca. Caiu no chão, desmaiado, ainda bloqueando o caminho. Bellatrix não se incomodou com o corpo dele estatelado no chão, continuou seu caminho, passando por cima de Slughorn – ele acordaria com as marcas dos saltos dela na barriga e nem saberia o que acontecera. – Sujeitinho chato. Sempre odiei. – disse para si mesma, rolando os olhos. 


        Um raio vermelho passou a milímetros do rosto de Bellatrix, enquanto ela ainda andava. Agora ela estava irritada, muito irritada. Mesmo. Quem era o filho da mãe?


        - Não pensei que pisasse em Sonserinos também, titia. – disse Nhymphadora Tonks, a poucos metros dela, empunhando a varinha.


        - Quando eles se tornam traidorezinhos chatos, com freqüência...


        - Sabe, Bellatrix, eu estou te devendo um feitiço no meio da teste desde o dia do Ministério. – mais um raio, desta vez púrpura, passou a centímetros da bruxa, que riu.


        - E vai ficar devendo, querida. Porque dificilmente vai me acertar. – outro raio, dessa vez, verde. – Merlin, tinha me esquecido que Aurores tinham peito para usar Imperdoáveis, a Ordem não tem, você sabe... Como você faz? Fica no meio termo?


        - Só mato vadias sem escrúpulos... Tipo... Você. – raio verde, mais uma vez.


        Bellatrix riu mais alto desta vez, desviando de uma cachoeira de feitiços vindos de Tonks e mandando outros de presente, dos quais ela também – infelizmente – se desviava. Ambas começavam a ficar irritadas com aquele pega-pega. Até que, um feitiço de Bellatrix atingiu Tonks em cheio e ela caiu, apenas desmaiada.  


        - Mais um estuporado. O próximo eu mato. – disse para si mesma, como se fazendo uma nota mental. – Avada Kedavra! – disse imediatamente, ao ver pelo canto do olho um auror amigo de Tonks que vinha correndo em sua direção. Ele caiu, morto. – Humpt, para você, Tonks, eu deixo a frustração de ter sido derrotada por mim mais uma vez.


        - Finalmente, Bellita. Achei que não ia matar ninguém hoje. – zombou Greyback, com marcas de sangue na boca. Havia atacado alguém, então. Nada mais justo.


        - Não me chame assim e... Parece que já começou a se divertir, algum sangue ruim?


        - Um traidor do sangue, um dos Weasley.


        - O amiguinho do Potter?


        - Não, outro, mais velho. Mas se achar o seguidorzinho do Potter, não vou recusar. – de fato ele não ia, atacar o melhor amigo de Harry Potter lhe contaria pontos, mas talvez ele não tivesse tanta sorte assim. – Agora vou atrás de fedelhinhas de sangue ruim.


        Bellatrix assentiu e Greyback sumiu no meio da confusão. A morena não teve muito tempo para pensar em nada, porque logo outros Aurores estavam vindo para cima dela. O prêmio que havia por sua cabeça era um ótimo atrativo. Pobres deles. Ela não havia sido ensinada por Lord Voldemort à toa. Aquela varinha ficaria muito enfeitada de verde ainda naquela noite. 


        Melinda, por sua vez, estava cansada de se esconder atrás daquela maldita capa. Vira ao longe sua mãe estuporar Slughorn, a irmã de Nicky, e matar mais uns três ou quatro aurores. Até agora. Greyback já havia atacado um Weasley, os outros Comensais estavam por aí torturando e ela ali, parada, escondida como uma idiota. Draco e Gabrielle pareciam já incomodados com a necessidade de desviar de feitiços a cada dois minutos. Tedioso demais.


        A vida, contudo, pode nos reservar grandes surpresas. Ao longe, verificando se o outro estava bem, Melinda avistou Cedric Diggory e... Hilary. O pote no fim do longo e chato arco-íris lotado de feitiços voando: se ela queria matar alguém, era Hilary. Mas antes, ela tivera uma idéia ainda melhor.


        Ela arrastou Draco e Gabrielle para um canto mais seguro, sem feitiços, mais deserto. Uma espécie de beco, o primeiro que encontrara pela frente. Ela tinha um ótimo plano. O maior terror de Hilary era que Melinda lhe roubasse mais alguma coisa e, uma vez que os pais e a família já não estavam ao alcance da loira, a única coisa que lhe restava era Cedric.


        - Amor?


- Mel, o que foi?


        - Draco, Gabie, escutem. Dumbledore não está em Hogwarts, precisamos esperá-lo voltar antes de irmos. Mas, vamos morrer de tédio enquanto isso? . Eu tive uma idéia para sair do anonimato agora...


        A confusão e curiosidade ficou evidente nos rostos parcialmente aparentes de Draco e Gabrielle, que pareciam compartilhar da vontade de Melinda de fazer algo. Um ataque ao castelo e eles mofando: nada divertido.


        - Hilary está no Castelo. – as quatro palavras que esclareceram todas as dúvidas dos dois loiros. – E eu preciso matá-la, mas antes preciso me divertir, mas preciso da sua aprovação, Draco.


        - E desde quando você precisa de aprovação pra alguma coisa? – ele riu.


        - Desde quando eu quero fazer a Hilary pensar que eu seduzi Cedric Diggory.


        - Quê?


        - Uma forma de torturá-la. A única coisa que ela pensa não poder perder para mim, e... Se ela por ventura acreditar que o Cedric me quer...


        - Vai ficar louca! – completou Gabrielle. – É magnífico, Mel. Sádico, mas magnífico.


        Draco pareceu ponderar a idéia um pouco, a namorada estava lhe pedindo para deixa-la seduzir outra pessoa. Era algo complicado, mas... Ela vir pedir era melhor do que fazer escondido.


        - Mas para ela pensar, você teria que provocá-lo...


        - Sim, Draco. É por isso que quero sua aprovação, para que depois não venham te falar coisas e você pensar que...


        - Não deixe ele te beijar.


        - Hã?


        - Faça o que quiser, mas não deixe que ele te beije no final.


        Melinda sorriu animada, nunca poderia pensar que Draco aceitaria tão facilmente aquele plano. Na verdade, pensava que o plano seria apenas um de seus devaneios nunca colocados em prática, todavia, ele parecia estar muito compreensivo à respeito do tamanho do prazer que aquilo daria à namorada. Mas ele cobraria essa sedução a favor de Cedric com juros, ele ia querer uma performance mil vezes melhor quando eles estivessem sozinhos – e ela sabia disso. Eles se entendiam sem a necessidade de palavras, apenas olhares eram suficientes


- I Love You. – ela disse, dando um selinho demorado nele, que retribuiu apertando-lhe a cintura.


- Me too.


- Gabie, você virá comigo, certamente. Mas...


- Eu vou ficar por aqui, concordei, mas não agüento assistir, Mel.


- Ok. – ela passou o dorso da mão delicada pelo rosto dele. – Eu também não agüentaria. See you later. – ele assentiu.


As duas garotas sumiram pelo corredor, comentando animadas sobre o plano e ele foi logo atrás com destino aos Comensais da Morte, aqueles que tentavam descobrir quando Dumbledore voltaria. Talvez houvessem descoberto onde ele fora visto pela ultima vez. E Snape era uma boa pedida para dar tal informação.


Há metros dali, Gabrielle e Melinda andavam conversando tão animadas que deixaram de prestar atenção e trombaram em Slughorn, fazendo com que seus capuzes caíssem. As duas quase morreram do coração.       


- Pelas barbas de Merlin! Srta. Black, Srta. Ceresier... O que fazem fora da Sonserina? Perambulando pelo castelo?


- Nós queríamos... Lutar. Ajuda a defender o castelo. – mentiu Gabrielle.


- Não, não! São menores de idade, andem, voltem para a sua casa. Snape vai matá-las se souber, andem! – Slughorn puxou as duas pelo braço, tentando levá-las à força para a direção das Masmorras.


Os três estavam adentrando ao Salão Principal quando alguns membros da Ordem avistaram as madeixas negras daquela que estavam loucos para pegar: a Princesa das Trevas. Slughorn, inocente, ainda não sabia quem a adorável Srta. Black era. Como um estouro de boiada, metade da Ordem correu na direção deles; mas essa metade também foi avistada pelos Comensais.


- Não deixe ela fugir, Slughorn! – bradou Alastor Moody, quase atingindo Melinda com um feitiço. A garota escondera-se atrás de Slughorn, gritando como se assustada.


- Mas o que.... Pelas barbas de Merlin, ela é uma aluna, seu lunático! Nem todos de preto são Comensais!


- Ele está louco, professor. – Melinda fez voz chorosa, escondendo-se de outro feitiço.


O excesso de Alastor deixara a própria Ordem furiosa, porque Horácio não sabia de nada e com os berros, os Comensais estavam direcionando-se àquele local, para salvar sua “Princesa”, entre eles, a própria mãe dela.


Melinda, mesmo com a voz chorosa, não tinha medo de absolutamente nada. Enquanto protegia-se, pegava escondida a varinha nas vestes. Ela lutaria com os Comensais.


- Seu louco! Pare de atacar os alunos!


- Ela não é só uma aluna, ela é...


- The Dark Princess. O Lorde das Trevas não gostará de ter a filha capturada, seu lerdo. – a voz esganiçada de Alecto Carrow, que gritava com o irmão Amico, ecoou pelo Salão Principal. Eles eram os Comensais mais atrasados. 


Slughorn pareceu parar de respirar ao ouvir aquilo, ele voltou-se para Melinda, pálido e lívido, tremendo como se não acreditasse. A garota apenas sorriu malignamente de canto e a mão de Slughorn que estava em seu braço pareceu arder em chamas, fazendo-o soltá-la imediatamente. A jovem bruxa andou dois metros para trás em um único pulo e, antes que ele pudesse fazer algo a respeito – ainda segurando a mão queimada por ela com magia – uma parede de Comensais da Morte se colocou entre ele mais a ordem e Melinda.


Xingamentos vindos da Ordem foram ouvidos, eles não haviam visto direito o que acontecera, mas o fato era, Melinda estava provavelmente fora do alcance deles. Muitos Comensais, uma parede difícil de ultrapassar. Principalmente porque Bellatrix Lestrange acabara de se juntar ao grupo.


- Melinda, Melinda... Você nos preocupou, quase foi pega, querida. – Bellatrix passou a mão pelo rosto da filha, elas podiam ser vistas apenas por frestas.


- Não acontecerá novamente, tenha certeza. – a jovem bruxa sorriu; - E, quem disse que eu seria pega, mamãe? Tive como tutor o melhor bruxo das Trevas que já existiu em todos os tempos, também sei duelar.


- Mais do que eu podia imaginar. – suspirou Slughorn, atraindo a atenção da Ordem. – Ela sabe feitiços não-verbais e sem varinha. Alguns alunos do sétimo ano não sabem isso. – ele falou bem baixo, para que ela não ouvisse. Mais ego não era necessário.


- Eu adoraria ficar, mas tenho outros assuntos a tratar. – Bellatrix fez cara de confusa, mas logo pôde ler nos lábios da filha a palavra “Hilary”. Explicado o assunto secreto da Princesa das Trevas. A jovem bruxa usou a proteção dos Comensais para pegar Gabrielle pelo braço e sair correndo, ouvindo os sons da batalha que desencadeara atrás de si. A Ordem devia estar tentando segui-la, mas ninguém deixaria.


Hilary não estava naquele grupo da Ordem, nem Cedric, deviam estar em algum canto diferente do Castelo. Mas ela os encontraria, um jogo de gato de rato pode deixar as coisas ainda mais legais.  Ela a caçaria, torturaria, magoaria e, por fim, mataria. E... Ainda faria com que Gabrielle vendesse sua alma de vez, porque a Cruciatus... Essa não sairia da varinha de Melinda e Hilary não sofrer tal maldição deixaria a Princesa bastante decepcionada. Porque falar é muito fácil. Fazer... É uma outra história. Gabrielle era, em palavras, uma Comensal nata, restava saber em atitudes. 


        A dupla percorreu diversos corredores, sem muito sucesso em encontrar Hilary ou Cedric, era como se os dois tivessem sumido do mapa de Hogwarts, algum desencontro enorme estava ocorrendo de qualquer forma. À qualquer momento elas poderiam trombar com os dois, despreparadas – o que não seria de forma alguma interessante.


        Na região próxima às masmorras, Gabrielle ouviu um barulho e empurrou Melinda para atrás de uma armadura qualquer. Respiraram o mais baixo possível para poderem ouvir o que estava acontecendo ali perto. As vozes estavam misturadas, nada muito claro.


        - Greyback atacou vários nascidos trouxas, Cedric. Além do irmão de Ron Weasley, Gui. Uma tristeza. Ele está fazendo a festa, tentarei pará-lo, mas nada posso garantir. Ele é agressivo e cruel demais.  – suspirou Remus Lupin, parecendo chateado. As atitudes de Greyback lhe enojavam, deixavam-no irritado, ainda mais considerando a história que os dois lobisomens tinham.   


        - Que horror. – as duas Sonserinas reconheceram a voz de Cedric e sorriram uma para a outra. – Os Comensais estão fora de si, j[a passei por vários corpos e... Ah, alguém precisa controlá-los.


        - Sob o comando de uma sádica louca como Bellatrix Lestrange? A única forma é matando-os. De fato, nada mais os parará. Para eles, esse ataque é uma festa, uma grande festa. – Remus pareceu ainda mais revoltado. – Loucos, todos eles.


        Pela fresta entre a armadura e a parede, Gabrielle viu Cedric assentir triste, parecendo cansado e agradecido por estar em um local mais calmo por pelo menos alguns segundos. Ele tinha arranhões pelo corpo, suas vestes estavam rasgadas, e vários hematomas no rosto. Parecia que Greyback tinha tentado atacá-lo, mas como não havia nenhum sinal de mordidas, sem sucesso.


        - Bom, preciso ir achar Nymphadora, depois que ela acordou do feitiço estuporante de Bellatrix, está furiosa. Tenho medo de que ela vá pra cima da Lestrange e acabe muito machucada. Sabe que nervoso não ajuda em nada em batalhas, a sua sogra, tem sangue frio e crueldade o bastante para derrotar uma Tonks cega de raiva e...


        - Melinda não está na Sonserina! – os dois homens se viraram e a dita cujo e Gabrielle arregalaram os olhos, satisfeitíssimas. Hilary e Cedric na mesma cena, oh too good to be true. – O quarto da vadia está vazio!


        A loira parecia inconformada por ter adentrado à Sonserina sem encontrar a irmã. Ela desejava tanto pegar Melinda ainda dentro da casa, mas talvez isso realmente fosse esperar demais.


        - Melinda foi vista no Salão Principal há poucos minutos. Deve estar correndo pelo castelo agora. Quase a capturamos, mas Slughorn atrapalhou. – explicou Lupin. – Ele não sabia quem ela era e, quando percebeu, os Comensais já haviam formado um muro para protegê-la. Alastor lançou infinitas maldiçoes contra a sua irmã. Todas em vão. Preciso admitir, ela é boa, Hilary. Boa em escapar, boa em feitiços... Queimou a mão de Slughorn sem a varinha, será difícil pegá-la.


        - Slughorn é um puxa-saco, isso sim. Não duvido que esteja ao lado dos Comensais sem que ninguém saiba. Como diabos ele deixou aquela pirralha derrotá-lo? – gritou Hilary, cega de ódio misturado com medo, porque convenhamos... Ter a filha do Lorde das Trevas te caçando para matar não parece algo agradável.  – Agora ela está por aí solta, me caçando para me matar. Eu não posso com isso, ser surpreendida por ela seria meu fim!


        - Hilary, você pode com ela! – Cedric segurou a garota pelos ombros e olhou-a nos olhos, tentando passar confiança. Os dois tinham medo, mas demonstrá-lo não seria muito bom. – Seu maior problema é a sua mãe e você sabe disso!     


        - Concordo. Bellatrix deve estar louca para colocar as mãos em você, tenho certeza de que ela adoraria te entregar para a sua irmã matar. – Remus foi o mais sincero possível. Era o que ele pensava, tinha que falar.


        Hilary assentiu triste, ela estava condenada. Uma hora ela morreria pela mão de Melinda ou da própria Bellatrix e ela sinceramente não sabia qual das opções lhe parecia pior.  Mas ela não podia morrer, pelo menos não ainda, não depois de todas as coisas maravilhosas que haviam acontecido nos últimos meses.


        - Como eu estava dizendo ao Cedric, preciso ir... Você achará sua irmã e ficará bem, Hilary. – disse Remus, saindo logo em seguida, ele usou o mesmo caminho que Melinda e Gabrielle haviam usado.


O bruxo passou a centímetros das duas, que se encolheram contra a parede e deram graças por terem colocado novamente as capas, que se camuflaram com a parede escura das masmorras. Quando ele passou, Gabrielle imprensou Melinda na parede, cobrindo o rosto da amiga com a própria cabeça encapuzada. As roupas negras da loira cobriam seu corpo, e também o de Melinda. Caso Gabrielle não estivesse de saltos altos, Remus teria visto o rosto de Melinda nem que fosse pelo canto de olho.


- Thanks. – sussurrou Melinda, quando o perigo estava longe. Gabrielle e ela permaneciam coladas, ainda duras com as descargas de adrenalina que haviam sido jogadas em seus corpos. A loira sorriu e assentiu, afastando-se um pouco, bem lentamente para não fazer barulho, da amiga.


As duas voltaram suas atenções para a conversa que ocorria entre Hilary e Cedric no momento, eles pareciam estar falando sobre os machucados que haviam em cada um, Cedric com a maioria deles. Hilary estava extremamente preocupada com a quantidade de hematomas que ele apresentava e insistia que o “teimoso”, como ela o chamava, fosse à enfermaria.  Ele, realmente muito teimoso, se negava a fazê-lo.


- Não, Hy! Tem gente morrendo nesse castelo, não quero que um de meus amigos seja o próximo. Eu sou sangue puro, mas tenho amigos nascidos trouxas... Não quero nem imaginar o que essas pessoas que vieram com a sua mãe farão quando os encontrarem.  – Hilary não concordava, mas desistira de discutir. Ela teria ido se fosse por ela. Como toda boa Sonserina, ela dificilmente daria a vida por alguém e seu maior temor era que Cedric pensasse exatamente o contrário.


Melinda bolou um plano rápido em sua cabeça, precisava tirar Hilary de perto de Cedric um pouco, para poder conversar com ele à sós. Hilary não desgrudaria dele por livre e espontânea vontade. Precisaria de Gabrielle para isso.


- Escuta, Gabie. Preciso de sua ajuda. – a morena sussurrou o mais baixo que pôde. Não podia se dar ao luxo de ser ouvida. Gabrielle fez um sinal para que ela continuasse. – Distraia a Hilary. Saia correndo... Faça-a ir atrás de você. Ataque-a, eu cuido do Diggory enquanto isso.


- Ok... – Gabrielle deu um passo, mas foi segurada por Melinda.


- Não vá para longe, quando eu estiver quase conseguindo meu objetivo, eu vou derrubar essa armadura, entendeu? Vire o corredor, no máximo. Para ouvir. Vai fazer um estrondo imenso, mas preciso estar segura de que você ouviu.


Gabrielle finalmente saiu do esconderijo e agradeceu por ainda não ter sido vista por Hilary. Duvidava que a outra loira deixaria Cedric se envolver no meio da briga. Andou mais um pouco, evitando fazer qualquer tipo de barulho com os sapatos de salto. Tirou o capuz para que Hilary a visse.


- Finalmente nos reencontramos, Lestrange.... Se é que você merece ostentar esse sobrenome, é claro. – gritou Gabrielle, sendo ouvida logo pelo casal, se virou empunhando varinhas. – Não posso dizer que tenho saudades, é claro. Seria uma enorme mentira, mas não nego que esperei esse reencontro. – é, ela esperara. Com toda a expectativa possível no mundo. Ansiara por todos os detalhes do dia em que veria aquela a quem mais invejara morrer, a dor no rosto de Hilary ao ser torturada, a luz deixar seus olhos. Ela dificilmente perderia algum segundo daquele que seria o espetáculo mais maravilhoso de sua vida.


- Eu também esperei, para poder dar um fim em você e logo em seguida na sua amiguinha. Onde está ela, huh? Escondida na saia da mamãe ou na parede de Comensais da Morte? A Melinda é uma covarde.


- Esperta, eu diria. Mas olha quem fala, você é Sonserina, Hy querida, está no seu sangue. Você primeiro, depois os outros. Coragem é na maioria das vezes uma burrice e sei que sempre concordou com isso. Seu namoradinho lufo aqui é seu motivo para fingir que não. Mas o fato é: você é exatamente como eu e a Mel...


- Nunca! – gritou Hilary, os olhos verdes ardendo em ódio. - Estupefaça!


- Protego! – defendeu-se Gabrielle, correndo um pouco para trás, debaixo de uma enxurrada de raios coloridos, que não a acertavam por pouco. Ela estava aprendendo a duelar como uma verdadeira Comensal da Morte, a cada feitiço que Hilary errava, ela ria sarcástica e insuportavelmente para a oponente. – C’mon, Hilary, você pode fazer melhor do que isso!


Àquela altura, Gabrielle quase corria de costas, mantendo o olho fixo em Hilary, que a seguia. Como o planejado. Cedric fez menção de ajudar, mas Hilary negou a ajuda do bruxo, alegando que queria terminar com Gabrielle por si mesma.


Dois segundos depois, Melinda encolheu-se na parede, pois as duas passaram a seu lado, sem notá-la ainda. Cruzaram o corredor e foi quando Melinda pôde respirar, saindo de seu esconderijo. Ao sair, ela trombou com um Cedric que vinha correndo para proteger a retaguarda de Hilary. Ele não podia atacar Gabrielle, mas ajudar não faria mal. Bom, ele não teria muito tempo.


Ao encostarem-se, o capuz de Melinda caiu, e Cedric desejou ter apontado a varinha, mas a Legilimente podia ver seus planos e antes que ele pudesse fazer alguma coisa em relação à aparição da cunhada, sua varinha estava primeiramente do outro lado do corredor e, logo em seguida, nas mãos dela.


- Sabe, Cedric, eu adoro ser Legilimente. Aliás, bom te ver...


- Sua irmã me contou da sua diversãozinha... E, não posso dizer o mesmo, é terrível te ver. Bom, seria agradável se eu tivesse minha varinha e pudesse acabar com você.


- Você diz tentar, não é? Sejamos, sinceros, cunhadinho. – ela se aproximou dele, guardando a varinha do bruxo em seu decote, de onde ele com certeza não tentaria pegar e apontando a sua para o pescoço dele. – Você não conseguiria nem me arranhar.


Cedric engoliu toda a raiva para si, não podia fazer movimentos bruscos ou morreria antes de poder pegar sua varinha de volta. O local onde Melinda a colocara era difícil porque, alem de ser um local tão intocável, a calça que ela usava vinha muito apertada em seu corpo até a cintura, e prendia o final da varinha firmemente. Teria que puxar com força, e ela sentiria.


A aproximação dela já estava se tornando um pouco incômoda para ele, que tentava se afastas, mas era puxado pela gola da camisa. Ele simplesmente não entendia o que ela queria com a proximidade.


- Sabe, você é tão bonito... Uma pena eu ter que te matar... – ela passou a unha comprida pelo rosto bem desenhado dele. – Não sei porque as coisas entre nós têm que ser tão difíceis.      


 - Hum, deixe-me pensar... Porque você está louca para matar a mulher que eu amo?


- Tsc. Tsc. Você realmente acredita nela. A Hilary inventa tanta coisa. Principalmente que se importa com trouxas e sangues-ruins. Tudo o que ela tem é ciúme de mim... – mais próxima, Melinda quase encostou os lábios nos dele. – Ela fala de mim, mas é tão mentirosa quanto. – sussurrou, quase sugando Cedric para dentro dos olhos verdes tamanha a intensidade do olhar.


- Você é uma cobra venenosa. – ele se afastou, mas foi empurrado por ela para a parede ao lado da armadura. Ela imprensou o corpo contra o dele, podendo sentir a respiração dele mudar, seja por raiva ou pela tentação.


        - E os homens adoram isso, o perigo... A sedução, o proibido... – ela sorriu e mordeu o lábio sensualmente. Passou a mão livre pelo peito dele por cima da camisa. – Você me quer, Cedric, e sabe disso. Pode amar a mosca-morta de Hilary, mas não resiste a mim. Sou bela demais para isso. Vocês são todos iguais... Não podem ver uma mulher bonita que dá bola que estão loucos para cair em cima.


        - Já parou para pensar no que o Malfoy vai pensar disso? Voce assim, se jogando pra cima de mim, se oferecendo... – ela sorriu e apenas soltou a capa, deixando os ombros, os braços nus e o decote, onde se encontrava a varinha à mostra. Cedric acompanhou o pingente de coração com a inicial dela subir e descer com a respiração dela, tentando não olhar para o decote.


        Aquela garota louca tocou novamente seu rosto, as mãos dela eram macias e suaves. Tanto ou mais do que as de Hilary. Os olhos e lábios bem desenhados. Ela era realmente linda, mas não passava de um veneno poderoso em uma bela embalagem. Era a perdição. Não entendia porque diabos ela decidira seduzi-lo logo naquela hora, imaginava que ela quisesse tirá-lo de Hilary ou algo do estilo, mas, ela teria tempo para fazer aquilo propriamente e não apenas tentar conseguir um amasso em Hogwarts.


        - O Draco me tem a hora que ele quer, Diggory... e... existe coisa mais excitante do que adultério? O perigo e a intensidade que envolve isso? Ainda mais no seu caso, não é... Com a irmã da sua namorada... O triplo de perigo, sensualidade. O errado é delicioso, Diggory, você deve saber. – a respiração dela bateu em seus lábios, fazendo-o segurar um suspiro. Ela não podia perceber a luta entre seu corpo e seu coração. Seus instintos a desejavam e ele se sentia enojado com isso, mas era inevitável, não notara só naquele momento a beleza dela, desde Hogwarts a considerava perigosamente bela. O que a diferenciava de Hilary era a falta de inocência e pureza nos olhos, Melinda só tinha trevas e malícia, e isso a ajudava loucamente a seduzi-lo.


        Ela era tão boa em sedução quanto era em duelos, aquela maldita devia ser descendente de Veelas ou algo do estilo, não conseguia tirar os olhos dela e tinha que admitir que a cunhada estava certa: Aquilo era errado, mas de uma forma deliciosamente excitante. Tudo que é proibido é mais gostoso? O perigosos e o errado são ainda melhores. E ela era proibida, errada e perigosa. Poderia matá-lo com um beijo de tão venenosa.


        - Pára, garota! Será que que você não se cansa de destruir a vida das pessoas? Chega!


        - Por quê? Tem medo de cair, Cedric?


        - Eu não vou cair.


        - Ah, não? Por quê? A Hilary te capou agora? Deixou de ser homem, afinal? Faz bem o estilo dela, acorrentar os homens a si e não deixa-los olhar para o lado. – mordeu os lábios novamente, deixando-os vermelhos e umidecidos. Merda, ela estava conseguindo e ele não queria deixar. – Ela foi ótima nisso pelo jeito, você deve mesmo ter deixado de ser homem, assim como ela gosta. Um cachorrinho ao invés de um homem... Bem ao estilo Hilary.


        Mexer com a masculinidade dele fora o ponto chave, nenhum homem gosta que sua virilidade seja colocada em dúvida, Cedric esqueceu a existência da varinha dela contra seu pescoço e a agarrou pelos cotovelos, sacudindo-a um pouco. Raiva, uma péssima conselheira. Ele estava fora do controle, facilitara o trabalho de sua inimiga.


        - O que diabos você quer dizer com isso? – ele a sacudiu com força, e esbarrou fortemente na armadura, que caiu. Perfeito, ele havia deixado o trabalho ainda mais fácil para ela. Nem derrubar a armadura precisava mais.


        Melinda sorriu desafiadora. Os instintos mais primitivos e baixos dele estavam aflorando e ela podia ver em sua mente a luta interna que estava sendo quase ganha pelo desejo. Será que o amor não é assim tão forte, no final? No caso dele, parecia que não. A luxúria o enlouqueceria se não cedesse a ela.


        - Que você é fraco. Quer, está louco para me agarrar e mostrar o quão homem você pensa que é. Mas apenas pensa, porque graças à Hilary, you don’t have the balls to kiss me. Não é homem o bastante, tem medinho da sua namoradinha. C’mon, eu nunca pensei que Hilary fosse do tipo que controlava a relação, mas ela te transformou no cachorrinho dela. Domado e obediente. Aquele que nega a si mesmo por ela, algo que, a conhecendo há anos, ela não faria. Ela é da Sonserina, põe ela mesma acima de tudo, meu caro.  Não se engane, ela gosta de ter o controle de tudo... E você ganhou, virou o brinquedinho dela. Totalmente dominado.


        Cedric apertou Melinda contra seu corpo, enlouquecido pelo desejo e pela raiva. Queria de fato mostrar para aquela vadia quem não era homem o bastante ali, quem era cachorrinho de quem, quem era o dominado. Ele a dominaria e a faria implorar por ele, gemer seu nome em clemência.


        Ela não tirou a cara provocativa, desafiadora. O perigo daquela situação o deixara ensandecido de tesão. Ele a queria como nunca. Por mais que seu coração gritasse, ele não conseguia escutar. Pelo menos não por enquanto.


        - Cala a boca, vadia, ou..


        - Ou então o que? O que você vai fazer? Porque duvido que seja capaz de muita coisa. – a provocação final. Aquela que o deixava louco. A dúvida, duvidar da capacidade dele. O tipo de coisa que ninguém suportava.


        - Ah, é? Pois eu vou te mostrar, querida...


        Cedric fez o movimento do qual se arrependeria depois. Lançou-se na direção da bruxa, pretendendo beijá-la, mas no final do caminho, seu coração finalmente foi ouvido por seu corpo. Não podia fazer aquilo com Hilary. Não, não mesmo. Por mais bela e sedutora que a cunhada pudesse ser. Ele não podia ceder a ela, era o que o projeto de monstro à sua frente queria.


        Um barulho próximo a eles, exatamente quando ele pretendia parar, voltar, afastar-se dela. Melinda virou o rosto rapidamente e o empurrou, fazendo cara de nojo.


        - Me solta, Diggory! – a voz sedutora dera lugar à enojada. Ele não entendia, até que virou o rosto para o local do barulho.


        Parada a dois metros deles, estava aquela que ele menos queria ver no momento: Hilary. Ela estava estática, pálida como um fantasma, sua respiração estava descompassada, ela claramente tentava segurar as lágrimas. Fitava Cedric com raiva, sofrimento, decepção. Hilary assistira à cena mais horrorosa de toda a sua exatamente do ângulo desejado por Melinda: ela vira Cedric tentando beijar Melinda, que rejeitava e se desvencilhara. Daquela forma, Cedric parecia o culpado, totalmente o contrário da realidade.


        Melinda deu um passo para trás, tirou a varinha de Cedric do decote e a jogou no chão em algum lugar. Nem o barulho da varinha dele caindo fez o contato visual do casal parar.


        - Hilary, não é o que você está pensando! – ele se punia mentalmente por só ter ouvido o coração tão tarde, quando tudo estava perdido. Ele devia ter se soltado dela antes, muito antes, mesmo que morresse por isso. Aquela maldita conseguira. Agora ele podia entender, ela havia planejado tudo. Por isso Gabrielle estava parada poucos passos à esquerda de Hilary, de alguma forma a capanga de Melinda trouxera Hilary no momento certo. Ela dera algum sinal, ou as duas tinham um timing incrível.


        - Oh, a fala clássica. Eu não estou pensando nada, Diggory. Eu vi tudo. Ver é diferente de pensar. Eu vi, vi uma cena que nunca imaginaria. Ela! – apontou para Melinda. – Me tirou tudo. Meus pais, meus tios, minha casa, a vida que eu tinha, minha tranqüilidade... Mas, a única coisa que eu pensei que ela não tinha poder para tirar era você. E agora o que eu vejo? Você se derretendo por ela, louco, dando a sua vida para beijá-la. O desejo estava claro na forma como você olhava para ela, como nunca você olhou para mim! – as lágrimas não conseguiam mais ser seguradas, elas escorriam sem permissão por seu rosto.


        - Hy, ela não me tirou de você, eu nunca te trocaria por ela e...


        - Cala a boca! Seja homem e admita, Cedric! Não minta pra mim, pelo menos isso eu mereço. – o soluço dela foi abafado por alguns passos e conversas, alguém vinha naquela direção e aquele corredor logo deixaria de ser tranqüilo e teria o mesmo cenário trágico dos andares acima. Batalha, sangue... e a dor, que fora a primeira a habitar o local e já estava instalada lá.


        - C’mon, Ced. Admita... Ela merece pelo menos essa lealdade da sua parte, porque fidelidade não é o seu forte, é claro. – Melinda interveio, destilando seu mais puro e letal veneno. – Eu vi sua mente, não era a primeira vez que queria traí-la não é? Se sentia preso, acorrentado. Não só a ela, aos problemas dela, ao perigo ao qual ela te expunha.


        - Mentirosa! – ele gritou. – Hy, por Melin, não acredita nela. Você sabe o quão víbora a sua irmã é!


        - Eu sei, eu a conheço. Mas não sei se acredito em você. Porque eu não te conheço. Não foi por você que eu me apaixonei! – Hilary gritou mais alto, já com o rosto manchado pelas lágrimas. Cedric tentou segurar o braço dela, mas ela se soltou. – NÃO ME TOCA! I hate you.


        Hilary saiu correndo de perto de todos, não ficaria na frente de Melinda tão destruída, precisava se recuperar primeiro. Não derramaria mais nenhuma lágrima na frente da irmã. Era tudo o que ela podia querer e Hilary não lhe daria esse gostinho.


        - Voce me paga! – Cedric apontou para Melinda. – Com juros.


        - Esperarei com prazer, Diggory. Pode vir, não tenho medo de voce.


        - Devia! – ele saiu correndo atrás de Hilary, mas mal sabia ele que já era tarde demais. Ela estaria escondida em alguma parte escondida do castelo, aquelas para as quais ela ia quando estava triste. Ele não conhecia nenhum desses locais, e provavelmente ela não usaria um que Melinda conhecesse também. A morena, todavia, esperaria, Hilary em pouco tempo sairia da toca e iria atrás dela. Movida pelo ódio e pela vontade de vingança, Hilary viria ao encontro de Melinda, e a mais jovem? Ela estaria esperando.


        - Fiquei impressionada com a cena...


        - Ele foi duro na queda, preciso admitir. – disse Melinda, quase rindo, para depois puxar Gabrielle pela mão e ir novamente em direção ao Salão Comunal, elas queriam participar da festa lá também.


        Dez minutos foram mais do que suficientes para o Salão Comunal ficar repleto de corpos no chão, alguns mortos, outros desmaiados. A enfermaria estava lotada, não cabia mais ninguém. Aquele ataque fizera um estrago à Hogwarts.


        Melinda já estava ficando entediada de estuporar membros burros da AD quando um pedaço de vidro veio em sua direção e ela teve que explodi-lo. Parecia que em fim alguém com vontade de lutar sério aparecera.


        Ao olhar na direção do oponente, Melinda sorriu extasiada ao visualizar Hilary. Parece que a fossa da garota durara menos do que a própria Melinda podia esperar. Raiva acumulada faz isso às pessoas. Ela era corajosa em fazer aquilo, o Salão estava quase todo dominado pelos Comensais da Morte, os poucos membros da Ordem resistiam bravamente, mas logo seriam derrotados. Ela estava em um beco sem saída e, mesmo que o beco tivesse uma, ela só sairia dele morta.


        As duas começaram a trocar feitiços rapidamente, sem tempo nem mesmo para respirar, mal desviavam do feitiço alheio e já mandavam outro. Alguns Comensais que não tinham com quem lutar - porque nenhum deles se interessava por uma luta com um cadáver ou um ser inconsciente – pararam para observar a luta que já se tornara alvo de apostas desde que a notícia da traição de Hilary se espalhara.


        Um feitiço de Hilary passou pelo braço de Melinda, abrindo um corte no local. Não fundo, mas dolorido. O suficiente para ela ficar, com o perdão da palavra, muito puta. Seu sangue.... Descendente de Salazar Slytherin, derramado por causa de uma traidorazinha, não ficaria assim.


        Quatro feitiços seguidos desferidos pela Princesa das Trevas. Um estuporante, outro torturante, um Sectumsempra – o feitiço que Potter usara em Draco e ela decorara para usar no próprio Potter depois. - e um para desarmar. Os dois primeiros passaram perto, mas sem acertar, o terceiro pegou na perna dela e a fez cambalear devido ao corte. O quarto a atingiu em cheio, fazendo sua varinha voar para o outro lado do Salão Principal.


        Desarmada e com um corte profundo na perna, Hilary subiu em uma das mesas, ironicamente na da Grifinória – sempre adepta da coragem. –, sendo seguida por Melinda, que andava calmamente, enquanto Hilary quase se arrastava. Um murmúrio de Melinda fez Hilary voar alguns metros na grande mesa e cair com baque dolorido sobre a mesma.


        Estando em cima da mesa, as duas irmãs colocavam-se acima de todos os outros presentes. Como em um palco, onde ocorreria um espetáculo sangrento e ao mesmo tempo muito esperado. Um ano desde a traição, era a hora de acabar com aquela história.


        Melinda andou até Hilary, ouvindo a agitação dos poucos membros da Ordem resistentes que tentavam se livrar de Comensais para salvar seu mais novo membro. Inútil, muitos Comensais para pouca Ordem. Estavam dominados, teriam sorte se saíssem dali vivos. E, se saíssem, teriam a bagagem de terem assistido a um assassinato frio e inescrupuloso como aquele havia de ser.


        - Finalmente aqui estamos nós. – Melinda apontou a varinha para a irmã e pisou levemente em seu pescoço. Muito de leve, apenas para humilhar, ela não a mataria sem magia. – Sabe, Hilary, você foi muito burra. Muito mesmo. Poderia ter tido tudo, mas o seu ciúme não te deixou pensar. – pisou com um pouco mais de força, arrancando um gemido de dor da irmã e um sorriso de si mesma. – Ou será que seus novos amigos e... Seu amado Cedric – ela apontou para o bruxo que acabara de chegar e olhava a situação aterrorizado. Ele ainda não encontrara sua varinha. – Realmente acreditam que você dá a mínima para trouxas, sangues ruins e o escambal? Façam-me o favor! Esperam isso da garota que foi criada para ser a Herdeira do Lorde das Trevas? Ela os odeia tanto quanto eu, está em seu sangue, por mais que ela tente negar! – disse a jovem bruxa, olhando para a Ordem. – Eu a conheço há anos, vejo a mente dela. Ela só está com vocês para atingir minha mãe, porque ela me odeia por “roubar” Bellatrix dela!


 Hilary gemeu mais uma vez, com lágrimas nos olhos, ela não tinha forças para negar, estava prestes a morrer e tudo o que havia feito por Cedric era em vão. Ele não merecia. Melinda estava falando a verdade, ela fizera tudo por ciúmes, era idiota, criança, o que fosse, mas não podia negar. Não que se arrependesse também.


- O que é muito irônico, não é Hy queridinha? – Melinda pisou com um pouco mais de força. Tudo muito lento e sofrido. – Porque foi você que viveu a vida toda no lugar que era meu! Usurpando a minha vida, a minha glória! Você roubou muito mais de mim do que eu roubei de você. Eu posso ter te roubado um ano, dois anos. Mas você me roubou 14 anos. Quatorze longos anos, querida. Roubou a minha identidade. E você vai pagar caro por isso.


        Cedric assistia horrorizado ao macabro espetáculo. Ele era segurado por vários Comensais e obrigado a assistir àquele absurdo. Melinda afastou-se de Hilary alguns passos. Olhou para a multidão e localizou quem queria.


        - Mas a minha vingança pode ter tempo para uma aulinha... Gabrielle! – o som do nome da jovem loira ecoando pelo Salão deu arrepios em Hilary. Nunca se dera exatamente bem com Gabrielle, e agora estava ocupava o lugar que um dia fora seu. Bem incômodo, e Melinda sabia muito bem disso.


        Ela precisava testar Gabrielle, e fazer Hilary sofrer tudo o que ela sofrera na infância por não saber quem era e o que sofreu ao saber que sua melhor amiga a odiava por motivos fúteis e infantis. Talvez elas nunca tivessem se amado de fato.


        A jovem aprendiz de Melinda subiu na mesa sem poder esconder o sorriso. Seu ódio por Hilary não era novidade para ninguém ao redor delas, ter a chance de participar na morte daquela que considerava sua rival era algo esplêndido. Não tinha certeza do que Melinda pediria, mas ela faria, não falharia na frente de todas aquelas pessoas.


        - Gabie, eu já te falei muitas vezes, creio eu... Sobre uma maravilhosa maldição chamada Cruciatus...


        A loira assentiu, os olhos queimando em excitação. Melinda circundou a garota, parando atrás dela, que olhava fixamente para Hilary. Segurou na mão de Gabrielle, entregando a própria varinha para que ela segurasse, levantou a mão da garota.


        - Você sabe o feitiço, e consegue. Sei que Hilary é a melhor pessoa para você treinar. A odeia, quer vê-la sofrer... É só se concentrar no prazer que o sofrimento dela vai causar em você. Feche os olhos e pense nisso, dear. – Gabrielle obedeceu, fechou os olhos e instantaneamente ela sorriu deliciada.


        Podia ver certinho em sua mente, Hilary se contorcendo, gritando, pedindo por clemência, enquanto todos os Comensais a assistiam triunfar. É, ela queria aquilo, como mais nada em toda a sua vida. Abriu os olhos, uma expressão assassina no rosto.


        - Diga, Gabrielle. O feitiço, você conhece. – mais uma vez a voz suave de Melinda soou, como a tentação, aquela que queria levar a jovem e inocente Gabrielle para o caminho negro.


        - Crucio. – a palavrinha saiu tímida dos lábios de Gabrielle, mas isso não afetou o feitiço, o raio vermelho formou-se na ponta da varinha e atingiu Hilary em cheio.  


        Os gritos de Hilary ecoaram em todos os cantos do Salão, Gabrielle saiu de perto de Melinda e aproximou-se de sua vítima, que gritava e contorcia-se com lágrimas manchando a face pálida. Olhou a vítima com um sorriso no rosto, o prazer estampado no rosto belo e aparentemente inocente da garota de quinze anos. Melinda conseguira, Gabrielle havia de uma vez por todas vendido sua alma – a partir dali não tinha volta. Ela era uma Comensal da Morte em potencial. 


        Melinda andou novamente até ela alguns segundos depois, abaixando a mão da loira e pegando a varinha delicadamente das mãos dela. Suspendendo assim o feitiço.


        - Eu ainda preciso matá-la, mas você foi ótima, Gabrielle. Parabéns. – Melinda deu um beijo na bochecha da amiga e tornou-se mais uma vez para Hilary.


        Gabrielle tivera seu momento de glória, mas agora era a vez de Melinda. Hilary estava ali, caída, fraca. Era o seu momento, ela a mataria, ali, naquela hora. Seria algo maravilhoso, receberia elogios imensos de seu pai, o respeito de todos e... Vingança.


        Andou até a irmã, queria olhá-la nos olhos ao fazer aquilo que ansiava há mais de um ano. A morte dela, aquilo que lhe daria paz e tiraria qualquer aborrecimento com o Lorde das Trevas.


        - Você podia ter ficado ao meu lado, mas... Foi melhor assim, eu estaria alimentando uma víbora, pronta para dar o bote a cada segundo. E, por mais que eu seja Ofidioglota, seria uma cobra sobre a qual eu não teria poder algum. Um risco muito grande, até mesmo para mim. Você me odeia pelo o que eu te roubei, eu compartilho o sentimento, maninha. Me roubou muita coisa, Hilary e ainda quase me prejudicou com o meu pai. Contudo, eu terei muito tempo para aproveitar tudo o que me foi tirado... Quanto a você... – ela parou e olhou Hilary de cima a baixo, com nojo no rosto. Em uma questão de dois segundos tudo passou por sua cabeça, desde o dia em que conheceu Hilary até o dia em que foi traída.


        Cada conversa, cada choro, felicidade, planos, risos, brigas, brincadeiras, tudo fora em vão. Inútil, perda de tempo. Ela no fundo era uma víbora maldita que a atacou na primeira oportunidade que teve. Isso fez Melinda sentir um formigamento na garganta, raiva, ódio. Ódio de si mesma por nunca ter usado Legilimência em Hilary, de ter sido enganada. Apontou a varinha na direção do rosto da irmã.


        Mais barulho de membros da Ordem, principalmente Diggory, debatendo-se na tentativa de furar o muro de Comensais e salvar Hilary. Inútil e ainda mais depressivo.


        - Eu só lhe digo uma coisa, Hilary, por mais que você não possa aproveitar os benefícios disso, você sempre foi Herdeira do Mal. Não com uma posição tão alta quanto a minha, mas desde antes do nascimento destinada a matar, torturar, causar sofrimento. For Merlin’s Sake, Hy, achou mesmo que a filha dos Lestrange poderia decidir ser boazinha e todos sairem ilesos? A morte e a maldade estão no seu sangue, você tem que causar dor a alguém! E é exatamente o que você está fazendo hoje, com muitos de seus novos amiguinhos que sofrerão sua morte e acabarão mortos por tentar te vingar. O mais interessante é que você morrerá sabendo que tudo o que você tentou fazer foi em completo vão. Eu tenho tudo que era seu e mais! E não há nada que você possa fazer quanto a isso. Você perdeu, eu ganhei, nem a morte pode te livrar disso.   Welcome to your worst nightmare, Hilary…And guess what… It will last forever. Avada Kedavra!


        O raio verde saiu da varinha de Melinda serpenteando na direção da fraca e debilitada Hilary. Cedric sentiu todo o ar sair de seus pulmões que pareceram grandes demais para seu corpo. Ele queria se mover e não podia, queria gritar e não conseguia. Um segundo que durara um século, lágrimas acumulando-se em seus olhos.


        Hilary olhava para ele, mas ele não via o olhar amoroso de sempre. Tudo o que ele via era ódio, raiva, a decepcionara, ela pensara que era a única coisa que Melinda não poderia conseguir e, em alguns momentos, ele pensara em ceder à sedução de Melinda e mandar tudo para o alto. Sentia-se um lixo, a pior das pessoas na face da terra.


        A luz verde iluminou o rosto pálido da loira, confundindo-se com os olhos verde-esmeralda. Um segundo depois a luz verde se apagou, assim como a luz que havia nos olhos idem.  Hilary Black Lestrange estava morta. Cedric jurou poder ver ela suspirar antes de ser atingida pelo feitiço.


        Melinda permaneceu parada, estática. Levou alguns segundos até que ela percebesse que Hilary realmente estava morta e abrisse o maior sorriso de toda a sua vida. Sua missão estava cumprida, o seu pesadelo que um dia atendera pelo título de melhor amiga, morto.


        Andou até o corpo inerte de Hilary e virou o rosto dela para si com o bico da bota. Os olhos ainda permaneciam abertos, como se ela estivesse realmente olhando-a.


        - It’s over for you. I told you about what I use to do with the people I hate. – disse, para depois virar-se de costas para a vítima e andar pela mesa, sem olhar para trás. Atrás de si, estava o passado. Que estava acabado. Literalmente.


        Ouviu uma salva de palmas e elogios berrados pelos Comensais que haviam adorado o espetáculo. Mais ovacionada do que poderia esperar, ainda em cima da mesa olhou para Gabrielle, que também batia palmas, sorrindo como uma criança que havia acabado de ganhar um doce. Agradeceu a ela e aos outros com um aceno de cabeça.


        Poucos metros à sua direita, estava Bellatrix Lestrange, que assistira a tudo de camarote. A bruxa estava impassível até o momento em que Melinda olhara para ela, quando ela esboçou um pequeno sorriso de canto, e uniu-se às palmas. De fato, Melinda era muito mais parecida com Voldemort e com ela do que ela imaginava. Fria, cruel, inescrupulosa, sádica. Este fora o ponto da morte de Hilary, o sadismo. Torturara a irmã física e psicologicamente antes de matá-la.


        A festa dos Comensais abafou o grito desesperado de Cedric Diggory, que conseguiu se soltar, correr e jogou-se em cima da mesa sobre o corpo inerte de Hilary. Ele fechou os olhos dela, e chorou como nunca antes em toda a sua vida. Chorava por si, mas também pela pequena Lynx. Nem mesmo dois meses havia completado e já perdera a mãe. Ele avisara Hilary, pedira para não ir a Hogwarts, mas ela insistiu em deixar a filha recém-nascida com os pais dele e ir lutar.  


        A filha da puta que agora batia palmas para a Princesinha da Morte, nem mesmo sabia que tinha uma neta. E, se dependesse dele, não saberia nunca. Lynx seria criada longe de toda a porcaria que envolvia a família Lestrange. Para a própria segurança da criança.


- Joguem os corpos em algum lugar, temos mais o que fazer. – anunciou Melinda, descendo da mesa acompanhada por Gabrielle. Draco entrou correndo no Salão Principal e parou bruscamente ao ver a prima morta em cima da mesa.


Sabia que Melinda queria matar a irmã, mas nunca achou que ela o faria tão rápido. Dava pelo menos dois anos antes de alguma coisa efetiva. Bom, metade do tempo fora suficiente para Melinda.


- Draco? – chamou Melinda.


- Eu descobri onde Dumbledore foi visto pela última vez, ele deve voltar para lá. Estou indo esperá-lo.


- Onde? – perguntou uma Bellatrix animada, que se aproximara há pouco.


- O mesmo lugar onde está a marca, a Torre de Astronomia. Certamente ele vai aparecer. Devemos ir todos para lá, mas eu vou primeiro.  – todos concordaram, as coisas pareciam não parar de melhorar. Hilary morta e logo logo, Albus Dumbledore também.


        Draco saiu correndo, parecendo animado, mais confiante do que nunca em sua própria habilidade de matar Dumbledore. Melinda matara a própria irmã, ele conseguiria matar um velho, bom, ele esperava ao menos. Tentaria no seu melhor.


        Melinda virou-se para Bellatrix e encarou o próprio reflexo nas íris verdes da mãe. Era a primeira vez que se falariam desde a morte de Hilary. Ela não sabia qual seria a conversa, porque mesmo sendo quem era e tendo feito tudo o que fizera, Hilary ainda era filha de Bellatrix.  


        - It’s ok. – disse Bellatrix, quando a filha ameaçou falar algo. – Ela procurou pelo próprio fim, Melinda. E eu estou feliz que você o deu a ela, eu prefiro à mais desgosto. – havia renegado Hilary de fato em Hogsmeade, não só da boca para fora. Não suportava o fato de que uma traidorazinha daquela tivesse saído de si. Diferentemente das outras mães em situações como aquela, ela não sentia dor pela morte da filha e sim por tudo que a filha fizera que levara àquilo. No fim das contas, seu fim fora merecido.


        Melinda a abraçou, sentindo-se melhor por não acarretar para si raiva vinda de Bellatrix, o contrário. Ela sentia que a forma como ela cumprira perfeitamente o que seu pai lhe designara, deixava a mãe ainda mais próxima a ela. Porque afinal, nada agrada mais a Bellatrix Lestrange do que algo que agrada a Lord Voldemort.


        Bellatrix chamou um grupo pequeno de Comensais, aqueles do círculo mais íntimo, mais Greyback e disse que deviam todos cuidar para que os outros Comensais, menos íntimos de Voldemort, fossem embora e depois se dirigirem para a Torre de Astronomia.


        Draco correu até a torre de Astronomia, queria encontrar Dumbledore antes de todos os outros. Precisava matar Dumbledore. Não apenas devido às ameaças provenientes de Voldemort, mas também por Melinda. Ela não suportaria que ele falhasse, principalmente após ter sido capaz de acabar com a própria meio-irmã.


        Perguntava-se como a namorada sentia-se naquele momento. Por anos, Melinda e Hilary haviam sido melhores amigas e agora havia acabado de fato. Da pior maneira possível, diga-se de passagem. Talvez fosse o que era necessário para que Melinda tornasse-se de fato The Dark Princess. Destruir seu passado, sua “animiga”, pois não havia melhor definição para elas: amigas e inimigas, irmãs e rivais. Quer dizer, pelo menos é o que elas eram. Porque agora, para Hilary, estava acabado. Para sempre. E, se dependesse dele, logo para Dumbledore também.


        Matar Dumbledore se tornara uma questão de honra. Gabrielle, aos quinze anos, havia torturado, Melinda matara pela primeira vez aos quatorze. Ele não podia ser o elo fraco do trio.


        Subiu as escadas para a torre de Astronomia correndo, ouvira alguma coisa. Seria Dumbledore? Seu trabalho não podia ser tão fácil, é, parecia que ser Comensal tinha suas vantagens, a sorte devia ter algum tipo de paixão por eles. Estava sempre do lado do mal, pelo menos naquela noite. Melinda encontrara e matara Hilary, Bellatrix matara diversos Aurores, Greyback atacara um Weasley traidor e outros sangues-ruins, e ele conseguira informações sobre Dumbledore através de Madame Rosmerta: perfeito, só poderia melhorar se o barulho que ele ouvira fosse de fato Albus Dumbledore voltando de sua visitinha a sabe-se-lá-onde. Afinal, ele não tinha ido só beber alguma coisa, estava fora havia tempo demais.


        - Expelliarmus! – gritou Draco, quando mal havia chegado à Torre de Astronomia. Dumbledore de fato estava lá. Havia uma segunda vassoura, próxima a Dumbledore. Mas não parecia haver mais ninguém.


        Dumbledore olhou suavemente para a mão sem a varinha e depois para Draco, sem demonstrar emoções fortes.


        - Boa noite, Draco.


        - Quem mais está aqui?


        - Eu poderia fazer a mesma pergunta a você, ou está trabalhando sozinho?


        - Não, há Comensais da Morte em Hogwarts essa noite, professor. – Draco riu, parecendo satisfeito. – Eu os enfiei aqui bem debaixo do seu nariz. – riu novamente, parecendo mais presunçoso do que o comum. Dumbledore só lhe deu um sorriso.


        - E onde estão eles?


        - Vindo para cá, parece que alguns dos seus amiguinhos decidiram resistir, apesar de quase totalmente dominados, vai entender. Mas este pequeno obstáculo logo logo será resolvido.


        - Avada Kedavra! – eles ouviram uma voz feminina berrar, uma voz bem conhecida para os dois. Logo ela estaria no alto da torre.


        - Parece que alguém é mais rápida do que os outros Comensais. Draco, você não é um assassino, não se deixe influenciar por ninguém. Entendo que a ame, mas...


        - Cale-se! Isso não tem nada a ver com ela! Tem a ver comigo, com a minha glória! Todos pensaram que eu morreria tentando, não conseguiria, o próprio Lorde das Trevas pensou isso que eu sei. Mas eu vou mostrar a todos, inclusive a ele. O senhor não sairá dessa torre vivo, professor. – Draco apontou a varinha para o rosto de Dumbledore.


        - Suponho que não. Principalmente agora que sua namora está vindo, assim como os outros Comensais. Se você não conseguir, algum deles com certeza terá o prazer. – aquela voz calma e serena dele estava começando a irritar Draco. Por que Dumbledore tinha que ser tão insuportavelmente sábio, calmo e dono da situação.  – Draco, repito, esse não é você. Eu conheci um jovem anos atrás que fez todas as escolhas erradas.


        Uma risada cortante e fria interrompeu Dumbledore, Draco pensara ser Bellatrix Lestrange, mas não. Era a própria Melinda quem ria, com a varinha apontada para Dumbledore. Eles a haviam ouvido matar alguém, pensaram que estava na frente dos outros Comensais, e ela estava.


        - “Anos atrás eu conheci um jovem que fez todas as escolhas erradas.” Não se cansa de tentar ganhar jovens para o seu lado com essa conversa mole? - disse Melinda, com o rosto belo deformado pela careta de nojo. – Poupe-me.


        - Boa Noite, Melinda. – Dumbledore usou o mesmo tom de voz que usara com Draco e a expressão da jovem bruxa     relaxou em uma expressão serena e tranqüila.


        - Boa Noite, professor. Como pude me esquecer dos modos, não é mesmo?


        - De fato. Tom sempre prezou os modos. – Draco olhou para Melinda e entendeu que Dumbledore falava de Voldemort.


        - Concordo, não ficaria feliz em saber que me esqueci deles. Mas não creio que terá alguma oportunidade para reportar tal fato a ele, correto?


        - Presumo que sim, pelo o que eu entendi, hoje é o dia de minha morte...


        Melinda assentiu e se aproximou mais de Draco, apoiando-se no ombro do namorado delicadamente, sem jogar peso. Ela parecia encantada com a oportunidade de ver Dumbledore morrer. O único bruxo que dava esperança aos tolos que pensavam que Lord Voldemort o temia. Voldemort não temia ninguém.


        - Parabéns, Draco. Você foi ótimo, fez tudo melhor do que qualquer um poderia. Será muito recompensado ao matá-lo. – Melinda virou o rosto de Draco e beijou-o rapidamente nos lábios. Não havia com o que se preocupar, afinal Dumbledore estava desarmado.  


        - Desejo saber uma coisa... Como os seus companheiros Comensais entraram aqui, Draco? Eu nunca pensei que isso fosse possível.


        - Simples, o Armário Sumidouro de Hogwarts...


        - Tem um par....


        - Sim. Na Borgin & Burkes. Formam uma passagem.


        Outro barulho. Eles se viraram e viram Bellatrix Lestrange chegando à Torre, os olhos da bruxa brilharam com a visão de Dumbledore desarmado. Parecia ainda mais pálida com a luz esverdeada da Marca Negra acima deles. Após ela, entraram vários outros Comensais da Morte.


        - Boa Noite, Bellatrix. E... Trouxe amigos. -   Bellatrix fez uma careta, como se dizendo que aqueles não eram seus amigos. 


        - Temo que a noite seja muito boa para você, Albus. – respondeu a bruxa.


        - Estou certo que sim... Deixe-me quem temos aqui... Oh, Amico, Alecto e... Lobo Greyback. Creio que hajam mais de vocês lá embaixo.


        - Muitos mais. E alguns até já foram embora, sabe... – respondeu Alecto. – Os que não tinham crédito o bastante com o Lorde para ser permitido que assistissem a sua morte.


        - Oh sim, mas deixe-me ver... Eu acho que conheço mais alguém aqui... – disse Dumbledore, após uma ultima figura encapuzada entrar na Torre. – Boa Noite, Srta. Ceresier.


        Gabrielle sobressaltou-se e respirou fundo, não sabia que Dumbledore a reconheceria mesmo de máscara, mas bem, ele tinha fama de saber de tudo. Ser irritantemente sabido. O dono da verdade sempre.


        - Boa Noite, professor. – a loira tirou o capuz, impressionando vários Comensais que nunca pensariam que a jovem teria tanta coragem de se mostrar. O que não fazia muito sentido uma vez que Dumbledore estava prestes a morrer.


        - Percebo que esta noite lhe foi muito agradável... Parece que realizou um desejo de muito tempo, apesar de mórbido, é claro. – Dumbledore parecia ter adivinhado o que ela fizera à Hilary e aquilo a fez dar um pequeno passo para trás.


        - Imensamente, professor. – respondeu a garota, tentando esconder com a voz segura suas dúvidas sobre como diabos ele havia descoberto.


        Melinda literalmente vira os pensamentos na mente de Gabrielle e não queria que a amiga ficasse com tantas dúvidas sobre algum poder diferente que Dumbledore pudesse ter.


        - Não é nada demais, Gabrielle. Ele é Legilimente, como eu. Viu na sua mente, já que eu ainda não te ensinei Oclumência. Não se preocupe, é a próxima “matéria”, não precisará passar por um susto como esse novamente. – disse Melinda, sorrindo de canto para Gabrielle.


        - Legilimência, é claro. – disse a loira, rindo. – O que mais poderia ser...


        Melinda assentiu e voltou a fitar Dumbledore, que ainda não mudara de expressão.


        - Chega de embolação, vamos Draco, faça! – pediu Bellatrix, com o coração saindo pela boca de tanta animação.


        - Ele não consegue, é um fraco, assim como o pai dele, Bellatrix! Deixe que eu faço! – disse Amico, os olhos brilhando com a possibilidade de acabar ele mesmo com Dumbledore.


        - O Lorde das Trevas disse que tem que ser ele! – interveio Severus Snape, que acabara de chegar. Barulho dos membros remanescentes da Ordem tentando subir para a torre já podia ser ouvido. Harry, escondido ali, presumiu que o resto dos Comensais da Morte já havia ido embora, e apenas aqueles vinte no máximo, na Torre, eram os que sobravam.


        - Pois parece que ele não é capaz. – zombou um Comensal cujo rosto estava escondido pela máscara. – Está aí parado há muito tempo e nada.


        Melinda olhou fortemente para Draco, que fitava Dumbledore com a mesma intensidade. Aquele era o momento, ele precisava. Ele conseguiria.


        - Severus... Please.


        Snape se adiantou como se ele mesmo fosse fazê-lo e levantou a varinha. Draco percebeu o movimento do professor. Se ele fizesse aquilo, teria a glória para si. E ele já tinha o bastante.


        - Não! – gritou Draco, olhando para Snape e colocando-se na frente dele. – Nem pense nisso, professor Snape! Ele é meu! – Draco voltou a virar-se para Dumbledore e andou até próximo a ele.


        - Muito bem, Draco! – disse Melinda, animada, olhando vitoriosa para Snape, que parecia muito insatisfeito em não poder matar Dumbledore. Fato que deixou Harry, escondido, doente de ódio. Dumbledore confiava em Snape e agora ele brigava para matá-lo. Quanta lealdade. – É a sua vez! Sua e de mais ninguém! – ela foi até o namorado novamente. – Quando a você, professor Dumbledore, eu só digo o mesmo que disse à minha meio irmã mais cedo... Adeus.


        - Então é por isso que parece tão feliz, não pude descobrir por mim mesmo. É realmente boa em Oclumência. – Melinda sorriu. – É triste que tenha chegado a esse ponto... Nem eu acreditei que seria capaz de matar sua própria irmã. 


        - Eu sou capaz de tudo, professor. Assim como Draco! Não é, dear?


        - Sim. – respondeu ele firme. – Hoje é o dia de nós dois terminamos de vez com as pedras que ficaram nos nossos sapatos nesse ano. Ela já acabou com a dela, agora é minha vez. Adeus, professor. Avada Kedavra!


        O ar na Torre de Astronomia pareceu ficar quinze vezes mais denso naquele um segundo. Muitos acreditavam que o feitiço não sairia da varinha de Draco, que ele não tinha o que era necessário. Contra as expectativas de alguns céticos e a favor das de Melinda, Draco, Bellatrix e Gabrielle, a Torre foi iluminada pela luz verde da Maldição da Morte e Dumbledore foi atingido, caindo da Torre. Eles chegaram todos à beirada da Torre e viram o professor caído, morto.


        Melinda não conteve sua alegria e abraçou Draco com fervor, enquanto ele parecia ainda muito chocado. Ele conseguira e nem mesmo acreditava. Ele e sua família estavam a salvo, assim como seu namoro com Melinda. A garota sentia o mesmo alivio, não tinha que se preocupar com mais nada. Segurou o rosto de Draco com as duas mãos e o deu um selinho forte e demorado.


        - Conseguimos, você conseguiu! Eu... – ela parecia que ia chorar de emoção e Draco a abraçou, desta vez com sua mente já de volta a seu corpo, com força.  – Matei a Hy, você o Dumbie... It`s over, nossas preocupações! – ele concordou, tão animado quanto ela. Ou até mais.


        Agora ele seria respeitado por todos, sem exceção. Ele era o homem que matara Dumbledore e que namorava a filha do Lorde das Trevas, acima de todos os outros ali.


        - Vamos, fora daqui! – ele puxou Draco pelo cangote e Melinda pelo braço, mas foi interrompido.


        - Não tente dar ordens, Snape! Eu estou no comando, e você não vai arrastar a minha filha e o meu sobrinho desse jeito. Eles vão sair sozinhos, sabem andar, correr e lutar. Podem fazê-lo sem a sua agressividade. – Snape, contra a sua vontade, soltou o casal.


        - Faça como preferir, milady. – disse a última palavra com raiva e nojo, causando um risinho em Bellatrix. – Mas que todos saibam que eu tentei tirar esses dois adolescentes daqui.


        - Tire Gabrielle Ceresier. – disse Bellatrix. – Ela nos ajudou esta noite, também está sendo caçada por aqueles idiotas lá embaixo, é mais jovem e mais inexperiente do que eles, precisa de muito mais escolta do que Draco, que eu escoltarei, e Melinda é experiente o bastante em duelos.


        Snape pôde ver Gabrielle sorrir para Bellatrix, como se a agradecesse. Bellatrix parecia mesmo querer complicá-lo. De fato, Gabrielle precisava de escolta agora que o número de Comensais era menor em Hogwarts.


        - O que foi, professor? – perguntou Gabrielle. – Parecia tão interessado em proteger os futuros Comensais da Morte, eu sou uma... Ou se desinteressou? – aquela ultima palavra teve vários sentidos para Snape, e ele, felizmente ou infelizmente, não havia se desinteressado em sentido algum relacionado a ela.


        - Não. – respondeu Snape, andando até Gabrielle e segurando-a pelo braço exatamente como fizera com Melinda antes. A garota gemeu baixo de forma que só ele ouviu e ele afrouxou um pouco o aperto no braço dela.


        Logo após os dois, saíram Draco, Melinda e Bellatrix, Alecto e Amigo, Greyback e os outros Comensais.


        Harry finalmente começou a recuperar seus movimentos, conseguia mexer suas mãos, mas não ainda as pernas. Ele queria correr atrás daqueles malditos, descontar neles o ódio e a raiva pela morte de Dumbledore. Ele havia confiado em Snape. E Snape tentara matá-lo. E, se Draco não estivesse tão cego por poder e reconhecimento, ele o teria feito. Nunca gostara de Snape, agora menos ainda.


        Só odiava mais que Snape, Melinda. Aquela garota conseguia levar qualquer um para o seu lado, tinha um poder de persuasão fora do comum, Draco matara Dumbledore por poder, um busca por poder que provavelmente fora influenciada por ela, Gabrielle também estava num caminho parecido. Todos em volta a ela.


Ela havia matado Hilary, a própria irmã, e isso enojava Harry. Hilary tinha sido tão corajosa em se juntar a eles, e agora estava morta. A imagem de Melinda comemorando a morte de Dumbledore estava estampada em sua mente, e ele a odiava ainda mais por isso.


Conseguiu mexer suas pernas, em fim. Levantou-se e tirou a capa. Saiu correndo pela porta, querendo alcançá-los. Esperava ter tempo para acertar um deles.


Melinda e Draco corriam juntos, em direção à Floresta Proibida, com os outros Comensais da Morte. Logo à frente deles estavam Gabrielle e Snape e ao lado Bellatrix.


         - Combinou aquilo com Bellatrix? – perguntou Snape, ríspido. – Sabia que ela estava no comando e eu teria que obedecê-la. – ele a puxou com mais força pelo braço. – Por que precisa tanto me provocar?


        - Por mais estranho que pareça, não. Eu não combinei nada com ela, querido professor. – respondeu Gabrielle, com a voz mais inocente possível. – A madame Lestrange, creio eu, tem alguma ligação comigo, pois leu meus pensamentos... – um puxão mais forte.


        - Ai!


        - Será que você não entende, Gabrielle? Você vai acabar me causando problemas com seus pais e o Lorde das Trevas, eles são Comensais e garanto que vão detestar saber que...


        - Que...? Que eu estou interessada em você ou que você está interessado em mim?


        Snape parou abruptamente e a segurou pelos dois ombros, irritado imensamente com as palavras dela. Mas não as palavras em si e sim a verdade contida nelas. Ele estava interessado naquela garota e isso o tirava completamente do sério. Não queria, mas não conseguia evitar o interesse nela.


        - Snape! – eles ouviram alguém gritar, antes que Snape pudesse responder Gabrielle. Era Harry Potter, que vinha correndo na direção deles. Severus soltou Gabrielle, e andou até perto de Potter. – Ele confiou em você! E você tentou matá-lo! Malfoy não me impressiona, não tinha nada a ver com ele. Mas você! Ele confiava em você, seu covarde, e você ajudou a orquestrar a morte dele.


        - Ah, Potter. Give me a break. – disse Melinda, revirando os olhos. – Pare com o melodrama.


        - Expelliarmus. – Melinda bloqueou o feitiço, irritando Harry ainda mais. – Sua vagabunda, você é a culpada de boa parte de tudo isso! Estupe...


        Harry foi bloqueado mais uma vez por Melinda, que parecia estar brincando com ele. Foi jogado longe por ela, cuja expressão vitoriosa o enlouquecia de raiva. Caiu com um baque surdo no chão, sentindo as costelas gritando de dor. Ele queria acabar com ela, mas sabia que dificilmente conseguiria.


        - Isso foi pelo tapa, Potter. Lembra-se? O que vem agora é só porque me diverte...


        Melinda levantou a varinha, desejando com toda a sua força lançar um feitiço em Harry, a entristecia não poder matá-lo – pois era de seu pai. – mas poderia machucá-lo o quanto quisesse. Era o maior desejo dela naquele minuto, mas não pôde fazer muita coisa. Snape segurou seu braço.


        - Vá com os outros, eu cuido do Potter. Sabe que não podemos tocar nele, é o do Lorde das Trevas. – Melinda concordou, mesmo contrariada e saiu correndo com Draco, Gabrielle e Bellatrix, que pela primeira vez parecia concordar em algo com Snape. Perder tempo com Potter era inútil.


        À medida em que eles se aprofundavam na floresta, as palavras gritadas por Potter foram sumindo. Ele parecia discutir algo com Snape, mas não importava. As besteiras de Potter de sempre. Descontava em Snape sua frustração pela morte de Dumbledore. A mesma idiotice de sempre.


 


Mansão Riddle – Minutos depois  


 


        Sentado na poltrona da sala, com um copo cheio de Absinto na mão. A cor da bebida quase camuflava-se com a cor da casaca dele. De um verde escuro lindo. Estava se vestindo cada vez melhor, também, com todo o ouro que encontrara debaixo da Mansão, não poderia fazer por menos uma vez que logo ele seria Ministro da Magia – não literalmente, pois ele não esperava ficar sentado atrás de uma mesa – mas na prática. Maldição Imperius é maravilhosa.


        Ele esperava pela volta dos Comensais da Morte que haviam ido a Hogwarts, aqueles mais íntimos, que eram os que aparatariam na Mansão Riddle.  Não sabia quando eles sairiam de Hogwarts, Dumbledore podia demorar a voltar. Quando todos chegassem, dependendo do que acontecesse, ele havia preparado uma festa na Mansão Malfoy para comemorar o sucesso. Por que eles não aparatavam direto lá? Simples, e se não tivesse sucesso? Festas não teriam sentido.


        Finalmente ouviu um barulho fora da casa, muito depois do que pensaria. Dumbledore havia demorado mais do que o esperado por ele, mas tudo bem, ele só desejava que ao ouvir aquela porta bater, ele não tivesse que se preocupar mais com Albus Dumbledore.


        Bebeu mais um pouco do Absinto e levantou-se, parando de pé no começo do corredor. Via a porta no hall dali onde estava, ela se abriu e ele viu Melinda passando extremamente animada por ela. A filha estava eufórica, para dizer o mínimo.


        - Nós conseguimos! – ela gritou, vindo correndo pelo corredor. A voz quase infantil não combinando com as roupas de adulta. – Conseguimos, Dumbledore está morto! – “Dumbledore está morto”. Aquelas três palavras valeram o ano inteiro de espera. Agora ninguém poderia falar nada, ele era o bruxo mais poderoso. – E Hilary também! – o complemento final.


        Ele estava incontido em euforia, assim como Melinda, mas ele nunca imaginaria que presenciaria o que viera depois. Melinda, que vinha correndo, se jogou em cima dele. Ela o abraçou, provavelmente sem ter muita idéia do que estava fazendo. Ele ficou estático, mas não irritado, ela estava louca de euforia, era normal que se descontrolasse. Ele, contudo, não pensava que a felicidade fosse mais por Dumbledore. A morte da meio irmã era o que a deixava tão contente.


        Era basicamente a primeira vez que alguém tinha a coragem de abraçá-lo. Bom, de forma fraternal, é claro. Bellatrix o havia abraçado milhões de vezes, mas era um tipo totalmente diferente de abraço. Os de Bellatrix transbordavam ou desejo e luxúria ou tristeza com raiva – o que só aconteceu em uma ocasião.  Melinda, contudo, o abraçava por felicidade, querendo dividir essa felicidade com ele. Era diferente, estranho, mas não ruim. Ele não a afastou, apenas colocou a mão na cabeça dela e acariciou de forma quase robótica. Demonstrações de afeto não eram o forte dele, é claro. 


        A segunda pessoa a entrar na casa foi Bellatrix, que veio logo atrás da filha, mas também parou ao ver o que Melinda fizera. Ela estava sem expressão, mas Voldemort sabia que ela segurava dentro de si uma enorme vontade de rir. O que ela não faria na frente dele. O estranhamento estava estampado no rosto do Lorde, Melinda já estava se soltando dele quando Draco e os outros Comensais entraram.


        Ela olhou para o pai e notou a expressão estranha dele e só então notou o que fizera. Ela havia se esquecido que ele não era muito desse tipo de coisa, ao contrário de Bellatrix. Merda.


        - Hum... Eu... Sorry, me empolguei. – ela coçou a nuca, meio nervosa e ruborizada.


        - Eu notei. – ele respondeu, deixando- a ainda mais envergonhada.


        Desviou o olhar para Bellatrix, que agora olhava-o fixamente. Ela sorria, a vitória estampada no rosto. É, ao que parecia, realmente aconteceria uma festa naquela noite. Dumbledore estava morto, Hilary também. Ele só queria saber o saldo da noite antes.


        - Como foi? Quero detalhes. – disse, olhando para a morena. – Números.


        - Maravilhoso. Melhor impossível. – ela respondeu, encostada na parede e mordeu os lábios. Mais sensual? Impossível. Ele tinha algum tipo de atração louca e descontrolada por ela quando havia lutas e mortes no meio, a faceta cruel e forte dela mostrada. A força de vontade para não voar nela fora enorme. Ela apresentava alguns hematomas e cortes pelos braços. Coisas leves, muito mais simples do que o corte que ele notara no braço de Melinda. – Centenas de feridos, dezenas outras de mortos. Aurores, na maioria. Mas havia também o ilustre Dumbledore na lista. – um brilho assassino percorreu os olhos dela. – Draco nos livrou dele.


        “Draco nos livrou dele”. Então o garoto havia realmente conseguido. Superado as expectativas do próprio Lorde das Trevas. Voldemort sentia-se extasiado com aquilo, o garoto havia se superado, ido além de seus limites, tudo para ter algum crédito com ele. Ótimo, agora sim parecia digno da Marca Negra que carregava.


        - Draco? Então tudo foi como eu planejei...


        - Sim, e também foi Melinda quem acabou com Hilary. Como o ordenado. – ela sorriu ainda mais para ele e sem perceber umedeceu os lábios. Ele desviou o olhar um pouco para a parede, havia Comensais ali.


        - Então quer dizer que sua primeira missão como única Líder foi um sucesso... – perguntou ele, voltando a fitá-la?


        Bellatrix respondeu assentindo, com o lábio inferior entre os dentes sendo mordido de leve. Ele não sabia por que diabos ela fazia aquilo, mas parecia que ela o tentava seduzir de propósito. Ele queria que a festa chegasse logo, merda.


        - Melhor impossível. Eu fui bem ensinada. Sabe que sou uma boa aluna e... Não pode haver prazer maior do que fazer as coisas que você manda do jeito que você quer. – maldito duplo sentido em ação. Se ela estivesse fazendo sem querer, sem intenção, ela era sensual demais por natureza, Merlin. Até o timbre da voz dela estava um pouco rouco. Talvez fosse de tanto gritar com os Comensais. Ou não. – E creio que, por ter sido tão bem sucedida, vá ganhar alguma recompensa. Eu digo, todos nós sabemos o quão generoso pode ser quando agradado.


        Ela se afastou da parede, parando pouco mais de um metro longe dele. Agora ele podia ver que, além dos arranhões e hematomas aparentes no rosto e pescoço, algumas partes do vestido dela estavam com finos cortes, havia arranhões leves ali também. Àquela altura ele duvidava demais que ela estivesse fazendo sem pensar. Era tudo de propósito. Ele sabia o que ela queria e, o pior, é que ele não conseguia resistir a dar. No entanto, dar o que ela queria não lhe parecia desagradável de forma alguma.


        - De fato, eu sei ser bem generoso quando eu quero...


        - A questão é: Está agradado o bastante para querer? – ela parara de sorrir, e o olhava séria. Esperando a resposta. Ela esperava que ele falasse algo, mas ele não estava disposto a fazê-lo. Responderia, mas palavras em alguns momentos podem se tornar inúteis e incômodas. Aquele era um daqueles momentos.


        Deu um passo ficando mais perto dela e a puxou pela cintura. Bellatrix não ofereceu nenhum tipo de resistência, deslizou até o encontro dele, como uma bailarina leve e delicada em um chão escorregadio. Mas na verdade, o que mandava naquela situação era a força que ele impusera no puxão, não dando chance nem mesmo para o chão antigo fazer resistência contra os sapatos dela.


        Bellatrix bateu contra o corpo dele, entendendo a resposta dele como um “sim”. Um sim completo, ela entendeu logo depois. Ele levou a outra mão à nuca dela, onde alguns fios de cabelo estavam grudados devido ao calor da batalha da qual ela acabara de sair. Aquilo o excitou ainda mais, o fazia lembrar que minutos antes ela estava torturando alguém e, era sensual demais. 


        Conduzido pela loucura do desejo que o conduzia naquele momento ele a beijou com ardor, ignorando completamente Melinda e os Comensais que ali estavam. Invadiu a boca dela com a língua sem pedir permissão, apertando com força a cintura da mulher e puxando os cabelos um pouco para controlar a intensidade avassaladora do beijo.


        Bellatrix agarrou-se à nuca dele, arranhando a ponto de deixar marcas, com uma mão, e com a outra aos braços dele. Desejava aquele beijo desde que havia pisado dentro de casa, ah, como ela queria. E agora estava tendo, de uma forma totalmente insana e sensual, fora de controle. Na frente dos Comensais, certamente aquele era o beijo mais quente que eles já haviam trocado.


        Voldemort a afastou lentamente, mesmo desejando subir aquelas escadas e esquecer da festa e de pegar mais detalhes com os Comensais, mas ele já havia combinado com Narcissa e, bem, todos mereciam. Além do mais, lugares para terminar o que eles haviam começado era o que não faltava na Mansão Malfoy. Um pouco de autocontrole seria bom naquele momento. Amadurecer o desejo só melhora as coisas.


        Ele pôde jurar ouvi-la gemer contrariada quando ele a afastou, no entanto, ele precisava fazer o que ele havia planejado primeiro, depois eles continuavam a festa particular deles.


        - Eu fui muito agradado esta noite. – disse ele, dirigindo-se a todos, não somente a ela. – E por isso, todos merecem um prêmio. Uma pequena comemoração os espera na Mansão Malfoy.  Aliás, muito bem, Draco. – disse virando-se para o loiro. – Mais do que ninguém, merece esta festa, cumpriu a missão que lhe dei com louvor.


        Draco sorriu aliviado pela primeira vez em um ano, ele havia matado Dumbledore. Não acreditava que poderia haver algo mais complicado do que isso. Era um bruxo mais velho, mais experiente, definitivamente difícil e ele conseguira. Nem ele próprio conseguia acreditar.


        - Obrigado, milorde. – fez uma pequena reverência, notando um sorriso singelo se formar no rosto da namorada, a seu lado. Ela devia estar louca de felicidade com tudo aquilo, ele fora testemunha de até onde o desespero dela chegara com medo de que ele fosse morto por Voldemort.


        - Imagino que todos queiram ir para suas casas e trocar essas roupas sujas de sangue e, no caso de alguns, rasgada. Mas, se alguém não quiser, pode ir direto para a Mansão Malfoy. Narcissa está esperando e... – ele viu a pessoa ao lado de Snape pela primeira vez. – Parece que temos uma visitante...


        Gabrielle encolheu-se inconscientemente em seu canto. Não sabia se o tom de Voldemort fora positivo ou negativo, queria muito descobrir.


        - Milorde, a Srta. Ceresier nos ajudou na Invasão hoje, não podíamos deixá-la para trás para acabar em Azkaban como cúmplice.  O mesmo que aconteceria com Draco e Melinda. – pronunciou-se Severus Snape, causando um enorme e incontido sorriso em Gabrielle. Ele estava intercedendo por ela? Sim, estava. Explicando a Voldemort o porquê de ela estar ali. Ah, melhor impossível.


        Voldemort andou até eles, ainda sem dizer nada, o que causava arrepios em Gabrielle. Engoliu seco, apesar de admirá-lo, temia Voldemort. E, bem, aparecer na casa dele sem ser convidada não a deixava muito à vontade. 


        - Entendo. – disse o Lorde, parando em frente ao “casal”. Ou futuro casal, como ele os considerava. Voldemort não se sentia incomodado com o fato de Snape estar interessado em uma garotinha de quinze anos, porque, sim, ele estava. Para ele, contanto que fosse uma sangue puro, estava tudo certo. Principalmente uma destinada a ser Comensal.  – Acho interessante que uma garota tão jovem tenha tamanho interesse em nós, digo, uma coisa é ter interesse, outra se arriscar. O risco que correu por nós apoiar não me passa despercebido, Srta. Ceresier. Tenho muito apreço por sua atitude e evidente vontade de juntar-se a nós. Creio que num futuro próximo, dar-lhe a Marca Negra de presente, seria muito de meu agrado. Sei reconhecer pessoas com bons potenciais, e é o seu caso. Vejo suas ambições, e nenhuma delas me desagrada. O contrário. – “vejo suas ambições.” Legilimência, ela deduziu. As palavras de Lord Voldemort a tranqüilizaram demais, não esperava ouvir tal tipo de coisa, mas considerava uma grande honra e não podia esconder isso para si.


        - É uma honra que pense assim, milorde. E, caso realmente isto lhe agrade, tornar-me Comensal quando achar que tenho idade o suficiente para tal seria maravilhoso, um sonho, eu diria. – A sinceridade de Gabrielle era o mais importante naquela frase, vários outros já haviam dito coisas do tipo mas com um puxa-saquismo exarcebado, não era o caso dela.  Tinha o mesmo tipo de admiração por ele que Melinda e que ele vira na jovem Bellatrix anos antes, sem é claro, a atração sexual, esta ela guardava para Snape. E Voldemort agradecia por isso. Bellatrix era a única pela qual ele se interessara, e a única que ele não mataria caso não o tivesse feito. Ao contrário de todas as outras que haviam se interessado por ele. Seria um fim ruim para Gabrielle.


        Com certeza aconselharia Snape a ter uma relação com Gabrielle, era bom uma vez que ele havia sido apaixonado por Lily Evans e, ter algo com uma garota como Gabrielle, poderia ser muito bom uma vez que Lily Evans era da Ordem da Fênix e Gabrielle uma Comensal nata.


        - Creio que seria uma boa experiência se participasse da festa hoje conosco. Duvido que Narcissa terá alguma objeção em hospedá-la também, já que muitos até beberão até cair e não terão a mínima condição de deixar a Mansão Malfoy. – vários risos. – Aceita? Não acredito que negará e preferirá ir para a casa de seus pais... Geralmente estou certo.


        - Está sim, milorde, uma festa seria uma boa. Eu adoraria.


        - Ótimo. Snape...


        - Sim, milorde.


        - A Srta. Ceresier não sabe aparatar sozinha, ela veio com Bellatrix, mas peço que você a leve desta vez. Assim como você, ela já está pronta e Bella, sendo uma das que mais lutou hoje, certamente trocará de roupa e esperar seria um desperdício de diversão para a Srta. Ceresier.  


        Snape pareceu engolir seco, ele olhou para Gabrielle e respondeu um “Sim, milorde.”, ao que parecia, ela conseguira um importante aliado, que usaria de seu poder para uni-los. Nada mais do feitio de Voldemort do que tentar unir um de seus melhores Comensais com uma sangue-puro com tendências assassinas, do jeito que ele adorava.


        - Sendo assim, acho que todos já podem ir. Para a Mansão Malfoy ou para suas casas, não sei. Enfim... – comensais concordaram, despediram-se de Voldemort e dirigiram-se para a porta da Mansão. Snape ainda estava parado olhando para Gabrielle.


        - Não vamos, professor? – ela sorriu, brincalhona.


        Ele assentiu e andou até a porta, sentindo-a agarrar-se em seu braço. A vontade de fazê-la soltar era tão grande quanto Rabicho e isso o tirava do sério. Menor de idade, sua aluna, reflita, Snape – como se fosse adiantar de algo. Draco e Melinda foram logo atrás deles, deixando apenas Voldemort e Bellatrix na casa.


        - Estarei pronta o mais rápido possível. – Bellatrix disse, já começando a subir as escadas.


        - Não tenha pressa, sei que esperar pode valer a pena. – sim, afinal de contas, ela conseguia ficar ainda mais linda do que o normal. Se é que era possível, porque para ele, ela era a mulher mais bela que já havia pisado na face da Terra. Não ligaria em esperar.


 


Mansão Malfoy


 


         Narcissa dificilmente conseguiria descrever a felicidade que percorreu seu corpo quando soube que a missão fora um sucesso, que Draco havia de fato matado Dumbledore. Pode parecer mórbido, mas ela teria ficado extremamente desolada se seu filho não o tivesse feito. Antes um filho assassino do que um morto e, de qualquer forma, ela tinha uma família de assassinos. Family business.


        Quando Voldemort chegara mais cedo e a ajudara a planejar tudo ela estranhara, afinal não se espera coisas assim de Lord Voldemort, mas ele parecia de duas umas: ou muito confiante na missão, ou sádico o bastante para fazê-la preparar uma festa no dia em que ele mataria seu filho. Ela agradecia a Merlin que a segunda opção não poderia existir naquele minuto, pois Draco havia sido um sucesso.


        O salão da Mansão já estava cheio de Comensais, eles haviam ido em casa, buscado as mulheres, dito que estavam vivos e aparatado na Mansão. Apenas o círculo mais íntimo estava ali, e Greyback, é claro, cuja presença a incomodava um pouco. Mas enfim, estava tão feliz que até isso poderia suportar.


        Estava surpresa por sua irmã ainda não ter chegado e pela presença de Gabrielle Ceresier sem os pais, surpresa que aumentou ao saber que ela havia participado da invasão por isso estava ali. Mas é claro, nem toda noite pode ser perfeita.


        - Foi um sucesso, tia Narcissa, você tinha que ver. O Draco matou o velho caduco, a Gabie torturou a Hilary, eu matei aquela vadia, quer dizer, completo sucesso! – disse Melinda eufórica, não cabendo em si de tanta emoção.


        - Você o quê? – perguntou Narcissa, um pouco confusa e pensando ter ouvido errado ou perdido uma parte da frase. Havia Melinda de fato matado Hilary? Ela esperava que não, seu coração doía apenas com a possibilidade. Hilary era como a filha que ela não tinha.  


         - Matou a Hilary. – respondeu Draco, em vez da namorada. – Chocante, eu sei, nem eu pensei que ela conseguiria, mas... C’mon, eu matei o Dumbledore! Tudo é possível! Cumprimos nossos papéis ordenados pelo Lorde, os dois. Ela matou a irmã, eu matei o Dumby. Obedecemos, fomos espetaculares e agora temos crédito! – Draco abraçou Melinda pela cintura e a levantou, dando vários beijos no rosto e nos lábios dela. – Temos reputação novamente, mamãe. Eu salvei o nome da família! – disse Draco, ao colocar Melinda no chão.


        - Sim, você fez isso querido. – Narcissa acariciou o rosto do filho, segurando a tristeza que teimava em fechar sua garganta e tentá-la fazer chorar.  Não acabaria com a felicidade de seu filho, ele estava feliz e chorar em sua frente iria arrasá-lo. – Você foi ótimo. – Draco sorriu como nunca e ela se sentiu melhor. Preferia perder a sobrinha ao filho, era logicamente melhor. – Mas eu preciso ir checar uma coisa. Com licença.


        Narcissa atravessou o salão a passadas largas, querendo chegar logo a alguma lugar de paz onde pudesse colocar sua tristeza para fora, de outra forma, enlouqueceria.


        Entrou na primeira porta que lhe apareceu à frente, sem nem mesmo olhar que cômodo era, não importava, seus olhos já começavam a marejar e ela precisava estar num lugar “seguro” quando isso acontecesse. Não o faria na frente de qualquer um.


        O trinco da porta funcionou como uma torneira para suas lágrimas, assim que ele fechou, as lágrimas correram como um rio manchando seu rosto.  Nunca havia perdido um filho em sua vida, mas imaginava que aquela era a dor. Seu coração estava como despedaçado, não cabia mais em seu peito, parecia que ia rasgar a carne a qualquer minuto. Ela não conseguia respirar direito e achava que ia vomitar. Chorava como não o fazia desde que descobrira a obsessão de Lucius por Bellatrix, mais até do que chorara na morte de sua mãe. A dor era forte demais, e não era pra menos: Hilary fora criada por ela, era como sua filha. Ela fora a primeira a saber quando Hilary praticou a primeira travessura mágica aos 7 anos, quando começara a passar de menina a mulher, aos 11, do primeiro beijo, aos 13, da primeira vez, aos 15.  E era a única da família que tinha conhecimento sobre Lynx, a filha de Hilary. Não contara para ninguém mais e pedira desesperadamente para que a tia não o fizesse por carta.


        Pensava no que Bellatrix estaria sentindo e o que mais a assustava era a quase certeza de que ela não sentia nada, ou quase nada. Bellatrix nunca se importara de fato com a filha, ou estava o tempo todo com Voldemort, nos três primeiros anos da menina, ou presa, ou deprimida demais com a falta de Voldemort e com os ataques de Lucius, e, quando pareceu que ela finalmente estava feliz e daria atenção à filha, descobrira que ela filha de Rodolphus e não de Voldemort. Precisava de mais para se afastar de vez da filha? Afinal Bellatrix nunca amara a filha e sim o que ela representava. Quando parara de representar a filha do Lorde, ela se aproximara da verdadeira filha do Lorde, a quem tivera tempo para de fato se apegar. O apego dela a Melinda, além do que a filha representava, era notável. Talvez os anos separadas a tivesse feito projetar uma imagem da filha e, uma vez que ela cumprira em todos os aspectos, apegar-se imediatamente à sua filha fielmente idealizada. Perfeição à qual Hilary não chegava. Mas para Narcissa, ela era perfeita. A filha que ela sempre desejaria e por isso a morte dela doía tanto. O que seria de Lynx a partir dali? Da sobrinha-neta que não conheceria. Porque nunca Cedric deixaria alguém chegar perto da filha agora que Hilary morrera. Devia odiar todos os parentes de Hilary e não deixava de estar certo.


        As lágrimas começavam a ser controladas, ela precisava parar. Havia uma festa ao lado, da qual ela era a anfitriã, ou a teórica anfitriã.  Pois Voldemort parecia muito mais o dono da festa, mas era na casa dela, portanto precisava voltar antes que alguns Comensais que já bebiam além da conta  destruíssem sua casa.


        Limpou o rosto e tentou se recompor por alguns minutos. Era o escritório de Lucius onde ela estava e por extrema vaidade dele havia um espelho lá. Perfeito para ela naquele momento. Quando achou que tinha condições de se apresentar, saiu do cômodo.


        O salão já estava mais animado do que antes, bebida correndo solta, jogos de cartas, risadas altas, casais se agarrando, o mais jovem deles – Draco e Melinda – dançava ao som de alguma música agitada que não estava ali quando ela saíra – tocava valsa antes. As únicas pessoas quietas eram Severus Snape, que bebia sozinho em seu canto, e Gabrielle Ceresier, que permanecia à pouca distância dele, observando. Ele parecia triste e, ela, preocupada. A expressão da jovem loira era a de alguém que se desesperava em tentar saber os motivos da tristeza de alguém amado. Narcissa nunca pensou que alguém pudesse gostar tanto de um professor.


        Um elfo doméstico entrou correndo no grande salão, olhando para o chão em vez de para sua patroa.


        - Madame Malfoy. O Lorde e a Lady das Trevas. – disse o elfo, curvando-se à Narcissa. Ele apontou para a porta do salão.


        Ouvidos biônicos deviam ser o forte dos Comensais da Morte, pois os olhos de todos ali, até dos mais inquietos, voltaram-se para a porta e eles se levantaram, mostrando respeito.


        Voldemort adentrou o salão com Bellatrix de braço dado com ele. Ambos elegantíssimos. O Lorde usava a mesma casaca verde acetinada de mais cedo, com todo o resto da roupa em preto. Desde a camisa às luvas. Na gravata, um broche de serpente com algo que eles juravam serem esmeraldas. A única coisa diferente era uma capa longa e negra que ele colocara por cima da roupa, uma cartola e uma bengala com o cabo de prata. Onde diabos ele havia arranjado roupas tão lindas? Ou as enfiado, é claro. Não que ele não se vestisse bem, sim, mas agora estava melhor. E aquilo parecia estender-se à Bellatrix.


        Ela usava certamente o vestido mais bonito que os Comensais já haviam visto no corpo dela, e eles haviam visto muitos. Vinho-escuro, puxado para o negro, ele era praticamente um frente-única. A única alça era muito larga de cetim com chiffon enrugado e armado que saía da parte superior do seio direito dela, contornava seu pescoço, caia em diagonal no começo suas costas, e se prendia na parte da frente novamente logo abaixo do ombro, parecendo mais uma gola alta do lado direito e uma estola do lado esquerdo.Provavelmente era por isso que ela usava o cabelo todo no ombro do lado esquerdo, onde a alça ficava caída.  Para que a parte armada em seu ombro direito aparecesse, uma parte linda do vestido não apareceria. O corpete parecia de cetim, mas, pela forma com era estruturado, com certeza tinha couro embaixo. Por cima do cetim, estava uma renda de um tom mais escuro. Ele terminava no quadril dela, formando um bico onde a saia começava. Ela era de cetim em várias camadas, e de renda em outras, e os comprimentos variados deixavam os dois tecidos aparecerem. Havia também uma fenda longa na perna, deixando a sandália, de uma faixa preta grossa de onde faixas mais finas da mesma cor cruzavam-se no peito do pé e contornavam o tornozelo prendendo se em uma fivela com pedras verde-esmeralda e saltos finos e altíssimos – quinze centímetros com uma pequena plataforma na meia sola da frente do sapato.


        As pedras da fivela combinavam com os brincos pequenos de gota, que ela usava com o colar de coração com a cobra envolvendo – comum dela – e um anel que todos estavam vendo com frequência demais no dedo anelar esquerdo dela - todos de esmeralda. Pela primeira vez haviam notado que além da esmeralda ter quase um cm quadrado, a pedra ficava meio centímetro acima do dedo e essa parte era inteira coberta de brilhantes, assim como toda a circunferência do anel. Caro, e lindo.  No pulso direito ela usava uma pulseira fina de brilhantes.


        Os lábios estavam vermelho sangue, muito mais aberto do que o vestido, assim como as unhas. Os olhos em preto, mas com algumas partes um pouco mais brilhantes, como no canto externo dos olhos. 


        Alguns arranhões e hematomas da batalha o vestido deixava expostos, mas não importava, principalmente para Voldemort que parecia ter algum tipo de fetiche pela junção de Bellatrix, batalhas e sangue. Ele soltou o braço dela, tirou as luvas, a capa e a cartola, jogando tudo junto com a bengala em cima do elfo doméstico, que levou tudo mal se agüentando em cima dos joelhos com o peso. Saiu rapidamente para levar as coisas para o armário próximo à porta.


        - Good evening, ladies and gentlemen. – os Comensais se curvaram, ainda chocados com a aparência perfeita de ambos. Ele notou os Comensais, homens e mulheres, olhavam para Bellatrix. Chocados, impressionados, e, as mulheres, invejando-a. - Eu sei que ela está deslumbrante. – disse para os outros, causando risadas. – Levou um tempo absurdo para se arrumar, mas no fim valeu à pena.  – ele tomou a mão dela na sua e beijou o dorso. – Creio que agora, contudo, devíamos retornar nossas vidas, huh? Isso é uma festa, arranjem algo para fazer. – o poder de ordens dele era estrondoso, todos, inclusive a filha dele, arrumaram algo melhor para fazer.


        Bellatrix olhou para ele e sorriu divertida, e ele pegou no braço dela novamente, conduzindo-a até próxima da irmã. Bellatrix pôde notar no rosto de Narcissa que ela havia chorado recentemente.


        - Você soube da Hilary, eu suponho. – disse a morena assim que Voldemort saiu, parecendo ir falar com Snape e/ou Gabrielle Ceresier. Estavam na mesma direção os dois. Narcissa não teve coragem de negar, era a mais pura verdade. – Você chorou e eu não estranho. A criou como se fosse sua filha e...


        - Você não derramou uma lágrima sequer... Aposto como estava lá na hora em que sua filha morreu. – Narcissa estava mais conformada do que irritada no fim das contas.


        - Sim, eu estava na hora em que a minha filha foi morta pela minha outra filha. Eu precisaria escolher um lado, Cissy. E você sabe disso. Hilary procurou pelo o que aconteceu e ambas estamos cientes disso. – Por mais que Narcissa sentisse a dor, não podia negar que, de fato, Hilary havia procurado a própria morte ao fazer todas as besteiras que havia feito. – É triste tudo o que ela fez, mas a morte dela era algo que eu já esperava. Ela estava jurada de morte pela Mel, que se fosse metade do que o pai dela e eu somos, ela cumpriria o juramento e ela o fez. É triste que a Hilary tenha que ter terminado assim.


        - Não precisava terminar, poderíamos tentar trazê-la ao nosso lado.


        - Acha mesmo que seria possível? Narcissa, ela estava cega de ódio e ciúme da Melinda. Vir para o nosso lado e ter que obedecer, respeitar a Princesa das Trevas? Ser julgada como inferior àquela que ela pensava ter lhe roubado tudo?        


        - Pensava? E de fato não aconteceu? Você ignorou a existência da Hilary e deu tudo o que nunca deu a ela pra Melinda. Se pensarmos por este lado, Melinda tirou sim tudo o que ela de Hilary.


        - Tudo o que era de direito dela. Hilary sempre teve a vida que era para ter sido de Melinda, Narcissa, não seja idiota, você sabe disso. Ela só pegou o que era para ter sido dela de vida toda.


        - Esqueci-me que se soubesse que estava grávida do Rodolphus provavelmente teria feito um aborto. – Narcissa revirou os olhos, derrotada mais uma vez.


        - Provavelmente, não. Certamente. O próprio Rodolphus o teria indicado. Nunca planejamos filhos, não somos paternais.


        - Sim, eu sei. Apenas Voldemort mesmo para convencer-te a ter um filho...


        Bellatrix assentiu, percebendo a resignação da irmã. Ela sim amava Hilary com a intensidade de uma mãe. Estava sofrendo e ela claro, mas até ela podia perceber como a sobrinha havia procurado pela morte. Não haviam mais desculpas para explicar a morte dela.


        Voldemort aproximou-se de Snape, que bebia uísque de fogo ininterruptamente. Nem mesmo o Lorde conseguia entender os motivos daquela bebedeira tão dramática dele, diferente dos outros que bebiam com alegria. Snape parecia detonado.


        - Será que a morte de Dumbledore não é o que desejava? - perguntou Voldemort, sentando-se ao lado de Snape.


        O mais jovem assustou-se quando ouviu a voz dele, não notara a aproximação do Lorde.


        - Imagine, milorde. Era exatamente isso o que eu queria. Estou assim, pois eu me deixei ser visto e agora não posso mais servi-lo como espião. – mentiu Snape, cujo motivo era bem diferente.


        - Deixou-se ser visto? Por quem?


        - Harry Potter. Ele estava escondido na Torre e me viu. Desculpe-me, milorde, mas a ordem nunca mais me aceitará de volta. Quando Draco pareceu que não ia conseguir, eu mesmo tentei matar Dumbledore.  E só não o fiz, pois o garoto Malfoy no ultimo segundo decidiu-se. – Snape virou mais um gole. – A Ordem saberá por ele.


        Voldemort refletiu por um segundo. Perder um espião direto na Ordem não era bom, mas sempre havia alguma perda em grandes vitórias. Nenhuma morte de Comensal, mas um espião a menos. A não ser que...


        - Bom, Severus... Não pode me passar as informações direto de lá, mas conhece todos os membros da Ordem. Receio que possa conseguir as informações indiretamente. Arranjará um jeito, estou certo. – disse Voldemort, já se levantando. – Não se preocupe.


        Snape assentiu e Voldemort saiu de perto, indo um pouco mais para a esquerda, onde ele não sabia, mas estava Gabrielle Ceresier. Snape estava mais preocupado em pensar que não havia cumprido a promessa que havia feito a Dumbledore: não deixar Draco virar um assassino. Well, ele havia virado. Detestava não cumprir promessas.


        Gabrielle estava apoiada na parede, a dois metros de Snape. Começando a ficar preocupada com a quantidade de bebida que ele ingerira em tão pouco tempo. Não parecia estar bem, parecia arrasado com algo. Ela não sabia ao certo o que, o que só piorava o incômodo que sentia.


        A aproximação de Voldemort apenas deixou-a mais nervosa. Ainda sentia-se um pouco desconfortável com o Lorde por perto.


        - Milorde. – reverenciou-o.


        - Gabrielle. – ele acenou com a cabeça. – Percebo que está preocupada com Severus.


        - Um pouco... – respondeu ela, sincera. – Ele está bebendo demais e...


        - Deixe-o beber, Gabrielle. Homens precisam disso, às vezes. Ele está bem, só decepcionado porque agora não pode mais ser espião. Ossos do oficio. Ele foi visto na Torre. Creio também que a possibilidade de não poder mais lecionar em Hogwarts por isso o incomode na mesma proporção... Não se preocupe. Divirta-se, curta a festa como os outros. Snape sempre foi mais quieto.


        Será que Snape realmente não poderia mais lecionar em Hogwarts? Gabrielle não suportaria se ele não fosse a Hogwarts mais. Era lá que ela o via sempre, onde haviam se conhecido e tudo o mais. Ela desejava que ele pudesse sim lecionar lá no ano seguinte, do contrário seria um ano muito tedioso.


        - Ok, não me preocuparei. – respondeu, sorrindo.


        - E... Outra coisa, uma vez estando bêbado, temo que Snape precisará de ajuda, digo, não poderá aparatar e precisa ir para um dos quartos de hóspedes de Narcissa...Sabe que quando bebem, os homens ficam muito mais vulneráveis, não controlam muito o que fazem, é bom ter alguém responsável como a Srta perto dele. Porque não faria nada que eu não faria, creio que não se importaria em fazer-me o favor de auxiliar Snape não é?


        Gabrielle sorriu tendo mais vontade de rir do que tudo. Voldemort a estava ajudando, praticamente jogando-a para cima de Snape. O Lorde das Trevas queria algo com isso, certamente. Ele a considerava boa para Snape e aquilo era emocionante. Ela tinha o apoio da pessoa mais poderosa do Mundo. Nada poderia detê-la. Snape estaria bêbado, sem noção do que estava fazendo, todas as inibições bem longe deles. Ela não deixaria tal oportunidade passar. Ainda mais porque seus pais não estavam naquela comemoração.


        - É claro que não, milorde. Auxiliar o professor Snape e me assegurar de que ele terá uma boa noite em vez de passá-la em cima de uma das mesas será um prazer. – respondeu a jovem, sorrindo marota de canto. Aquele era tipo de proposta que nunca pensaria ouvir de Voldemort, mas ouvira e responder era o mínimo.


        - Ótimo, acho que agora eu posso aproveitar minha festa. O bem estar de meus Comensais tem que ser observado. – ela assentiu. – Com licença, Srta Ceresier.


        Ela se curvou e ele virou-se de costas para ela, voltando pelo lugar de onde viera. Quando passou por Narcissa novamente, Voldemort viu que a irmã não estava mais perto dela.


        - Narcissa?


        - Sim...


        - Onde está a sua irmã?


        - Ela foi retocar a maquiagem...


        - Oh sim. – Voldemort não acreditou nem de longe naquela desculpa, haviam acabado de chegar. Por que ela retocaria a maquiagem tão rapidamente? Não fazia o menor sentido.


        Foi pelo caminho que Narcissa indicara, procurando uma porta aberta ou encostada qualquer. Ela não fora ao banheiro coisa nenhuma.


        Bellatrix estava no jardim da Mansão Malfoy. Dizer que ia retocar a maquiagem fora a melhor desculpa que conseguira inventar. Narcissa parecia ter caído naquilo, ou fingido, o que não importava muito de fato.


        Olhava para a Lua acima de si, ficando ainda mais branca sob o luar primaveril. Parecia uma vampira naquele momento, branca, a pele de porcelana, os lábios vermelhos, os olhos claros contrastando com a maquiagem e a pele. Voldemort vira a porta do jardim abertar e agora se aproximava aos poucos.


        Bellatrix pensava em tudo o que acontecera e no que Narcissa dissera, sempre se orgulhara de ser fria, quase congelada. Mas... Ignorar a morte da própria filha era passar de todos os escrúpulos, não sabia se era fria a tal ponto. Não estava triste de fato, não tinha ligação alguma com Hilary, sempre fora distante, e talvez tudo o que acontecera fosse culpa dela. Se tivesse ficado mais perto quando ela era criança, controlado mais, em vez de deixá-la por conta de Narcissa era provável que a filha não tivesse descambado como fez. Afinal, tudo o que Hilary fizera no ultimo ano fora única e exclusivamente na busca de atenção. Contudo, Hilary nunca demonstrou ter estômago o suficiente para matar, nunca saberia se estava mesmo destinada a ser uma fraca, uma erva daninha na família, o galho bichado que devia ser cortado. Como Nymphadora era.  Ela não suportava o fato de que havia dado à luz uma garota tão fraca, que chegara ao ponto de trair o Lorde. Inveja era algo comum na Sonserina, mas lealdade ao Lorde era o mínimo que Bellatrix poderia cobrar de alguém que havia saído de si. Ainda mais porque a raiva e a inveja de Hilary por Melinda eram absolutamente infundadas. Ela vivera a vida da irmã, não o contrário.


        Tudo estava feito, Hilary morta. Ela tivera que ter a própria filha assassinada por não ter tido a capacidade de criá-la direito. Aquilo era o que estava a apertando por dentro.


        Hilary fora criada como a filha do Lorde, imagine se nunca tivessem-na colocado para falar com Nagini? A farsa ainda estaria mantida e tudo seria muito mais drástico.


        Sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, não queria chorar. Mas o fato de que a filha morrera por ser uma traidora a consumia. Ser a mãe de uma traidora. Merlin. E ainda uma traidora falsa, pois Hilary na verdade só se importava com a atenção e não com quem morria ou deixava de morrer. Isso resultara na morte dela, é claro.


        O vento bateu, fazendo escorrer mais rápido a única lágrima que insistira em escorrer, queimando o rosto alvo dela. Odiava chorar, ainda mais por um motivo daqueles. Secou rapidamente aquela única lágrima. Agradecendo a Slytherin por ter feito isso rápido, ao passo de que segundos depois sentiu mãos fortes envolvendo sua cintura. Voldemort.


        Sentiu-o abraçá-la por trás, olhando fixo na mesma direção dela por alguns segundos. Beijou seu pescoço fazendo o caminho até a orelha.


        - Não é sua culpa. Ela nos trairia de qualquer forma.


        - Por que acha isso?


        - A inveja está no fundo de todos nós, mas alguns somos mais fortes para controlá-la e deixar a razão falar. Hilary não era assim. Não tinha controle algum sobre suas paixões. As emoções a dominavam. Narcissa é um pouco assim, mas bem menos do que Hilary. – ele soprou, no ouvido dela. Bellatrix fechou os olhos, aproveitando as sensações que ele lhe causava.


        Provavelmente estava certo, ele sempre estava. Não se lembrava de sequer uma ocasião em que ele estivesse errado. Toda família tinha alguma característica ruim. Alguns Black eram como Hilary, como Andrômeda e Sirius. Não conseguiam controlar suas emoções, ser frios. Todos eles acabaram mortos e/ou excomungados da Árvore dos Black. Apoiou os próprios braços nos dele, apertando-os de leve.


        - Você e a Melinda foram esplêndidas hoje, preciso dizer.  – a sinceridade dele era o que mais mexia com ela. Podia sentir no tom de voz que ele havia realmente apreciado a atuação delas. – É uma líder nata, me impressiona que nunca tenha lhe mandado como única líder antes...


        Pronto, a chance que ela precisava. A deixa perfeita para mais um teatro feminino de sedução. Eram sempre bons, afinal.


        - Acho que é porque tinha seus estimados Comensais homens, não reclamo, é natural pensar que uma mulher é potencialmente inferior. Apesar de não ser sempre verdade, uma vez que sou muito melhor do que... O Lucius, por exemplo. E tantos outros. – drama. Ela saiu do abraço, virou-se para ele. O desafio em seus olhos, estampado. – A não ser que discorde, é claro... –  mordeu o lábio.


        Ele percebia o que ela estava fazendo, provocando, querendo ouvir o elogio. Ele podia negar, tinha poder para isso. Mas, deixá-la pensar que tinha algum controle naquela relação era divertido até. 


        - É claro que é... Muito superior a eles, em vários aspectos, é claro... – Bellatrix deu um passo para trás e ele um para frente, na direção dela.


        - Vários aspectos? – perguntou a mulher, dando mais um passo para trás, provocando.


        - Incontáveis... – o tom de voz dele, mais baixo, se tornou também provocativo. Andava atrás dela a cada passo que ela dava, como um predador à espreita de sua presa. Tudo lento, calculado, sem pressa. – Mais provocativa, mais perigosa, mais fria, mais inescrupulosa... Quer mais?


        Ela assentiu, mordendo com mais força o lábio inferior, ainda andando lentamente para trás e sendo acompanhada por ele.


        - Mais cruel, mais poderosa e... É claro, muito, mais muito mais bela. – respondeu, fazendo-a tremer com o “muito mais bela”.


        O tremor dela foi notado por Voldemort, que sorriu malicioso. Ela sempre acabava seduzida, mas não em uma proporção maior do que ele, que desde algum tempo antes estava ficando cada vez mais encantado por ela – desde sua volta, mais precisamente.  Durante a relação deles, na primeira guerra, era tudo muito mais desnecessário para ele, como uma droga boa que poderia parar de ser usada a qualquer segundo, mas agora largar o vício não parecia tão fácil. Ele preferia pensar que deixá-la nunca seria necessário. E por enquanto pelo menos esta não era uma opção.


        Bellatrix tropeçou em uma pequena pedra, sendo ainda mais desequilibrada pelo enorme salto que usava. O corpo dela pendeu para trás, fazendo-a sentir que cairia. Contudo, por sorte, Voldemort estava perto o bastante para impedir a queda, aproveitou, é claro, para colar o corpo dela de uma vez ao seu, impedindo-a de tentar continuar com o joguinho de gato e rato. Era excitante, mas ele estava cansado de brincar.


        - Hum... Eu não esperaria que poderia considerar um Comensal mais belo do que eu, digamos que não é bem característico seu... – provocou Bellatrix, mesmo sentindo o coração disparar e a respiração falhar coma proximidade, a calma dele era o que mais a enlouquecia.


        - Também existem Comensais mulheres, não se esqueça... – uma expressão enojada e uma tentativa de tapa foi o que ele recebeu em resposta. Tentativa porque ele segurou a mão dela antes que tocasse seu ombro.


        Roçou os lábios nos dela, vendo a mulher esgueirar-se em sua direção, os olhos e a expressão séria claramente em contraste com as reações de seu corpo.  Repetiu o gesto, vendo-a se esgueirar ainda mais em sua direção, riu maldoso, e ela segurou um potencial gemido contrariado.


        O beijo, a partir dali, foi inevitável. Bellatrix agarrou-se com força aos cabelos negros do Lorde assim que lábios se tocaram com afinco. As línguas se encontraram imediatamente, um selinho inicial era completamente desnecessário, principalmente porque eles estavam guardando todo aquele tesão desde que ela pusera os pés na Mansão Riddle após o ataque.


        Voldemort a beijava quase que com fúria, queria tê-la ali mesmo e estava, com o perdão da expressão, pouco se fudendo para o fato de estarem no jardim da Mansão Malfoy. O local não importava de fato.


 


 


 


 


Após ficar um tempo dançando, Draco sujara-se de vinho dos elfos. A maioridade já chegara, podia beber à vontade em casa, mas um pouco de bebida podia acabar derramada na roupa quando se está dançando e brincando.


        Ele subira com Melinda para seu quarto, com o intuito de buscar uma roupa seca. Well, a visão dele sem camisa fez Melinda esquecer totalmente que o plano era pegar uma roupa seca.


        Por quê? Havia algumas semanas desde que eles haviam se encontrado intimamente pela ultima vez, e desde então ele treinara quadribol incansavelmente para esfriar a cabeça e ignorar o fato de que a invasão se aproximava.


Resultado? Os músculos criados pelo quadribol, antes diminuídos pelo tempo consertando o armário sumidouro em que não treinava, estavam novamente delineados e parecendo ainda mais chamativos e atraentes.


Não deu para controlar, ela se jogou em cima dele e beijou-o com uma avidez nunca antes vista pelo loiro, que a levantou como se fosse uma pena, e ela cruzou as pernas em seu quadril, a proximidade era absurda.


        Ao cortar o beijo e jogá-la na cama, Draco percebeu o quão sensual ela ficava com aquela calça de couro, as botas. Se houvesse um jeito de possuí-la com as roupas ainda nela, ele o faria de certo. Era sensual demais, mas ele acreditava que sem elas era ainda melhor, por mais excitante que o couro pudesse ser.


        Jogou-se em cima dela, partindo logo para o pescoço, sem nem passar pela boca. Depois de tanta aflição, o mínimo que ele podia merecer era desfrutar de sua namorada em paz. Certo? Errado. Pelo menos se dependesse de Narcissa. Ela vira o jovem casal subir as escadas e os seguira.


        A batida na porta fez a excitação de ambos diminuir como uma bexiga furada. Quem diabos os estava interrompendo? Narcissa, of course.


        - Draco, filho... Você achou a camisa que queria? – sexo não parecia estar na lista de coisas que Narcissa queria naquela casa. Mas pensar que controlando o filho e Melinda impediria isso de acontecer em sua casa, estava totalmente enganada.


 


 


        A parede interna do labirinto do jardim pareceu apropriada para parar a caminhada sem rumo do casal, ainda aos beijos. Bellatrix no colo do Lorde, sendo guiada por ele, que não tinha também muita noção do que fazia afinal.


        A morena sentiu as costas baterem contra a as folhas da planta que formava o labirinto, arranhando um pouco as costas em alguns galhos expostos. Se ela se importou? Nem um pouco.


        Habilmente ele abriu o zíper do vestido, bem pouco, só o necessário para poder expor os seios dela. Atacou-os com fúria, mordiscando, beijando e lambendo cada centímetro da pele rosada dos mamilos duros como pedra dela. Eles podiam ser pegos a qualquer segundo... Quer coisa mais excitante?


        Desceu-a de seu colo e virou-a bruscamente contra a parede de plantas, estavam no meio do labirinto, mas mesmo assim alguém podia pega-los, portanto aquela teria de ser uma rapidinha.


        Os mamilos dela roçaram contra a planta por um segundo, ao mesmo tempo em que ele prensou seu corpo e logicamente sua ereção contra as nádegas dela, puxando-a pela cintura para que percebesse com mais perfeição o ponto em que ela já o deixara. Os dois estavam de fato rápidos, ele já duro como pedra e ela sentindo sua calcinha já encharcada de excitação. Um gemido da parte dela foi inevitável.


        - Shhh! Se alguém vier pro jardim vai ouvi-la, my dear. Não queremos ser interrompidos, huh? – ele esfregou mais a ereção contra a bunda dela, que mesmo após tantos anos ainda permanecia dura. Aquela mulher tinha que ser parente de vampiros, era impossível. Duas filhas, anos em Azkaban, mais de quarenta e perfeita. Como vinte anos antes. Era isso ou ele estava ficando cego.


        Bellatrix mordeu o lábio, sentindo Voldemort invadir a fenda de seu vestido com a mão, indo diretamente para sua calcinha, todo o seu corpo esgueirou-se em excitação de pensar no que estava por vir.   


        - Tão molhada, Bellinha... Não agüenta mais esperar, é? – ele afastou a calcinha dela e tocou o clitóris dela, chupando o lóbulo da orelha da mulher em conjunto. O corpo dela vacilou e o Lorde aumentou o aperto na cintura com a mão livre para que ela não caísse. Dirty talk. Estava ficando cada vez mais comum esse papo sacana entre eles.


 


 


         Quem não agüentava mais esperar era Gabrielle, que observava Snape havia já muito tempo. Estaria ele bêbado o bastante? Já perdera a conta dos copos de uísque de fogo. Devia estar, nunca vira alguém consumir tanto uísque de fogo em um espaço tão curto de tempo. Já havia perguntado minutos antes a Draco em qual quarto Snape poderia ficar, e o loiro, percebendo o nível de bebedeira do professor, pedira a Narcissa a informação que a loira entregou sem pestanejar. 


        - Professor... Chega de beber. – Gabrielle tirou o uísque de fogo da mão dele.


        - Me deixa em paz, Gabrielle! – ele pegou de volta. Bêbado como nunca ela havia visto ninguém antes. – Quero beber, o uísque de fogo é meu único amigo agora. 


        - Eu sou sua amiga, e faço bem, ao contrario disso. – ela pegou o copo de volta e colocou na mesa. Snape riu.


        - Você faz bem? Você? Vou acabar preso e/ou morto por sua culpa, querida aluna. – disse ele, amargo.


        - É? Por quê?


        - Sabe, seus pais não gostariam de ter um professor te... Transando com você...


        - Ah, e você fará isso?


        - Hum.. Er.. Não. – ele pegou o copo da mesa, bebendo todo o resto. – Mas eles podem pensar que sim e me denunciar como pedófilo pro Ministério, essas coisas.


        - Já tenho quinze, se eu disser que foi consensual, não podem fazer nada. Eu pesquisei, você sabe... Eu estava querendo... – Gabrielle mordeu o lábio e arrumou a saia, que só agora ele percebera ser curta. Ela havia lutado com aquela saia e ele não percebera? Que cego.  – Dar um jeito nessa coisa de... – abaixou até a altura dele, umedecendo os lábios. – Virgindade, e pensei que talvez um homem mais velho fosse a melhor escolha, sabe... Para me ensinar as coisas... – ela sussurrou, para que apenas ele ouvisse.


        Snape engoliu seco, sentindo o ar faltar. Agora o decote dela também estava exposto e ela era virgem, por Merlin. Queria dar a virgindade para ele e ele negando, merda. A expressão lasciva no rosto dela o fez duvidar que ela era virgem, não era possível. Não era. Simples assim.


        - Contudo, você parece não estar interessado. Terei que achar outro homem mais velho para me ensinar. – ciúmes é a arma mais forte possível e Gabrielle havia aprendido isso com Bellatrix Lestrange em uma de suas “aulas”. Gabrielle levantou-se e girou e Snape pôde ver apenas um pedaço do final de suas coxas quando a saia balançou. Ele queria ver mais e a bebida não o deixava raciocinar. Ele se levantou, Gabrielle sentiu a aproximação dele e sorriu.


        - Eu quero, mas entenda que eu não posso. – a razão falando, finalmente. Por pouco tempo, é claro, mas pelo menos o bom senso dele tentara. – Entenda. – ele segurou nos ombros de Gabrielle.


        A loira se virou e sorriu inocente, a parte um do plano estava completa.


        - Eu entendo, mas o Lorde das Trevas não vai entender se eu deixar você tão bêbado aqui embaixo. O próprio me pediu para guiá-lo ao quarto quando achasse que não tinha mais condições de ficar aqui, então, preciso levá-lo.


        - Merlin, o Lorde das Trevas quer acabar comigo. – Snape suspirou e Gabrielle pegou na mão dele, sorrindo maliciosa. Ele, Gabrielle e um quarto somado a muitas doses de uísque de fogo na cabeça. Só havia uma conclusão possível: Não ia prestar. Mesmo.


 


 


        O banco localizado no centro do labirinto nunca parecera algo tão maravilhoso. Após um quase orgasmo provocado pelos dedos dele, Bellatrix achava que era hora de retribuir. É claro que também seria um quase orgasmo, ele não a deixara chegar lá, ela também não deixaria. Empurrou Voldemort para o banco, abrindo o botão da calça antes mesmo que ele sentasse e ao perceber, o Lorde já estava com o membro exposto e os lábios dela nele. Fucking shit. Ele gemeu.


        - Shhhh! Podem nos ouvir! – vingança. – “Se gemer eu juro que paro.” – vadia, ela estava usando as palavras dele contra ele. Aquela era exatamente a frase que ele usara minutos antes.    


        As duas mãos da morena arranhavam as coxas e a virilha dele, de forma que ela não tocava seu membro com nada mais do que a boca. Ela havia cuidadosamente subido o vestido e fechado o zíper, talvez receando que alguém os encontrasse ali e a visse semi nua, ele perdera a visão dos seios dela, mas ganhara a visão mais erótica do mundo: Bellatrix o chupando no meio do labirinto do jardim dos Malfoy, no meio de uma festa. Era possível gozar só de ver como ela estava vestida no meio daquele ato.


        Ela sugava o pênis dele com vontade, como se fosse um doce delicioso, dando atenção aos testículos às vezes, voltava para a glande contornando-a com a língua e enfiava tudo na boca de novo. E, ah, aquele batom devia estar enfeitiçado, pois não borrava nem com os beijos, nem com... Aquilo. Bellatrix já tinha certeza no que aquela festa terminaria depois do beijo na Mansão Riddle, esperta ela. Arrumar um batom vermelho arruinado seria um inconveniente, de fácil resolução é claro, mas era melhor prevenir. Fora que o batom cor de sangue a deixava loucamente sensual.


        Não poder gemer, o deixava sem muitas opções, ele chegara a um ponto onde não agüentava mais. Bellatrix já sentia na boca as primeiras gotas de esperma que vinham ali. Era hora de parar. Voldemort chegara a segurar os cabelos dela, esperando que continuasse, mas ela saiu e se levantou, negando com a cabeça.


        - Direitos iguais. – ele não discutiu, somente puxou-a e a jogou deitada no banco. A calcinha dela estava nas mãos dele no segundo seguinte. O Lorde deitou-se por cima dela, entrando todo de uma vez nela.


        - Merda. – suspirou ela, mordendo o lábio para segurar um gemido alto.


        Ele segurou as duas mãos de Bellatrix em cima da cabeça dela e foi ali que apoiou o peso de seu corpo, quase deitado sobre o dela. Estocava com força sem saber quanto tempo agüentaria. Os corpos se fundiam e as línguas se exploravam num beijo lascivo, totalmente guiado pela luxúria extrema. A Mansão Malfoy era, de fato, o palco daqueles dois. Quem sabe, naquela noite se tornasse também o de mais alguém...


 


 


        Gabrielle subiu as escadas com Snape apoiado nela. O nível de bebida estava muito alto para que ele pudesse se agüentar. O quarto de hóspedes em que ele ficaria era no terceiro andar da Mansão, certamente porque Voldemort, Bellatrix e Melinda ficariam nos únicos dois localizados no segundo andar – onde ficavam os quartos de Narcissa, Draco. Melhor ainda, porque ela não corria o risco de Narcissa interromper, porque o quarto em que ela ficaria também era no terceiro andar. Quer dizer, supostamente ficaria, porque se dependesse dela ela não sairia do quarto de Snape até a manhã seguinte.


        Snape se jogou na cama no segundo em que entrou no quarto. Queria que Gabrielle saísse dali logo, não confiava em si mesmo perto daquele projeto de Lolita. Mas ela não sairia.


        - Acho que devia tirar a roupa. – ela disse, enquanto fechava a porta e secretamente trancava a mesma. Usou também um feitiço silenciador no quarto, muito útil.


        Snape sentou-se subitamente na cama, levemente chocado com as palavras dela. Gabrielle virou-se, a expressão transbordando inocência. Fingida.


        - O que foi, professor? Eu só estou dizendo que, se pretende dormir, deve trocar de roupa. Penso que seja capaz de conjurar algo mais confortável. – ela sorriu docemente. – A não ser que dormir não esteja sem seus planos para esta noite. – duplo sentido, uma arma que de fato ela havia aprendido a usar.


        - Sim, está. Pretendo dormir muito, a noite toda, Srta Ceresier. Obrigado pela preocupação. – Snape agradeceu, tentando se recuperar do choque da última frase da loira.


        - Eu sempre me preocupo com o senhor, professor Snape. – Gabrielle se aproximou mais da cama, sorrindo como uma inocência exageradamente forçada. A forma como ela falou “professor Snape” o arrepiara por algum motivo que nem ele sabia qual era. A loira sentou na beirada da cama. – É o senhor que não se preocupa comigo. – ela engatinhou na cama, até sentar-se de lado na frente dele, que engoliu seco.


        - Eu me preocupo com todos os meus alunos. – disse, tentando passar firmeza. – É exatamente por isso que...


        - Mentira! – ela se jogou para trás, fazendo bico. – Tem noção de quantas noites eu passo pensando no senhor? Quanto tempo da minha vida eu gasto com isso, hein? – ela forçou uma voz chorosa, olhando para o teto ao falar.


        Gabrielle estava deitada na largura da cama, ficando estendida próxima aos joelhos dele, não cabia toda em cima da cama deitada daquela forma, então as pernas dela estavam dobradas para o lado, um pouco abertas, ele não pôde deixar de notar. Ela deixou uma das mãos tocar a própria coxa exposta pela saia curta.


        - Sabe quantas vezes sonhei com coisas que não poderei realizar? Isso é muito injusto, professor, é frustrante, entende? – ela finalmente olhou para ele, fazendo cara de triste. – Às vezes, esses sonhos são tão... Esplendidos que eu nem quero acordar... 


        - Em que sentido? – ele perguntou, ainda olhando para as coxas dela. Perfeitas, rosadas, lisas, nem um detalhe errado. Eram a prova do frescor juvenil dela. Aquela pergunta nem fazia muito sentido para o lado racional dele, mas este estava longe de servir para algo.


        - No sexual, claro. Sonho com prazeres que só poderia ter com um homem assim, experiente como o senhor...  – a voz dela se tornou sensual e ele acompanhou de camarote ela passar a língua pelos lábios, parecendo inebriada com a possibilidade.  - Não com os pirralhos da minha idade, mas parece que o senhor gosta de me deixar com vontade, me fazer sofrer. Imagina o quão trágico será ficar a vida toda imaginando o que seria uma única noite com o senhor. – ela estava usando demais a palavra senhor, o que estava dando a impressão de que ela era submissa a ele. – Perderei minha virgindade com qualquer idiota que fará minha primeira noite ser uma completa porcaria, quando este é um privilégio que deveria ser seu! A vida é tão injusta!Não entendo porque quer tanto perder essa oportunidade! Digo, não são todos os homens que alguma vez na vida têm a chance de estar com uma virgem, não é? – ela arqueou a sobrancelha, criando uma expressão desafiadora. – C’mon... Vai mesmo me deixar sair desse quarto virgem? – perguntou em tom de desafio.


 


 


        Não poder gemer estava matando tanto o Lorde quanto a Lady das Trevas, ambos abafavam os gemidos com beijos desesperados, enquanto as roupas de festa colavam nos corpos já suados, estavam chegando quase lá. Voldemort soltou as mãos dela e a puxou pela cintura, fazendo-a sentar. Bellatrix apoiou os dois braços atrás do corpo, ficando meio sentada na diagonal, ele havia sentado com uma perna de cada lado do banco e apertava as coxas dela com força. Não sabia quanto tempo ia agüentar, estava quase lá.


        - Puta! – disse baixo, mas esbanjando raiva e tesão, virando uma bofetada no rosto dela. – Vagabunda! – outra. – Vem vestida assim pra quê? – mais uma. – Pros outros te notarem, é?


        Ela entendeu a brincadeira e o olhou com cara de vagabunda, assentindo passando a língua pelos lábios. Aquilo só excitou mais ele, que estocou mais forte, com tudo. Ela jogou a cabeça para trás e ele a puxou pelo cabelo. Outro beijo, insano, rápido, com uma mordida forte dele no final.


        - Outch.


        - É pra aprender que você é minha, vadia. – disse, voltando a beijá-la.


        Bellatrix agarrou-se nos ombros dele, soltando todo o seu peso já que não estava completamente sentada. Voldemort a trouxe totalmente para seu colo, fazendo-a cavalgar.


        Algumas estocadas a mais e as paredes internar dela se fecharam contra o membro dele. Ele não a deixou sair do beijo segurando-a pela nuca, e ela gemeu em sua boca, apertando os olhos com força. Não gemer durante um orgasmo era missão quase impossível.         Ele também estava vindo, logo depois dela. Bellatrix se soltou do beijo.


        - Goza fora. – sussurrou no ouvido dela.


        - Quê? – ele se admirou, ela nunca havia pedido algo daquele tipo.


        - Dessa vez nós não estamos em um banheiro pra eu me recompor, querido. Assim que entrar, vai sair e escorrer pelas minhas pernas e... É mais fácil limpar a grama com magia do que eu e o meu vestido e o banco... 


        - Eu entendi. – ele colocou o dedo sobre a boca dela e a beijou uma última vez.


        Voldemort saiu de dentro dela, que deitou no banco, desejando que ele ainda estivesse dentro dela. Timimg perfeito. Assim que ele saiu de perto do banco, ele gozou, deixando tudo cair na grama. Um local só para limpar, fato. Mas muito menos delicioso do que gozar nela. Apoiou-se na parede.


        Sentiu os braços dela apertando-se contra sua cintura por trás. Acalmando-o do orgasmo. Subiu a cueca e a calça, começando a se recompor. Ela pegou a calcinha que ele guardara no bolso da casaca, ainda abraçando-o por trás, e colocou de volta. Voldemort limpou a sujeira com magia e virou-se para ela, ainda parecendo um pouco contrariado.


        - Dormir não está nos meus planos para hoje. – disse ela, quase roçando os lábios nos dele. – Estaremos numa suíte, pode gozar em mim o quanto e onde quiser. – ele sorriu, sabia que era o recompensaria.


        - Vou cobrar. – ele a beijou rapidamente e arrumou o cabelo dela e a alça pomposa do vestido, que estava um pouco amassada, do jeito que estavam antes. Ela tinha que estar perfeita ao voltar ao salão.


 


 


        Snape não sabia o que responder, estava louco para ter a capacidade de expulsar Gabrielle dali, mas era tão errado e tão certo ao mesmo tempo. Ele já suava só com a forma como ela mexia as pernas arrumando-se na cama, como mexia os lábios. Naquele instante, ela se mexera e blusa subira um pouco, deixando parte da barriga dela exposta. Uma virgem linda, de quinze anos se jogando na cama dele. Too good to be true. Ele era professor dela, mas ainda era homem e nem mesmo sabia se continuaria a ser professor. Hogwarts ficaria uma bagunça depois daquela noite e, mesmo que reabrisse, se o Lorde não dominasse tudo até primeiro de setembro, ele certamente não lecionaria. McGonagall não ia querer aquele que praticamente entrara em uma briga pela chance de matar Dumbledore dando aula para seus alunos. 


        A altíssima dose de bebida já havia jogado seu bom senso pela janela havia muito tempo e de todas as desculpas para resistir a Gabrielle só sobrava uma: os pais dela.


        - Que se danem seus pais, você vai acabar me matando de alguma maneira mesmo. – disse ele, em voz alta, se jogando em cima dela logo depois.


        Beijou-a com avidez, estava necessitado daquele beijo desde o fatídico episodio com Draco e Potter, no dia em que pela primeira e única vez cedera a ela. A puxava pela nuca, ditando o ritmo do beijo ao mesmo tempo em que sua outra mão passeava sem rumo apertando cada centímetro de pele dela que podia encontrar.


        Gabrielle cravou as unhas no rosto dele e o afastou, interrompendo o beijo. Afastou o rosto dele do seu com uma expressão sacana no rosto, sabia que as unhas machucavam e o excitavam ao mesmo tempo, estava na cara.


        - Meus pais não serão problema, o Lorde das Trevas cuidará deles. Eles não desaprovam nada que ele aprova.


        - E ele aprova?


        - O que você acha? – ele sabia a resposta. Sim, óbvio.


        - Esqueceu de usar o “senhor”, foi? – Gabrielle sorriu de forma quase tarada. 


        - Gosta que eu seja submissa, professor?


        Ele assentiu e a beijou novamente, puxando de leve os cabelos sedosos dela. Gabrielle gemeu, mas não pareceu ser de dor. A virilha dele estava esfregando na dela à medida em que eles se mexiam no beijo e era mais do que suficiente para excitá-la. Queria Snape há tanto tempo que qualquer coisa era suficiente.


        Gabrielle empurrou-o para o lado e sentou-se em cima dele, bem em cima do membro dele. Snape gemeu e olhou para a porta, parecendo preocupado. Gabrielle puxou o rosto dele em sua direção.


        - Don’t worry. – disse, sorrindo travessa. – Eu silenciei o quarto. – ela era esperta demais para uma virgem. Ninfeta típica. Falava demais, fazia de menos.


        Gabrielle sorriu com malícia e desceu o corpo sobre o de Snape, desabotoando os botões da capa dele, um por um, com a boca. Acompanhava com as mãos, arranhando os locais que iam ficando livres da pesada capa. A camisa branca usada por baixo era pouca para impedir que ele sentisse as unhas dela raspando em seu corpo.


        Snape deitou a cabeça no colchão da cama e suspirou, percebendo que a capa estava aberta pouquíssimo tempo depois. Ela era boa. Perguntava-se se Bellatrix também tinha ensinado aquele tipo de coisa à loirinha. Mas como teria ensinado...? Pensar em tais possibilidades era absurdo e idiota. Bellatrix havia no máximo dito a ela como fazer, Merlin, tanto tempo sem sexo o estava deixando louco.


        Gabrielle abriu também rapidamente, mas desta vez com as mãos, a camisa dele. Não ia esperar demais, apesar da bebida ele ainda podia desistir. Acariciou o abdômen e o peito dele com as pontas dos dedos, mordendo o lábio de forma depravada. Provocação explicita, ele já parecia não se agüentar dentro das próprias calças e ela o torturava. Não podia demorar com as roupas, mas com as carícias sim. Bem controversa, ela. Mas a diferença era: com as mãos nele, ele não iria escapar.  


        Snape não ia tolerar aquele tipo de tortura vinda dela, ele era o mais velho, o homem, o professor, o dominador. Ela a virgem, mais nova, aluna, inocente – ok, a ultima parte não. Era o que ela costumava ser antes de se aproximar de Bellatrix Lestrange, aquela mulher corrompia qualquer um.


        Snape segurou os ombros de Gabrielle e a jogou para o lado na cama, fazendo-a pensar por alguns segundos que ele desistiria, mas logo em seguida ele estava em cima dela, beijando-a intensamente. O beijo foi tão rápido quanto intenso. Ele se afastou dela e se ajoelhou entre as pernas dela. Apoiou os pés dela na cama, fazendo a saia escorregar pelas pernas da loira. Sorriu ao começar a ver a calcinha dela, acariciou as coxas de Gabrielle descendo as mãos com direção à virilha dela. A loira fechou os olhos e se mexeu, levando o corpo mais contra as mãos dele. 


        Chegando próximo à virilha, ele apertou as coxas de Gabrielle, fazendo-a gemer baixinho. A loira voltou a olhá-lo, mordendo o lábio com força, encorajando-o a continuar. Ele continuou, subindo a saia dela junto. Beijou as coxas dela, levando a garota a imaginar o que ele pretendia fazer. Oh Shit.


        Os beijos dele foram delicados, muito mais do que ela podia sequer esperar, fechou os punhos, sentindo seu corpo arrepiar-se em antecipação.


        À medida que ele se aproximava, mais sem ar ela ficava. O coração disparado. Snape sorriu e aproximou os beijos ainda mais da virilha dela, já tocando a curva entre a perna e a virilha com a boca. Gabrielle arqueou o corpo ao sentir os dedos dele afastando sua roupa íntima. Ai, caralho.


        Snape tocou-a primeiramente com a mão, sentindo a já presente umidade dela ainda na calcinha. Ela arqueava com o mínimo toque do professor e ele entendia bem porque: tanto tempo o provocando, ela devia estar tão louca para aquilo quanto ele mesmo.


        Ele se rendera ao errado devido ao desejo e imaginava que ela já estava dominado pelo mesmo desejo há muito mais tempo do que ele. Talvez a bebida estivesse influenciando em seu julgamento, mas o desejo era legítimo e não precisava a bebida para isso. A exemplo do ocorrido no dia da briga entre Potter e Malfoy.


        O toque da língua de Snape provocou um turbilhão de sensações em Gabrielle, ela sentiu o ar sair todo de seus pulmões, a impedindo de gritar. Aquilo tudo era tesão acumulado? Merlin.


        Ele movimentou a língua, provando toda a extensão íntima dela, segurando a calcinha de lado com uma das mãos enquanto um dedo outra se posicionava na entrada dela. Ele entrou um pouco e até mesmo parou de prová-la com a língua. Ela não estava blefando. Apesar de seduzir com aparente experiência, era de fato era virgem. Ela era tão apertada que não havia como negar.


        Ela notou que ele parou e pareceu refletir por um segundo. Gabrielle riu um pouco, não acreditando no que via.


        - Você realmente achou que era mentira... – ela se apoiou nos cotovelos. – Eu ter aprendido muitas coisas com madame Lestrange não significa que eu tenha experiência de fato. Você... – ela apoiou a perna no ombro dele, mais uma vez provocando. – Vai ter que me ensinar, professor.   


        Snape não resistiu à ultima provocação, ele beijou a intimidade dela novamente, passando a língua por toda a extensão e colocando um dedo dentro dela, com cuidado.  Os movimentos da língua dele em conjunto com o dedo a faziam sentir como nunca antes na vida. Era bom demais para existir. Ela já suava e eles nem mesmo haviam começado.


        O gosto dela em sua boca era suficiente para fazer Snape sentir as calças como a coisa mais desconfortável do mundo, ainda mais após tantos e tantos anos sem... É. Seu membro já latejava e ele não agüentava mais ter Gabrielle com tanta roupa. Afastou-se dela, fazendo-a gemer contrariada.


        - Calma, Gabie. Logo logo você vai ter o que quer... – ele acariciou as duas coxas dela ao mesmo tempo. - Mas antes, eu vou ter o que eu quero... – Snape subiu as mãos até a cintura dela e a puxou, colocando-a sentada na cama, mais próxima a dele.


        O professor levantou a blusa dela, tirando-a com a ajuda da garota. Infelizmente para ele, ela ainda usava sutiã, mais um obstáculo para ele. Ela deu um sorriso de deboche quando percebeu a decepção dele.


        - Eu não estava preparada, sabe. Não ia imaginar que você ia beber tanto... – disse, no ouvido dele, enquanto as mãos dele abriam o fecho da incômoda peça.


        Snape afastou-a bruscamente, com claros sinais de que não tinha a mínima vontade de demorar muito. Pelo menos não naquela primeira vez.  Gabrielle tirou o sutiã e percebeu o olhar cobiçoso dele.


        A pele branca contrastando com os mamilos rosados o deixava louco. Ela era tão nova, tão perfeita. A perdição, de fato. Ele avançou nos seios dela com uma fúria digna dos anos sem sexo dele.


        Nem mesmo os tocou com delicadeza primeiro. Foi a com boca no esquerdo e apertou o direito simultaneamente, circundando os mamilos com a língua ou o dedo. Gabrielle agarrou as unhas nas costas dele, entorpecida pelas novas sensações que conhecia. Ele trocou de seio, mas sem deixar o outro sem o contato de sua mão. Ele estava bonzinho. Ou bêbado demais, quem sabe.  


        Em certo momento, puxou Gabrielle para seu colo e ouviu-a gemer profundamente ao sentar, ainda com a parte de baixo das roupas, em seu membro já rígido, mas ainda aprisionado.


        A loira arranhou o caminho desde o peito do professor até o cinto dele. Ela percebia o desespero que já começava a se apoderar dele. Ela provocara, o instigara das maneiras mais primitivas, agora ela tinha que recompensá-lo. Chupou o pescoço dele, abrindo o cinto o mais rápido possível enquanto fazia isso.


        Snape tinha a noção de que aquilo deixaria marcas nele, mas nem ligava. Agora que já tinha ajoelhado, tinha mais é que rezar. E uma reza nunca parecera tão deliciosa.


        Gabrielle era acariciada por ele ao mesmo tempo em que abria a calça do professor. Ela o desejara tanto que a proximidade da consumação a deixava totalmente sem ar e desnorteada, por isso seus movimentos para abrir a calça dele eram os mais simples possíveis. Ela já respirava cortadamente e ele, bem, fazia isso desde o começo.


        No momento em que Gabrielle terminou de puxar seu zíper, Snape empurrou-a para a cama novamente e tirou a calça sozinho, vendo-a tirar a própria calcinha, sem tirar a saia. Por que ela queria ficar de saia e de sapato? Bom, não importava.  Ele tirou a própria roupa íntima de uma vez. Era agora ou nunca. E ambos escolhiam: agora. Gabrielle sabia que ele não ia lembrar de primeira na manha seguinte, mas... Se ela ajudasse, uma pequena lembrancinha o faria ter toda a cena de volta na cabeça.


        - Gabrielle.... Vai doer um pouco no começo...


        - Eu sei, não vou sair correndo, prometo. – ela beijou os dedos em xis e ele riu, posicionando-se na entrada dela.


        A atitude de Lolita dela nunca deixava de estar presente, enlouquecendo-o com toda a juventude que ela representava. Enfiou apenas o começo. Vendo o corpo de Gabrielle arquear e ela fechar os olhos e os dedos no lençol.


        Ele parou e ela o olhou enfurecida. Um pouco ofegante, também.


        - De uma vez.


        - O quê?


        - Vai de uma vez, dói uma vez só. – ele não podia negar um pedido feito com tanta convicção.


        - Já que insiste. – ele segurou Gabrielle pelo quadril e a puxou, entrando de uma vez só nela. Sentiu que praticamente a rasgara pro dentro. Ela não chegou a demonstrar muito, apenas apoiou os braços atrás do corpo, ficando meio sentada.


        Ele se movimentou e ela ainda sentia a dor, mas não demonstraria, o medo de que ele desistisse ou parasse era maior. Ela iria a até o fim e sabia que não demoraria muito até a dor passar. Snape a abraçou pela cintura e a encaixou em seu colo, de frente pra ele, mais uma vez.


        Ele entrava e saia dela já com certa facilidade, o que o aliviou, forçando menos, a dor nela era menor. A lubrificação dela ajudava, mas não tem jeito com virgem, sempre vai doer.  


        De fato, a dor nela havia diminuído. Agora ela finalmente começava a senti-la substituída pelo prazer. Snape a ajudara nisso ao acariciar seus seios novamente. Ela cravou as unhas na nuca dele, mais marcas pra provar aquilo. Não que a intenção dela fosse essa, é claro.


        O ritmo deles aumentou e Gabrielle praticamente não sentia dor mais, apenas o turbilhão de arrepios e sensações que transbordava por cada poro de seu corpo. Ele não estava muito diferente, apenas tinha que se segurar mais do que ela para não transformar tudo isso num orgasmo rápido demais. Ela viria primeiro, ele não abriria mão disso.


        Entrou o mais fundo que pôde nela e fez a garota quase gritar. Ele ainda colocou a mão na boca dela para abafar o som. Ela afastou a mão dele.


        - Eu protegi o quarto, tonto!


        - Eu ainda sou seu professor. – ele estocou mais fundo nela, mais um gemido incontido da loira. – Respeito, por favor.


        - Me desculpe, professor. – ela segurou o rosto dele e o beijou, rebolando entre as estocadas.  


        - Melhor...


        - Professor... – disse Gabrielle, quase não agüentando mais falar. Parecendo até que ia chorar. – Sabe por que eu não tirei o sapato e a saia?


        - Não, mas faz diferença?


        - Uhum... – ela respondeu, no ouvido dele. – São a saia e o sapato do meu uniforme de Hogwarts. Você está me ensinando e eu com metade do uniforme, faz sentido, né? – Gabrielle chupou o lóbulo dele e mordeu sem força.


        Ele sentiu que ia gozar só com aquela fala. O erotismo presente naquilo era inexplicável. Era como trazer Hogwarts para aquele quarto, como se estivessem transando da forma mais errada possível, dentro de uma sala de aula, onde ele ainda era o professor dela. Sexy demais. Aquilo não era idéia dela, ou era e ela era muito depravada mesmo.


        Ele não podia esperar muito tempo, entrou e saiu o mais rápido que pôde dela e só aumentou o ritmo mais e mais ao sentir as paredes dela se fechando em si. Os gemidos e arranhões de Gabrielle também não negavam o iminente orgasmo dela.


        Gabrielle sucumbiu e arqueou o corpo, sendo segurada por ele para não cair na cama. No segundo seguinte, Snape decidiu parar de se segurar e gozou, ainda dentro dela. Gabrielle deixou seu corpo cair na cama, tendo o peso de Snape sobre seu corpo logo depois.


        Os dois estavam suados, ofegantes e sem condições de dizer alguma coisa. Uns dois minutos depois, quando já estavam mais recuperados do orgasmo, Snape deitou-se de forma correta na cama, em cima do travesseiro, e a chamou.


        Gabrielle sorriu e engatinhou até deitar-se no peito dele. Os dedos dele começaram a emaranhar-se nos fios dourados, enquanto ele ainda permanecia em silencio.


        - Ambos sabemos que você não vai lembrar, mas... Queria poder lembrar amanhã? –ela perguntou, desenhando círculos no peito dele, sem olhá-lo nos olhos.


        - Que pergunta, Gabrielle! Por Merlin, você me atormentou por meses. Acha que não ia querer lembrar que finalmente o tormento passou, claro que sim... Mas as doses de uísque de fogo dificilmente me permitirão. – ela deu uma risada gostosa e olhou-o nos olhos, parecendo divertida.


        - Bom, quando o seu lado chato e moralista voltar... Eu ainda estarei aqui... – ela tirou os sapatos e a saia, jogando-os longe. – Sem roupa nenhuma... E aquela manchinha de sangue no meio da cama não deixará duvida alguma do que aconteceu aqui.


        Ela viu-o dar risada, algo que nunca poderia imaginar antes em sua vida, e deitou novamente. Snape puxou o lençol para cobri-los e a abraçou. Provavelmente não lembraria, mas chegava a ser quase um crime. Ele sabia que, uma vez sucumbindo a ela, não havia volta. E ela sabia que aquela fora uma de diversas vitórias acontecidas naquela noite específica, mas a sua primeira grande vitória com Snape. Após aquela, ele não ia escapar. Se pensava que aquela noite seria única, ele estava muito enganado. Era a primeira de várias.


Ele já havia provado do fruto proibido, não conseguiria largar. Ele sabia disso tão bem quanto ela, mas, pelo menos naquele estado entorpecido, por mais que tentasse, ele não dava à mínima. E era exatamente isso que o assustava e, ao mesmo tempo, a deleitava.


__________________________


Hey Folks! ^^ 


Como estão? Bem? ^^ 


Bom. Começando a N/A deste capitulo IMENSO! SKOKSOAOKSASKOAKO O primeiro de 2010! Não podia ser qualquer coisa! No word deu 60 pags em Arial 12 e 71 em Verdana 12 - a ultima é a que eu uso pra postar ^^ 


Anyways, comentários sobre o cap: 


1 - O Anel da Bella *-------* Morrível, né? Ah, gente, não é noivado! É tipo um casamento deles mesmo. Pra quem num sabe, no exterior muitas mulheres casam com aneis com pedras preciosas, não necessariamente alianças de ouro/ouro branco. [Eu assisto "Casamentos Espetaculares" no Discovery Home & Health kOKOSA] 
2 - Dumbie/Mel/Tapa do Potter =OO A conversa foi louca pacas. Dumbledore tentando convencer a Mel, era o que faltava né gente. Bom, do jeito que a Mel fala do Sirius.... Eu esperaria que o Potter testa rachada tentaria até matá-la. rs! se ele tivesse capacidade, of course. 


3 - Invasão de Hogwarts MUITO louca, eu sei. Tem mais de 40 páginas só disso *-* Muito sangue, luta... A Mel seduzindo sensualmente o Cedric foi uma ideia louca mas que ornou com tudo... A Gabrielle torturando foi mais um : Vendeu a alma de vez, não tem mais volta. Saca? Pq ela ainda tava muito inocentezinha. 
Mel matou a Hy, obvio. Mas... E o Draco matando o Dumbledore? Curtiram? *-*


4 - Roupas: Gente, eu adoro calça de couro. acho a cara da mel, então ela ficou SEXY na invasão. But... O vestido da dona Bella na festa... Eu fiquei horas descrevendo ele e a roupa do Voldie *-* O vestido dela eu inspirei do na Princesa Paola de Orleans e Bragança no comercial da caras. 


5 - VOLDIE RICO DA PORRA *-* Gente, eu me inspiro numas coisas do barulho. Eu vi isso de guardar ouro no porão em Sinhá Moça [sim, a novela] e tive que usar! *-* Agora ele tem a fortuna DELE mais parte da dos Lestrange - lembrem-se: Rodolphus é o dono da fortuna, apesar de ter um irmão, porque o irmão dele é mais novo. Então, pelo menos metade é da Bella. ^^ O que acham disso? The Dark Lord and the Dark Lady podres de ricos? Tá que por enquanto ela é fugitiva -desde a cena do ministério aqui na HdM - e num pode usar a fortuna... mas, quem liga? rs São divos e ricos. 
6 - NC Gabie/Snape *---------* Curtiram, gostaram? Deu um trabalho dos infernooooos! Pq é tenso imaginar o Snape transando, né meu. Dêem suas opiniões. E ah, tem o mesmo simbolismo que a tortura da Hy: Snape vendeu a alma, num tem jeito, agora que num para de catar a Gabrielle KOKOSDKOAKO Acham que ele vai lembrar ou não? rs! 


7 - NC V/B eu nem comento, ne KOOKASOK dois loucos da porra. No Jardim? A Mansão Malfoy num escapa deles mesmo, ne? Toda vez que entram lá: NC! mas, a diferença foi: ela mandou ele gozar fora, ele ficou meio puto, mas ela ia recompensar... Well, vocês imaginem como será qdo esses dois se trancarem num quarto KOOKASOKASAOK 


Bom, depois dos meus comentários SUPER cronológicos KOSKOASOKOK claro, tudo na ordem (Y) acho que eu encerro! rs! 


Obrigada a todos pelos comentários, mas eu quero mais comentários. É Carnaval, todo mundo em casa, nem tem desculpa rs! ^^ 

xoxo 
Mel Black (13-02-2010!)


PS: A foto do começo do cap quem fez pra mim foi a Gabie, a dona da Gabrielle, sim KOOKSAOK ela é um amor *-* 


PS²: olha bem pra Helena e pro Ralph e reflita: Se juntar os dois dá MUITO a Alexis, cara. Medo. Parece mesmo que a Alexis é filha deles e quando eu peguei ela pra ser a Mel juro que nem tinha pensado nisso! O_O 
PS³: O cap NÃO foi betado, corri pra postar logo pra vocês. Então, ignorem quaisquer erros ^^ 

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