Capítulo 11



Capítulo 11

O que fazia ali? O que fazia no meio da multidão? Acompanhado por ela? O que ela fizera com sua vida? Como ela conseguira arrastá-lo para o meio da multidão? Simples. Não conseguia negar nada a ela. Alguém puxava o seu casaco. Era ela. Corada pelo frio. Os olhos brilhando. Os cabelos ruivos ao vento. A legítima filha do outono. Ainda estava frio. Estavam em algum dia em janeiro. O inverno finalmente cedia. Mas ainda ventava. Um vento cortante. Ela vestia as cores do outono. Tons de marrom. Ele vestia a cor do inverno. Preto. Angel tentava mudar isso. Sem muito sucesso. Ele insistia no preto. Estavam na frente de uma vitrine. Ela tentava convencê-lo a comprar uma malha cinza-chumbo. Ele resistia.

-Vamos! Você só usa preto! Está na hora de mudar um pouco!

-O que você tem contra preto?

-Eu? Nada, mas você usa preto demais. Tudo bem, fica bem para você. Mas aposto que cinza ficaria...

Algo estava errado. Muito errado. Ele ouvia gritos ao longe. O antebraço esquerdo queimava.

-Vamos embora! Agora!

-Mas...

Tarde demais. Ele já se fora. E a levara consigo. Estavam de volta ao apartamento. Ele soltou-a. Os gritos ainda ecoavam ao longe. Eles estavam insanos? Travar uma batalha bruxa em plena Londres? Ela olhava pela janela. Tentava enxergar o que acontecia. Ela só ouvia gritos. Assim como ele. Finalmente ela entendeu o que acontecia. Um grito agudo e breve escapou de seus lábios. Ela recuou em pânico. Ele estava no sofá. Apenas ouvindo. Ela sentou-se ao lado dele. Encolhendo-se contra ele. Ele, sem pensar, abraçou-a. Queria protegê-la. Ela agarrava-se a ele. Em agonia. Um anjo em agonia. Um anjo em sofrimento. Um anjo em desespero. Um anjo que se agarrava cada vez mais a ele. Um anjo que a cada grito se encolhia mais. Um anjo em desespero. Um anjo mergulhado em seu sofrimento. Por quem ela sofria? Por quem ela se desesperava? Por quem ela temia? Ela teria parentes na batalha? Ou ela apenas temia pelo futuro? Era naquela batalha que o futuro seria decidido. Naquele momento, o futuro do mundo bruxo estava em jogo. Assim como milhares de vidas. Naquele momento, uma guerra pessoal chegava ao fim. Quem vencesse condenaria o outro a uma vida de escuridão. Escuridão sob a forma de escravidão. Ou escuridão nas celas de Azkaban. Fosse como fosse, o mundo bruxo nunca mais seria o mesmo. As seqüelas demorariam para ser apagadas. As lembranças e memórias demorariam para se desvanecerem. A dor da perda demoraria para ser apagada dos corações.

Horas se passaram. Ela relaxara. Mas ainda encolhida a ele. Uma explosão. Mais forte que as anteriores. O antebraço esquerdo dele queimava. Com uma intensidade indescritível. Era muito pior que uma Imperdoável. Queimava e latejava. Uma dor aguda apossou-se dele. Uma dor que crescia. Ela o soltou. O pânico estampado em seus olhos. Ele caiu de joelhos. Ela o olhava assustada. Ele mergulhava em escuridão. A dor não abrandava. Irradiava do antebraço. Os nervos latejavam de dor. Ele tombou. Ainda conseguiu ouvir o grito dela. Escuridão. Apenas escuridão. E dor. Estava tudo terminado. Estava livre. Mas não das memórias. Não das lembranças. Não do amargor. Não das conseqüências. Não da ameaça de uma cela em Azkaban. Mas estava livre de um de seus infernos. Do maior deles.

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