O RAPTO DE OJESED



A mesa do café já estava posta. Dorothy ainda arrumava algumas coisas na mesa e Dobby comia um ensopado por perto. Molly, insistentemente, servia mais três batatas no prato de Harry. Hermione e Rony assistiam a tudo – ou olhavam para baixo – com suas caras melancólicas, culpadas.
- Essa mesa está tão pouco movimentada – Resmungou Molly, olhando para as cadeiras vazias.
- Sirius faz muita falta – Harry contemplava a cadeira vazia do tio.
- Tem razão, querido – falou Molly – Depois que Sirius foi para a Mongólia, essa mesa está muito parada.
- E Carlinhos? – perguntou Rony – Não ia passar uns dias conosco?
- Carlinhos está cuidando da temporada de reprodução dos dragões – disse Sr. Weasley, folheando o Profeta – Não acho que ele venha tão cedo.
- Harry, me passe o curry – Pediu Hermione, apontando com um dedo o pote com o molho amarelo escuro. Harry demorou-se para entregar a vasilha fumegante e retribuiu com um breve aceno olhando para seu prato quando Hermione lhe agradeceu.
- Vejam! Edwiges – Rony apontou para a janela.
- Edwiges? – Harry levantou-se bruscamente, abrindo a janela. A pressa era tamanha que segurou direto no vidro, deixando a marca de seus dedos longos – Olá, Edwiges!
Acariciou-lhe no pescoço e retirou a carta que vinha presa a uma pata da bela coruja branca. Ela deu pequenas bicadas carinhosas nos dedos. Harry abriu o pergaminho, tirando o lacre de cera. Leu a carta para si mesmo.

“Ao senhores Arthur Weasley e Harry Potter

A presença de ambos é solicitada urgentemente no Ministério da Magia.

Mais informações serão descritas em hora apropriada.

Atenciosamente,

Rufus Scrimgeour”

Harry releu mais uma vez, abismado, e passou a carta ao outro destinatário, Arthur. Sr. Weasley leu e guardou a carta em seu bolso.
- O que aconteceu? – Molly parecia assustada.
- Fomos convocados pelo Ministério. E parece algo sério – Harry estava ansioso pela sua primeira ação como auror investigativo – Tenho que me preparar.
- Apresse-se, Harry – disse Arthur, vestindo sua capa pendurada no encosto da cadeira – É uma missão importante.
Harry colocou a mão no bolso e sentiu a textura de madeira da sua varinha. Uma bela varinha, feita com uma das penas de uma fênix. Sua ferramenta, seu material de trabalho... sua arma. Caminhou em direção à porta, sentindo o peso da haste de madeira.
- Boa sorte, meus queridos – Disse Molly.
Harry e o Sr. Weasley aparataram e saíram em um beco vazio perto da cabine telefônica que dava acesso ao Ministério. Um bêbado dormia por perto, com uma lata de lixo aberta ao seu lado. Alguns ratos fuçavam em sacos e de quando em quando algum objeto caía, provocando um eco. Os dois homens caminharam até a cabine, o sol forte em seus rostos, até chegarem ao cubículo. Pegaram seus crachás e desceram ansiosos pelo elevador.
Havia um movimento intenso no Ministério da Magia. Bruxos e mais bruxos circulavam, gesticulavam, gritavam e olhavam papéis. Mas, esperando na porta, estava Rufus Scrimgeour, o próprio, esperando Harry e Arthur. Estava elegantíssimo em seus trajes, mas seus cabelos estavam bagunçados e seu rosto demonstrava um cansaço terrível.
- Ah, que bom que chegaram – Disse Rufus – Vamos, vamos até a minha sala. Não é um assunto a ser abordado a todos que estão por aqui.
O ministro caminhava rapidamente e os bruxos davam-lhe licença sem que ele ao menos pedisse. Arthur e Harry não tinham a mesma autoridade, portanto tinham que se esquivar e caminhar mais rápido ainda, para compensar o atraso. Entraram na bela sala de Rufus, lindamente decorada, onde o dourado e o prata dominavam. Sentaram-se.
- Senhor, o que está acontecendo? – Arthur perguntou.
- Algo terrível, sem dúvida – Scrimgeour servia-se de whisky – Estávamos fazendo o transporte do espelho amaldiçoado para o Banco Gringotes, um lugar de segurança inquestionável. Contudo...ah...fomos. Droga! Roubados!
- Como..ah, como, senhor? – Harry estava pasmo – Como roubaram? Não havia aurores o protegendo? Porque eles não agiram? Porque....
- Calma, Harry – disse Arthur – Escute o que o Senhor Rufus tem a dizer.
- Não tenho mais nada a dizer, Arthur – disse Scrimgeour – É só isso que sei, pelo menos desse assunto. Estou espantado e cheio de dúvidas tanto quanto vocês! Mandei aurores investigarem.
- Mas quem iria querer roubar um espelho? – perguntou Arthur.
- Não é apenas um espelho, senhor. Ele quem me salvou das masmorras. Nós podemos ver coisas nele...
- Não temos certeza, Arthur, de quem tenha roubado ele. Mas desconfiamos de alguém. E esse alguém é tão ou mais preocupante do que o roubo do espelho. Snape... Snape fugiu de Azkaban!
O tempo pareceu parar. Tudo parecia silencioso, os três corriam os olhos, de um para o outro, até Harry quebrar o silêncio.
- Como? Como conseguiu fugir de Azkaban? Tem aurores... e dementadores lá!
- Não sabemos, não sabemos. Mas colocamos nesse caso outros aurores e alguns dementadores confiáveis para cuidar do Severus. Precisamos achá-lo. Mas, queria destacar mais um para essa busca. Quero você, Harry!
- Creio que nenhum jornal tenha divulgado o acontecido, não é, Ministro? – perguntou Arthur, olhando para a pilha de jornais que jazia sobre a mesa de Scrimgeour.
- Ah, não, não, Arthur. Já pressionamos os donos dos jornais para não escrever e não comentar sobre o fato. Estamos abafando o caso e puniremos aqueles que desrespeitarem a ordem de silêncio.
- Mas os bruxos devem saber o perigo que correm! – exclamou Harry, de um salto.
- Não, Harry – disse Arthur – Os bruxos já estão tomando cuidado em tudo o que fazem. Não adiantaria mais um alerta. Mesmo porque seria um escândalo. Traria mais caos à sociedade mágica.
- Maldito seja, Snape... – Exclamou Harry – Foi ele quem roubou o Espelho, certamente.

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