Um Ninho e Uma Idéia



QUINZE? – PENSOU HARRY, Gina vinha preparando os seus pães de mel na forma de algarismos: uma contagem regressiva para o seu retorno à Hogwarts. As aulas seriam ministradas normalmente, já que o castelo fora inteiramente reconstruído seguindo as plantas rigorosamente precisas de Godric Griffindor, encontradas no topo da Torre da Grifinória muito bem preservadas, o sistema de escadas nômades também tivera de ser restaurado, pois muitas escadas acabaram despencando. Tudo estava exatamente como antes, exceto pelos NOM’s e NIEM’s, que não puderam ser aplicados.


Tudo isso Harry lia num jornal deixado à sua frente na mesa do café, pelo Sr. Wesley.


Quando pôs a xícara na pia, uma segunda coruja chegou, carregando uma única carta com o selo de Hogwarts: a de Gina. Harry recolheu a carta e a coruja foi embora, quando subiu, encontrou Gina revisando pela décima quinta vez o conteúdo de seu malão. Fazia muito sol ali, Harry não entrava no quarto dela desde aquele incidente em seu aniversário de desessete anos.


- Oi – disse Harry, meio sem jeito


- Oi – disse Gina descendo do malão, sobre o qual estava sentada, fazendo pressão para fechar.


- Tenho uma carta de Hogwarts para você – e entregou a carta.


Gina abriu, não era como a tradicional carta de Hogwarts, com alguns lembretes e uma lista de material obrigatório, era praticamente um rolo de uns dois metros de pergaminho contendo um edital sobre os procedimentos de avaliação dos exames de NOM e/ou NIEM atrasados:


 


Srta. Wesley,


É com sinceridade que lhe envio o edital para a prestação atrasada de NOM’s (Níveis Ordinários de Magia), com justificativa já há muito sabida, eis que:


DEPARTAMENTO DE REGULAMENTAÇÃO DE LEIS EM MAGIA


COMISSÃO DE QUALIDADE DO ENSINO MÁGICO


SEÇÃO DE EXAMES


 


Faz saber que, as provas de Níveis Ordinários de Magia da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, para a turma de quinto ano de 1996, não realizada por motvo de luto devido à morte de seu diretor, e mesmo aquelas realizadas no ano seguinte, invalidadas devido à perda de documentos durante a Batalha de Hogwarts, serão realizadas ao dia 1º de outubro de 1998, um mês após o início do ano letivo, ou sob agendamento prévio com no máximo uma semana de antecedência


 


SOBRE A PROVA


 


Em sua essência permanecerá igual, só auterando-se a data de aplicação.


Também permanecem iguais os tempos e as normas de conduta durante sua realização.


 SOBRE O LOCAL


 Será aplicada na Instituição, sob monitoramento dos professores, sendo estes respectivos á planos curriculares que não ao da prova


 AGENDAMENTO


 O aluno que por conveniência ou necessidade, queira alterar o dia ou o horário da prestação de seu exame, deverá encaminhar um requerimento à Seção de Exames do Ministério da Magia, com seu número de matrícula, justificativa, data horário que gostaria de prestar exame e assinatura dos responsáveis reconhecidos, se for menor de idade, ou do próprio aluno, se já tiver a maioridade reconhecida. Este requerimento deverá estar EM MÃOS da Seção de Exames até o dia 23 de agosto de 1998, não sendo aceita outra forma de requerimento senão a escrita.


As provas agendadas serão realizadas com as mesmas condições apresentadas nos itens 1 e 2 deste Edital.


 Londres, 15 de Agosto de 1998


 


Anastácia Stinf


Chefe do Departamento de Exames do Ministério da Magia


 


 


Publique-se e registre-se


 


 


        


 


         Cordialmente, Profª Minerva McGonnagal


Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


        


   Aquilo era o que Harry conseguiu ler, daquele ângulo em que estava sua cabeça teve de ficar em uma posição absurda. Passado algum tempo, ele mesmo se perguntou qual sua razão de ainda estar no quarto, foi Hermione quem lhe salvou do momento embaraçoso:


- Harry – ela perguntou – pode me ajudar aqui? – ela descia as escadas carregando uma imensa pilha de livros, livros estes que ela havia descartado na missão das Horcruxes, e que provavelmente iria icinerar ou coisa do tipo.


- Parece que vai queimar isso tudo não vai? – ele perguntou, arcando sob o peso bem maior que o esperado.


- O quê?! – Hermione parecia indignada com a sugestão, como se alguém lhe tivesse convidado para matar aula – esses livros, apesar de imprestáveis – ela fitou “Teoria de Defesa em Magia” – são RELÍQUIAS, Harry.


Harry segurou o ataque de riso.


- Por isso, quero que você me ajude a levar estes livros para o meu cofre no Gringotes – a calma e a seriedade dela eram hilariantes.


É claro que aquele era só um artifício para sair de casa e ter alguém para conversar, de fato, Hermione poderia muito bem levá-los por aparatação ou com um Feitiço da Levitação.


O Beco Diagonal estava mais apinhado de gente do que nunca, muitas lojas haviam reaberto e muitas pessoas voltavam de seus exílios, isso sem contar a confirmação da reabertura de Hogwarts em pouco mais de quinze dias.


- Então a Gina precisa de ajuda – disse Hermione, enquanto entravam na Floreios e Borrões – se ela quer fazer as provas antecipadas, eu posso ajudá-la a revisar a teoria e você, a prática.


- Hum – disse Harry, muito mais indicando que o recepcionista queria atendê-los do que acentindo ao comentário de Hermione.


- O que desejam meus jovens? – o homenzinho tinha nas mãos uma rede para borboletas, presa por um longo cabo, e ao ver que Harry a observava, acrescentou:


- Isso é para eles – e apontou para o teto onde, para surpresa de Harry, flutuavam dezenas de exemplares do “Livro Levitante da Levitação” – hoje em dia o que se mais faz é transformar a teoria em prática!


- É mesmo impressionante – Harry não ouvia esse comentário da amiga desde que Fred e Jorge lançaram o Chapéu da Invisibilidade – mas acho que vou querer só uns vinte metros de revestimento de couro de dragão, alguns grampos e tinta.


“Alguns?”, Harry pensou, vinte metros de couro de dragão equivaliam a metade do dorso, considerando a largura padrão.


- Quanto à tinta eu posso lhe ajudar, agora quanto ao revestimento, pode ir ali na Belotrapo – e indicou uma loja do outro lado da via, a uns quinze metros dali.


Harry não se lembrava daquela loja, talvez Neville houvesse lhe dito que era ali que sua avó comprava as suas roupas extravagantes. A loja tinha duas vitrines, uma de cada lado da porta, e ambas incrivelmente ridículas: do lado esquerdo havia um modelo de macacão roxo cuja sujestão de acompanhamento era uma saia verde de bailarina, e um chapéu de palha. Já do lado direito, havia um projeto de modelo mais social, um ternimho laranja com uma blusa de renda em dourado.


- Super discreto – a vendedora teceu ao perceber que tanto Hermione e Harry como todos os transeuntes olhavam com desaprovação para o modelo sugerido – ela aparentava ter cerca de vinte e três anos, no entanto, possuía uma espinha absurdamente grande na ponta do nariz.


Harry não conseguia conter o riso, de modo que parecia estar sofrendo de tuberculose. Por onde quer que olhassem, havia um banner ressaltando como era bom comprar na Belotrapo, mas aparentemente só se entrava ali para pedir informção.


- Posso ajudá-los – a vendedora bem que tentou estabelecer contato com os fregueses em potencial, mas foi logo atropelada por duas outras, que vieram correndo da mesa do cafezinho.


- Garanto que eu poderei ajudá-los bem mais – partiu uma das vendedoras, cuja feição nem vale a pena comentar.


- Vá passar café! – desta vez foi Hermione que não se conteve, e desatou a rir, cobrindo a face com as mãos. Que forma mais imbecil de se retrucar alguém! – Me desculpem – ela fingia assoar o nariz, numa óbvia intenção de esconder a espinha – o que desejam?


Hermione deu a lista do que precisava mas pela segunda vez não as conseguiu. Decidida, resolveu continuar sozinha, talvez encontrasse algo parecido na Artigos de Qualidade para Quadribol. No caminho, Harry parou na Gemialidades Weasley.


- Bom dia – ele saudou, e um vendedor novato o atendeu:


- Bom dia – ele era assustadoramente parecido com Fred, e Harry suspeitou que Jorge o havia contratado exatamente por  isso – o que deseja? – no entanto era muito mais frio.


- Eu gostaria de ver o Jorge – Harry achava assustador ninguém o reconhecer, estariam cegos?


- Claro! Ele está lá nos fundos.


A loja havia sido ampliada e toda reformulada depois da morte de Fred. As caixas haviam sido agrupadas em pilhas de acordo com o produto que continham, embora eles pudessem muito bem ser convocados com Accio.


Jorge estava numa sala acessível por meio de uma escada em espiral muito enferrujada, anexada atrás do balcão, terminando exatamente no centro do teto; o que fazia a extrutura ficar em um ângulo impossível.


- Olá Harry! – disse ele, sua fala abafada pela roupa de proteção que usava,  já que ele e Vera estavam realizando alguns experimentos com buborelas, e estavam naturalmente, cobertos de pus. – andei pensando em você ultimamente. Você pareceu meio preocupado desde aquele incidente com o depoimento da Belatrix.


- Estou bem, obrigado – muito poucas pessoas sabiam o que Belatrix havia dito naquele depoimento, e Harry temia que ela pudesse usar isso a seu favor. Ou será que por isso mesmo teria dito aquilo de propósito? De uma coisa Harry estava convencido: ela não era uma Horcrux.


- Não ligue pra essas coisas, Harry – disse Vera, com sua voz suave – ou você vai acabar ficando velho antes do tempo.


- Claro – Harry ficou meio sem jeito, não gostava que os outros tentassem adivinhar o que ele estava sentindo.


- E o que o trás até a minha humilde loja de logros? –Jorge limpava as mãos com um pano.


- Hermione não consegue achar o necessário para proteger os seus livros, então resolveu continuar sozinha, e eu parei aqui para fazer uma visita.


- Que ótimo! – Vera disse, tremendamente alivida – poderia nos ajudar com essa buborela?


Harry sacou sua varinha escondida no cós do jeans e fez a buborela levitar, com mais dificuldade do que esperava.


- Como vão as vendas? – Harry perguntou, enquanto fazia a planta desviar das apinhadas estantes de vidraria, temendo fazer estourar alguns furúnculos.


- Vão bem, é claro que caíram um pouco durante a Guerra, mas a produção também foi desproporcional, mas agora que eu e Vera lançamos a pedra vocálica foi realmente um estouro!


Ploft! A buborela havia esbarrado em um funil de decantação. Ao que parecia, Jorge estava querendo evitar se lembrar do irmão.


- E a buborela? – Harry mudou de assunto, quando finalmente acentou o vegetal num vaso próximo.


- Estamos confeccionando uma nova versão de detonador chamariz, mas estamos encontrando dificuldades em como isolar os furúnculos de pus durante o transporte, visto que eles explodem ao mais suave dos toques – Vera explicou.


- Talvez a gente lançe em algumas semanas –Jorge desceu para antender um cliente, e Vera cochichou para Harry:


- Ele está realmente triste por Fred, suas invenções têm decaído, ele não é mais o mesmo – ninguém é mais o mesmo, Harry pensou – e está pensando em se mudar como fez o Percy.


Percy! Harry lembrou, havia se mudado há duas semanas, e recusou qualquer tipo de ajuda com a mudança. No entanto, parecia extremamente satisfeito com a mudança de ares, até dera um nome ao seu apartamento “O Ninho” numa clara referência à Toca.


Graças à Percy, teve uma idéia de como se libertar da monotonia do dia-a-dia.


- Vera, você sabe quantas espécies de dragões vivem na Romênia?


- Várias – ela respondeu, desconfiando da súbita mudança de assunto.


- E você sabia que o couro de dragão é um ótimo isolante?


- Sim.


- E você sabe que, por acaso, o irmão de Jorge trabalha numa dessas reservas que, por acaso, é a maior do mundo?


- Ele deve ter comentado – agora ela parecia estar entendendo.


- Então é bom arrumar as malas – Harry saiu correndo pela escada em espiral, esbarrando em Jorge, que vinha no sentido oposto. Quando Jorge se virou para saber o porquê da pressa, Harry já cruzava o pôster do “Aperto Você-Sabe-Onde”.


 


Como esperado, encontrou Hermione na “Artigos”, tentando decidir se levaria uma “Capa Altamente Impermeável” ou uma “Capa Não-Infamável”, e refletindo se todos os seus livros iriam caber em  quinze daquelas capas para vassoura.


- Mas eu acho que com aquele dragão eles irão correr risco...


- Venha Hermione, você não precisa mais disso – e agradeceu ao vendedor, puxando Hermione mais para perto.


- Mas eu....


- Não se preocupe, eu explico.


- Então o que você está fazendo?


- Estou juntando a porca ao parafuso – frase de autoria do tio Válter. Se Percy se mudou porque precisava de um local maior para organizar seus documentos, e ficou com um astral melhor depois disso. Se todos precisassem desesperadamente ir à Romênia...


Levou pouco menos de dois minutos para que a amiga entendesse. No caso sua necessidade era de um revestimneto de couro de dragão, Jorge teria que pesquisar novas espécies de qualquer animal esdrúxulo para suas criações, Harry e Rony deveriam ajudá-lo, e Gina iria acompanhar Hermione.


Harry confiava que a Sra. Weasley desse uso para sua estratégia dos pais preocupados e fosse junto. A propósito, se suas contas estivessem corretas, os interrogatórios no Ministério já teriam acabado, deixando o Sr. Weasley livre. Só restavam os exames de Gina.


 


Rony, ao contrário de Hermione levou bons trinta minutos para captar a essência do plano.


- Mas ainda temos que dar um jeito nas provas da Gina – disse ele, deitado na cama de armar.


- Por isso mesmo que amanhã ela irá entregar o requerimento para antecipar a data da prova – explicou Hermione – fazendo a prova mais cedo, ela ganha uma semana a menos de aula, sendo que enquanto os outros realizam as provas, ela terá aula normal.


- Então a pausa para as Festas terá duração de mais uma semana, começando dia 23 de novembro – Harry complementou.


- E eu vou aumentar a minha carga horária, para poder sair de férias ainda mais cedo que a maioria – Gina falava tudo pausadamente, para que houvesse tempo para o irmão assimilar a onda de informações.


- Isso significa que você irá estar livre no dia 1º, estou certo?


- Aleluia! – disse Hermione, batendo palmas – finalmente ele entendeu!


Harry não poderia estar mais contente. Com ele tentando convencer o Sr. e a Sra. Wesley de um lado; e Vera tentando convencer Jorge do outro, estariam na Romênia em menos de um mês.


 


Convencer Artur foi mais fácil do que ele esperava,  já que naquela mesma noite ele anunciou que os interrogatórios haviam terminado, e que o Ministério iria cumprir as sentenças em breve.


- Pois então falta pouco para podermos viajar! – Gina puxou o assunto.


- Claro! Nós iremos para a Romênia em breve – assentiu o Sr. Wesley.


- Ainda mais com Jorge precisando de tanta ajuda com as experiências, e Carlinhos tão atarefado! – a Sra. Wesley havia mordido a isca oferecida por Hermione mais cedo naquele dia.


- Ainda mais com Gina fazendo as provas antecipadas – Rony soltou.


- Mas se ela vai fazer as provas antecipadas, por que não antecipar as férias? – Harry arregalou os olhos, as coisas saíam melhor do que o esperado.


- E ela pode estudar durante o feriado de Natal – Moly sugeriu.


- Eu posso ajudá-la com isso – ofereceu-se Hermione, antes que Gina pudesse esboçar qualquer reação.


- E não se se esqueçam de mim – disse Jorge, até então completamente marginalizado do diálogo.


- Não se preocupe Jorge, os Weselys vão à Romênia! – garantiu Artur, seguido por uma inesperada onda de aplausos, da qual até o vampiro no sótão participou.


 


O restante do mês passou voando, com Gina tendo lições simultâneas com Harry e Hermione no pomar, e Rony ajudando Jorge a organizar a loja para o período em que estaria fora.


A moto de Sirius estava quase como nova, e a Sra. Wesley cambaleava de um lado para o outro tentando decidir o que levar na viagem.


Na manhã do dia 1º de setembro, Harry acordou com borboletas no estômago, e nem o café da manhã ultrareforçado da Sra. Wesley pareceu fazer efeito.


Artur iria levar Gina até Hogwarts para fazer a prova, e os dois prometeram que voltariam antes do anoitecer para arrumar as malas.


Quando iam andando pelo caminho lamacento até o limite dos feitiços de proteção para desaparatar, Harry saiu na varanda e gritou:


- E NÃO SE ESQUEÇA DAQUELE MOVIMENTO COM A VARINHA QUE LHE ENSINEI!!! – e como resposta, Gina tirou a varinha do cós e executou uma série complexa de nove movimentos, que fizeram sair faíscas púrpura da sua varinha.

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