O Beijo



Gina estava desolada. Como podia estar sentindo algo por Draco Malfoy? Naquele momento, ela se arrependia amargamente de ter pedido tanto ao seu coração que esquecesse Harry. Mesmo que ele jamais fosse nota-la (e, no fundo, ela sempre soube que não ia) Harry nunca ia feri-la. Ela tinha medo do que Draco podia fazer de um dia descobrisse seus novos sentimentos. Draco ia feri-la. Ia sim! Ela tinha certeza que ele faria da forma mais cruel que encontrasse. Era um Malfoy, não era?

- Por favor... - disse baixinho olhando para as estrelas – Escolha outro...

Ela estava tão perdida em sí mesma que não viu que alguém de aproximava furtivamente. Ele não pode ouvir o que ela disse, mas só de vê-la sozinha, parecendo triste ele sentiu uma pontada de raiva. “Ela não cansa de chorar por esse babaca do Potter...”. Ele odiou notar que se sentia enciumado ao pensar que seu grande inimigo era o dono dos pensamentos da ruiva.

- A festa é lá dentro, senhorita Weasley... - disse devagar, não pretendendo assusta-la. Seu tom de voz dissimulava perfeitamente seu verdadeiro estado emocional, ele parecia o mesmo cínico de sempre.

Quando ela se virou, não pareceu surpresa. Na verdade, parecia que ela já esperava. Foi olhando-o miseravelmente que ela falou.

- Ah Draco! - ela suspirou - Vá embora...

“Que recepção...” pensou amargamente, imaginando que se fosse Harry ela teria ficado bem mais feliz. “NÃO SE COMPARE COM POTTER!”, a voz da dignidade berrou na cabeça dele, mais alto do que nunca. Ele concordou em silêncio, era uma comparação sem sentido - ele era imensamente superior ao “garoto cicatriz”. Draco só sentia muito que Gina não fosse notar isso nunca.

- Larga de frescura e vamos pro baile! Não vou permitir que você perca o baile por causa do Potter! - disse impaciente.

- Potter? - ela disse com uma mistura de tristeza e ironia - Ah! O Harry não tem nada com isso...

Draco deu um sorriso maior do que pretendia. “Ela esta mentindo seu idiota!” Mas ele nem deu atenção a esse pensamento, se era uma mentira era exatamente a mentira que ele queria ouvir naquele momento. Estava tão feliz que não se reconhecia. Teria dado pulinhos eufóricos, se não tivesse quase 18 anos de educação Malfoy para lembrá-lo de que isso era ridículo.

Gina olhou para o garoto conformada com sua má sorte. “Ele acha que eu gosto de Harry” e talvez fosse melhor assim, afinal, ele nunca poderia desconfiar da verdade. Gina olhava tristemente para o cabelo bem arrumado de Draco, desejando imensamente tocar nele.

- Ora! - Draco exclamou agarrando a mão de Gina e a puxando na direção do salão. - Então larga de frescura!

Naquele segundo, Draco tinha quebrado seu próprio código de “não encostar nos Weasley” e não tinha medido as conseqüências desse ato tão simples. Ele estremeceu ao sentir o calor da mão dela e soltou-a rapidamente. Quando se virou para dizer alguma coisa tudo que viu foi aquele cabelo vermelho e não lhe ocorreu nada para dizer. Sentiu-se abissalmente idiota, mas não podia tirar os olhos dela.

Gina, por sua vez, estava paralisada. “Draco não devia ter feito isso, devia?”. Ele sempre tinha se comportado como se tivesse nojo da sua família (e provavelmente tinha), e tinha acabado de pegar na sua mão? Gina achou que ele tinha uma mão muito fria.

A mão quente de Gina, fez o sonserino recordar-se do seu sonho. Draco arrepiou-se. Não devia ficar pensando nisso! Definitivamente não era uma coisa saudável pra se pensar. “É uma Weasley!!!” ele tentava inutilmente por as coisas em seus lugares. Tudo que pensava era em beija-la alí mesmo.

“Porque não?”.

Se ele tinha passado a vida toda fazendo o que queria, porque seria diferente agora? E talvez, um lampejo de esperança passou pelos seus olhos, isso resolvesse tudo! Draco imaginou que talvez, beijar Gina, e realizar sua vontade física pudesse recolocar sua cabeça no lugar. Ah! Genial! Ele dava logo “uns pegas” na garota, ficava satisfeito e nunca mais pensava tolices. Nada poderia ser melhor.

Gina se perguntava no que ele estaria pensando quando ele a pegou pelos pulsos, sem força, porque ela se deixou conduzir, e encostou-a na árvore. Draco olhou rapidamente nos olhos assustados da ruiva.

Estavam se beijando.

“Ele esta me beijando ele esta me beijando ele esta me beijando” os pensamentos na cabeça de Gina não seguiam nenhuma ordem lógica. “Eu estou beijando ele!”. Gina nunca tinha ficado tão nervosa e tão à vontade ao mesmo tempo. Estava tão... satisfeita! Ela não sabia que era tão bom beijar alguém que se queria tanto. Claro que ela já tinha beijado antes. Mas diante daquela situação ela não considerava que um beijo roubado por Justino Finch-Fletchley, no terceiro ano pudesse ser levado a sério. “Ah, não mesmo!”, pensou sentindo as pernas fraquejarem.

Um vestígio de sanidade (e uma certa falta de fôlego) fez os dois afastarem os lábios.

- O que você esta fazendo?! - Gina perguntou meio desesperada. Ela ttinha gostado e ele certamente tinha notado isso. “Onde você estava com a cabeça, Gina?”, perguntou a sí mesma vendo a resposta no belo par de olhos claros à sua frente.

- Você não notou? - ele fingiu surpresa e disse com o mesmo ar irônico de sempre - Estou te beijando!

Já estavam de lábios colados antes de Gina pensar em responder.

Draco estava animadíssimo! Nunca, nem em sonhos (hum... talvez em sonhos sim) ele tinha imaginado que beijar uma Weasley seria tão bom! E ela estava correspondendo. Isso era definitivamente um bom sinal.

- Eu não quero que você me beije! - ela respirava com alguma dificuldade. “Não vou deixar ele brincar comigo!”, pensou enquanto procurava um meio de sair daquela situação.

- Não? - ele sorriu malicioso.

- Não! - ela tentou soar brava, mas sua voz fraquejou ridiculamente quando ela sentiu os lábios de Draco encostarem-se ao seu pescoço. Se alguém no mundo sabia o que era um “arrepio” essa pessoa era Gina Weasley naquele minuto.

- Então... - ele falou num tom de voz zombeteiro -...Porque você não vai embora?

Gina pensou depressa.

- Porque você esta me segurando!

Ponto pra ela! Era verdade, durante esse tempo todo ela tinha mantido os braços dela presos no tronco da arvore. Mas Gina sabia que ele não estava fazendo força, assim sendo, se ela quisesse mesmo ir, ela já teria ido.

- Ah é! - ele revirou os olhos as órbitas cinicamente - Então eu acho que você vai ter que ficar! - e não hesitou em voltar a beija-la. Draco estava fora de sí. Não estava nem pensando, apenas seguia sua vontade. Ele não se lembrava de ter tido “tanta vontade” de alguma coisa antes.

- Draco me deixa ir! - ela afastou-se dele penosamente. Queria tanto continuar a beija-lo! Mas “NÃO PODE!!” era o que uma vozinha chata ficava martelando na sua cabeça. E Gina sabia que ela tinha razão.

Draco fitou a muito sério, soltou suas mãos e deu alguns passos para trás. Gina não entendeu nada.

- Vai... - ele falou friamente.

Ela ficou enfurecida. Então ele pensava que podia ir beijando a hora que quisesse e depois era só virar e falar “vai...”. A ruiva achou que fosse explodir de raiva e começou a falar rapidamente. Talvez esse fosse mais um ataque do “fogo Weasley”.

- Como assim?! Você pensa que eu sou a Parkinson, que você pode ir pegando a hora que quiser e depois...

Draco deu uma gargalhada divertida e a empurrou contra o caule da arvore novamente. Aí foi que Gina não entendeu nada mesmo, ela achou que ele tinha enlouquecido. Ou estava mesmo brincando com a cara dela. Claro que todas essas duvidas estavam escritas em neom na sua testa. O sonserino as esclareceu com um sorriso.

- Eu sabia que você não ia embora... – ele sussurrou se aproximando novamente o rosto do dela - Eu tinha certeza!

Com as mãos livres, esse beijo foi muito mais confortável para ambos. Draco deixou as mãos pousadas respeitosamente da cintura de Gina (ele mesmo achou que isso era muito estranho). Esperou que ela lhe repelisse com um soco, um empurrão ou algo assim. Mas o que veio foi uma compressão forte em volta do pescoço. “Hum... Eu odeio que peguem no meu pescoço” ele pensou mais por costume do que por estar incomodado. Longe dele, querer que ela se afastasse.

O baile era quase findo quando eles acharam que era hora de voltar. E voltaram, deixando um monte de perguntas sufocantes do ar. Entraram no castelo separados, confusos e discretos... Quem os viu, indo em direção aos seus dormitórios, não percebeu nada de diferente.

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