Debaixo da Meia-Lua



 


CAPÍTULO 15 - DEBAIXO DA MEIA-LUA


AQUILO NÃO ESTAVA ACONTECENDO, aquilo era para Harry um grande pesadelo, e ele temia acordar antes que pudesse alterá-lo. Sem dar explicações para ninguém, ele saiu correndo, mesmo sabendo que seria inútil pois o seqüestrador havia desaparatado. Quando chegou no quiosque, mudou de opinião. Na bancada de inox, estava gravado com a ponta incandescente de uma varinha, um manuscrito da Marca Negra de Voldemort.


Quando Hermione e Rony o alcançaram, não distinguiu seus rostos, estava tonto. Não conseguia arranjar uma explicação para o fato, pois ao que sabia, Belatrix era a única Comensal da Morte foragida, a não ser que mais alguém tivesse fugido, ou que ela estivesse usando Poção Polissuco.


Ambas as hipóteses foram descartadas enquanto eles discutiam a situação, sentados numa praça próxima. Se mais alguém tivesse fugido de Azkaban, com certeza saberiam; e se Belatrix quisesse seqüestrar Gina para atraí-lo a uma armadilha, teria feito questão de ser vista. Mas quem seria então?


Essa dúvida o consumiu por mais um dia, que passaram no teatro.


- Harry, tem certeza de que não tem idéia de onde ela possa estar? – perguntou Rony, que havia ficado bastante entusiasmado com o modo através do qual Harry descobriu os planos de Voldemort.


- Não – ele respondeu, seco. Sua única certeza agora que refletia, era que Belatrix jamais faria esse tipo de coisa. Afinal, ninguém facilita sua morte. Ela estav disposta a morrer por Voldemort, mas não a deixar que alguém a a matasse.


- Não existe mais alguém que possa querer te prejudicar, Harry? – perguntou Hermione.


- Se não são Comensais, quem pode ser? – ele respondeu com uma pergunta, mais para si do que para eles. Se sentia triplamente culpado por estarem ali. Ele escolheu a Alemanha, ele mentiu para a recepcionista sobre Ronald, e ele sugeriu que ficassem mais um pouco na Alemanha.


No entanto, parecia ter encontrado uma brecha naquela névoa. Se Gina foi seqüestrada, é claro que não foi por alguém do Ministério ou de Voldemort, pois estes pensam que eles estavam em qualquer outro lugar do mundo, menos na Alemanha. Porém, parecia óbvio que o seqüestrador os havia seguido até o teatro, e os visto trocar de identidade. Era um pouco difícil seguir quem desaparata, mas era fácil participar de uma desaparatação sem ser notado, ainda mais no meio de tanta gente...


- A MÃE! – Harry não pôde deixar de verbalizar seus pensamentos, de tão chocantes que eram. Alguém viu eles no Grande Prêmio de Mônaco, e os reconheceu. Então deve ter ouvido eles conversando sobre ir à Alemanha. O indivíduo certamente aumentava suas chances de encontrá-los indo para Berlim, onde, junto com um parceiro, se fingia de mãe preocupada e forçava uma briga para fazer uma desaparatação acompanhada sem ser notado.


- Com certeza foi assim que ele nos encontrou – disse Hermione, após ouvir outro discurso de Harry no mesmo palco – mas isso ainda não explica quem ele é.


- Vamos eliminar os grupos – começou Rony – esse sujeito com certeza quer nosso mal, então deve ser do mal.


- E... – Hermione parecia entediada.


- E... – ele continuou – como não é um Comensal, deve ser um partidário ou coisa do tipo.


- É claro! – Hermione se animou – Como alguém procurando por uma prova de que merece entrar para um grupo. Então esse “partidário”, quando nos viu em Mônaco, deve ter pensado que  nós fugimos do “cativeiro”, e está tentando nos capturar para nos devolver à Belatrix, que ficaria admirada e então ele ofereceria seus serviços e etc,etc,etc...


Harry visualisou o estranho genuflexo diante de Belatrix sentada num trono, com os quatro presos em um canto. Riu sem perceber.


- O que foi? – perguntou Hermione.


- Não acha isso um lugar-comum? – Hermione parecia preocupada com a sanidade do amigo – quer dizer, estamos na Alemanha!


- Agora não é hora para discutir as semelhanças da história bruxa e trouxa – pediu Hermione.


- Acho que isso pode ajudar – disse Rony.


- A sim! Vamos ressucitar Caridade Bourbage, para nos dar uma aulas extras de Estudos dos Trouxas!


- Não! – Rony interrompeu o raciocínio incorreto de Hermione – isso pode nos ajudar a saber onde ela está escondida.


- Mas é uma armadilha! – ela protestava.


- É CLARO QUE É UMA ARMADILHA HERMIONE, MAS O QUE PODEMOS FAZER? – Rony estava querendo redimir sua parcela de culpa.


- E você acha que eu não estou disposta a salvá-la? Acha que eu também não me sinto culpada por ter escolhido aquele hotel? – Hermione estava à beira de um colapso nervoso.


- SE A MODA É TRANSFERIR A CULPA, NADA DISSO TERIA ACONTECIDO SE VOLDEMORT NÃO TIVESSE NASCIDO – Harry encerrou a discussão.


 Naquela tarde, passaram a procurar por qualquer sinal dos “grupos” citados por Hermione.  Ao que parecia, o Muro de Berlim também havia divido famílias bruxas, que foram impedidas de desaparatar por barreiras mágicas postas por bruxos dispostos a interferir na sociedade trouxa, o que era proibido pelo Estatuto Internacional de Sigilo em Magia. Seja como for, diante disso, muitos bruxos passaram a odiar os trouxas, sendo bons apreciadores da conduta de Voldemort, e conseqüentemente eram anti-potter.


Gina deveria estar onde esses bruxos se reuniam, que provavelmete estariam perto de Checkpoint Charlie, como forma de protesto. Visitaram todos os estabelecimentos suspeitos com extrema cautela. A situação melhorou quando Harry foi chamado por um barman, logo que entrou num dos bares.


- Psiu! – ele o chamou – um homem deixou um bilhete aqui para você.


Harry se aproximou e recebeu discretamente um pequeno envelope por baixo do balcão, Rony e Hermione olhavam apreensivos.


- Ele tmbém disse para não aprontar, não chamar reforços – Harry acentiu, em silêncio.


Saíram o mais rápido possível, para poder ler o bilhete em segurança. Como esperado, a própria carta declamou uma pequna estrofe:


  A DAMA É SUA
SEI QUE TRAÍ-LO NÃO OUSA
O CORAÇÃO DELA PULSA
DEBAIXO DA MEIA-LUA
LOGO ATRAVÉS DA ÁGUA CRUA


 Em seguida se rasgou no ar.


- Ele não é um bom poeta – Hermione admitiu.


- O que quer dizer? – perguntou Rony.


- Que ele não escreve direito – respondeu Hermione.


- Perguntei do poema.


- É como uma charada – disse Harry – que nos leva até Gina.


- Tanto faz, ele é um imbecil. Como Gina poderia traí-lo? – refletiu Rony.


- Trair a minha posição – explicou Harry – Quer dizer que ela não pode nos mandar um Patrono nos dizendo onde está, pois ele será seguido, e nós seremos apanhados. O mesmo se aplica se nós mandarmos um Patrono para ela.


- Se o coração ainda pulsa, significa que ainda está viva – Rony eliminou a parte mais fácil.


- E quanto à “meia-lua”? – mesmo Hermione parecia confusa.


- Estamos na lua nova – Rony vasculhava o céu.


- “Logo através da água crua” – Harry repetiu. Esse verso também não fazia sentido algum. Sabia que estava deixando escapar algum detalhe, bem pequeno, que esteve bem debaixo do seu nariz por algns mínimos instantes, mas que talvez não fosse seu foco naquele momento específico...


Os lugares por onde passaram, foram muitos naquela grande viagem. Considerando apenas os locais em Berlim, também estes eram muitos. Lugares importantes, ele lá iria saber quais lugares eram importantes para um partidário de você-sabe-quem? Não, o subconsciente de Harry selecionava as informações. Devia ser um local conhecido de Harry, senão não faria sentido algum uma charada que não se conhece a resposta. A resposta está aqui, ele repetia para si mesmo, só esperando, como que na margem oposta de um rio...


Automaticamente, tudo fez sentido.


- Gina está debaixo da estação de Berlim, em forma de meia-lua, na margem do rio Spree – ele disse, já correndo. Quando percebeu que os amigos não o seguiam, virou-se – Vamos, antes que ele a jogue no rio.


- “Logo através da água crua” – Rony e Hermione compreenderam e sairam correndo atrás de Harry.


Agora pareciam conecer a cidade como a palma da mão, sem ter que pedir informações a ninguém. Em dez minutos, chegaram na estação que Harry admirou ao cruzarem o portão de Brademburgo. Como não se lembrara dela?


 Dentro da estação, moveram-se como se estivessem sendo puxados por um imã, e chegaram numa área restrita a funcionários, convenientemente deserta. Feitiço Antitrouxa, pensou Harry.


Entrou na sala que indicava ser da Manutenção de Terminais, e encontrou o ambiente escuro. Sua primeira visão foi de dois operadores que estavam com a garganta cortada, debruçados sobre um grande teclado. Os monitores mostravam as linhas de trem, e uma luzinha amarela piscava indicando “modo automático”.


- Meu Deus! – Hermione arregalou os olhos, cobrindo a boca para se proteger do cheiro de decomposição que já impregnava o ambiente.


Seguiram por um estreito corredor, que terminava numa pequena cozinha. Era ali que ela estava.


- Har... – ela gemeu, mas Harry fez sinal para que se calasse. Acendeu a varinha e revistou o recinto, o seqüestrador não estava ali. Só então falou com ela.


- Você está bem? – Harry até tentou, mas não conseguiu desfazer as amarras encantadas.


- Sim – ela respondeu, quando Rony e Hermione chegaram, fazendo as mesmas perguntas – ele saiu ainda a pouco, disse que ia para o rio...


Harry e Hermione se entreolharam.


- Infelizmente, não posso desfazer essas amarras – declarou Hermione – vamos ter que esperar ele chegar.


- Ele é um e você são três – disse Gina – vantagem numérica.


- Só tem ele? – Hermione pareceu impressionada.


- Mas não é nenhum idiota – disse Gina – para nos seguir até aqui.... – aparentemente Harry estava certo quanto ao plano do homem.


- Bem... – Harry foi tirando a Capa da Invisibilidade da mochila.


- Ele vai usar Homenum Revelio – alertou Gina, não vai adiantar.


Harry voltou para os monitores, e jogou nos corpos um Feitiço da Desilusão.


- O que está fazendo? – perguntou Hermione, confusa.


- Você vai ver em breve.


Circulou e começou a conjurar algumas placas, semelhantes áquelas utilizadas pela polícia para sinalizar provas. Colocou-as sobre os monitores. Fez o mesmo com uma fita amarela, que colou na porta, bloqueando-a com um X. Aquele plano era o mais idiota que Harry já vira, mas podia dar certo.


- Você vai falar que alguns policiais apareceram, mas não chegaram a entrar nessa cozinha – Harry pediu para Gina, que também pareceu confusa – confie em mim.


- E eu? – Rony não estava contente por estar avulso.


- Você sai e me avisa se ele vem vindo – pediu Harry, conjurando alguns feitiços para remover o cheiro de decomposição.


- Ele vem vindo – disse Rony, Harry fechou a porta e saiu para fora da sala de Manutenção de Terminais,e cobriu todos com a Capa.


Quando o aspirante a Comensal parou na porta, um segundo depois, Harry pôde vê-lo com clareza. Era loiro e tinha uma franja espessa que lhe cobria o olhar. O sobretudo de couro preto lhe garantia um ar de militar futurista. Quando olhou para os lados, sua franja se ergueu, revelando um par de olhos tão vermelhos que pareciam estar com conjuntivite. Estranhou a fita na porta, mas entrou. Soltou um sonoro palavrão ao notar a ausência dos corpos. Harry ouvia atentamente, os amigos faziam a questão de prender a respiração.


- Quem esteve aqui? – ele não tinha sotaque, o inglês devia ser sua língua obrigatória, não gritava, mas sua voz transmitia um peso treinado.


- Alguns policiais encontraram os corpos, mas esqueceram de revistar a cozinha – Harry rezou para que a namorada fosse convincente.


- Hum – o homem estranhou – Nesse caso, terei que ser um pouco mais rápido, pois eu acho que o seu namoradinho tem companhiaaa.....


- NÃO! Eu peço que espere um pouco mais – essa última parte er direcionada para Harry – talvez eu lhe possa ser útil, você deve estar tão cansado... – essa parte não.


- Talvez, mas para isso terei de soltá-la dessas amarras e convenhamos, você fica muito mais bonitinha amarrada – Harry teve muita presença de espírito para não arranjar um novo uso para o Feitiço Confraggio.


- Mas acho melhor um lugar mais reservado, sabe, eles podem voltar a qualquer momento – Gina continuava.


- Pois bem , você tem razão, vamos para outro lugar. Quero ver o que esse Potter tanto gosta... – e soltou as amarras com um aceno de varinha.


- Obrigada por me soltar – Gina posicionou-o de costas para a porta, abraçando-o. No mesmo abraço, recuperou sua varinha.


- Para onde vamos agora? – o seqüestrador perguntou, seus olhos vermelhos cheios de malícia.


- PARA O QUINTO DOS INFERNOS – Harry o estuporou pelas costas, e Gina desaparatou ao seu lado


O bruxo virou sua franja completamente para trás, seus olhos agora vermelhos de ódio:


- Maldito! – o jorro verde acertou a porta, no que Harry a fechou com a varinha. O bruxo a chutou – Volte aqui!!!!


Eles corriam pela plataforma da estação, mas o bruxo parecia dar dez passos por  vez, ao invés de um, e os alcançou num pulo.


- Estavam querendo me enganar? – ele pressionava a varinha na aorta de Gina.


- Devo dizer que não foi muito difícil – zombou Harry, mirando não no peito do bruxo, mas bem mais para baixo – solte-a – sua voz ecoou na plataforma, quase vazia no fim de tarde. O próximo trem iria chegar em breve e então qualquer ação seria impossível. No entanto... –  solte-a – ele repetiu, mais forte, o trem agora se aproximava da plataforma. As pessoas do lado oposto se preparavam para embarcar, por um milagre ninguém percebia a luta do outro lado.


- Vou deixá-la no meio do caminho – o bruxo fazia exatamente o que Harry queria.


Harry piscou para ela, e sorriu. O trem se aproximava, Harry começava a imaginar como seria seu interior, e como chegaria lá. No exato momento que o trem parou, Harry desaparatou para Gina, e em seguida para dentro do trem, desaparecendo junto com os três amigos em meio á multidão que desembarcava, deixando o oponente completamente desnorteado.

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