O Verdadeiro Sequestro



Capítulo 29 – O Verdadeiro Seqüestro


 


 


 


 


 


 


HARRY SENTIU A madeira batendo contra suas costas. Ele já estivera ali, horas antes. Estavam de volta ao palco montado por Belatrix, estavam de volta ao Sidney Opera House. Vendo a gravidade da situação, tratou de recobrar os sentidos: ela estava há alguns metros dali, acendendo as luzes do palco.


- Tem que estar bem iluminado – ela dizia – para que todos possam ver a sua queda. Por mais que eu caia junto, ainda farei com que você fique por baixo – acrescentou Belatrix.


- Ninguém vai ver nada hoje – disse Harry, levantando-se – a polícia interditou este local horas atrás.


- E? – ela fez pouco caso – Que eu saiba você vai morrer mesmo assim – ela girou a varinha no ar, o raio verde passando a milímetros do ombro de Harry.


- Estupefaça! – ele berrou, mas Belatrix fugiu para os bastidores, para trás do tecido negro.


Harry correu atrás dela, sendo atrasado pela grande quantidade de pano em seu caminho. Ali atrás era escuro e silencioso: Belatrix estava escondida.


- Venha me pegar! – ele ouviu a voz de Belatrix em suas costas e fez a pontaria, mas antes que pudesse ordenar qualquer encantamento ela repetiu – Venha me pegar Potter!


Desta vez ela estava à sua esquerda, depois à sua direita e novamente nas suas costas. Se Harry não fizesse alguma coisa rápido iria morrer antes que pudesse desviar de qualquer feitiço. Mas como?


Estava rodeado de espelhos, é claro, mas eles também estavam camuflados no tecido preto. Era impossível saber quantos espelhos havia ali, muito menos saber onde estava a verdadeira Belatrix. Ele não podia desaparatar, se fizesse isso ela atacaria antes que ele desaparecesse por completo, como fez com Doby.


Então Harry teve uma idéia. Mirou a varinha não para uma Belatrix, mas para os diversos sacos de areia pendurados metros acima, sustentados apenas por uma corda. Harry murmurou discretamente:


- Diffindo! – e o emaranhado de cordas e sacos de areia despencou bem à sua frente. A onda do choque derrubou os espelhos, que se espatifaram no chão. Aproveitando a nuvem de areia que se erguia, ele correu para o espaço aberto do palco, pulando para o auditório.


Mas parece que Belatrix já havia previsto isso, pois ela o esperava no corredor central.


Olá – ela apontou a varinha, e Harry se atirou no espaço reservado à orquestra.


- Não se mate Harry – dizia Belatrix examinando o fosso – por que negar esse prazer a mim?


Harry estava escondendo nas sombras da borda do fosso, mentalizando o local onde queria ir. Antes que Belatrix pudesse fazer qualquer movimento, Harry desaparatou às suas costas, forçando sua varinha na garganta da bruxa.


- Sabe – ele sussurrava ao ouvido dela – você já disse bem umas vinte vezes que ia me matar, mas tentou bem poucas. ESTUPEFAÇA!


Harry só não a matou porque ela conseguiu se desvencilhar dele, mas mesmo assim foi atordoada pelo feitiço que acertou suas costas, derrubando-a no fosso dois metros abaixo.


- Expecto Patronum! – o veado irrompeu da sua varinha, e voltou-se para ele, como que esperando ordens – Sr. Weasley! Estamos na Ópera de Sidney! – e o veado saiu correndo como um raio de luz, mas não precisou ir muito longe, pois o Sr. Weasley já havia chego, com os membros da Armada de Dumbledore e os aurores.


- Harry – Hermione estava ofegante – deduzimos que estivesse aqui. Cadê...?


- Ela está lá embaixo – Harry respondeu, apontando para o fundo do fosso – vocês acham que...


- Duvido muito – o Sr. Weasley se aproximava – ela é rápida e pode ter usado um Feitiço Amortecedor. Acho melhor os aurores descerem para verificar...


- Não! – respondeu um deles – nós não vamos descer!


Harry, assim como os demais, ficou abismado com aquilo.


- Como? – Artur estava intrigado, de repente, arregalou os olhos como se algo tivesse se reorganizado em sua mente – É claro!


- Desculpe Sr. Weasley, mas o que é claro? – Harry perguntou.


- Os aurores estão sob efeito da Maldição Imperius! – Gina constatou – Como ninguém percebeu isso antes?


- Isso explica muita coisa – disse Harry.


Os membros da AD recuaram conforme os aurores cercavam o fosso, de onde Belatrix emergia sentada numa cadeira flutuante.


- Eu enfeiticei um deles antes de desaparatar de Azkaban! – ela explicou – Devo dizer que isso superou as minhas expectativas! – ela levantou da cadeira – E agora Harry, eu já posso matar você?


Ele ficou em silêncio, fitando-a nos olhos.


- Antes terá que nos matar primeiro – Gina, assim como os demais membros da AD formaram um muro a frente de Harry, protegendo-o.


- Isso não vai ser problema! – ela riu, sua risada ecoou no recinto – Avada...


- Quanta falta de classe, Belatrix! – a voz de Lúcio Malfoy surgiu da porta, e todos os olhares convergiram para ela.


- Lúcio?  C-como? – ela estava mais confusa que todos os outros.


- O exílio me impede de aparatar – ele ia se aproximando – não de realizar feitiços, muito menos feitiços convocatórios! – ele riu – a propósito, Artur, precisa consertar a marcha de sua moto, ela está emperrando.


- O que? – Artur perguntou.


- É claro que nós pagaremos pelo conserto da moto – disse Narcisa, surgindo pela mesma porta – parece que você não aprende não é mesmo, Leastrenge – era o sobrenome que ela tanto odiava.


- Como nos encontraram? – Harry perguntou.


- Eu roubei o galeão enfeitiçado de Colin Creevey, que Deus o tenha, quando fazia parte da Brigada Inquisitorial – disse Draco, surgindo detrás da mãe – pelo noticiário trouxa, deduzi que estivessem aqui.


- Veio nos ajudar? – perguntou Gina, desconfiada.


- É claro – Draco respondeu, e Harry lembrou-se do presente que Lúcio havia lhe dado.


- Podem confiar nele, ele veio nos ajudar – Harry respondeu.


- Desculpe interromper essa reuniãozinha – disse Leastrenge – mas estamos com um pouquinho de PRESSA!


- Pressa pra quê? – perguntou Narcisa, abrindo caminho entre o grupo.


Belatrix fitou-a nos olhos, berrando:


- Avada Kedavra! – todos, inclusive Narcisa conseguiram desviar do raio verde, espalhando-se pelo auditório.


Belatrix desaparatou para o segundo nível da platéia, e antes que pudesse acertar Narcisa com outro feitiço, ela havia desaparatado ao seu lado. Agora as duas duelavam lá em cima, enquanto dezenas de duelos ocorriam embaixo.


Harry e o Sr. Weasley davam cabo de um dos aurores, enquanto Gina, Hermione e Luna eram perseguidas por outros quatro. Xeno e Rony duelavam cada um com um e os outros membros da AD encurralavam o restante dos aurores em um canto, liderados por Neville. Jorge, Carlinhos e Gui davam cobertura aos demais.


Rony conseguiu estuporar o auror com quem duelava e juntou-se a Draco e Lúcio, que lutavam com três. Harry olhou para o lado e viu Gina sendo quase atingida por uma Maldição da Morte, e Luna já estava com um corte profundo no rosto. Neville ia estuporando os aurores um por um, visto que eles estavam tão espremidos que não podiam nem se mexer.


- Harry! – o Sr. Weasley chamou a atenção para o que Neville estava fazendo, mas Harry já havia entendido seu plano.


Com o passar do tempo, fizeram com que cada auror caísse na armadilha da AD, e fosse estuporado por Neville.


Só restava o duelo das duas irmãs na galeria.


Os outros podiam apenas assistir, pois se interferissem, poderiam ser atingidos. Enquanto Narcisa se esquivava dos feitiços inimigos com bastante habilidade, Belatrix jogava sujo. Ela usava apenas um feitiço: a Maldição da Morte.


- BOMBARDA! – ordenou Narcisa, produzindo um enorme buraco na balaustrada de ferro fundido, deixando a irmã de costas para o abismo. Por sorte, todos lá embaixo puderam desviar dos destroços – Expeliarmus! – ela gritou, e a irmã estava tão distraída pelos quilos de poeira que enchiam o ar que não pôde desviar do feitiço, despencando a mais de cinco metros de altura.


- PROTEGO! – Harry conjurou um escudo antes que ela se chocasse nas cadeiras cobertas de destroços pontiagudos. Belatrix então deslizou pela bolha, desacordada, e cambaleou para a porta.


Draco quis sair correndo para empedi-la, mas Gui o deteve.


- Não – ele segurou seu braço – ela não vai muito longe.


Então Harry e os outros se apressaram em retirar a maior parte dos escombros, para que pudessem passar. Hermione ia contendo os destroços com feitiços para que eles não desmoronassem. Um grupo subiu com Draco e Lúcio para atender Narcisa, e outro estava na porta do corredor, emudecido.


Harry aproximou-se para ver o que era, e viu uma cena que era de longe a mais horrível de sua vida.


Belatrix estava no chão, há uns cinco metros dali, sangrando e se debatendo. Naqueles poucos minutos o seu sangue já formava uma poça tão grande que cobria seu corpo inteiro, e aumentava mais a cada segundo, a cada batimento cardíaco. Como se não bastasse, seu corpo estava coberto de cortes e hematomas adquiridos durante seu duelo com Narcisa.


Ela se debatia, não conseguia dar-se por vencida, e tentava reerguer-se.


Harry ouviu o Sr. Weasley se aproximar quando Hermione lhe explicou:


- Belatrix está grávida de Greyback, não de Voldemort. Deve ter sido um castigo por suas falhas – ela comentou.


- E agora ela está perdendo o bebê – sussurrou Harry, entre gritos lancinantes de Belatrix.


- Não – corrigiu-o Hermione – muito pior...


Então Harry se deu conta do quanto ela estava sangrando.


- Isso quer dizer que o bebê a está... – Harry tentou bloquear essa idéia, mas foi confirmada por Hermione:


- Ela é uma pária, afinal – e Rony se aproximou.


- O QUE VOCÊS ESTÃO OLHANDO? SEUS INÚTEIS! – Belatrix berrava entre gemidos e espasmos de dor. Ela se contorcia em meio ao próprio sangue – ESTUPEFA...!


Ela apontou a varinha para o grupo que a observava da porta, ela havia quebrado durante a queda, então o feitiço saiu pela culatra e amorteceu seu braço.


- MALDITOS!!! – ela gritava, mais por dor do que por qualquer outra coisa. Harry sentia pena dela, de qualquer forma, ninguém merecia morrer daquela forma, comido por dentro. Mas não havia nada o que pudesse ser feito – FUI TÃO TOLA, TÃO TOLA!! – ela se contorcia, espirrando sangue pelas paredes.


Harry queria fazer alguma coisa, tirá-la dali e suavizar aquele sofrimento, mas nada poderia ser feito. O grupo de observadores só crescia para observar o triste fim de Belatrix, algumas meninas tapavam os ouvidos por causa dos gritos cortantes da bruxa.


Aos poucos, seja pelo grande numero de pessoas ou pela vontade de ajudar, o grupo foi se aproximando de Belatrix; que se contorcia, gritava e xingava cada vez mais.


Ela e Harry se entreolharam durante vários segundos, até que ela falou:


- Eu falhei – sua voz não passava de um sussurro – Eu falhei com você.


- Não – disse Harry – você falhou com si mesma.


Ela suspirou, estava chorando.


- EU FALHEI COM MILORDE! – ela berrava – eu falhei - ela repetiu, mais para si mesma – falhei.


Ela segurou a varinha com muita força para unir as partes quebradas, levantou-se encarando Harry com os olhos fora de foco.


- Não! – Gina e Hermione gritaram.


Belatrix teve forças apenas para murmurar:


- Avada Kedavra.


Belatrix Leastrenge havia apontado a varinha para a própria têmpora.

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