De mudança



O bilhete dizia que Draco deveria estar, dentro de dez minutos, no "Herman Whollen Hall". Como o tempo era pouco, e o lugar não era assim tão próximo, Gina achou mais prudente dirigir-se até lá tão logo de despediu da garota da Sonserina.

"Herman Whollen Hall", assim era chamado um corredor na região das masmorras que não era usado para fins acadêmicos há muito tempo. Praticamente ninguém ia lá. Os alunos mais novos não o faziam por medo, os mais velhos raramente viam com interesse aquele lugar escuro e vazio. Gina tinha hesitado em marcar um encontro naquele lugar, mas julgou que as salas daquele corredor atendiam perfeitamente às necessidades do casal: privacidade garantida.

Com medo de algum visitante imprevisto, a Weasley tinha escolhido a ultima sala do corredor. ela se dirigia para lá, quando a estátua do tal Herman Whollen a distraiu. Ela resolveu ler a plaqueta de prata fixada aos pés do da estátua que dizia: "H. Whollen, seguidor da doutrina acadêmica de Salazar Sl...", não pode terminar de ler.

- Que lindo! Você não devia ter se preocupado... – dizia uma voz feminina dentro de uma das salas, em meio a risinhos. "Céus! Não pode ser!", ela pensou antes de sair correndo (na ponta dos pés) para a sala onde tinha marcado o encontro.

Ela entrou totalmente apavorada. Como podia ter tanto azar? Quem será que era? Não tivera tempo de reconhecer a voz... "E agora? Só espero que o Draco não seja muito barulhento...", ela pensava enquanto se dividia entre estralar os dedos e roer as unhas.

- Isso tudo é vontade de me ver? – disse suavemente a voz de Draco, enquanto este punha as mãos no ombro da ruiva.

Um gritinho e Gina levou as duas mãos a boca instintivamente.

- NUNCA MAIS... – ela achou melhor falar mais baixo - ...me assuste assim! Achei que podia ser outra pessoa!

- Marcou encontro com mais alguém? – ele respondeu divertido-se com o susto da namorada.

- Claro que não! – ela disse acalmando-se – Eu preciso muito te falar uma coisa...

Draco parou de rir ao notar a expressão séria dela. "Espero que não tenha nada a ver com o Potter...", ele pensou, fazendo sua costumeira relação entre: notícias ruins = Harry Potter. Ele pediu pra que ela contasse.

Enquanto contava, Gina foi reavivando seus sentimentos daquele momento, e falando cada vez mais atrapalhada e cada vez mais depressa. O sonserino, permanecendo calmo mesmo diante daquelas revelações, apenas pedia, uma vez ou outra, que ela falasse mais devagar ou repetisse algumas coisas. Ao final, a ruiva ficou esperando que ele repetisse sua cena, ou seja, que ficasse histérico. Mas nada disso aconteceu, ele manteve seu rosto reflexivo por alguns segundos, até que finalmente falou:

- Então a gente se encontra aqui...

A tranqüilidade da voz dele, o modo calmo como ele encarou o assunto e a rapidez da solução irritaram Gina. Ela ficou vermelha, abriu a boca para dizer alguma coisa, mas desistiu. "Acho que eu compliquei demais.", ela pensou concordando com Draco.

- Você foi muito esperta. – ele disse com certa dose de charme – Não sabe lidar com Sonserinos, mas com os Sangue Ruim você é imbatível!

- Não chame a Hermione assim, você sabe que eu...EI! – ela interrompeu a linha de pensamento – Porque eu não sei lidar com Sonserinos?

- Porque você me fez gastar quatro galeões hoje! – havia um leve tom de zombaria na voz dele.

Gina não estava entendendo nada. Ela repetiu a pergunta um pouco mais impaciente.

- A Liebsemanôva! Eu tive que pagar a ela dois galeões para que ela me desse o bilhete, e mais dois pra ela não espalhar que ele havia sido mandado por uma Weasley.

- Nossa, eu... Eu achei que ela era tão... – "Eu devia ter imaginado!", ela pensou abaixando a cabeça, envergonhada da própria ingenuidade.

- Que ela era confiável? – ele completou gentilmente, erguendo o rosto dela com os dedos. Sua voz ainda trazia um indelével tom de gozação. – Achou que uma garota da Sonserina era confiável?

Gina assentiu, muito vermelha, e deixou-se abraçar.

- Confiar em sonserinos é muito idiota, Virgínia... – notando que ela tinha ficado ainda mais chateada, ele sussurrou perto de seu ouvido – Mas é uma gracinha!

- Você é um sonserino... – ela disse friamente - Eu não devia confiar em você?

Ele sorriu satisfeito, como se estivesse esperando para ouvir aquilo.

- Eu sou diferente... – ele parou de falar para beija-la - ...eu sou melhor!

- Você é muito pretensioso... – ela disse manhosa.

- E, para uma Weasley, você esta me saindo muito cara!

- Ora! – ela fez "bico" – Quatro galeões? Você tem dinheiro demais pra ser tão avarento!

- E seu presente? – ele sorriu, afastando-se dela e levando as mãos à cintura – Ele custou bem mais do que isso, é claro!

- Presente?! Que presente? – seu rosto tomou um ar de dúvida infantil.

- Vai dizer que você não esta curiosa! Aposto que aumentou essa história da Coisinha... – ele usava esse termo no lugar de sangue ruim, ás vezes - ...só pra ver seu presente mais cedo!

- Draco! Você não esta falando coisa com coisa! – ela disse um pouco impaciente

- Você não sabe MESMO, que dia é hoje? – ele insistiu, um tanto quanto incrédulo.

- Ora, hoje é catorze de fevereiro, que tem isso af...

Seus olhos castanhos, que já eram o destaque de seus rosto, se abriram ainda mais. Seu rosto sardento tomou uma expressão de choque e, por um instante, ela ficou sem cor. E Draco só ria, "É a única menina que eu já ví esquecer do Dia dos Namorados".

- Eu esqueci! – foi a única coisa que ela disse, enquanto o vermelho ia tomando conta do seu rosto.

- Eu notei!

De repente, como sempre acontecia quando ela ficava nervosa, as palavras começaram a sair em uma torrente desorganizada.

- Céus! Draco! Eu esqueci! Você não comprou nada pra mim, não é? Eu não sabia, eu... Draco! Minha nossa! Pelos deuses! Eu não acredito que me esqueci!

A cada exclamação, o sonserino tinha uma crise de riso, fazendo Gina lembrar do tempo em que achava que ele era uma pessoa emburrada, fria e desagradável.

- Estenda a mão... – Draco falou em tom íntimo, logo que parou de rir.

Quando ela o fez, ele colocou uma caixa muito pequena na mão dela. Sob o olhar curioso da jovem, ele apontou a varinha para a caixinha, disse a palavra correta, e ela cresceu... Cresceu... E cresceu... Agora era uma caixa razoavelmente grande, vermelha, com um estranho laçarote duplo, em um tom mais escuro da mesma cor.

A ruiva olhava embasbacada para o presente.

- Um presente vermelho, para uma donzela vermelha... – ele disse em tom comicamente formal, curvando-se diante dela.

- Draco, você não devia... – ela disse embaraçada

Ele apenas apoiou-se displicente numa mesa e fez um sinal para que ela abrisse o pacote. Parecia muito confiante que seu agrado faria sucesso, mas na verdade, estava muito mais ansioso do que ela. "E se ela não gostar? Eu devia ter escolhido algo menos pessoal... Tipo um livro! Um LIVRO? Nossa, que idéia idiota...", era o que ele pensava enquanto Gina abria facilmente o laço.

Com a caixa aberta, ela estendeu a mão, e trouxe um pedaço de pano acobreado para fora. Ela o segurou na ponta dos dedos, e revelou-se um belíssimo vestido de noite. Gina nunca tinha visto nada mais bonito antes, e notou que o tecido, brilhoso e opaco ao mesmo tempo, certamente era mágico.

Sem desviar os olhos do vestido, ela disse em tom severo:

- Você DEFINITIVAMENTE não devia ter feito isso!

- Ah, ok, você não gostou... – ele disse sem conseguir esconder o desapontamento.

- Eu não gostei?! – ela olhou para ele e sorriu – Draco, é a coisa mais linda que eu já ví! Mas deve ter custado uma fortuna! – ela pensou por um instante – Quanto custou isso?

- Tsc, tsc, tsc... Não é educado perguntar isso, sabia? E seria menos polido ainda responder...

Draco disfarçou porque achou melhor não dizer que o vestido tinha custado uma pequena fortuna mesmo. Mais caro que sua StarCaptor para falar a verdade...

- Eu não acho certo... – ela argumentou – Eu não tenho nada pra te dar!

- Use na festa de formatura, e esse vai ser meu presente. – ele disse enrolando uma mecha do cabelo da namorada entre os dedos.

Eles namoraram um pouco mais antes de Gina decretar que era hora de ir para o almoço. Draco bem que tentou persuadi-la a ficar e dispensar a refeição e a companhia "daqueles grifinórios enfadonhos", mas ela usou um argumento decisivo: Hermione podia desconfiar da ausência dos dois. Ele não teve escolha senão concordar.

Só quando estava novamente diante da estátua de Whollen, Gina se lembrou que havia mais alguém naquele corredor além dela e Draco.

- Ah é? – ele interessou-se – E quem eram?

- Ora, eu não ví! – ela gesticulava para que ele falasse mais baixo – Vamos embora!

Motivado por uma irresistível curiosidade, Draco foi, movendo-se como um felino, até a porta da sala de onde vinha a voz que Gina tinha escutado. A ruiva teve vontade de bater na cabeça dele, mas limitou-se a ficar olhando e torcendo para que a sala já estivesse vazia. Ele olhou pela fresta da porta, sem fazer nenhum barulho, fez uma careta e voltou depressa para o lado da garota.

- Mas quem estava lá? – ela teve que perguntar três vezes para que ele concordasse em desfazer a careta e responder. – O que tinha lá de tão desagradável?

- Pode imaginar Goyle beijando alguém?

- Ora, e porque não? – Gina disse tentando imaginar que tipo de maluca quereria beijar Goyle.

- E se esse alguém fosse Emília Bulstrode?

Gina repetiu a careta de Draco. E os dois riram, até chegarem na escada de acesso ao salão, onde cada um teve que seguir seu caminho.

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