Capitulo Doze



CAPITULO DOZE – UM PEQUENO SACRIFICIO

Ellen subiu as colinas numa rapidez tamanha, tinha medo que os homens lá embaixo pudessem amaldiçoá-la a qualquer momento. Ela desceu o declive, seus olhos se arregalaram e tomaram um brilho azul. A moça foi jogada por cima de uma lapide e bateu dolorosamente contra uma árvore seca a partindo ao meio. Ouviu gritos e passos vindo em sua direção, ao abrir os olhos e conseguir se focar em algo Tod estava a ajudando a levantar.

- Meu deus Ellen o que está fazendo aqui? – perguntou o garoto preocupado.

- Tentando salvar a sua vida – ela respondeu numa voz fraca abrindo um sorriso em seguida.

- Não está se saindo muito bem não é? – riu da moça.

O riso não durou muito, pode sentir o chão sobre si ficar instável e num segundo depois foi separado de Ellen e jogado de costas no chão, um pedaço do chão voou pelos ares e um enorme tentáculo negro se ergueu golpeando o ar.

Rajadas de feitiço eram jogadas sobre ela, mas não parecia ter efeito. Ellen havia caído próximo a uma lápide onde estava escrito um nome que fez Tod se esquecer que de tudo que estava havendo por um minuto. Donald MacDiarmid.
Ellen gritou, por todo o cemitério se ergueram tentáculos iguais aquele, e o grito da criatura ecoou novamente. Tod rolou para o lado para não ser esmagado pelo golpe de um braço negro furioso. Levantou-se e correu na direção de Ellen.

A moça estava acuada entre túmulos, enquanto um tentáculo rodopiava no ar, num reflexo ela abaixou, deixando uma lápide ser atingida em seu lugar. O facho de luz brilhou novamente sendo seguido pelo som agourento da criatura. Ellen correu e abraçou Tod se protegendo, pegando na mão da garota e se desviando das investidas da criatura se juntou aos velhos, eles formavam um circulo e tentavam manter a criatura longe.

- Não está dando certo – disse Tumblius abrindo um frasco e o jogando em cima de um tentáculo, que quebrou ao bater contra ele.

O tentáculo ficou rígido e do ponto em que foi atingido pelo frasco começou a congelar, mas então o avanço parou e o brilho gelado sumiu.

- Só há uma maneira de acabar com isso – gritou Olivaras olhando para Tod.

- Não gostei do jeito que ele olhou para você Tod – disse Ellen apertando seu corpo contra o do garoto.

Da colina surgiram outras três figuras, Robert olhou para os velhos com uma fúria intensa. Já Hammer e Ghoeth olhavam em volta maravilhados com os inúmeros tentáculos da criatura.

- É deslumbrante – disse Ghoeth, então olhou na direção de Tod e dos outros. – Não conseguem ver a beleza nisso tudo?

- Só a loucura de um velho idiota – gritou Florean em resposta e se virou para os amigos – Temos de ir. Ficar aqui parado é loucura, o primeiro feitiço que eles lançarem e seremos jogados numa dessas coisas.

- Vamos então – Olivaras saiu no momento que Robert lhe lançou uma magia que passou zunindo por cima do ombro dele.

Olivaras se pós a correr pela estrada liderando um comboio, com os garotos e os velhos o seguindo. Por alguma maneira os tentáculos não surgiam ao longo da estrada e sim das áreas onde haviam as lápides, mas podiam se estender por alturas imensas. Pareciam como um chicote na mão de um Indiana Jones, foi então que um dos tentáculos deu um giro no ar e segurando uma árvore jogou contra eles.

Olivaras fez um gesto com a varinha e a árvore bateu contra um escudo invisível se esmigalhando em inúmeros pedaços.

- Não deixem eles fugirem seu idiota – bradou a voz de Ghoeth para Robert que se pós a correr no encalço dos velhos.

Ellen olhava na direção para onde iam que era diretamente para o penhasco, conforme pisava nos tijolos negros ouvia um ruído como se batesse em vidro e ele não quebrava. Olhando em frente pode observar enormes sombras sobre o vidro, e todas pareciam vir do penhasco.

- Não, não! Para o penhasco é suicídio estas coisas estão vindo de lá! – anunciou aos velhos.

- Então estamos no rumo certo – respondeu Olivaras lançando um olhar a Tod que mesmo hesitante balançou a cabeça em afirmação.

- Mas o que está havendo aqui? Temos de achar um meio de sairmos daqui e não correr em direção a morte – ela rebateu, Tod apenas escutava.

- Então nunca devia ter pensado em por os pés aqui – respondeu Florean se virando e tentando estuporar Robert que num movimento de pulso rebateu a magia. – Droga!

O velho foi jogado metros a frente por sua própria magia, olhando estupefatos eles viram Florean ser pego por um dos tentáculos que o girou no ar, jogando de um lado para o outro em movimentos bruscos que parecia que a cabeça dele iria se separar do corpo.

Mesmo vendo o amigo gritar por socorro eles não pararam de correr, Tod levou a mão ao bolso de Olivaras e tirou o vidro azul. Empurrou Ellen e saiu da proteção da Estrada voltando, ora pulando por lápide e ora saindo, partindo em auxilio a Florean.

- Tod! – gritou Ellen que ao tentar sair foi puxada por Olivaras e por algum motivo ela não conseguiu fazer nada além de correr em direção ao penhasco.

Robert viu o garoto passar e tentou azara-lo acertando uma lápide onde se lia, Theodore Ravner, ela explodiu soltando uma luz forte que cegou Robert por alguns segundo, ele parou de correr.

Havia escutado algo, a voz de seu pai vindo aos seus ouvidos. Ele olhou adiante ainda ouvindo algo em sua cabeça, o coração dele dera um salto, tentou negar com um movimento brusco, e gritou. A criatura ouvindo seu lamento gritou de volta, ele se pós a correr novamente.

Lá na frente Tumblius, Olivaras e Ellen se aproximavam do penhasco. Já Tod tentava acertar um pedra no tentáculo, mas acabou acertando Florean o nocauteando. Percebeu que estava perto dos outros dois bruxos, que riram imediatamente da tentativa dele. Se abaixou no momento em que Hammer lançou uma magia batendo contra a lápide a destruindo.
A luz bateu contra o tentáculo que se agitou e começou, para o espanto de Tod, retroceder rapidamente em direção ao solo de onde saia.

- Não – gritou saltando para agarrar a mão de Florean no instante em que o tentáculo lhe puxou para debaixo da terra.

O jovem foi tragado pela escuridão, seu corpo batia contra a areia negra e pedras porosas, não enxergava quase nada e apenas distinguia a forma de Florean a sua frente. Uma luz fraca brilhou adiante, ele saiu para um espaço amplo e iluminado por uma fraca fonte de luz que vinha do alto, e olhando para cima percebeu que enxergava a estrada metros acima, como se olhasse para um espelho.

Por todo o campo de visão inúmeros tentáculos ocupavam o vazio, se agitavam e acertavam o paredão de terra subindo de encontro com a superfície, ora voltavam e atingia outro ponto. Mas todos vinham da mesma direção, e era para lá que Tod era puxado junto com Florean.

Voltou a atingir a terra e o buraco por onde o tentáculo passava se alargou, num piscar de olhos ambos estavam respirando o ar da noite.

Foi quando Tod viu que algo gigantesco estava agarrado no penhasco, como um carrapato sedento por sangue se agarrava num cavalo. A coisa era negra sem pelos e totalmente pegajosa, havia enorme globos negros que piscavam hora ou outra. O tentáculo o girou no ar, a criatura recuou bruscamente para trás e revelou uma boa parte de sua parte de baixo.

Lembrava uma lula gigante, igual a de um filme que Tod assistira uma vez sobre um navio atacado. Era enorme, talvez do tamanho de uns campos de futebol, havia uma infinidade de tentáculos grossos por toda a borda da criatura conforme iam para o meio, eles ficavam menores e curtos, e no centro havia um circulo de dentes afiados e pontiagudos que pularam para fora revelando inúmeros círculos de dentes escondidos. Tod gritou, o vidro azul bem seguro em sua mão, que em um ínfimo segundo tocou o tentáculo da criatura.

A criatura urrou e agitando os corpos de Florean e Tod, os jogou para o alto. Florean havia acordado e terrivelmente assustado gritava. Tod pode ver seus amigos olhando para eles, com total incredulidade.

Ele esticou a mão numa vã tentativa de os alcançar, o penhasco cortou a visão deles. Florean e Tod desciam velozmente em direção a criatura.

Tod abriu o maior sorriso que poderia, viu um galho passar pela linha do penhasco e descer velozmente ao encontro dele, puxou Florean pelas vetes e esticou os braços o máximo que pode. Tinha quase perdido as esperanças quando seus dedos se fecharam contra o galho nodoso, usando-o como uma barra para se sustentar.

Olhando para o lado em direção a Florean que tentava subir no galho, Tod viu a si mesmo refletido em um espelho negro, uma pálpebra gigante se fechou ante ele que congelou perante tal visão. Florean o puxou.

Subiram a toda velocidade, com o velho desviando dos golpes rápidos da criatura e novamente cortando a linha do penhasco vislumbrou os amigos, mas desta vez eles tinham companhia.

Robert Ravner apontava a varinha para o peito de Tumblius e Olivaras estava ajoelhado no chão com um corte enorme abaixo do braço. Tod olhou para o abismo a criatura continuava desgarrada do penhasco, não sabia como, mas sentia o olhar dela sobre ele.
Um tentáculo saiu de um ponto do penhasco arrancando um enorme pedaço de rocha e começou a subir lentamente junto com outros robustos e grossos na direção do garoto.

- Desça daí Florean, chegue mais perto – chamou Ghoeth com sua voz vitoriosa ao lado de Robert, Hammer estava do outro.

- Faça o que tem de fazer – Hammer sussurrou próximo a orelha dele.

Os pensamentos de Tod iam a mil, seu coração ficou apertado contra o seu próprio peito. Não era para ele estar batendo, mas pelo seu avô ele estava vivo. Fez uma escolha e se levantou e usando os ombros de Florean como apoio, ficando em pé no galho. Ghoeth não entendeu o que o garoto pretendia fazer, não seria louco de se jogar, ele pensou.

O olhar de Tod se cruzou com o do avó, e ele viu o mesmo brilho caloroso que ele sempre vira nas visitas de seu suposto pai.

- Então eu Faço! – gritou Hammer apontando para Olivaras.

Tudo o que se seguiu aconteceu tão rapidamente que Ellen ficou perdidas nos acontecimentos.

Robert teve um brilho nos olhos por alguns segundos, agarrou o braço de Hammer e o puxou para si batendo com sua testa fortemente contra o rosto dele, quebrando-lhe o nariz, esguichando sangue.

Tod fechou os olhos, juntou os braços no corpo com o vidro azul que continha a Guia bem presa na mão direita, saltou.

Ellen gritou e correu para a borda do penhasco, Tumblius rapidamente passou o braço pela cintura da moça a segurando fortemente, enquanto via com lagrimas nos olhos seu neto sumindo pela linha do penhasco.

Ghoeth ficou em estado aturdido levantando a mão para azarar Robert, que usando o braço de Hammer como alavanca lançou o corpo do bruxo ainda tonto por sobre o próprio em direção ao penhasco, o fazendo sumir de vista.

Olivaras estendeu a mão, a varinha voltara para a firmeza de seus dedos e apontando para Ghoeth, se levantou e fez um movimento que lembrava alguém jogando uma pedra por sobre o ombro. Ghoeth naquele momento se sentiu como uma pedra, foi tirado do chão de tijolos negros límpidos e arremessado penhasco abaixo.

Tod pode ver os dois corpos que foram arremessados segundos depois serem pegos pelos tentáculos que subiam como se fossem cobras pegando ratos. Enrolaram-se neles num abraço apertado e cruel de morte.

Enquanto o garoto era recusado pelos braços negros caindo em direção a boca sem fim da abominável criatura dos desejos.

Tod Lockwell fechara os olhos, e no meio da escuridão duas pessoas apareceram para ele. Podia ver os olhos do seu pai que havia o encontrando com tanta ternura quanto ao que vira com a Guia horas antes, e o sorriso de sua mãe que parecia segurá-lo em seus braços. Abriu um sorriso também, ele já não sentia frio ou medo, apenas sentiu que fazia a coisa certa.

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