A melhor atriz



No dia seguinte, Gina aproveitou o tempo livre entre as aulas de Herbologia e de Estudo dos Trouxas para ir a biblioteca, pesquisar um pouco mais sobre as poções revigorantes, porque queria fixar totalmente aquela matéria, antes de uma nova aula de Poções. Tinha aprendido naquelas horas com Draco mais do que o mês todo com Snape (mas era melhor não deixar ele saber disso). Se não fosse aquela história de namoro ela estaria eufórica...

Ah! Mas não queria pensar nisso, afinal, podia nem ser verdade! Mas, como não confiava no seu autocontrole, tinha tomado café da manha mais cedo, para fugir de uma situação desagradável. Se tudo isso fosse verdade e seus amigos tivessem escondido dela o namoro de Harry ela nem sabia como podia reagir.

Mas mal ela tinha pisado na biblioteca e seus olhos foram cair numa mesa ao centro, onde um grande grupo de grifinórios estavam estudando. Entre eles estavam concentrados em cima de livros das mais variadas matérias, mas Gina nem reparou nisso, tudo que via eram Harry e Parvati, sentados lado a lado. “Como um casal de namorados...” suspirou.

Teve ímpetos se virar às costas e sair correndo dali, mas sentia-se paralisada no lugar, nem respirava direito, tentando recobrar o controle dos seus movimentos. Quase automaticamente ela foi, a passos rápidos, até a primeira estante de livros e agradeceu mentalmente por não ter derrubado nada enquanto passava. Tinha certeza que eles não tinham visto que ela estava ali.

“Mas eu não posso ficar aqui pra sempre!” pensou muito aflita. Passou o dedo pelos livros procurando uma brecha por onde pudesse ver as mesas, e a encontrou sem dificuldade. Podia ver a sala da biblioteca quase que inteira por cima de um exemplar de bolso de “A verdade sobre a estrela – a biografia não autorizada de Gilderoy Lockhart”. Gina sorriu silenciosamente ao lembrar do seu primeiro professor de Defesa Contra Artes das Trevas – ele era mesmo muito metido. E riu-se lembrando que todas as suas amigas eram apaixonadas por ele (entre elas Mione, que o achava o bruxo mais inteligente do mundo). Lembrou-se que era a única que não tinha um amor platônico por ele.

“Claro, você vivia pensando no Harry...” a vozinha inconveniente na sua cabeça nem precisou terminar de falar. O sorriso sumiu do rosto de Gina quando ela pousou os olhos na mesa onde estava o novo casal de Hogwarts. Ela observou triste enquanto Harry apontava algo no livro de Parvati, talvez lhe explicando algo. Ele parecia tão atencioso, tinha os olhos fixos nela, atento a cada palavra que a garota dizia. Gina sentiu seu coração apertar, não se lembrava de ter recebido mais do que duas palavras de Harry e agora Parvati estava recebendo bem mais do que palavras.

“Ela é tão delicada...” pensou enquanto Parvati passava as mãos novamente pelos cabelos escuros. “E eu mais estabanada que Fred e Jorge”.Quando Harry pôs sua mão sobre a de Parvati, a ruiva achou que já tinha sido tortura suficiente para um dia só, e desviou os olhos daquela cena.

Na tentativa de desviar a atenção de Harry e Parvati, Gina acabou olhando para a mesa próxima a janela, na outra extremidade da biblioteca. Uma cheia de estudantes altivos, de uniformes impecáveis e brasões verde e prata – um grupo de estudos da sonserina. E, entre esses estudantes estava seu professor particular de poções, Draco Malfoy.

“O que mais pode me acontecer?!” pensou torcendo as mãos de nervosismo.

Logo ela percebeu que não deveria ter feito essa pergunta, pois Draco ergueu os olhos do livro que tinha nas mãos e os fixou na estante de livro, no ponto exato onde estava Gina. Ele apertou os olhos, ergueu as sobrancelhas, parecendo não entender. “Eu NÃO ACREDITO que ele me viu aqui!” pensou Gina, tendo que se apoiar na estante para não cair no chão. Draco continuou olhando por alguns segundos, ainda parecendo intrigado, depois olhou para a mesa onde estavam os grifinórios e de volta para a estante de Gina. Repetiu esse processo “estante-mesa-estante” ainda por mais uma vez, antes de abrir um largo sorriso de deboche e cruzar os braços, como que esperando pelo “espetáculo” que Gina haveria de dar.

Ela sentiu as pernas falharem e sentou-se no chão. Estava bem arranjada agora! A sua primeira opção (sair correndo e segurando o choro) estava totalmente descartada. Afinal, se fizesse isso teria que aturar piadinhas diárias de Draco até o fim da sua vida. E o episodio dos “olhinhos de sapinhos cozidos” (“Hunf! Poema idiota!”) dava a certeza que Draco não esquecia fácil das coisas. Especialmente quando essas coisas eram “engraçadíssimas” fraquezas alheias.

Estava se sentindo sem saída, quando uma voz (que não era a sua) soou na sua cabeça.

“Ninguém tem que saber...”

Gina levantou-se lentamente, refletindo sobre a idéia que acabara de ter. Nunca tinha feito algo assim, esconder o que estava sentindo, dissimular. Ela achava que era errado mentir, que não devia enganar as pessoas. Mas dadas às circunstancias a Weasley achou que não havia saída. E além disso, ninguém ia sair prejudicado, não é?

“Porque não...” pensou resignada enquanto saía do seu esconderijo na estante. Ela foi andando da forma mais natural que pode até sua mesa “alvo”. Não foi percebida até encostar de leve no ombro do irmão.

- GINA! – berrou ele dando um pulo na cadeira. -...er....Oi Gininha....

- Olá! – o susto do irmão a tinha deixado mais à vontade. Na verdade ela percebeu que todos pareciam muito mais desconfortáveis que ela.

- Quer falar comigo Gina? – disse Mione sorrindo o riso mais amarelo que Gina já tinha visto – Neville me disse que você queria falar comigo e...

- Isso já faz quase uma semana... – respondeu Gina com uma pontinha de rancor. – E não é com você que eu queria falar, é com eles!

Harry, que não tinha erguido o rosto do livro ainda pareceu engasgar, Mione arregalou os olhos, Rony (que era mesmo terrível em esconder emoções) parecia totalmente chocado e Parvati corou levemente.

Gina tentou a todo custo manter a compostura e sentou-se ao lado de Rony, em frente a Parvati. A menina quase deu um pulo quando Gina pôs sua mão sobre a dela.

- Vocês formam um belo casal... – disse tão naturalmente, que nem pode acreditar em si mesma.

Todos mantiveram suas expressões de choque, menos Parvati que abriu um belo sorriso aliviado e deu de ombros de uma maneira tão doce que Gina teve vontade de dar-lhe um soco.

- Obrigado Gina. Posso te chamar assim, né? – a Weasley fez que sim com a cabeça - É muito importante para mim que você ppense assim! Eu gostaria de ser sua amiga, todos falam o quanto você é legal e lamento que nós nunca tivéssemos conversado antes. – disse sinceramente.

Gina corou e todos acharam que tinha sido de lisonja, mas só ela sabia que estava vermelha de raiva. Ela nunca tinha tido tanta vontade de gritar. Alheia a esses sentimentos Parvati ainda sorria simpática sob o olhar assustado de todos na mesa.

“A culpa não é dela...” e olhou de soslaio para Harry “... e nem dele. Afinal, ela é tão popular, tão doce... Qualquer um a escolheria como namorada”. Sentiu as lágrimas crescerem dentro dela, mas as manteve presas do lado de dentro a todo custo, por trás de um sorriso quase tão simpático quanto o de Parvati.

- Bem, eu tenho que ir... – disse finalmente se levantando, porque temia que não pudesse sustentar o sorriso por muito tempo – Tenho aula em 15 minutos!

- Tchau – disseram todos juntos

Apesar do desconforto de ter que mentir tão descaradamente ela estava satisfeita. Tinha saído de uma situação terrível e pela primeira vez, não fez papel de “tolinha”. Antes de sair ainda pode ouvir Hermione comentar em tom de censura.

- Eu disse pra vocês que ela não era mais criança!



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.