Capitulo Onze



CAPITULO ONZE – A ESTRADA SOMBRIA

A primeira coisa em que Tod pensou era que tudo aquilo que vira era real e isso não era nada reconfortante, pois mais do que o sonho poderia ser real.

- Temos de ir – disse Olivaras apressado indo em direção ao portão, sendo novamente seguido por Tumblius e Florean. Tod ficou parado no mesmo lugar olhando para as imensas colinas onde lápides se amontoavam quase umas sobre as outras. O bruxo percebeu. – Tod não temos tempo, eles estão vindo.

Ao ouvir as palavras de Olivaras a cabeça de Tod começou a doer intensamente como se alguém ferisse a sua testa com fogo, ele levou as mãos a cabeça e sem perceber se ajoelhou no chão de tanta dor.

Sua mente focou em minutos atrás, e ele já não via mais a Estrada Sombria e sim a mesma parede com um tijolo faltando e o jeito que Florean olhava para a porta como se visse alguma coisa através ela. Então sentiu uma presença ao seu lado, havia um homem vestido com um manto negro e seu rosto familiar chamou a atenção de Tod.

- Quer dizer que seu avô e você sobreviveram a dois dos meus ataques – o homem disse como se isso fosse um fato extraordinário. – Mas não importa daqui a pouco todos estarão mortos.

Tod abriu a boca para falar algo, mas sua voz foi abafada por uma outra.

- Ele está usando Legilimência! – a voz parecia aterrorizada por algum motivo.

- Lute Tod – veio a ordem das vozes misteriosas.

- É inútil garoto, eu vou saber tudo do mesmo jeito. Uma amiga manda lembrança – disse Ravner que em seguida sumiu como tudo que Tod via.

Tod era sacudido pelos ombros por Florean, respirava aliviado e abriu a boca para falar com o velho sobre o que houve, mas não teve tempo. O vazio ao seu redor começou a oscilar, o velho levantou o jovem e se pôs a correr o puxando.

Os portões já estavam abertos, Tumblius e Olivaras estavam no sopé de uma subida íngreme virados para Tod e Florean. O bruxo tinha sua varinha apontada e seu avô um frasco de sua maleta. Um brilho forte chamou a atenção de Tod.

- Tod! – Florean o puxou com tanta força para o chão que ele bateu com o rosto num dos tijolos negros. O que lembrava um rojão vermelho cortou o céu acima de sua cabeça e atingiu uma lápide a destruindo por completo.

Do sopé começou o contra ataque, no mesmo momento em que Tod e Florean se levantaram e recomeçaram a corrida. O rapaz arriscou um olhar por sobre os ombros.

Vislumbrou muito rapidamente, o homem de vestes negras que dava passos sem pressa enquanto brandia a varinha ameaçadoramente. Do seu lado estava uma jovem, não conseguia ver seu rosto, pois os feitiços da varinha do homem ofuscava a sua visão.

O portão atrás deles se fechou e não caia com as muitas rajadas que recebia, Tod queria parar de correr, mas não tinha tempo. Florean o puxava em direção aos homens já no topo da subida.

- Não irão escapar de mim! – gritou o homem lá de baixo. – Só há um modo de sair daqui velhos e é morrendo!

Tod e Florean chegaram ao topo e desceram pelo caminho, os olhos do garoto vislumbrou algo muito maior do que imaginara. As colinas se elevavam em muitas ondas e apenas terminavam no que lembrava um penhasco a muitos metros de distancia.

As árvores retorcidas ladeavam a estrada de tijolos negros que cortava todo o cemitério, mas a principal mais larga e por onde as lápides e monumentos se erguiam, levava ao penhasco.

- Nunca vamos escapar deles, olha só onde vamos nos esconder? – Tod se apressou a dizer.

- Não precisamos nos esconder Tod, o que foi feito aqui vai terminar aqui – disse Olivaras no momento em que uma explosão ocorreu declarando que já não havia mais portão entre eles e os algozes.

- Eu não quero morrer aqui, vocês me arrastaram até aqui para morrer – contestou Tod. – Quando vão parar de serem loucos de pedra e assumir que estamos no meio de uma guerra aqui.

Olivaras perdeu um segundo olhando nos olhos de Tod, ele apontou a varinha em direção ao amontoado de galhos secos e retorcidos. Um saiu do meio deles, era maior e cheio de nós. Tod segurou o galho para não ser derrubado por ele.

O bruxo tirou algo das vestes, era um vidro com um liquido azul. Ele entregou ao garoto.

- O que quer que eu faça com isso? - perguntou Tod.

- Quero que termine o que devíamos ter terminado anos atrás – explicou Olivaras, Florean se adiantou e empunhou a varinha.

- Não vem com essa não, - ele largou o galho e empurrou o vidro de volta para Olivaras - eu não tenho nada a ver com isso. Eu não matei ninguém.

- Mas morreu.

- O quê? – a voz de Tod foi abafada por um enorme baque surdo, de algo se chocando contra a barreira.

- Não vai agüentar por muito tempo! – gritou Tumblius, correndo de volta para eles. Tod logo puxou a blusa do avô.

- O que houve comigo, o que houve realmente comigo? – ele perguntou para o avô, outro baque.

- Eles tem companhia também. – avisou Florean. Algo que Tod não conseguiu ver se chocou contra a barreira e ela oscilou.

- Me diga, por favor.

- Eu matei seu pai, enlouqueci minha filha a mandando para Saint Mungus e lhe matei, você nasceu morto Tod. – o olhar de espanto de Tod superou todos os outros que ele tivera antes.

- E vocês enganaram um homem, não para trazer meu pai de volta, foi pra me trazer.

- E por algum motivo isso ativou uma proteção em você – falou Olivaras.

- E nisso acordarmos algo – Tumblius e os outros cairam no chão, jogados por uma vibração forte, Florean batera numa das lapides fazendo sair um enorme facho de luz dela.
Logo em seguida um som indescritível encheu todo o cemitério. Tod achou que era um daqueles sons que os dinossauros faziam no filme, como um T-Rex. Mas ele sabia com toda a certeza que não era um dinossauro e nem que aquilo era um filme.

Lá de baixo Ravner ouviu o som, se virando para Ellen e os outros três homens que vinham atrás dele. Ghoeth e Hammer estavam acompanhados por um homem, Ele fez um sinal para Ravner. Que retribuiu friamente, ficaram lado a lado olhando para colina a frente.

- Estão todos aqui? – perguntou Robert sem tirar os olhos da colina.

- Estão.

- Deve estar se perguntando o que estou fazendo com eles.

- Cada um cuida de sua própria vida – Ravner avançou com Ellen ao seu lado. – Só cuide para que eles não me atrapalhem, eu sei o que eles querem. Todos tem desejos que não podem ser realizados, agora por um sacrifício podem ter tudo. Não posso cuidar sempre de você.

- Nem vai precisar – Ravner não teve tempo de pensar, estava no chão apoiando os braços para não ser comprimido contra os tijolos negros. Robert estava com sua varinha apontada para as costelas de Ravner, Ellen olhou para o homem o reconhecendo.

- Faça alguma coisa – entredentes Ravner suplicou a Ellen.

- Ele pode trazer meu amigo de volta a vida? – disse se dirigindo a Robert, Ghoeth e Hammer caminharam parando ao lado do homem.

- É impossível, fazemos magia e não milagres – respondeu Ghoeth, os olhos de Ellen foram retornando ao normal e o escaravelho perdeu seu poder sobre a jovem.

Ela caminhou em direção a colina, Hammer apontou sua varinha para as costas da garota que começou a correr para chegar ao topo. Ela havia feito uma pergunta e sabia que ele estava lá em cima, ele estava vivo.

Robert abaixou o braço de Hammer, que olhou com espanto.

- Se quiser se sacrificar não tem problema, mas poderíamos usar uma alma pura para atiçá-la – replicou.

- Ela nem precisa ser atiçada, já está aqui. – Ravner estava com o rosto quase colado no chão quando viu um vulto passar por baixo dos tijolos, que ficaram límpidos como espelho.

- Ótimo – disse Ghoeth caminhando até Ravner, e sussurrando para ele acrescentou – Espero que o Lord acabe com você rápido por ter feito perder a maior arma de guerra da história bruxa.

Hammer o seguiu, olhando para a colina um brilho azul explodiu lá em cima. Ele sacudiu os ombros.

- Isso está muito interessante – comentou passando por Ravner e indo se juntar a Ghoeth em direção a colina.

Robert parou ao lado do irmão, deixando os dois bruxos indo na frente.

- Por que está fazendo isso, virando uma marionete de tipos desses? – perguntou Ravner, podia ouvir suas costelas estalarem prestes a rachar a qualquer minuto.

- Não pode me proteger sempre irmão, mas eu posso te proteger pelo menos uma vez na minha vida. – Robert estuporou Ravner. Ele bateu com a cabeça brutalmente no tijolo o manchando de vermelho, o fazendo perder os sentidos, antes de caminhar para longe ele disse baixinho – Eu te amo meu irmão.

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