Capitulo Sete



CAPITULO SETE - SONHOS E PERTUBAÇÕES

Ellen se embrenhou na escuridão, os nervos estavam a pique, Don estava uma pilha que se jogada ao chão certamente explodiria com o impacto. Ele tremia da cabeça aos pés, poderia tombar para trás a qualquer minuto, a varinha estava em punho, os dedos estavam vermelhos de tanto apertá-la.

- Você sabe que eu não posso fazer magia fora da escola, eu ainda tenho dezessete - disse Don, sua voz tremia. Ellen o olhou nervosa.

- Não pense em me fazer de boba, eu sei que a maioridade bruxa começa aos dezessete!

- Como você fica sabendo dessas coisas, nem sangue ruim, desculpa, você nem tem veia bruxa, tirando os seus parentes mais velhos - disse Don, tentando achar alguma coisa na voz da amiga que a delatasse.

- Tenho minhas fontes - ela falou e se levantou devagar. - Tá limpo, vamos indo, mas não devemos sair do meio das árvores.

Eles andaram sem nunca sair das sombras, até chegarem mais próximo da construção principal do museu. As pilastras altas jogavam enormes sombras negras e as janelas refletiam a escuridão e o brilho da lua.

Um guarda andava de um lado para o outro, Ellen esperou pacientemente até o guarda virar para ir vigiar o outro lado do prédio para se aproximar da janela. Don ficava agachado como se tivesse levado um soco no estômago e ficado encurvado por causa da dor.

Os olhos de Ellen brilharam depois dela esquadrinhar a janela, tinha visto uma enorme tranca no topo dela, e um fio vermelho muito pequeno.

- Fica melhor a cada minuto Don, vamos precisar de um feitiço duplo - ao dizer isso os olhos de Don saltaram ainda mais das órbitas, agora parecia que nem da mulher que eles haviam visto num programa de recordes.

- Um feitiço duplo, você tá pensando que eu sou o que, só vamos aprender isso nesse ano - disse Don nervoso, tremendo da cabeça aos pés.

- Que isso Don, você é um daqueles alunos que estuda o livro todo antes de começar o ano letivo. Que nem aquela garota que pulou pro sexto ano que você vive falando quando está dormindo. Foi assim no acampamento esse ano - o rosto de Don ficou mais vermelho que o normal, ele devia estar retendo o ar de seus pulmões.

- Eu...

- Vai fazer um feitiço duplo antes que aquele guarda volte para cá, ouviu isso? - mentiu Ellen que não havia ouvido nada.

- Ellen.

- Vamos Don - a moça olhou para trás e viu seus temores aumentarem, um facho de lanterna lá na curva do prédio. - Don, eu tó falando sério.

- Mas eu...

- Faça logo essa droga de mágica - ela gritou, o facho de luz se voltou para o lado deles, ela apenas murmurou - Agora já era sua idiota.

O guarda Florence havia sido transferido para Londres havia poucas semanas, e logo foi destacado para a cidade e em seguida para o museu, era um trabalho tranqüilo, mas a noite era fria e nos últimos meses misteriosa demais para ele.

Havia ouvido um som perto da entrada principal a pouco, devia ser só o vento, mas ele não era pago apenas para achar, era pago para vigiar e saber se era mesmo apenas um vento. Apontou sua lanterna e começou a caminhar até as pilastras, vislumbrou algo perto da janela.

- Hey! - ele gritou e começou a correr até umas janelas próximas, ao chegar viu bem o que estava ali.

Nada. Absolutamente nada, ele apontou a lanterna para a janela, estava fechada como outrora.

- Eu preciso mesmo fazer meu exame de vista, não enxergo nada de longe - Florence balançou a cabeça e continuou a andar pela entrada do museu, que nem percebeu as duas figuras em meio a escuridão que apareceram na janela apenas para vislumbrá-lo partir.

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Ellen havia gritado no momento certo, Donald parecia ter saído de sua capa protetora e assumiu posição.

- Sonido Finis - disse baixinho apontando para a janela, pensando com todas as forças em outro feitiço. - Alorromora.

A janela produziu um click sem som, e se destrancou, o alarme deveria estar soando absurdamente alto para destacar todo grupo de guardas para lá, ou seria um daqueles silenciosos. Isso era para fazer os bandidos pensar, coisa que eles não eram, que haviam se safado.

Ellen já podia ver a silhueta do homem nitidamente, será que ele já os vira. Sem se preocupar com isso, ela saltou para dentro, e puxou o corpo gorducho de Don junto, fechando a janela no momento em que o guarda chegara. Os dois se abaixaram e ficaram ali respirando com dificuldade, viram o facho de luz atingir a janela, e então desaparecer.

Os dois levantaram a cabeça vagarosamente, o guarda se afastou balançando de um lado pro outro a lanterna. Donald voltou a ser o que era e escorregou até o chão.

- Não falei que ia ser fácil - Ellen disse sorridente.

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Tod sentiu seus pés afundarem, seus joelhos quase foram esmigalhados pela pressão. Devia estar louco, mas estava gostando daquilo imensamente, então abriu os olhos, observando a sua volta.

Era um lugar verdejante, musgo cobria o chão o tornando muito instável, Florean e Olivaras já estavam a um canto procurando por algo entre as enormes árvores, das pontas das varinhas saiam um brilho luminescente enorme. Tod olhou para o alto, as árvores cresciam e praticamente cobria o céu, tornando o lugar muito escuro. Estavam numa espécie de clareira.

- Já acharam? - perguntou Tumblius olhando para um outro lado.

- Não - disse Olivaras procurando atrás de uma árvore. - Eu falei para você marcar direito Florean.

- E eu marquei, não venha jogar a culpa em mim - ele gritou do outro lado da clareira.

- Achar o quê? - perguntou Tod se aproximando do avô.

- A entrada - ele disse baixinho.

- Do quê, um esconderijo tipo uma caverna ou o Albergue dos Fugitivos.

- Tipo isso - o avô respondeu se pondo a procurar.

- Tá bom, eu tó no meio do nada sem fazer idéia do que meu avô seja com outros dois velhos gagás. - Tod se afastou do avô e dos outros. - Eu quase morri duas vezes, tó com fome e esses dois acham que tem uma casa escondida dentro de uma árvore.

Tod encosta-se a uma árvore, o musgo da árvore molhou a camisa dele, afundou no musgo, deveria ser uma camada muito expessa pra isso ter acontecido. Levou o corpo para frente para voltar à clareira. Não conseguiu. Ele afundou cada vez mais, lutava como um louco balançando o corpo de um lado para o outro.

- Ei, me ajudem aqui - ele gritou para os velhos, eles levantaram a cabeça lentamente e olharam pro garoto com um sorriso. - Deixem de besteira e venham me ajudar.

Como se nem ligassem para o que o garoto dizia, eles caminharam lentamente até a árvore onde ele já estava todo imerso. Ficaram ali parados o observando.

- O garoto é mesmo bom - disse Florean, e foi as últimas palavras que Tod ouviu. A árvore o engoliu de uma vez só, e o tronco voltou a ser verde musgo novamente.

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O museu estava muito escuro e totalmente deserto, Ellen e Don estava numa seção do museu que guardava livros raros, era uma pequena saleta de estudos, com muitos objetos do século dezenove.

- Um pouco de luz seria bom, mas só um pouco - pediu Ellen a Don, que se levantou do chão muito lentamente, ainda estava abalado com aquilo tudo.

- Tudo é comigo, tudo sou eu que tenho de fazer - ele disse corajosamente, estava cansado de tudo aquilo. - Eu quero ir pra casa e esquecer o que viemos fazer aqui.

- Depois de pegarmos o objeto - respondeu Ellen. - E agora um pouco de luz ia ajudar a gente achá-lo mais rápido.

O rapaz a contragosto fez um fino facho de luz sair de sua varinha, iluminava cerca de dois metros a frente.

- Estava na ala sul da última vez.

- Vai ver jogaram no depósito, ou melhor, jogaram fora - disse Don esperando que suas palavras fossem verdadeiras.

Ela e o rapaz saíram lentamente da sala, olhando para os dois lados do corredor escuro. O piso de madeira envernizada de muitos anos nem chegavam a ranger.

BLAM. a porta bateu atrás deles, fazendo Don dar um salto e segurar o braço de Ellen, que o tirou logo das mãos do amigo.

- Quer tomar um pouco mais de cuidado - ela ralhou com ele, que continuou a caminhar bem mais próximo da amiga.

Eles continuaram desse modo até chegarem a ala sul, uma passagem arqueada dava passagem para o espaço enegrecido pela escuridão.

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Do lado de fora uma nevoa caiu sobre os arredores do museu, na cabine ao lado do portão o guarda apertava os olhos para tentar ver alguma coisa, infelizmente não conseguia.

Um som de sucção bem baixinho começou a ecoar, e na escuridão o guarda vislumbrou três vultos negros.

- Mas que raios está... - o vidro da janela se quebrou em milhares de pedaços e jogou o guarda para o fundo da cabine, um manto negro voou por cima dele. O manto tinha as mãos comidas de vermes e ao se aproximar mais ele viu que não era um simples manto.

Era a coisa mais aterrorizante que o guarda já vira na vida. Do lado de fora o outro Dementador flutuava ao lado de um homem. Ravner olhou para a criatura sem olhos.

- Que ninguém entre ou saia - ele disse para a criatura que confirmou e em seguida assumiu uma posição próxima ao portão. Ravner girou nos calcanhares e some.

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Ellen e Don vasculhavam a sala da melhor maneira possível, a garota de repente deu um grito abafado.

Don se virou para ela, a olhou com os olhos marejados de emoção, iriam embora finalmente. Havia um pingente na mão dela, do tamanho de um ratinho, era dourado e tinha a forma de um escaravelho.

- Graças a deus, vamos dar o fora da... - um raio vermelho atingiu Don pelas costas e ele caiu de cara no chão. Ellen recuou aterrorizada.

Das sombras atrás de Donald saiu um homem em vestes negras, Ellen recuou até encostar na parede. Ela abriu a boca para balbuciar algo quando o homem apontou a varinha rapidamente para ela e foi atingida por um raio azul, ela ficou em pé por um momento.

Então desabou no chão, o pingente caiu das mãos dela e rolou até os pés de Ravner. O peito de Ellen que subia e descia atestavam que ela ainda estava viva.

- Interessante - disse Ravner olhando para o escaravelho dourado.

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Tod abriu os olhos, tudo estava muito mais negro do que antes. Ao se levantar o garoto percebeu onde estava e não gostou nada. As suas costas havia um enorme portão retorcido e enferrujado, logo acima havia umas letras de metal. "Cemitério Grave", além do portão o garoto não conseguia ver nada, ao olhar para o céu ele nem conseguiu acreditar no que estava havendo.

A lua estava totalmente vermelha, como sangue. Ao voltar seus olhos para frente, via um caminho de pedras negras que cortava o cemitério. Lá longe havia uma pequena casa, pequena vista de longe, Tod começou a caminhar.

As lápides enchiam o lugar totalmente e entre elas haviam árvores retorcidas e negras, tudo era negro e fantasmagórico. Um trio de lápides o chamou a atenção, estava escrito os nomes de três pessoas.

"Harry Potter", "Hermione Granger" e "Ronald Weasley", Tod nem ligava se esses três estavam mortos mais ao ver o monumento logo acima dessas lápides o rapaz estancou.

"Em memória de Tod Lockwell", será mesmo que ele estava morto, olhou para o chão, já não havia mais tijolos negros, tudo se tornou um vazio negro e sombrio, algo se movia lá embaixo esperando por ele.

Tod caiu e não conseguindo suportar gritou.

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Braços sacudiam fortemente os ombros, como se acordasse de um pesadelo, Tod se elevou. Estava numa cama rodeado por seu avô Tumblius, Olivaras e Florean.

- Tod você está bem, foi só um pesadelo - disse seu avô tentando acalmá-lo.

- Mas eu estava morto, havia umas lápides dizendo que tinha três pessoas mortas e um monumento atrás dizia que eu estava morto - ele dizia tudo muito rápido. - Era um cemitério, a lua estava vermelha e o chão negro, tijolos negros.

Tumblius tirou os olhos de Tod bruscamente e se prendeu a Florean e Olivaras que pareciam ter recebido a mesma mensagem do que o velho.

- Então ele viu o que há lá - disse Florean.

- Vi e era uma estrada, não era uma estrada normal, era uma de sombras e tijolos negros, uma estrada sombria. Era isso uma estrada sombria demais para o meu gosto - falou Tod.

- É, você viu mesmo uma estrada - disse Olivaras balançando a cabeça.

Era algo que nunca deveria ter acontecido, e agora tudo iria caminhar para o que eles previram, e não seria nada bom.

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