Capítulo 15



Capítulo 15

Os dias tornaram-se semanas. As semanas tornaram-se dois meses. O verão chegara. Mas Londres continuava sem conhecer um dia ensolarado.

Eles haviam perdido a noção dos dias. Apenas sabiam que estavam em maio. Sabiam também que a criança nasceria a qualquer instante. Angel reclamava que se sentia feia, gorda e inchada. Ele rebatia dizendo que ela estava linda, grávida e radiante.

-Não vejo a hora dessa criança nascer...

Estavam no sofá. Ela com a cabeça ombro dele.

-Mas pense bem. Depois que essa criança nascer, demorará muito até que tenhamos uma noite de sono sem interrupções, teremos fraldas a trocar...- ele agora enumerava.

-Eu acho que já ouvi o suficiente.- ela ria.

-Mas eu mal comecei.

-Eu definitivamente já ouvi o suficiente. Vou até a cozinha tomar um copo de leite. Você quer alguma coisa?

-Não. Você não quer que eu pegue para você?

-Eu estou grávida, não inválida.

-Está bem.

Ela levantou-se pesadamente. Ele acompanhava os movimentos dela com os olhos. Enquanto cruzava a porta da cozinha, ela cambaleou e escorou-se no batente da porta.

Ele levantou rapidamente. Caminhou até ela com passos rápidos. Ajudou-a a sustentar-se de pé. Uma poça transparente formava-se no chão.

Ele precisava levá-la até o Saint Mungus. Mas como? Ele olhou ao redor procurando uma solução. Viu a lareira. Claro. Pó de Flú. Ela apoiou-se mais nele. Estava sentindo dor.

Ele praticamente a carregou até a lareira. Era uma lareira apenas decorativa, mas servia. Precisava acender o fogo. Mas como? Sua varinha estava no quarto. Xingou-se mentalmente. Desde quando precisava de varinha?

Concentrou-se. Logo, um fogo crepitava alegremente. Ela apoiava-se cada vez mais nele. Ele jogou um punhado de Pó de Flú no fogo. Pegou-a no colo. Entrou nas chamas. Em instantes, estavam no Saint Mungus.

Ela foi tirada de seus braços. Como na primeira vez em que ele a levara até lá. Ele estava desorientado. Sem saber o que fazer sentou-se na sala de espera. Observando o movimento de pessoas que entravam e saíam. Olhou o relógio. Quase seis horas da tarde.

Minutos depois, uma família numerosa aparatou na sala. O barulho que a família fazia era ensurdecedor. Ele pôs-se a observar a família. O pai parecia desnorteado enquanto tentava silenciar os demais. Era um senhor de cabelos ruivos, com algumas falhas. A mãe era baixinha e gordinha. Ela gesticulava nervosamente com a curandeira que ocupava o balcão de atendimento.

Ele voltou sua atenção aos filhos, que finalmente haviam se acalmado. Um deles era robusto, de estatura média. Segundo o distintivo em sua jaqueta, trabalhava com dragões. Ele conversava com um rapaz de cabelos compridos e ruivos, presos em um rabo de cavalo. Havia um rapaz ruivo sentado de costas para ele. O rapaz demonstrava estar nervoso. Na frente do rapaz, havia um par de gêmeos idênticos.

Voltou novamente sua atenção à senhora que ainda gesticulava com a curandeira. Ele conseguia ouvir a conversa.

-Uma jovem ruiva, exatamente. Com algumas sardas, estatura média...

-Bem, sim, uma deu entrada no hospital há uns quarenta minutos. Quem a trouxe foi aquele jovem.- a curandeira apontou para ele.

Todos os ruivos viraram-se para ele. O rapaz sentado levantou-se rapidamente. Mas ficou parado. Os ruivos cochichavam entre si. A senhora veio rapidamente em sua direção. O homem ruivo impedia os filhos de irem em sua direção.

-Olá. Foi você quem a trouxe, não foi? Uma jovem ruiva...

-Sim. Fui eu. Ela não me disse como se chamava.

Aquilo era ridículo. Ele não sabia o nome de sua noiva. E estava perguntando para a mãe dela. Realmente, era ridículo.

-Ela se chama Virginia Angélica Weasley.

Weasley. Uma Weasley. E ele era noivo de uma Weasley? Por isso ela não lhe dissera seu nome. Provavelmente temia ser jogada na rua caso sua identidade fosse revelada. Nos primeiros dias, ele talvez fizesse isso, mas, agora, não a deixaria de forma alguma. Por isso ela ficara espantada quando ele dissera que não sabia o nome dela. A rixa entre as famílias Weasley e Malfoy era antiga.

-O que aconteceu? Ela passou mal na rua? Não deve estar se alimentando direito...

-Não, não foi isso. Ela estava em trabalho de parto.- ele a interrompeu. Estava atordoado. Uma Weasley?

-Obrigada.

A senhora se afastou. Visivelmente, ela também estava atordoada. Ele observou enquanto ela cochichava com o marido. Os filhos haviam se sentado. Mas, ao ouvir os cochichos da mãe, levantaram-se rapidamente. Os que aparentavam serem os mais velhos, tentavam acalmar os irmãos.

Nesse momento, uma curandeira com uma prancheta na mão entrou na sala.

-Há algum Alex aqui?

Ele levantou-se. Ela o chamava de Alex, não? Os ruivos se descontrolaram. Os pais precisaram acalmá-los rapidamente.

-Você se chama Alex?- ele foi abordado pela curandeira.

-Sim.

-Siga-me, por favor.

Ela o conduziu por um labirinto de corredores. Pararam em frente à porta de um quarto.

-Pode entrar.

E o deixou.

Ele entrou. Ali estava ela. Parecia cansada. Linda mesmo assim. Alguns fios ruivos estavam grudados na testa. O bebê não estava lá. Ele aproximou-se dela. Sentou-se na beirada da cama.

-Minha família está aí fora, não está?

-Está.

-Eu devia ter te contado que eu sou uma Weasley. Acho que agora você não quer mais casar comigo.- ela começara a tirar a aliança lentamente. Parecia conformada.

Ele tomou as mãos dela entre as suas. Impedindo-a. Pôs a aliança de volta no lugar.

-Aí é que você se engana. Eu ainda quero me casar com você, Virginia Angélica Weasley. No fim das contas, o apelido serve.

-Serve.- ela sorriu.

-Isso pelo menos você deveria ter me dito. Mas tudo bem. Eu não te disse que o apelido Alex também serve.

-Serve?

-Serve. Alexander é meu nome do meio. Mas onde está a criança?

-Com as curandeiras. Estão fazendo alguns exames nele. Apenas rotina.

-Então mais tarde eu volto. Acho melhor não estar aqui quando sua família entrar aqui e descobrir que você teve um filho meu. E que você está noiva. E não lhes contou.

-Você vai sustentar essa história?

-Que pergunta é essa? Claro que sim! Eu te disse que ia criar essa criança como minha, não disse? Pois então. Se isso significa você dizer para a sua família que eu sou o pai dessa criança, eu digo que é verdade. Agora, antes que sua família apareça, eu estou indo. Mais tarde eu volto, está bem?

Ela assentiu. Ele lhe beijou suavemente a testa e saiu.

Enquanto voltava para a sala de espera encontrou com os Weasley. Os irmãos dela lhe lançaram olhares de ódio.

Ele permaneceu esperando por uma hora. Então, o ruivo que aparentava ser o mais novo irrompeu no aposento. Esse ele tinha certeza de que conhecia.

O ruivo o agarrou pelo colarinho, ergueu-o da cadeira e o jogou contra a parede. Ele não conseguira esboçar reação. Ele colidira com força contra a parede.

-O que você fez com a minha irmã, Malfoy?

Ele então se lembrou. Era o Fuinha, como ele o chamava nos tempos de escola. O Weasley que sempre andava com o Potter.

-Eu? Nada.

O ruivo o pressionou mais contra a parede.

-Como nada? Ela teve um filho seu e você diz que não fez nada?

-Ah, é disso que você está falando. Se você não sabe de onde vêm os bebês, não serei eu quem vai te explicar.

-Ah, continua a mesma doninha sarcástica, Malfoy? Mas me diga, o que é você usou nela? Imperius? Bem que pode ter sido. Os Comensais não eram conhecidos por hesitarem em lançar uma das Imperdoáveis.

O ruivo foi atirado de costas ao chão. Por magia. Ele se descontrolara. Os olhos prateados faiscavam furiosamente. As pessoas presentes na sala observavam a cena discretamente, mas não interferiam.

O ruivo já se levantava quando um grito ecoou na sala.

-Ronald Weasley! Levante-se e não se atreva a sair do lugar!- a senhora virou-se do filho para ele.- A Gina está te chamando.

Ele seguiu em direção ao quarto. Não encontrou os Weasley. Sua cabeça latejava de dor. Seguiu mais uma vez pelo labirinto de corredores.

Entrou no quarto. Ela tinha um bebê no colo. Finalmente ele conheceria a criança que criaria como sua.

Ao ver a criança, soube imediatamente quem era o pai. O bebê não negava ser filho de quem era.

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