Bufadores de Chifre Enrrugado

INFELIZMENTE HARRY HAVIA ESQUECIDO completamente que os dotes culinários de Xenófilo Luvergood deixavam a desejar. Quando aceitou almoçar com ele naquela cabana, estava atordoado pelas suas recentes decisões, no entanto, o atordoamento não consegiu superar outra dose da famosa sopa de Dílex de água doce, que parecia ser o prato preferido de Neville, a única pessoa que gostava daquilo, fora Luna e Xenófilo.

- Obrigada senhor Luvergood, mas acho que não estou muito bem hoje – disse Hermine, empurrando discretamente o prato.

- Não gostaria de um caldo amazônico repositor da flora intestinal? – sugeria ele, com a  melhor das boas intenções – ou seria melhor um chá de camomila para a menopausa?

Hermione pareceu ofendida.

- Será que não quer um dos doces de Fred e Jorge, para obter horas de prazer de uma chatice inútil? – perguntou Rony, com sarcasmo, sugando discretamente boa parte da sua sopa com a varinha.

- Rony! – repreendeu-o Gina, que também fazia o mesmo – seja mais discreto! Ponha a varinha dentro da manga – sibilou para o irmão.

- Ora! – admirou-se Xenófilo – parece que vocês também gostam da sopa de Luna.

Rony riu, admirando o duplo sentido da frase.

- Gostariam de outra porção? – Luna se levantou, indo ao fogão encher seu prato.

- Não-obrigado – os três disseram única e rapidamente.

- Não consigo entender como essa gente consegue comer todas essas coisas e não passar mal – Rony sussrrou para Harry. Não podiam fazer desfeita, isso era óbvio.

Feitas todas as tarefas domésticas e de higiene, gardaram a a barraca de Xeno e a de Diggory nas respectivas malas e partiram.

Encontrar os Bufadores de Chifre Enrrugado não seria uma tarefa fácil, talvez fosse impossível, mas tanto o senhor Luvergood como Luna pareciam bastante otimistas e transmitiam certa experiência.

- Desculpe a curiosidade – disse Gina – mas onde mesmo eles vivem?

- Oh, isso é um mistério, já que as manadas estão em constante migração para buscar água.

- E por que ninguém nunca os viu? – perguntou Hermine.

- Cara senhorita, é claro que muitas pessoas já os viram, mas essas pessoas ficaram tão extasiadas que desenvolveram um caso de loucura irreversível – Harry não pôde deixar de relacionar essa informação à persnalidade dos Luvergood – por isso mesmo esses testemunhos foram desconsiderados, mas irregularmente temos alguns registros sobre Bufadores nos prontuários do St. Mungus.

- Os Bufadores são criaturas muito compreensivas e inteligentíssimas, por isso evitam ser vistas – explicava Luna, e Harry se esforçava para ouvir – Antigamente, muitos caçadores os perseguiam pelo seu chifre, considerado detentor de magia poderosíssima.

- É claro que a grande maioria dos chifres que se dizem de Bufadores são, na verdade, chifres Erupentes muito perigosos – acrescentou o senhor Luvergood – sei disso por experiência própria – e fez uma leve rever~encia na direção de Hermione.

Iam agora chegando em um campo de gramíneas muito altas, que poderiam com folga ocultar um homem. O grupo formou então uma fila indiana, com Xenófilo à frente, afastando a vegetação.

- Do que eles se alimentam? – perguntou Neville, até então quieto.

- Eles são herbívoros – respondeu Luna – mas não se sabe se comem qualqueer planta ou se têm uma dieta mais exclusiva.

- Hum – Rony se manifestou quando uma certa quantidade de mato chicoteou sua cara.

- Vai demorar muito? – Gina perguntou alguns minutos depois, crente de que haviam escolhido o caminha errado.

- Não, na verdade já estamos quase chegando – Xeno parecia mais eufórico a cada minuto.

- Não podemos aparatar? – perguntou Hermione, esperançosa.

- Sim - disse Neville.

- Que bom – Rony foi se preparando.

- NÃO – interrompeu Luna – primeiro porque não sabemos onde eles estão, e segundo porque podemos assustá-los.

- Mas ele disse que sim – Rony parecia uma criança birrenta.

- Claro que não – disse Neville, e Harry foi ficando cada vez mais confuso.

- Você disse “sim” – todos os quatro responderam em uníssono.

- Mas eu quis dizer “não” – explicou Neville.

Harry se perguntou quanto tempo de convívio com Luna e Xenófilo era necessário para ficar louco.

- Ele disse sim para o seu não – completou Xeno, encerrando a discussão.

- Quanto tempo nos falta? – perguntou Hermione.

- Hum – o senhor Luvergood retirou da sua sacola um mapa muito parecido com o de Harry, mas com alguns pontinhos vermelhos rabiscados.

- O que são esses pontos? – perguntou Gina.

- Passamos a maior parte do tempo monitorando os rebanhos e trocando informações com outros observadores – disse Luna – então marcamos pontos em potencial neste mapa.

- Pois bem – Xenófilo suspirou – acho que chegaremos neste ponto – e indicou um entre as dezenas de pontos idênticos e em lugares desconexos – e mais ou menos uma hora, não mais do que isso.

- Uma hora? – Rony ficou de queixo caído – já estamos andando à horas!

- Para o senhor ver como o tempo voa quando a gente se diverte – Xeno riu-se – eu nem senti o tempo passar!

- Eu acho que existem outras coisas que ele não está sentindo – Gina cochichou para Harry que também riu.

- Uma hora.... – Rony tentava se conformar.

É claro que iriam demorar pelo menos mais duas horas, então Harry aproveitou para  refazer alguns joguinhos mentais dos tempos das aulas da Profª Umbridge.

Dos quatro, a mais entusiasmada era Hermione, que parecia movida por uma estranha curiosidade acadêmica, por mais que julgasse a existência dos Bufadores de Chifre Enrrugado um mito não só maior que o dos Nargolêz.

- Falta muito? – perguntou Harry, após mais uma hora de joguinhos e apostas consigo mesmo.

- Ora rapaz! Está tão cansado assim? – perguntou o senhor Luvergood – já chegamos – Rony e Gina suspiraram.

- Abaixem-se – sugeriu Luna, já oculta pela relva.

Foi então que o senhor Luvergood  retirou um vidrinho com um líquido verde transparente com um spray, que apertou espalhando o líquido pela roupa. Deu o vidrinho para Luna que fez o mesmo e passou para Neville, que após usar o produto ofereceu para Gina.

- O que é isso? – ela perguntou, temendo a resposta.

- Não se preocupe – ele sorriu – é apenas uma essência par camuflar o nosso odor. Isso forma alguns furúnculos, mas nada que não saia após algumas semanas.

Os outros quatro procuraram passar a menor quantidade possível do produto, mesmo assim apenas sobre a roupa.

- Isto não mancha, mancha? – perguu tou Hermione, obeservando a sua blusa absorver o líquido esverdeado.

- Não, pode ficar tranqüila – disse Luna – basta lavar com um pouco de água sanitária que as manchas saem todinhas!

Harry viu a amiga conjurar um lenço e esfregar no local da aplicação.

- Por aqui – Xeno sussurrou, rastejando para a frente.

Ele foi seguido pelos demais, na menor das velocidades, até que se deslocaram uns dez metros.

- Eles estão ali – disse Luna, seu entasiasmo era quase palpável.

- Eu os vejo também – disse Neville, erguendo um pouco a cxabeça num ponto em que a relva acabava.

- Eles não são maravilhosos? – Xeno estava hipnotizado.

- Só não espero que ele fique mais louco – Harry sussurrou para Rony.

- Como se fosse possível – disse Rony, mas Xeno estva tão maravilhado que nem ouviu.

- Onde estão eles? – Gina ergueu a cabeça quase no mesmo ponto que Neville – sim, estão ali.

- Onde? – Hermione perguntou, indo mais para perto de Gina.

Do lugar onde Harry estava, não dava para ver nada, então ergueu a cabeça, quase levantando por completo o corpo. Só assim pôde ver.

Era um grupo aparentemente pequeno, cerca de dez indivíduos, porém, pelo que Xeno explicava, estava completo. Aquelas criaturas eram fisicamente, algo entre um rinoceronte, um búfalo e um elefante; possuíam uma enorme quantidade de pele espessa e achocolatada, um focinho proeminente que mais parecia um par de bolas de boliche, e um chifre no meio da testa também coberto de pele, mas esta muito mais espessa e rugosa que a do resto do corpo. Na base do chifre, a pele dobrava sobre si mesma, o que facilitava a confusão com os sulcos na base de um Chifre Erupente.

Apesar de tudo, eles não eram maiores do que um boi. Os cascos divididos como em porcos remexiam a terra em busca de alimento.

- O que é aquilo que eles estão comendo? – Harrry perguntou para Xenófilo.

- São os líquens – ele respondeu – associações mutualísticas de algas e fungos, capazes de sobreviver em ambientes extremos.

Harry percebeu que aqueles líquens eram diferentes das escamas esverdeadas que geralmente se vêem nas cascas das árvores. Aqueles eram muito mais parecidos com galhos miniaturizados de pinheiro do que com retalos de tecido camurça. Sua obeservação foi interrompida por um som novo “Múússscáááá”era dos Bufadores, que fizeram jus ao nome bufando logo em seguida.

- Eles estão se comunicando – disse Luna, extasiada – não é fantástico Neville?

Não obteve resposta.

- Neville? – olhou em volta, já preocupada, pondo todos em alerta

Nada.

- Onde foi Longbotton? – perguntou Xeno, como sempre achando tudo muito curioso.

- Ele estava do meu lado há um minuto – garantiu Gina.

- Não pode ter ido muito longe – disse Rony.

- HARRY, OLHE! – Hermione apontou para o chão, num ponto onde a vegatação estava  mais amassada – acho que ele foi por aqui.

- Não – Harry refletia – pode ter ido sim, mas não sozinho – apontou para o chão – se esivesse sozinho, as marcas não seriam tão grandes.

- Tem razão – apoiou Gina – assim parece que ele foi...

- Arrastado – Harry competou, seco.

- Harry, você  não está pensando que... – começou Hermione.

- Não podem ter sido os Bufadores – argumentou o senhor Luvergood – teríamos notado.

- De qualquer forma, teríamos escutado alguém se aproximar – disse Rony.

- Exceto... – Harry já sabia exatamente onde Neville estava, e com quem, mas temia pensar no resto.

- Quando o Bufador mugiu – completou Luna.

- Mas os Bufadores teríam farejado essa pessoa, ou sejá lá o que. – contrapôs Gina, lembrando do líquido esverdeado.

Como Harry não queria mais perder tempo com discussão, segiu o rastro o mais rápido que podia, mas em seu fim havia apenas um...fim, nada mais.

- Acaba aqui – Harry mostrou para o grupo, quando todos chegaram – Ora, para onde ela o levou? – ele olhou ao redor, ninguém respondeu – Ela sabia que estavámos aqui, ela viu no Pasquim, e além disso, temos aqueles bruxos em Nova York. Como ela não conhece todo o teor da Profecia, não sabe que o Neville também tem potencial para destruir Voldemort; no entanto, ela o pegou para me atrair até ela, por ele ser mais vulnerável – quando terminou, a expressão no rosto de Hermione beirava a piedade.

- Harry, você está fazendo tudo se encaixar na sua mente.

- Você lembra o que aconteceu da última vez que você disse isso? – ele perguntou, e a amiga ficou muda.

- Mas talvez tenha sido como no meu caso – disse Gina – apenas um aspirante a Comensal.

- Um aspirante a Comensal teria me seqüestrado – disse Harry.

- Da última vez ele seqüestrou você? – lembrou Gina.

- Seja como for, de qualquer forma ele está correndo risco – apartou Luna.

- E onde ele pode estar? – Rony perguntou.

- Se Hermione não mencionou nada sobre a Austrália...

- Meu Merlin! – Hermione exclamou.

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