Capítulo 7



Capítulo 7

Jogou-se no sofá negro da sala. Ali estava ela. Brilhando na noite. A Constelação do Dragão. Ele era nascido sob o signo do Dragão. Seu nome era Dragão. Em latim, claro. Fora da Casa da Serpente em Hogwarts. Aquele tempo lhe parecia tão distante. No tempo e no espaço. Aquele tempo estava perdido na memória. Aquele tempo onde sua maior preocupação era infernizar o Potter. Agora sua maior preocupação era apenas manter-se vivo. E fora da guerra. Não queria apodrecer em Azkaban. Não queria perder a alma. Mergulhar em insanidade. Queria estar consciente de si mesmo para viver em seu inferno. Um inferno em meio à vida pulsante do mundo. Não um inferno em meio aos condenados de Azkaban.

Com esses pensamentos, mergulhou em um torpor sonolento. Horas mais tarde mergulhou em um sono sem sonhos.

Antes que o sol se erguesse em glória, ele sentiu alguém se aninhando contra ele. Alguém com medo. Ele sentia a vibração do medo no ar. A tensão. Alguém com um perfume doce. Rosas. Sem se importar, dormiu novamente.

Uma luz fraca tremeluzindo. A luz se firmava. Se expandia. O ofuscava. O cegava.

Acordou. Não passara de um sonho. Um sonho que já se repetia. Significaria algo? O tempo diria.

Piscou para afastar as manchas que dançavam em sua visão devido à claridade. Uma pessoa na janela. A luz do sol a contornava. Um anjo. O que fazia um anjo ali? Lembrou-se. Era a filha do outono. ela virou-se.

-Bom dia! Desculpe-me por essa noite.

O que acontecera durante a noite? Forçou as lembranças a virem à tona. Então fora ela?

-Foi um sonho. Um sonho estranho...

-Estranho como?- simulou interesse.

-Estava escuro. Algo gorgolejava lentamente em um canto. Eu fui até lá. Havia uma luz prateada na escuridão. Uma luz quase sumindo. Uma luz com a forma de uma pessoa encolhida. Cheguei mais perto. Era sangue! Era sangue o que gorgolejava. Sangue ao redor da pessoa. Ela ergueu a cabeça. Era como se suplicasse que eu a ajudasse. A cabeça dela tombou. A luz se apagou. Só escuridão. Nada mais. Apenas escuridão. Então eu acordei. Estava tão assustada...Vim para a sala. Queria olhar as estrelas. Você estava dormindo...

-O resto eu já sei.- ela foi interrompida.

Ela tinha sonhos estranhos. Assim como ele. Teriam alguma coisa em comum? As respostas seriam dadas pelo tempo.

-Hoje eu vou no Saint Mungos. Fazer os exames, você sabe.

Não. Ele não sabia. Não queria saber.

-Precisa de dinheiro?

-Não. Ainda tenho. Sei economizar. Mesmo assim obrigada, Malfoy.

Outra coisa que o incomodava. Ela sabia seu nome. Ele nada sabia sobre ela.

-Como você se chama?- indagou. Aquele mistério tinha de ter um fim. Até anjos tinham nomes.

-Não sabe? Acho que não gostaria de saber...- ela sorriu tristemente.

-Não me interessa. Como se chama?

-Não lhe direi. Não agora.

-Tudo bem. Mas qual é a sua história?

-Você não sabe nada sobre mim?

-Não.

-Acho melhor que continue sem saber. Por enquanto.

Não houve resposta. Não havia resposta. Se fosse outra pessoa, uma Cruciatus resolveria. Mas não podia fazer isso com ela. Não conseguiria. Teria de esperar. Esperar até que ela decidisse confiar nele. O tempo se encarregaria disso. Não acreditava no destino. Acreditava no tempo. O tempo o levara à perdição. O tempo o condenara. O tempo era o único que podia arrancá-lo do inferno.

Quem era ele para pressioná-la? Não tinha esse direito. Se ela quisesse revelar algo, ele ouviria. Ela fora para a cozinha. Ele sentia isso. Ela o afetava de alguma maneira. Mas como? Deu de ombros. Ela era um anjo não era? A única que podia tirá-lo do seu inferno.

O antebraço esquerdo queimou. O inferno o convocava. Hora de ir. Um estalo e ele se fora.

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