O Baú de Memórias



Capítulo 20 – O Baú de Memórias


  


 


TRÊS HORAS MAIS TARDE, ESTAVAM eles na barraca do Sr. Lovergood perguntando-se o que iriam fazer em seguida. Xeno, apesar de muito preocupado, estava correspondendo com outros observadores de Bufadores de Chifre Enrrugado, sobre o que constatou naquele final de tarde.


A volta daquela observação foi mais rápida que a ida, mesmo assim já passavam das sete  horas da noite, quase oito.


Hermione estava demostrando ser muito mais forte do que aparentava, à vista que Belatrix poderia já ter amaldiçoado seus pais. Harry não pode deixar de se sentir penalizado, e fazia o possível para consolá-la. Rony e Gina também pareciam em transe, uam vez que já haviam experimentadao a sensação de poder perder um ente querido a qualquer momento. Já Luna fazia questão de distrais Hermione com suas teorias de sobre como os zomzóbulos conseguem entrar mais facilmente nas mentes vazias.


- Não se preocupe! – dizia ela – você é uma das pessoas com o bloqueio mental mais forte que eu já vi.


Hermione se limitava a sorrir, lacrimosa.


- Já estamos prontos – disse Xenófilo, entregando um maço de cartas à coruja entregadora – não se preocupe minha filha, nós daremos um jeito.


- Harry – ela sussurrou – por favor – ela ergueu os olhos na direção do amigo – não deixe ele interferir – sussurrou, mas sabia muiti bem que quase nada poderia ser feito.


Harry estava ciente de que aquele pesadelo estava chegando ao fim, e que finalmente poderia viver alguns dias em paz quando, afinal de contas nem precisava saber onde ir, forças que desconhecia o impeliam para frente na direção da Austrália.


Desaparataram.


 


Sidney Cove, 5:30 da manhã.


Não havia nenhum sinal do sol, que ainda teria mais meia hora de sono. Apesar de tudo, a brisa do mar e a multidão de gaivotas e pelicanos envoltos no sono de um  ameno verão austral, pareciam aflitos, como se soubessem que possivelmente o fato mais misterioso da vida de muitos estava para se revelar.


Nenhuma alma humana no píer, exceto pelos sete corajosos seres que surgiram do nada, em meio à ruídos de indignação de algumas criaturas do litoral.


Fazia calor. Harry percebeu esse fato após alguns passos, quando sentiu sua roupa ensopada grudando no peito, costas e abaixo dos braços. Se deu conta de que deveria tirar alguns dos seus casacos para poder proseguir.


Começou pela jaqueta, que encolheu e achou seu lugar na mochila transversal e após uns minutos estava apenas de jeans e camiseta.


O grupo chegou  um enfileirado de lanchas e outros barcos com nomes femininos. Mais adiante surgiu uma escada de pedra que os guiou ao nível da rua. Harry girou em torno de si e pôde admirar os contornos bem-iluminados da ponte de Sidney e do Teatro da Ópera, a obra-prima de Jorn Utzon, a famosa  caravela de concreto erguida entre 1959 e 1973.


- Vamos por aqui – ele sugeriu, apontando para uma rua transversal à que estavam. Não tinha certeza se era o caminho certo, mas as moscas em sua barriga lhe diziam que era um forte candidato.


Agora que se encontravam naquela parte da cidade, o sol começava a surgir, bem como os comerciantes começavam a abrir suas portas bem mais cedo para aproveitar ao máximo aquelatemporada de verão. Em algumas vitrines já era possível admirar discretos enfeites natalinos, mas Luna não deixou de ficar extasiada diante da figura de um Papai Noel em trajes de banho movimentando-se sem nenhum auxílio na entrada de uma livraria.


- É apenas um robô – tranqüilizou-a Harry.


- Não – ela insistia – tenho certeza de que vi uma colônia de zomzóbulos no ouvido desse cidadão – e apontou para o Papai Noel, que sorria ingênuo, balançando o seu sino do outro lado do vidro.


- Eu sei – Rony foi distanciando Luna com cuidado do vidro – isso também me assusta às vezes.


- Por onde vamos começar a procurar? – perguntou Gina.


- Temos que ter cuidado – lembrou Harry – qualquer passo em falso pode ter um custo enorme – ele tinha em mente uma imagem de Belatrix semelhante à uma bomba relógio, prestes a explodir bem ao lado de Harry. E depois, com ele fora do caminho...


- Mas precisamos começar por algum lugar! – disse Xenófilo, impaciente coma deriva do grupo por ruas desconhecidas em um mundo desconhecido.


- Tenho certeza de que ela quer chamar a atenção, portanto será num local bem conhecido.


- Será o quê? – Rony pedia para recaptular, quando iam entrando numa cafeteria próxima.


- Ela vai estar num local público quando for matar Neville. – Harry não queria pronunciar essas palavras.


- Mas pensei que ela fosse obrigar Neville a atacá-la – refletiu Hermione.


- Ela não sabe do plano do Lord Voldemort – explicou Harry – ele apenas disse a ela para me matar, o que resultaria num duelo entre eu e Belatrix, que acabaria se sacrificando pelo filho sem saber. O filho nascendo, teria uma proteção máxima contra mim, e viria atrás de mim buscando vingança.


- Ela só sabe da primeira parte – repetiu Luna – então deve ter pego Neville apenas por...


- Diversão – completou Hary, de repente essa palavra se tornou absurdamente cruel.


- Então temos as seguintes opções – Gina trouxe todos de volta à realidade, exceto Xeno, que observava através da porta dupla da cozinha um par de fornos industrias – o centro financeiro, todos aqueles prédios enormes onde ciriculam muitas pessoas...


- Não sei se ela estaria lá – ajudou Hermione – tem muita segurança, e acredito que o Ministério já avisou a polícia trouxa logo depois de fugirmos da Romênia.


Harry olhou ao redor, refletindo. O padeiro tentando empurrar para Xeno uma imensa cesta com alfajores, mas, ao que tudo indicava, este pensava se tratar de algo venenoso.


- Ora vamos! Isso é bem melhor que sua sopa de Dílex de água doce! – Hermine  se levantou para pagar alguns alfajores para o grupo, que estava sem comer a mais de cionco  horas – Obrigada – e foi saindo, sem notar um detalhe que a Harry não escapou: havia um pôster na vitrine da padaria, um anúncio para um musical famoso que irira ser executado naquela noite na...


- ÓPERA DE SIDNEY! – Harry não se conteve.


- A sim, o prédio foi fechado fazem alguns dias para reforma – informou o padeiro, ao notar o entusiasmo do rapaz – mas vai abrir hoje à noite para...


Mas Harry já estava longe, “fechado para reforma” era tudo o que precisavam. Sua única dúvida era se Belatrix também havia armado o musical.


- Vamos procuara seus pais – Harry disse para Hermione enquanto andavam – como disse que se chaavam mesmo?


- Wendell...e Mônica... – a garota se esforçava para acompanhá-lo – Wilkins! HARRY, PARE DE CORRER TANTO ASSIM!


- Não temos tempo! – ele gritou, quatro quadras adiante – algo me diz que temos apenas quinze horas para salvar os seus pais e o Neville.


Quand ela o alcançou já estava dentro de uma cabine telefônica, ditando os nomes para a telefonista.


- Wilkins! – ele disse, e esperou a resposta.


- Wendel – respondeu a voz metálica – Gators Dr., 57.... – e foi relatando outros dados, mas Harry só precisava do endereço. Saiu da cabine e fez o caminho inverso, voltando para a livraria com o Papai Noel em trajes de banho na vitrine. Milagrosamente, ela já estava aberta.


Sem pedir auxílio a nenhum atendente, chegou na seção de mapas onde estava bem visível um guia da cidade de Sidney. Perguntou para alguém em que rua estavam e consultou no mapa. Chegar na Gators Dr. seria muito mais fácil que o imaginado: ficava exatamente duas quadra dali em linha reta.


Cinco minutos após, o grupo estava na frente de um portão de ferro trabalhado, que dava acesso a uma casa espremida entre vários prédios altos. A casa era grande e tinha uma fachada retangular em estilo colonial, sem muitos itens decorativos. As cores claras davam um aspecto acolhedor, contrastando com o pequeno jardim de uns quatro metros quadrados, que estava castigado pelo sol forte, e parecia há muito não ser regado.


Heermione absorveu o cenário e pareceu satisfeita por seus pais estarem vivendo relativamente bem na Austrália, assim se sentia menos culpada.


- Vamos entrar? – Harry acrdou a amiga do seu devaneio, quando constatou que o portão abriria sem muito esforço.


- Sim, claro – ela procurava por pessoas através das largas janelas conforme iam atravesando o jardim, embora o ar seco dentro da casa denunciasse seu abandono quando Harry abriu a porta.


- Eles não estão aqui, Harry, aconteceu – ela preferia ouvir as palavras da sua própria boca.


- Não se preocupe – disse Xenófilo, com uma mão fechando a porta e com a outra afagando o ombro de Hermione.


Harry caminhou pelo hall. A casa em si seguia uma planta mais atual, semelhante à da Rua dos Alfeneiros, embora fosse bem maior. Ao lado da escada havia um aparador com fotos de família, sorrisos imóveis e desbotados em meio à cangurus e coalas. A Sra. Granger era exatamente igual à filha, exceto pelo cabelo mais escuro, e pela silhueta mais arredondada; já o pai de Hermione era um homem alto, a testa larga escondida pelos poucos fios loiros que a calvice ainda não consumira.


Curioso, Harry abriu o armário sob a escada e ficou surpreso em constatar que estva vazio, com exceção de um grande e pesado baú que fora deixado ali na mudança, pois havia uma grande quantidade de plástico bolha ao seu lado.


Ele se aproximou do móvel e entendeu porque fora deixado ali. Hermione temia que seu feitiço desse errado, então se isso acontecesse, o baú se abriria revelando uma vida inteira de memórias e recordações.


- Hermione – ele chamou, e apontou para o baú.


- Ah sim! – ela pareceu admirada – você deve saber que feitiços da memória muito fortes como o que lancei em meus pais são muito complicados para serem desfeitos, e exigem medidas preventivas como esta – ela suspirou – vamos subir.


Antes de subir a escada, Harry lançou um olhar para dentro da casa, no corredor que dava acesso à sala de jantar, de estar e à área de serviço. Era incrível como a casa estava vazia a tão pouco tempo e mesmo assim parecia em estado de decomposição, dona de uma atmosfera quase agourenta.


Ao chegar no piso superior, ali só haviam quartos, a maioria desocupados ou convertidos em consultório odontológico, que Rony pensou se tratar de uma sala de tortura, principalmente depois de notar os aparelhos de raio X e de esterilização.


- Pelo menos eles continuaram fazendo o que gostam – Hermione sorriu, na sala de espera que ficava no fim do corredor. Dali saía uma escada que dava para os fundos da casa, na rua de trás, onde era a entrada do consultório.


Logo ali havia numa mesa uma secretária eletrônica. Harry se aproximou, havia quinze mensagens. Apertou o botão. Após um bipe, as mensagens começaram a ser relidas, e vozes desconhecidas começaram a soar.


 


“Olá Dr. Wendel – dizia uma voz de mulher – aqui é a Sara, etou ligando apenas para confirmar as obturações do meu filho...– Harry rejeitou a mensagem e passou para a próxima.


“Aqui é o Roger, estou querendo confirmar a minha consulta...” “...queria  apenas saber se vão atender nesse feriado...” “...minha filha  está com dor de dente, o que eu faço?” “...pois bem, gostaria de saber se aceitam o meu plano odontológico”. Algumas mensagens se repetiam até três vezes, quando Harry finalmente encontrou a última mensagem. Todos estavam ali agora,  e escutavam com tanta atenção que pareciam temer que houvesse uma bomba dentro do aparelho.


 


“Olá –dizia uma voz excessivamente simpática o senhor acaba de ganhar uma viagem de três dias com tudo pago pra o Monte Outback! – Harry prendeu a respiração, como se dali fose emanar certo gás tóxico – Isso é o que queremos que o senhor escute após participar da nossa promoção....” – todos preciam prestes a desmaiar de exaustão, sem saber se riam ou choravam.


 


- Pensei que fosse algo pior! – suspirou Gina.


Mas ao olhar para o chão, algo assustou Harry. Um bilhete que poderia muito bem ter sido trazido pelo vento se as janelas não estivessem fechadas:


 


Potter,


 Por que procura por esses lugares sendo que sabe exatamente onde está o que você mais quer? Não perca seu precioso tempo! Venha comer um bolinho comigo, estarei te esperando.


 Bellatrix Leastrenge
Futura mamãe


 


Harry não notou que Hermione também havia lido o bilhete, por cima do seu ombro. Quando tentou ocultá-lo a menina segurou seu braço:


- Harry – ela acenou com a cabeça na direção do aparelho – a promoção é de uma fábrica de bolos.


 


“...para isso, você precisa apresentar as embalagens dos nossos produtos pessoalmente na nossa sede, em Sidney. Venha IMEDIATAMENTE, pois assim terá  mais chances de ganhar!” a mensagem acabava ali.


[Oi gente! É, agora a fic está chegando ao fim, e prometo que este será emocionante. Estão por vir mais uns quatro ou cinco capítulos, curtos, mas não muito (se não fossem, vocês não agüentariam tantas reviravoltas de uma só vez) Espero que entendam se aparecer um pequeno hiatus, pois vou ter muita matéria pra repôr devido ao recesso da gripe suína.... Um grande abraço, AUGUSTO]

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