Armadilha



Capítulo 23 – Armadilha


 


OS OUVIDOS DE HARRY JÁ NÃO serviam mais, tamanha era a velocidade com que corriam. O interessante era que eles estavam na contramão, mesmo assim não eram atropelados, pois todos os carros que vinham no sentido oposto davam a ré e mudavam de caminho bruscamente. Ao passarem em um viaduto, Harry notou o imenso congestionamento que se formava em direção ao aeroporto.


- É melhor você desfazer esse feitiço já! – ele gritou para Hermione assim que desceram da moto, algumas quadras antes do teatro.


- Tá bom, tá bom! – Hermione então ergueu a varinha e descreveu um círculo completo sobre a cabeça, como se estivesse desenhando uma auréola para si – satisfeito? – ela perguntou para Harry.


- Não! – Rony respondeu – não vai nos contar como fez isso?


- Simples – ela guardava a varinha no bolso – o guarda me perguntou “Como isso funciona?” e bem, eu mostrei pra ele! Com sorte ninguém se lembrará de nada, mas será um grande problema para o Ministério, milhares de pessoas que não se lembram do que estão fazendo ali.


- Com toda a certeza – Harry começava a procurar pelos outros – onde estão Xeno, Luna e Gina?


Mas não precisou de procura, Gina veio correndo em sua direção e deu-lhe um beijo apaixonado.


- Que bom que está bem – ela sorriu, saindo do colo do namorado – Ei você não vai me conferir?


- Não precisa – Harry sorriu – seu beijo é inconfundível.


- Hum, hum – pigarreou Luna, que também estava atrás – acho que é melhor irmos.


- Sim – concordou Xeno – afinal de contas, o que foi aquele bando de gente que saiu do teatro de uma vez só? Fiquei preocupado!


- Nada – tranqüilizou-o Rony – coisa da Hermione.


- E alguém sabe como vamos derrotar ela, agora com o caminho livre? – perguntou Gina.


- Acho que eu sei como – disse Harry, cheio de idéias na cabeça – deixe comigo.


- Nem pensar! – protestou Hermione – você quer que fiquemos de braços cruzados?


- Quero sim – disse Harry – mas eu tenho certeza de que não adianta eu fazer nada a esse respeito.


- Que bom que você sabe – brincou Gina.


 


Ao que Harry desconfiava, Belatrix não iria pôr seu plano em prática sem ninguém para assistir a sua glória, então, enquanto o teatro estivesse vazio, os pais de Hermione e Neville estariam seguros. Mesmo assim, não pôde deixar de ficar nervoso, quando passou pelas portas automáticas.


 


 


*****


 


 


- Como assim fugiram? – o oficial em Canberra perguntou ao chefe do destacamento de Sidney – você não tem ciência da gravidade da situação?


- Para dizer a verdade não – respondeu o outro oficial – parece que estávamos todos numa espécie de transe.


- Vocês e toda a cidade – o oficial de Canberra estava com o noticiário ligado: “Atentado terrorista ou a maior pegadinha já feita?” – como esses noticiários são sutis.


- Espere! – a voz do outro lado da linha se alterou – parece que eles foram na direção da Ópera de Sidney! Eu estou consultando o sistema de vigilância da delegacia! É isso mesmo! Eles foram para lá!


- ENTÃO EU QUERO QUE VOCÊS CERQUEM AQUELE PRÉDIO IMEDIATAMENTE! CONVOQUE TODAS AS UNIDADES! – parece que os noticiários vão mudar de manchete logo, logo, pensou ele.


 


 


*****


 


- Acho que eles estão lá embaixo – Harry apontou com a varinha para a porta que levava ao subsolo dos bastidores. Eles estavam verificando juntos cada espaço do teatro.


- Será? – Hermione estava indecisa.


- Se bem que... – Harry pensou alto, e foi correndo na direção dos camarins principais. Ele corria o mais rápido que poderia correr sem fazer barulho.


- Harry, espere! – os outros gritaram, seguindo ele.


- Esperem aqui – disse Harry, empurrando os amigos para dentro de uma bombonière – só vou ver uma coisa.


Harry cruzou o corredor mais rápido do que queria, e ao chegar na porta, ouviu a voz que tanto temia. A voz... pensou Harry, aquilo lhe deu uma idéia melhor do que a que teve antes.


Ele então abriu a mochila e logo encontrou a caixa dada a ele por Jorge, com as últimas Gemialidades Weasley.


 


*****


 


Belatrix estava pasma. O que havia acontecido? Por que aquelas pessoas haviam saído correndo logo antes de começar o seu show? Ela não sabia, mas tinha certeza de que Potter havia colocado seu dedo ali.


- Pare de gemer! – Longbotton não parava de se debater na cadeira. Ele era uma isca perfeita: tolo e sem grandes poderes. Tão tolo ao ponto de me contar sobre os pais de Granger. É claro que nem todos conseguem resistir à Maldição Imperius.


Ele silenciou. Os trouxas ainda dormiam, sob o efeito da poção. Eles só seriam acordados pouco antes de entrarem em cena, mas como não havia mais platéia, a peça teve de ser adiada, mas não por muito tempo.


Leastrenge se olhou no espelho cercado de luzes. Ela finalmente estava no lugar que sempre fora seu: a legítima herdeira de Lord Voldemort, a única capaz de continuar com o legado do amante, pelo menos até o seu filho aprender a usar todos os magníficos dons que com certeza herdara do pai.


E para coroar.


Ela acabaria com o Potter sob as vistas de todos.


E ela sentia que ele estava cada vez mais perto do seu fim, assim como seu filho estava para nascer.


- Belatrix Leastrenge? – a voz de Lúcio Malfoy encheu o ambiente. A criança em seu útero se manifestou, mas ela com certeza se assustou muito mais. Malfoy não estava no exílio afinal de contas?


Longbotton também ouvira a voz, e voltou a se debater na cadeira. Belatrix deu um tapa em sua cara antes de abrir a porta e seguir pelo corredor.


 


*****


 


Tudo passou muito rápido. Encostado na porta do camarim que acabara de lacrar, Harry se perguntava se Belatrix havia sentido o seu cheiro quando ele passou por ela usando a Capa da Invisibilidade antes que a porta se fechasse.


Estava seguro. Por mais que Belatrix tentasse explodir aquele corredor, só iria conseguir provocar mais dano a si mesma.


Antes de usar a Pedra Vocálica, Harry havia trancado a porta do corredor que dava para a bombonière, cobrindo-a com um Feitiço Escudo, o que também fez com as várias caixas e peças de figurino que haviam sido abandonadas por ali. Não importava que feitiço ela usasse, ela não iria sair daquele corredor, e ainda assim seria atingida no mínimo mil vezes pelo próprio feitiço.


- Vocês estão bem? – ele perguntou, retirando a Capa.


- Éui – Neville resmungou, antes que Harry removesse a mordaça com um feitiço – Harry, como chegou aqui?


- A história é muito longa – ele desamarrava os pais de Hermione – agora o mais importante é tirar vocês daqui – Harry olhou em volta, não havia nenhuma janela – você consegue aparatar, não consegue?


- Sim, Harry – ele tomava um copo d’água do frigobar – mas ela tomou minha varinha.


- Então eu levo vocês e volto – disse Harry. Ele esquecera-se de que para aparatar era preciso estar com uma varinha nas mãos. Mesmo assim estava tudo acabado, e Belatrix ficaria ali até o feitiço enfraquecer, quando eles já estariam bem longe dali, sob proteção do Ministério.


- Harry – Neville parecia com medo do que ia dizer – ela enfeitiçou o camarim.


- E o que tem isso?


- Não podemos aparatar.


Harry olhou em volta novamente.


Não havia como sair dali, não sem passar por Belatrix.


Pelo menos os outros poderiam chamar ajuda, ao ver que ele estava demorando.


 


*****


 


As viaturas policiais cercaram o prédio num instante e ignoraram se o que havia sobre si era asfalto, calçada ou grama.


Os policiais desceram dos carros e entraram no prédio. Ninguém poderia se esconder de duzentos policiais. Eles marchavam pelos corredores verificando cada sala, cada canto, cada bombonière...


- Eu achei! – gritou o policial. O grupo saiu correndo do esconderijo, mas estavam em desvantagem numérica. E foram presos, mais uma vez.

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