Capítulo 14



Capítulo 14

Ele a observava. As informações ecoando em sua mente. Foi ela quem quebrou o silêncio.

-Ah não...

-Não se preocupe...- ele começou, mas ela o interrompeu.

-Como assim?!- ela alteara a voz.

-Não precisa se preocupar. Eu tenho tudo arranjado.

-Arranjado como?! Como você quer que eu não me preocupe? Todos os bens da sua família foram confiscados! Você não tem mais nada!

-Tudo o que a família tinha com o nome Malfoy foi confiscado. O que não significa que tudo o que a família tem foi confiscado.

-Como assim?- ela se acalmara. Mas ainda não entendera.

-A família possui muitas propriedades e contas bancárias com outros nomes. Nomes falsos. Sabe como é, para reduzir impostos e evitar que tudo fosse confiscado. Além disso, o Ministério nunca ligaria esses nomes falsos à família Malfoy. Muito menos ao nome Lúcio Edward Malfoy. E mesmo que o Ministério o faça, essas propriedades e contas são totalmente legais. Fazem parte da herança acumulada da família.

-Você foi inocentado. E com esse dinheiro da família dá para pagar as indenizações para as famílias das pessoas que seu pai matou ou torturou.

-Exato. E ainda sobra. Nada com o que se preocupar, como eu disse. Está tudo terminado. Agora só me resta limpar o nome da família.

-Como?

-Bem, Lúcio tinha várias empresas, que ele usava como fachada para os negócios ilegais dele. Eu pretendo usar essas empresas.

-Família enrolada a sua, não?- Angel sorriu e foi para a cozinha.

-Você não sabe o quanto.- ele murmurou antes de segui-la.

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As semanas correram. Já estavam em março. Durante o café da manhã, ele a convidou para saírem do apartamento. Irem ao parque. Ver a macieira. Há dias não faziam isso. Ela andava silenciosa demais. Ela havia aceitado o convite, dizendo que ela realmente precisava sair. Isso fora horas antes. As corujas já haviam ido embora. Ela tinha ido para o quarto. Ele ficara na sala esperando-a. Cansando-se de esperar, ele foi até o quarto. Ela estava debruçada na janela. Pensativa. Ele a abraçou por trás. Ela ficou ereta, mas sem se virar para ele. Ele agora tinha as mãos na cintura dela. Ela pousou as mãos em cima das dele.

-O que você está pensando, Angel?- ele disse baixinho no ouvido dela.

-Eu queria te pedir uma coisa...

-Qualquer coisa.- ele a interrompeu.

-Não diga isso. Você não sabe o que eu vou pedir.

-Ela parecia temerosa em olhar para ele. Seus belos olhos castanhos miravam o horizonte. Ele não respondeu. Não havia o que responder. Ele apenas esperou.

-Você seria um pai para meu filho? Você o criaria como seu? Você o batizaria de Malfoy, Alex?

Ela o encurralara. Mas também lhe dera esperanças. Se ela lhe pedia para ser o pai da criança que dela nasceria, isso significava que ela não tinha nenhum relacionamento amoroso com o pai biológico. Mas quem seria, de fato, o pai? O que ele fizera para ter o direito paterno renegado?

-Mas e o pai biológico?

-Eu o considero morto.- a voz dela era fria.

-Angel.- ela virou-se para ele.- Não posso negar que você me pegou de surpresa...

-Eu não deveria ter pedido...Esqueça...

-Eu não disse isso. Você me pegou de surpresa. Mas você é o que eu mais amo nessa vida. Qualquer coisa vinda de você seria alçada ao mesmo pedestal. Se você me pede para criar essa criança, eu criarei. Se bem que eu não tenho a menor idéia de como fazer isso. Agora, quanto ao nome Malfoy, apenas com uma condição.

-Que seria...?

-Que você também o tenha.

-Você está me pedindo em casamento?- ela sorria.

-É, estou.

-Mas eu não posso casar gorda desse jeito.

-Eu já te disse, você não está gorda. Você está grávida. São coisas diferentes. E, aliás, você é uma grávida...Espere aí, você aceitou?- ele estava surpreso.

-É, aceitei. Mas o que você ia dizendo?- o sorriso dela se alargara.

-Eu ia dizendo que você é a grávida mais linda que eu já vi.

-Talvez porque eu tenha sido a única?- ela ria.

-Bem, isso são apenas detalhes. Mas o fato de você não querer casar grávida não impede que você fique noiva, impede?

-Não.

-Ótimo. Então. Já que vamos sair, já aproveitamos e compramos as alianças.

-Você ainda não desistiu de sair?- ela não demonstrava muito ânimo em sair.

-Claro que não.

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O poente os encontrou sentados à sombra da macieira frondosa às margens do Tâmisa. Estavam sentados na posição usual. À luz que se desvanecia, duas alianças brilhavam. Uma de ouro e esmeraldas. A outra, de prata e rubis. Alianças cintilando enquanto o sol se punha.

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