Venha comigo, Crabbe!



Voldemort adentrou na sala, os Comensais pararam de cochichar, Snape entrou em seguida, os olhos fixos no mestre, aproximando-se dele sem qualquer cerimônia, fazendo-lhe uma breve reverência e cochichando-lhe algo ao ouvido.
— Meus caros Comensais, a notícia que Severo nos trouxe só faz aumentar minha admiração por ele - Voldemort sorriu, e sua beleza ainda podia ser notada quando as feições de um sorriso se misturavam com os traços enfadados e maquiavélicos. - Temos uma forma de voltar ao passado. Temos uma forma de pegar o menino... e se for preciso, a família dele também. Já sabemos onde moraram, já sabemos em que ano estão, e iremos pegá-los de surpresa!
O brinde foi inevitável, e enquanto acontecia, Crabbe se aproximou de Snape e num sussurro, atirou contra ela toda sua fúria.
— Você é um porco arrogante! Vai acabar com ela, não vai?
Snape o fitou de esgoela e riu sarcástico:
— E o que achou que eu fosse fazer? Salvar sua mulher? Ela não significa nada para mim! E só devo explicações a meu mestre. Ao contrário de você, que já mudou de lado há tempos.
— Como é que eu poderia mudar de lado, Snape? Você, o senhor inteligência, sabe melhor do que qualquer um aqui que não há como deixar o círculo do Lorde das Trevas a não ser estando morto!
— Obrigado por lembrar - o sarcasmo de Snape era quase hilário.
— Sorte sua ser o capacho dele - rosnou Crabbe com o polegar apontando para trás, na direção de Voldemort.
— Eu não sou capacho de ninguém, Crabbe. Não preciso bajular para ser um bom bruxo. Eu apenas concluo os meus deveres.
— Tentando descobrir onde Kassandra se esconde, Severo? - era a voz de Voldemort cortando a conversa dos dois Comensais.
Crabbe baixou os olhos, negando com um balançar de cabeça.
— Apenas uma leve discussão, mestre - Snape sorriu cínico.
— Teimando para ver quem ficará a cargo de castigá-la, suponho? - Voldemort estava interessado na conversa dos dois.
— Essa incumbência eu deixo para o marido - ironizou Snape, fazendo gozação, dando as costas a Crabbe e encarando a mulher que acabava de entrar, Narcisa Malfoy.
— Uma formosura, não acha? - murmurou Voldemort, postando-se ao lado de Snape, mas o Comensal não respondeu, apenas bebeu o vinho de sua taça e continuou a fitá-la.
O Lorde das Trevas andou calmamente até Lúcio Malfoy e cumprimentou a esposa dele. Snape se voltou para Crabbe e com certa repugnância, disse:
— Venha comigo. - E Snape saiu pelos fundos, deixando a casa pela cozinha com Crabbe ao seu encalço.
Pararam além das árvores, onde ninguém podia vê-los ou ouvi-los, e Snape jogou um ABAFFIATO ao redor deles.
— O que você quer? - falou Crabbe grosseiramente.
— Vou lhe dizer pela última vez: suma daqui!
Os dois se mediram.
— Vá para um lugar onde jamais o encontrem...
— Quer que eu fuja? - Crabbe rosnou indignado. - Por quê? Para quê?
— Eu não posso viver lhe dando explicações, Crabbe, seu idiota! Mas é para o seu bem!
— Eu não sou idiota, seu bastardo mestiço! - Crabbe se empertigou, erguendo o dedo, parecendo ficar ainda mais alto do que Snape. - Não posso fugir. Se encontraram os Potter, podem muito bem me encontrar...
— Sim, você é um grandessíssimo idiota! Quem você acha que descobriu um meio de voltar? E quem você acha que descobriu onde eles estavam?
Os dois se encararam, mas Snape desviou o olhar.
— Suma daqui.
— Eu preciso... ver Kassandra.
— E para quê, homem? Acha que ela mudou de idéia quanto ao que sente por você?
Crabbe voltou-se para a casa, mas baixou o rosto, remexendo com a ponta do pé nas folhas secas.
— Você quem sabe. Mas não venha dizer que não lhe avisei. E não espalhe por aí que eu o alertei - rosnou Snape, dando alguns passos e distanciando-se do outro. Mas Crabbe o chamou, fazendo-o parar de súbito.
— Por que está querendo me ajudar?
— Eu não quero ajudar ninguém. Só acho que você já pagou o suficiente por aquela traidora! - Snape pensou que Crabbe fosse responder àquela ofensa, mas o homem permaneceu calado, parecia realizar o que fazer, com muita dificuldade. - É melhor voltarmos. Você vai primeiro.
Assim que Snape pisou na sala onde todos estavam reunidos, temeu pela breve conversa que tivera com Crabbe, pois o vira entrar, juntamente com o Lorde das Trevas, na biblioteca.
— Sente-se, Baldo. - A gentileza era o que mais assuntava no Lorde, mas Crabbe obedeceu. - A resposta que espero é apenas uma, e quero a verdade. Você sabe que eu posso consegui-la, não sabe, Baldo?
— Sei, sim, mestre - quase sussurrou.
— Você está ao meu lado ou ao lado dela? - sibilou Voldemort.
Crabbe piscou lentamente, a boca se abriu de imediato e o ar exalou lento por ela, antes que ele pudesse responder:
— Estou ao seu lado, mestre.
Voldemort sorriu e conjurou duas taças de vinho.
— Então vamos beber ao nosso sucesso, meu caro.

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