O ESCONDERIJO DE SEBOSO



Era surpreendente como as vigas de madeira ainda ficavam em pé, unidas, com todo aquele temporal que atingia as paredes exteriores. Um velho trator de lavoura abandonado em uma pequena cobertura de palhas, rangia a cada rajada de vento que o atingia.
As tábuas presas nos buracos das portas e janelas substituíam os vidros estilhaçados pelo carpete, repleto de traças e enormes rasgões, os quais davam para ver o chão de madeira, arduamente castigado pelos cupins.
As paredes, todas em cores pasteis, vinham descascando com a umidade que atingia há anos. Um pequeno quadro, largado em um dos borrões na parede, trazia a pintura da paisagem de um pequeno lago ao nascer do sol. Nenhum móvel era encontrado na sala, exceto uma cômoda destruída em um canto, coberta por teias de aranhas e cupins.
O teto do casebre de madeira era mais baixo que o normal, parecia está sendo pressionado pela carga de neve que se acumulava sobre ele. Eram vistas também duas portas, uma fechada, de maçaneta dourada e outra escancarada, que dava acesso a uma pequena cozinha, totalmente abandonada.
Uma mesa de madeira podre estava revirada, juntamente com as cadeiras ao seu redor. Várias porcelanas estavam espalhadas em pedaços pelo chão, o cômodo era ainda mais escuro que o anterior, e talvez, menor.
Uma figura alta e muito mal vestida entrava na cabana, seus cabelos sedosos vinham cheios de neve. A porta de entrada fôra fechada rapidamente. E a porta que anteriormente estava fechada, agora se escancarara.
- Eu juro que mato aquele moleque, com minhas próprias mãos! – Berrou o homem enraivecido.
O quarto não era muito maior que a cozinha, mas era bem mais aproveitado, ao lado esquerdo tinha uma cama, sem lençóis, apenas com a espuma manchada. Do outro um brilho intenso surgiu do magnífico espelho, suas bordas estremeciam numa curvatura rústica e admirável.
Uma figura ofídica acabara de brotar ao centro do objeto.
- O que o Harry fez dessa vez, Severus?! – A face branca sem nariz, aproximava-se cada vez mais da superfície do espelho.
Snape ameaçou arrancar os cabelos com as próprias mãos.
- Matou o Lucio! – Snape gritava para o quadro. – Simplesmente matou!
- Mais ainda temos outros...
- Não, ainda não encontrei uma família poderosa o suficiente para usá-los!
- Francamente, Snape. No meio de tantos bruxos?!
- Bruxos incompetentes!
- Creio que achará alguns razoavelmente bons! – O Lord falava embargando a voz.
- Depois de tanto trabalho, os enigmas, a espada... – Snape lançou o candelabro que se localizava na cabeceira a metros de distância. – O maldito Baungartem... agora a parte mais fácil, QUE DROGA! Só existem bruxos imprestáveis!
A têmpora de Severus palpitava bruscamente, todo seu sangue parecia ter sido transportado ao rosto.
- E o que finalmente aconteceu lá, hoje à noite?! – A silhueta do Lord lutava para sair de detrás da lamina de vidro.
- Potter... Potter! Estava tudo ocorrendo corretamente. O Lucio me obedecia como nunca...
- Era de se esperar.
- Fomos à casa do moleque... estavam todos aqueles retardados fazendo uma festinha... – Snape procurou outro objeto sob a cabeceira, mas encontrou vazia, chutou-a. – Arranquei a porta e o Lucio entrou atirando a maldição...
- Mas alguém se intrometeu?
Snape encarou o Lord novamente.
- Não consegui ver. – Snape lacrimejava de raiva. – A Maldita auror quase me viu, tive que aparatar.
- E como sabe que o Luciu não conseguio terminar o serviço?!
- Retornei depois, me escondi e vi dois deles passarem carregando o corpo do Mcmallian, e o Potter estava lá na porta, abraçado com aquela trouxa!
- Desgraçados! – O Lord socara em vão, o vidro.

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