Paranóias



Quase dois meses se passaram desde o dia dos namorados. As coisas iam normalmente para todos em Hogwarts, e para Gina e Draco também. A única mudança na rotina tinha sido a do lugar onde eles se encontravam. Bem, havia mais uma coisa: morrendo de medo de que Mione descobrisse algo, Gina tinha ficado mais prudente, fora isso, tudo continuava igual.

Falando em Hermione, ao saber que ela achava que Harry tinha mandando o vestido à Gina, Draco ficou muito ofendido:

- Era só o que faltava! Nem em um milhão de anos o Potter teria o bom gosto de comprar uma coisa tão fina! Ele ainda usa óculos remendados! Isso sem contar aquelas ridículas camisas xadrez... – ele reclamou enciumado.

- Não seja exagerado! Ele não tem tão mal gosto assim... – Gina ria.

- Ah! Defendendo o Potter, né? – Draco cruzou os braços e bufou como uma criança mimada – Vai lá ficar com o grande-herói-que-se-veste-como-espantalho!

- Ai que dramático! – Gina deu-lhe um beijo estalado na bochecha – Você sabe muito bem que os olhos de sapinhos cozidos dele não fazem mais a minha cabeça! Eu só estava dizendo que o gosto dele não é tão ruim, só isso... Você não precisa massacra-lo sempre que tem oportunidade!

Draco deu um meio sorriso.

- Eu preciso, e vou massacra-lo por um motivo bem simples: Ele preferiu a Patil à você. – disse pausadamente - Ele tem um PÉSSIMO gosto...

- Aí você tem razão! – Gina deu uma gargalhada.

- Você não aprende? Eu sempre tenho razão! – e antes que garota pudesse protestar, Draco beijou-a calorosamente.

Como vocês podem ver, o relacionamento deles continuou o mesmo.

Num dia do final de abril, houve um pequeno acontecimento para perturbar aquela calmaria. Gina havia se atrasado, porque Colin tinha resolvido lhe contar as ultimas fofocas no corredor, e quando ela entrou silenciosamente na sala, Draco não percebeu.

Ela reparou que ele lia algo num pedaço de pergaminho, ao lado dele, numa cadeira, havia aquele envelope que ela já havia visto antes. Preto, com o brasão da família Malfoy.

- Recebendo noticias de casa? – ela disse alegremente.

- Gina! – ele levou um grande susto – É... Pois é!

Ele parecia incomodado, mas Gina não deu muita atenção a isso, porque julgou que fosse pelo susto.

- Me deixa ver? – ela pediu sorrindo

- Ah, não Gina... – ele estava visivelmente constrangido – Não tem nada de interessante aqui.

- Deve ter sim! – ela discordou sorrindo, a curiosidade aguçada pela negativa de Draco – Sua casa deve ser um lugar muito empolgante, afinal você tem recebido cartas todos os dias!

"Como é que ela sabe?!", ele se perguntou amaldiçoando sua indiscrição. Diante da falta de reação de Draco, Gina fez um movimento rápido e tirou a carta das mãos dele. Mais rápido ainda a carta de desfez nas mãos dela, se transformando naquela areia escura que Gina já havia visto antes. Ela deu um grito assustado e pulou para trás, e Draco fechou os olhos e respirou fundo. Tudo isso em poucos segundos.

- O que foi isso?! Porque tinha um feitiço de autodestruição nessa carta? – ela disse chocada.

O assombro de Gina não era exagerado, ela sabia que esses feitiços eram costumeiramente colocado em cartas que continham segredos, por motivos óbvios. E um segredo de um Malfoy, ponderou Gina, não podia ser boa coisa.

- Papai é meio paranóico... – a frase foi dita com ironia e ele deu de ombros sorrindo.

- Meio paranóico? Draco, o que tinha aqui que ninguém pudesse ler?

Draco meneou a cabeça, desviando o olhar.

- Com seu pai querendo mandar o meu para Azkaban todos os dias, é normal que ele seja um pouquinho prevenido. – ele tentava manter um ar descontraído.

Gina não mudou nenhum milímetro a sua expressão de espanto e desconfiança. "Legal, agora ela vai achar que eu estou tramando a morte de alguém...", o rosto de Draco não deixava transparecer seu nervosismo. "Eu não fiz nada de errado! É só uma droga de carta, eu não tenho que ficar tão nervoso."

- Tem alguma coisa muito errada nisso, não tem Draco? – ela disse abraçando-o.

- Agora você quem esta sendo paranóica... – ele a abraçava, balançando o corpo levemente, como se embalasse um bebê - ... Que tipo de coisa errada poderia haver, hein? É só o jeito de meu pai, você sabe...

Ela sabia. Sabia que o "jeito" de Lúcio Malfoy era colocar as memórias de Tom Riddle nas mãos de meninas inocentes. Sabia que o "jeito" dele era ser um Comensal da Morte. Aquela carta se desfazendo em sua mão lhe trouxe de volta uma verdade perturbadora que Gina vinha ignorando a alguns meses: Draco era um Malfoy. E ser um Malfoy era mais do que fazer piadas sobre os filhos de trouxa, ou ter rivalidades escolares com O Menino Que Sobreviveu. Haviam outras implicações ligadas a aquele sobrenome. Gina sabia...

- Não vai acontecer nada ruim, não é?

Ela olhava profundamente nos olhos do namorado, procurando alguma segurança em que pudesse se apoiar. E encontrou. Não havia mais aquela sombra de nervosismo de alguns segundos atrás. Ele sorria tranqüilamente como se aquele momento de tensão nunca tivesse acontecido. Ela respirou com força e retribuiu o sorriso.

- Não tem nada errado, Gina... Nada errado... – ele disse para ela e para sí mesmo.

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