A AJUDINHA DE SLUGHORN



Uma agonia irritava de certa forma naquele momento, uma ansiedade dominava aquele corpo, parecia está esperando algo muito urgente. Em hora em hora, fixava o olhar em um quadro na parede descascada, no qual trazia a pintura da paisagem de um pequeno lago ao nascer do sol, vez ou outra o olhar caia sobre a cômoda destruída em um dos cantos da sala escura. Via-se que o teto era baixo de madeira e que as janelas estavam lacradas por tábuas.
A porta ao centro da sala se escancarou, mostrando assim a lua gigante ao fundo clareando uma chapa de metal presa à porta, onde se lia “Rancho do Tronco Torto”. Snape entrou, fazendo flutuar com a varinha quatro corpos, duas mulheres e dois homens, na sua frente.
- Finalmente, - Disse a voz presa na parede observando os corpos serem largados no carpete imundo. – Já estava me cansando da sua demora. Deram muito trabalho, não!?
- Nenhum. – Ele ria. – Pelos poderem que aparentam ter achei que seria mais difícil. Bom, vamos logo ao trabalho.
Snape apanhou o livro de capa preta, indicou a varinha para o fio de ouro branco que o lacrava, e pronunciou com a voz rouca:
- “Mostra-me como trazer a pessoa que mais amo de Volta!”. – O fio de ouro branco começou a se contorcer, encolhendo-se rapidamente, até que ficasse alinhado na capa deixando que Snape o folheasse para uma das páginas.

Logo após ele recolheu a espada revestida de ouro, pouco abaixo da moldura de onde vinha a visão do ambiente, pegou e alinhou os cadáveres lado a lado em frente ao espelho, ergueu a espada e a empunhou, colocou sobre o corpo do homem mais velho, a espada cortou o ar...
- Harry... HARRY!?
Harry acordara assustado, sentiu uma fisgada profunda na cicatriz, que não sentia há certo tempo. Rony o cutucava com os olhos esbugalhados:
- Pesadelos de novo, cara?
- Tive sim, mas foi estranho, pareceu com os que eu tinha antes, quando Voldemort... Ahh você sabe do que eu estou falando.
- Deve ser só pesadelos... alguma coisa de sobre natural? – Rony fez cara de ironia.
- Sim! – Rony trocou seu semblante para medo. – Eu vi o Snape arrastando quatro pessoas... e matando uma delas...
- Onde isso? – Rony já sentara na cama.
- Não sei... em uma casa abandonada... tinha uma placa na porta... “Rancho do Tronco Torto”, algo assim...
- Mas não pode ser verdade, cara... você só pode ver através do Vol... er... ce-sabe-quem.. e ele está morto!
- Isso é verdade, mas na igreja no início do ano, tive a mesma sensação de observar as coisas preso em uma parede.
- Você acha que deveria investigar?
- Uhm, se soubéssemos onde é esse rancho... – Harry pausou por um minuto encarando o guarda-roupa. – Cadê a Mione?
- Não sei não, Harry, não a vi hoje ainda...
- Ela deve saber onde...
Neste momento, Hermione empurrou com força a porta do quarto e entrou. Antes que alguém lhe perguntasse alguma coisa, ela abriu a boca em alto e bom som:
- Harry, eu descobri uma coisa importantíssima!
- O que foi que você descobriu? – Harry e Rony em coro.
- Hoje cedo eu havia acabado de acordar, quando recebi uma coruja urgente do Slughorn pedindo que eu fosse até Hogwarts o mais rápido possível. Então eu me arrumei e aparatei para lá. Lembra que eu fiquei na sala de professores no dia da primeira aula do Rony?
Ele fez que sim com a cabeça.
- Sim, eu pedi ao Slughorn para armar uma poção defeituosa de Dellusione, no caso ele fez uma que deixasse a pessoa que bebesse com os cabelos amarelados por alguns dias.
- E daí? – Harry encarava a garota.
- O professor descobriu quem tava roubando a poção.
- Viu Mione? Eu disse que não havia sido a Letícia. –Interrompeu Harry debochando da garota. – E quem era?
- Se você me deixar terminar, você vai entender. – disse Hermione irritada.
- Desculpe Mione, termine.
- Bom, então, como eu estava dizendo, quem estava roubando as poções era o Filch... – Harry deu um sorrisinho cínico. - ...a prof. ª Minerva deu a ele como punição seis meses de serviços comunitários em Hogwarts, como limpar a biblioteca e ajudar os alunos em seus afazeres.
- Ele vai odiar isso de ajudar os alunos...
- Rony, pode calar a boca?! – Hermione bateu com o pé firme no chão. – Uhm, quando Slughorn me disse que havia sido o Filch eu resolvi falar com ele, e ele me disse, com muita insistência da professora Minerva e ameaças de aumentar a punição dele para um ano, que ele estava roubando as poções para entregar para um velho amigo que havia lhe pedido, e lhe dado um bom dinheiro para que fizesse isso.
- Você perguntou quem era esse amigo?
- Claro néah? Você acha que eu sou o que? Demente!?
- E quem era?
- Harry, eu estava certa, o amigo, era o pai da Letícia, o Sr. Atwode. Eu sei que isso não é uma prova definitiva, mas as evidências são mais do que suficientes para você desconfiar de alguma coisa. Não são?
- Ela deveria está de cabelos amarelos, não?! – Harry sorriu para Hermione...
- Deveria sim!
Harry parou de falar por um instante, estava tentando assimilar tudo isso, quando a voz grossa da Sra. Weasley gripou da sala:
- HARRY, querido, a menina Atwode está aqui!
Sem pensar em mais nada Harry saiu correndo do quarto, mesmo ainda de pijamas, dirigiu-se as escadas o mais rápido possível. Chegando à sala encontrou Letícia sentada no sofá e a Sra. Weasley no pé da escada, vendo que o garoto descera dirigiu-se de volta a cozinha.
- Oi Harry – Disse Letícia levantando-se e andando na direção do garoto.
- Oi. – Respondeu ele com os olhos fixando os chumaços de cabelos que saiam de dentro do chapéu da garota.
- O que você tem Harry? Você está estranho.
- Letícia para que serve a poção Dellusione?
A menina congelou, Harry notou o medo no olhar da menina e não precisou ver o cabelo dela por completo para ter certeza de que tudo que Hermione dissera era verdade.
E nesse momento, o feitiço se quebrou, todo aquele carinho que sentia pela garota se evaporou, um rancor incontrolável começou a fluir dentro de si, acompanhado por um ódio que corrompia seus olhos.
- COMO VOCÊ TEVE CORAGEM? – Não sentia tanto raiva já fazia algum tempo. – EU CONFIEI EM VOCÊ. EU BRIGUEI COM OS MEUS AMIGOS POR VOCÊ, EU ACHEI QUE VOCÊ GOSTASSE MESMO DE MIM.
- Harry, eu gosto, de verdade, no começo eu...
- VOCÊ NÃO SABE O QUE É GOSTAR. VOCÊ É UMA INTERESSEIRA, EGOCENTRICA QUE SÓ PENSA EM SI MESMA, EU TENHO NOJO DE VOCÊ.
- Mas, Harry eu não queria...
- VOCÊ É UMA HIPÓCRITA, COMO PUDE GOSTAR DE VOCÊ? SUA...
As têmporas de Letícia começavam a ficar cada vez mais visíveis sob a pele limpa. Não suportou mais nenhuma palavra vinda de Harry e virou um tapa no rosto dele, o garoto sentiu o rosto arder.
-NÃO FALE ASSIM COMIGO, VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO.
-VOCÊ NÃO FEZ ISSO. – Harry segurou a garota pelos braços e a jogou no sofá com toda a força. – EU NÃO TENHO ESSE DIREITO? VOCÊ TINHA O DIREITO DE ME ENFEITIÇAR? DE ME CONTROLAR POR TODO ESSE TEMPO? DE ME INFLUENCIAR? DE ME FAZER BRIGAR COM OS MEUS AMIGOS? DE ME USAR? VOCÊ TINHA ESSE DIREITO, LETICIA?
Nesse momento, Harry percebeu os dois amigos espiarem no topo da escada e disse:
- Eu vou sair daqui antes que eu perca a cabeça. Tirem essa... menina daqui!
- Harry espere... – Disse Hermione, mas já era tarde ele já havia saído, batendo a porta.
Harry ainda tremia de raiva ao passar o caminho de grama que ligava ao portão da mansão. Rodeou o cercado e sentou em uma pedra que ficava escorada atrás de sua casa. Viu Letícia caminhar sozinha aos berros pelo caminho mais a frente, que ligava à Vila.
“Harry você é muito cabeça dura, se escutasse a Hermione.” A voz que habitava sua mente tinha despertado de vez. “Mas quem iria imaginar que aquela menina era tão canalha?” Harry socava a cada minuto a pedra, até que uns cinco minutos depois os amigos apareceram ao seu lado.
- Podemos, cara? – Perguntou Rony indicando o lado da pedra para sentar com Hermione.
- Desculpe Mione, eu devia ter ouvido você.
- Não se preocupe, Harry. Aquela poção estava te influenciando. Não foi sua culpa!
- Vocês não sabem o ódio que eu estou daquela garota. Como é que ela pôde?
- Harry, ela é uma interesseira que só pensa em si mesma. Não ligue para isso.
Harry mirou o chão.
- Sinto falta da Gina, sabe.
- Todos sentimos, Cara, todos sentimos.
- Se ao menos eu pudesse pegar o Snape...
- E você pode, falamos com o Dumbledore agora no quadro e ele nos disse onde fica o vale do Tronco Torto, já pescou em um lago lá perto.
- Sério? – Harry encarou os amigos.
- Sim, é só ir pegar sua vassoura, Não temos uma destinação para poder aparatar!
Harry saiu correndo, levantando todas as folhas secas que estavam no chão, os amigos acompanharam-no até recolher a Firebolt em um suporte em seu quarto.
- Boa sorte, Garotos! – Dumbledore enfeitava o quadro quando o trio descia com suas vassouras. – A Ordem encontrara vocês lá!

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