O dia D



Nem é preciso dizer que tanto Gina como Draco ficaram num péssimo humor durante todo aquele dia, e durante o próximo também, quando as aulas foram retomadas. Os colegas do casal (casal?) bem que tentaram, mas não teve maneira de faze-los dar um sorrisinho se quer durante todo esse período.

- Gina, vamos brincar na neve!

- Brincar? - ela respondia mal humorada - Já passamos de época de brincar, né?

- Ui! Que chata! Você ta precisando é de um namorado! A Mione, depois que arrumou um, não reclama mais de brincar na neve! - e Gina viu a amiga ir embora chateada. Sabia que estava sendo desagradável, mas não tinha nenhuma vontade de sair pulando e brincando.

- Olha, Draco, o Logbotton explodiu de novo! - Goyle comentava e dava sua habitual risada grossa.

- Que engraçado... HÁ-HÁ-HÁ! - ele disse com desânimo.

- Credo! Você esta muito... - Crabbe e sua inteligência bizarra não conseguiam se lembrar da palavra apropriada.

- Chato? - Goyle sugeriu a única palavra de que pode se lembrar.

- Antes chato, do que acéfalo. - Draco disse com o mesmo entusiasmo de antes, mas com um inconfundível desdém na voz. Ao contrário do que os grifinórios costumavam imaginar, o desprezo de Draco não era privilegio deles.

- Ace... o que? - os dois grandões se perguntaram.

O azedume dos dois não resistiu ao clima festivo do Quadribol. Como Montague tinha anunciado para Draco alguns dias antes, o jogo Grifinória versus Sonserina seria realizado logo após o Natal. Dito e feito, dois dias depois do Natal, toda Hogwarts estava alvoroçada na quadra, cada aluno vestido com as cores das suas casas e agitando bandeirinhas pra quem estava torcendo. Seria desnecessário dizer que todo o colégio estava torcendo pela Grifinória, exceto a própria Sonserina, é claro. Uma coisa curiosa é que, mesmo em enorme desvantagem numérica, a torcida da Casa da Serpente, fazia tanto barulho quanto os alunos que torciam pela Grifinória.

- Grifinoriaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!! - gritou a grande maioria dos alunos presentes quando os rapazes (e as moças!) de vermelho riscaram o ar. Entre eles, é

claro, Harry Potter, o apanhador e capitão do time que recebeu gritos de incentivo de todos os lados.

- Sonserinaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! – os garotos (e no time só havia garotos mesmo) de verde entraram na quadra. Eles não pareciam tão ágeis quanto os grifinórios, mas eram muito mais imponentes. A torcida da Sonserina não fez festinha para Draco, mas ele recebeu olhares confiantes de todos, e suspiros nada discretos de algumas meninas.

O apito soou. O jogo teve início.

Harry Potter deu uma longa volta pelo campo, protegido pelos batedores, fazendo uma busca primária. Draco subiu num impulso veloz, ficando vários metros acima do nível do jogo. Sem querer, ele olhou para a arquibancada da Grifinória, e viu Gina lá. Um borrão vermelho. Ele sorriu. Ia pegar o pomo, nem que isso fosse a última coisa que fizesse.

A grifinória saiu na frente. "Como sempre...", Draco pensou irado. Quase quinze minutos tinham se passado, e ele ainda estava no mesmo lugar. Ocasionalmente dava voltinhas e verificava onde estava Potter. Estava procurando, gritando com seus companheiros de time e pedindo providencias a juíza sempre que um grifinório levava uma cotovelada. E, sem dúvida, eles levavam muitas.

Sonserina passa na frente, com uma pequena vantagem. Onde estava o pomo? Draco começava a ficar irritado. Ele ponderou que talvez por isso não fosse um bom apanhador. Ele era demasiado impaciente, inquieto. Procurar uma bolinha no meio do nada era uma tarefa que não combinava com ele. "Mas hoje é meu dia", ele pensou obstinado, apertando os olhos e procurando em toda parte.

Grifinória vira o jogo. "MERDA!", Draco quase deu uma vassourada no goleiro da sua casa. Harry parecia muito compenetrado, indo e vindo para todos os lados. "Logo ele o encontra", o sonserino observou um atacante sonserino dar um chute nada esportivo numa batedora grifinória. Ele suspirou resignado. "Ele ganha, Gina. Ele sempre ganha...", pensando isso, ele olhou instintivamente para Gina, que estava na arquibancada no outro extremo do campo. Um balaço passou raspando sua orelha, mas ele sorriu. Montague esbravejou algo como "Acorda!". Draco não ligou. Ele estava lá! Brilhante e minúsculo. Paradinho na direção de Gina (na verdade, na direção da menina loira que estava ao seu lado, mas ele não ligou). O placar ainda era da grifinória. Draco não ligou, era seu dia. Seu. E só seu.

Ele voou como uma bala (essa StarCaptor valeu mesmo a pequena fortuna paga nela). Queria chegar. Estava quase lá. Um tranco nas suas costas, algo tinha batido de leve nele. Harry. Tinha visto o pomo (ou Draco indo pra ele, talvez) e estava logo atrás dele. Na verdade, quase ultrapassando. Draco não olhou mais para trás, deu um impulso violento na vassoura. Estendeu a mão. Tão perto! Viu de rabo de olho que Harry de aproximava perigosamente, e estendia o braço também. "Hoje não, Harry Potter". De tanta força para estende-lo o braço doía. Só mais um pouco! Um barulho conhecido. Algo cortando o ar muito depressa. Balaço! Draco não olhou. Tão perto! Uma pessoa sensata teria parado. Draco não era sensato.

CRASH!

Duas metades de uma StarCaptor em queda livre. Draco fechou as mãos, contraiu os músculos e fechou os olhos.

***

- Será que ele se machucou?! - Gina perguntou sem, se importar com o que iam pensar.

- É! - Rony concordou com aquele seu brilho infantil no olhar - Será que ele morreu?

Gina quis enforcar o irmão por aquele comentário, mas percebeu que devia e dar por satisfeita de Rony ser bastante distraído e por ninguém mais ter ouvido o que ela tinha dito. Hermione, que olhava para Harry, fez uma observação.

- Harry não esta com pomo! - ela olhou para Draco, lá em baixo e deepois para Rony - Ele o perdeu de vista! – ela olhou de soslaio para Draco, e um pouco incrédula, perguntou – Será que ele morreu?

Gina que permanecia olhando aflita para Draco, que ainda se encontrava estatelado no chão, imóvel. Quando ela já estava começando a ficar desesperada a ponto de quase descer lá e ver se ele estava bem, ele mexeu ligeiramente o rosto. Todas as atenções se voltaram pra ele.

- Ele esta VIVO? – Rony disse absolutamente infeliz. Sua irmã se controlou novamente para não agredi-lo.

***

Draco sentia uma dor lancinante na coluna. Era continua e aguda. A pior dor que ele já tinha sentido. E os sons eram tantos, e tão altos que ele não podia distingui-los. Ele esqueceu por um momento do que estava fazendo ali, e logo depois se lembrou. Apertou com toda força que tinha os dedos da mão direita. Não sentiu anda, ele percebeu que não tinha força NENHUMA para apertar a mão. "Porcaria!", ele pensou e mexeu levemente o rosto, "Você esta aí não é pomo?". Os sons iam diminuindo gradativamente. Quando ele não ouvia nada alem de um leve zumbido, se prendeu a sua consciência com toda força.

"Eu não vou desmaiar agora", e apertou a mão, fazendo um esforço sobrenatural. Quanto mais forte ele apertava a mão, mais altos ficavam os sons, e maior era a dor. E doía demais. A mão doía, a coluna doía, o braço doía. Draco sentiu que uma coisinha na sua mão sacudia-se furiosamente, tentando sair. Ele sentiu-se sorrir.

"Engole essa, Potter!", mexendo-se o menos possível, ele ergueu o braço, e deixou o pomo visível, segurando-o apenas com o indicador e o polegar. O barulho foi tão alto que a cabeça da Draco doeu. Dentre toda aquele gritaria ele ouviu um palavrão, mas não pode identificar da onde ele vinha. Ele riu alto sentindo os pulmões arderem, abriu os olhos. Quis encontrar Gina, mas a visão embaçou depressa e ele perdeu a consciência. Estava feliz.

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