O Destino dos Granger



- Ele fez isso para me salvar – explicava Hermione para os parentes de Rony que estavam na casa – Nós tivemos que distrair um dragão...
- Um dragão!? – exclamou Fred incrédulo.
- Puxa! – ajuntou George.
- É, foi! Um dragão branco que protegia o objeto que o Harry precisava pegar. Então começamos a voar para cima do bicho, tentando chamar a atenção dele para deixar o Harry livre – continuou a garota.
- Foi muita coragem! – falou Carlinhos abraçando a garota que parecia incomodada, pela primeira vez, com um gesto de carinho do moço.
- Mas numa das investidas ele acertou a cauda da minha vassoura com um jato de gelo. A vassoura pesou e como eu não sou lá grande coisa voando, acabei caindo.
Ela ainda tremia lembrando dos momentos que passou na caverna. Os amigos incentivaram para que ela concluísse a narrativa e a Srª Weasley, ainda abalada, passava às mãos da garota uma xícara de chá calmante.
- Foi tudo rápido depois disso. Eu caí perto de um buraco na parede e ia me esconder lá quando o dragão veio com tudo para cima de mim. As garras prontas para me pegar, mas ele não conseguiu me alcançar porque o Rony... – a voz começou a embargar novamente e ela teve que respirar fundo repetidas vezes para prosseguir – O Rony entrou na frente e o dragão acertou a ele e não a mim.
- Então o Rony salvou você? – perguntou Carlinhos.
- Irmãozinho corajoso o nosso – falou Fred em um tom de brincadeira que deixava transparecer o orgulho que sentia de Rony naquele momento.
- E depois? – quis saber Gina, que tinha esquecido a frustração de não poder participar da aventura depois que viu o estado em que seu irmão chegou.
- Depois, a caverna tremeu e o dragão saiu de perto, me dando tempo de puxar o Rony para a fenda na caverna enquanto esperávamos o Harry. Eu tentei todos os feitiços que sabia, mas ele não acordava. Só quando Harry destruiu o dragão é que nós encontramos a chave de portal e voltamos para casa.
Todos os Weasley presentes sabiam que Rony havia mais que honrado o nome da família. Arriscara-se não só para ajudar Harry, mas para salvar a melhor amiga de um monstro colossal.
Hermione ainda sentia-se responsável pelo estado de saúde do amigo e aceitou de bom grado a sugestão que a Srª Weasley fez a seguir:
- Acho que você precisa descansar, querida! Gina, suba com ela, está bem?
A ruiva acompanhou a amiga até o quarto que ocupavam. Quando fechou as portas atrás de si, Hermione caiu na cama chorando compulsivamente. E Gina não a interrompeu. O que quer que fosse, mais tarde ela falaria.
Sentou-se em sua cama e esperou paciente o desespero da amiga ir se acalmando aos poucos. Os soluços ainda pontuavam a respiração de Hermione, mas havia menos revolta e mais dor nas lágrimas que escorriam pelas faces queimadas do frio enfrentado nos últimos dias.
Quando a garota recolheu os pés para cima da cama e abraçou os joelhos, apoiando as costas na parede, é que Gina perguntou:
- Que choro é esse?
Hermione olhou para Gina como se tivesse ouvido um insulto.
- Depois de ouvir tudo o que eu disse lá embaixo você ainda me pergunta por que eu estou chorando?
- Pergunto! – afirmou a ruiva – Pergunto porque sei que tem alguma coisa diferente. Eu já te vi chorando muitas vezes para entender que tem alguma coisa doendo aí dentro que não tem nada a ver com o fato do Rony estar no hospital ou com a mão do Harry, ou com esses arranhões e hematomas que você tem nas mãos e no rosto.
- Você não sabe do que está falando...- murmurou Hermione.
- Se você não quer me dizer, não precisa. Nós somos amigas, não é? E vamos continuar mesmo que isso que você sente seja segredo!
Gina se levantou e foi até a porta para deixar Hermione sozinha. Talvez isso a ajudasse a colocar os pensamentos em ordem.
- Rony disse que me ama – disse por fim Hermione antes que Gina levasse a mão à maçaneta.
A bruxa se virou em câmera lenta, chocada com informação. Em outro momento, ela teria corrido e pulado ao pescoço da amiga, feito festa e enchido a garota de perguntas. Mas Rony estava inconsciente no hospital, e ainda havia Carlinhos.
Agora ela entendia a dor de Hermione. Sabia que a amiga esperara por esse momento, esperara por essa frase durante anos. Mas em nenhum de seus sonhos, relatados durante os períodos que se refugiava na Toca, aconteceria assim.
Hermione olhou para Gina com uma súplica contida no brilho dos olhos castanhos. Pedia um conselho, um apoio, uma palavra de consolo.
- Pensei que você tivesse esquecido – disse por fim a irmã de Rony.
- Não dá para esquecer quase cinco anos de uma hora para outra...
- Então, vocês vão se acertar? – perguntou escondendo um fio de esperança.
Há muito tempo que a ruiva sonhava em ver Hermione e Rony juntos. Os dois formavam um casal perfeito, até mais perfeito que ela e Harry. Mas vendo que a cabeça e Hermione balançava num misto de “sim” e “não”, inflamou-se dizendo:
- Eu não acredito! Toda vez que vocês estão quase se acertando aparece alguma coisa que atrapalha tudo. Qual é a desculpa desta vez? – já imaginando a resposta.
- Carlinhos – falou Hermione confirmando as suspeitas de Gina.
Agora, Hermione ficava sem saber o que fazer. Quando encontrou Carlinhos no casamento de Gui e Fleur, ela tinha plena convicção que a mágoa que sentia de Rony não passaria nunca mais. Ele a havia insultado naquilo que ela mais prezava, sua dignidade.
Mas a cada dia ela se via mais envolvida com Carlinhos e, mesmo se esforçando para o contrário, se via menos magoada com Rony. No entanto, como ele não deu qualquer sinal de ainda se interessar por ela, foi deixando tudo como estava. Carlinhos era bonito, inteligente e eles se divertiam muito juntos.
Durante a viagem, muitas vezes tendo que dormir bem próxima dos amigos, ela se via acordada sentindo o calor de Rony. Quase se esquecia de que outras pessoas estavam com eles. Quando fazia seu turno de vigília, dava um jeito de observar o ruivo dormindo, o cabelo caindo sobre o rosto, escondendo algumas das sardas.
Ouvir o tão sonhado “eu te amo”, vê-lo se lançar contra o dragão para protegê-la e acabar desacordado e muito ferido foram emoções fortes demais para alguém tão racional.
- O que eu faço? – perguntou para Gina.
- Desculpa, Mione, mas desta vez eu não sei o que dizer. Olha, descansa, dorme um pouco e depois, com a cabeça mais fria, você decide.
Ela deu um beijo na testa da amiga e saiu do quarto.
Hermione dormiu profundamente. O chá da Srª Weasley começou a fazer efeito e a garota não acordou sequer para jantar. Só se levantou no dia seguinte, quase a hora do almoço.
Trocou de roupas, lavou o rosto ainda inchado e desceu. Só Harry e Gina estavam em casa.
- Onde estão os outros? – perguntou chegando na sala e vendo a amiga trocar as ataduras da mão do namorado.
- Bom dia, Hermione – falou a menina – Papai, Fred, George e Gui foram trabalhar. Mamãe foi com Fleur e Carlinhos visitar Rony.
- Está com fome? – perguntou Harry com uma careta de dor enquanto Gina aplicava uma poção sobre as faixas – Tem torrada e chá na cozinha.
Ela saiu, pegou uma xícara de chá e voltou para a sala, sentando-se numa poltrona. Ficou quieta, observando a lenha crepitar.
- Quero ir ao St. Mungus... Vocês me acompanham? – disse depois de um tempo, ainda sem olhar para eles.
- Claro – falou Harry – só precisamos pegar nossas capas.
Eles saíram em seguida. Harry aparatou levando Gina consigo. Chegaram ao St. Mungus e pediram para ver Ronald Weasley. Subiram para a enfermaria conhecida e encontraram a Srª Weasley sentada sozinha junto à cabeceira da cama do filho.
- Como ele está, mamãe?
- Melhor. Hoje ele acordou – respondeu a mulher emocionada – até conversou um pouco. As feridas ainda não cicatrizaram, mas ele deve receber alta logo.
- E o que ele disse? – perguntou Harry – Falou alguma coisa do que aconteceu na caverna?
- Não... Isso que me preocupa sabe? Ele só se lembra de ter encontrado o Vitor Krum e os amigos e ter se despedido de Gui. Mais nada!
Gina olhou preocupada para Hermione, mas pensou ter visto um brilho de alívio passar pelos olhos da amiga.
- Krum! – falou Harry tenso – Temos que avisá-lo que deu tudo certo!
- Eu escrevo para ele quando voltarmos. - tranqüilizou-o Hermione
Depois de um tempo ali, Rony acordou novamente, conversou com os amigos e realmente confirmou que não sabia de nada do que havia acontecido.
Os jovens voltaram para casa quando o curandeiro informou que Rony teria alta no dia seguinte. Mas não poderia se esforçar nem subir escadas, já que as feridas só cicatrizariam dali a uns dias.
Eles se apressaram em arrumar uma cama para acomodar Rony na sala da lareira. Deixaram tudo pronto e quando o amigo chegou, no dia seguinte, se alegrou em poder dormir perto do fogo depois de passar tanto frio.
- Você se lembra do frio? – falou Harry curioso, quando o resto saiu da sala e deixou os dois amigos sozinhos.
- É estranho, sabe? – explicou Rony – Eu não sei o que aconteceu, só tenho algumas sensações. O frio é uma delas.
- Então você não se lembra da passagem para Durmstrang? Do quadro de Grindewald entre os professores, de conjurar uma almofada enorme para impedir a gente de cair de cara no chão?
- Não! Nada... parece tudo um grande vazio! Acho que você vai ter que me contar tudo o que aconteceu – respondeu meio cansado e inconformado.
- Eu não acredito! – comentou Harry inconformado pensando que o amigo vivera uma das maiores aventuras do século, se portou como um herói e não conseguia se lembrar de nada.
O rapaz narrou tudo o que passaram para chegar até a escola, o que aconteceu dentro do instituto, como descobriram a passagem e como ele foi o único que não foi atingido pelo feitiço do poço. Depois falou da caminhada, do mapa gravado a metal incandescente no pescoço e do modo como entraram na caverna.
Quando ia começar a narrar as aventuras contra o dragão, ficou indeciso se deveria ou não mencionar a declaração feita a Hermione. Mas teve o trabalho poupado quando o amigo perguntou:
- Minha mãe disse que eu tentei salvar a Mione. Ela está bem? Eu a vi tão rápido...
- Está sim! Ficou muito nervosa quando você foi ferido, mas está bem mais calma.
Estudou as expressões no rosto do amigo, mas Rony continuou quieto, olhando para o teto e respirando com um pouco de dificuldade já que as feridas ainda doíam muito. Parecia impassível e Harry pensou se aquela perda de memória poderia tê-lo feito esquecer o que sentia pela amiga.
Harry não falou mais nada sobre a caverna. Aproveitou o silêncio do amigo para mudar de assunto. Eles conversaram mais um bom tempo sobre os planos dali para frente. Harry ainda não tinha destruído a horcrux. Estava esperando pelos amigos para fazerem aquilo juntos.
Quando Harry falou em subir, Rony o deteve:
- Só uma pergunta.
- Pode falar. O que quer saber?
- O que era? O que estava guardado na caixinha depois da ponte?
Harry já ia responder que era um pedaço de papel que ele nem teve tempo de olhar, mas então atentou para um detalhe: ele não contou nada do que aconteceu depois de entrarem na câmara de gelo. E em seus sonhos ele não avistou nenhuma ponte para ter contado ao amigo.
Olhou Rony desconfiado. Seria possível que o amigo estava enganando a todos só para não ter que encarar Hermione?
- Ei, aonde você vai? – perguntou Rony quando Harry saiu em direção á porta da sala.
O rapaz fechou a porta e a trancou com magia, do mesmo modo que Gina fez há algumas semanas, quando se despediram.
- Que foi? – perguntou Rony nervoso quando Harry sentou na beirada da cama e o encarou.
- Você se lembra... – falou entre o divertido e o curioso.
- Do que você está falando?
- Eu nunca te contei nada sobre a caixinha ou a ponte.
As orelhas de Rony começaram a se avermelhar, revelando mesmo a contragosto que o rapaz estava envergonhado.
- Eu já expliquei, eu tenho flashes, sabe?
- Deixa de ser mentiroso – falou Harry com uma risada – Você está fingindo! E eu nem preciso de magia para saber o porquê!
- Para com isso, cara. Por favor, deixa essa história do jeito que está, ok?
- Ahá, eu sabia!
Harry olhava vitorioso para um Rony sem graça e desconcertado.
- Não é grande coisa! – falou nervoso, com seu habitual tom grosseiro.
- Como não? Você se declarou para a Hermione e diz que não é grande coisa? Vai dizer agora que se arrependeu ou que não gosta dela do jeito que falou.
O olhar de Harry era de quem não aceitaria mentiras nem desculpas daquela vez. E Rony não teve alternativa a não ser se abrir com o amigo.
- Eu gosto dela! Pronto, falei. Satisfeito agora? Mas me arrependi de ter falado aquilo. Foi desleal, sabe? Ela tá com o meu irmão, não é? Então, melhor fazer de conta que não lembro de nada e todo mundo continua feliz...
- Você está feliz? – perguntou incrédulo.
A pergunta chacoalhou o ruivo mais do que ele esperava. Onde Harry conseguiu tanta sensibilidade assim para ler pensamentos?
- Não! Mas vou ficar... Agora me deixa dormir.
Harry riu quando o amigo virou para o lado mais rápido do que podia e engoliu um gemido para não demonstrar que sentia dor. Aquele era o mesmo Ronald Weasley que ele conhecera há 7 anos.
Os dias passaram apressados e a véspera do Natal chegou sem muito alarde. Os ataques haviam se intensificado e poucas eram as famílias que ainda não haviam perdido nenhum parente.
A Srª Weasley se apressou em decorar a casa, com uma bela árvore enfeitada com fadinhas coloridas que piscavam e agitavam as asinhas animadas. Preparou um grande banquete para a ceia e já havia separado os presentes de cada um.
Fred e George chegaram carregados de caixas pois tinham que fazer uma entrega dali a dois dias e depositaram as encomendas na sala que Rony ocupava. O rádio foi novamente ligado e mesmo a voz da cantora preferida da Srª Weasley não impediu os jovens de conversarem alegres e descontraídos.
O pai de Rony ainda ficara até mais tarde no trabalho e quando chegou, tinha uma expressão mais triste que cansada. Tonks o acompanhava. Quando a matriarca dos Weasley abriu a porta, perguntou em voz baixa:
- Arthur, que cara é essa? Tonks, o que está havendo?
- Mais um ataque, Molly – falou em voz baixa.
Os jovens na sala riam divertidos das travessuras de Bichento e Arnoldo, o mini-puf que agora não era nada mini e se parecia com uma versão cor de rosa do gato de Hermione.
- Foi algum conhecido? – perguntou apreensiva – Não foi o... Quero dizer, o Percy?
- Não, querida! A nossa família ainda é a única inteira por aqui. – falou Arthur com uma voz pesarosa e lançou um olhar significativo para a garota de cabelos castanhos que jogava bolinhas de papel para os bichinhos brincarem no tapete.
- Não! – exclamou a mãe de Rony levando as mãos à boca.
- Será que você pode chamá-la, Tonks?
A auror foi até a sala e encostou a mão no ombro da garota. Deu um sorriso forçado e pediu para falar com ela a sós.
Chegando no hall, Hermione observou os olhos marejados da Srª Weasley e a expressão de pesar no rosto do pai de Rony.
- O que aconteceu? – perguntou receosa.
- Infelizmente, não temos boas notícias, querida – falou a Srª Weasley.
Os olhos de Hermione fixavam os demais e se enchiam de lágrimas. Intimamente, a jovem já sabia o que viria a seguir. Mas preferia não pensar ou mesmo não ouvir o que eles tinham para falar, na expectativa de que se a notícia não fosse dada, o fato deixasse de existir.
- Atacaram a rua onde seus pais estavam escondidos, Hermione – falou o Sr° Weasley sem rodeios.
Molly Weasley lançou um olhar reprovador ao marido. Dar uma notícia daquelas sem nenhuma preparação era muita crueldade. Mas Arthur sabia que o quanto antes falasse, melhor. Ele conhecia Hermione desde que a garota tinha 12 anos e sabia que ela era uma pessoa forte e determinada. Os rodeios só serviriam para atormentar-lhe o coração.
- Mas eles estão bem, não estão?
Não houve resposta de volta.
- Eles estão bem! Eu sei que estão – afirmou atordoada dando alguns passos para trás, tropeçando no porta guarda-chuvas que caiu com um estrondo.
Todos que estavam reunidos na sala se apressaram em ver o motivo do barulho. E depararam com a amiga que tremia e passava compulsivamente as mãos nos cabelos.
Eles olharam para o grupo formado por Molly, Arthur e Tonks, ainda parados à porta e a expressão de profunda tristeza em seus rostos.
- Hermione... – chamou Tonks.
- Não vou ouvir! – berrou a garota – Eu sei que eles estão bem! Foi Dumbledore quem os protegeu! E eu confio nele... Meus pais confiaram nele... E agora...
A voz da garota foi sumindo à medida que as lágrimas escorriam de seus olhos. Ela se apoiou no corrimão e deixou o corpo escorregar para o primeiro degrau da escada. Sentada, escondeu o rosto entre os braços e soluçou.
Ninguém falava nada e até os dois bichos de estimação das meninas pareciam ter entendido a gravidade da situação e pararam com as travessuras na sala. O único som que insistia, alheio a toda tristeza que se adensava no hall, era da lenha crepitando suavemente enquanto irradiava calor pela sala vazia.
Hermione levantou de súbito, chegando a cambalear para trás. Secou as lágrimas com raiva e falou, em voz alta dando vazão à histeria provocada pelo choque:
- Então não adiantou nada! Não adiantou tirar meus pais de perto de mim... Se eles iam... se isso ia acontecer de qualquer jeito... Por que eles não puderam ficar comigo? – O olhar de Hermione correu por todos que a observavam esperando que alguém respondesse às dúvidas que surgiam em sua mente. Mas não havia nenhuma resposta. Não havia mais nada o que fazer. A esperança de que poderia proteger seus pais e tê-los por perto assim que a guerra terminasse havia sido levada por uma torrente de desespero que fez com que a jovem sentisse uma dor lancinante tomar-lhe o coração. A vontade de gritar, a necessidade de não acreditar que aquilo estava acontecendo aumentava a cada segundo.
As mãos de Hermione começaram a tremer. Rony e Harry, que a conheciam muito melhor que qualquer outra pessoa na casa, sabiam que ele estava preste a explodir. Rony, por experiência própria, sabia que ela não costumava guardar sentimentos dentro de si. De alegria ou de tristeza, sempre externava os sentimentos que atormentavam ou elevavam sua alma.
Muito mais que os outros, mais até que Harry, ele queria que aquele sentimento não existisse dentro dela. Vê-la triste e desesperada daquela forma era pior que tudo o que já haviam enfrentado juntos. E imaginar que aquela seria uma dor difícil de abandonar o coração da garota era mais angustiante que todos os dias em que ficaram sem se falar.
Ele observou que Hermione agora estava quieta, como se o tempo tivesse parado; o silêncio daquele momento era absolutamente insuportável. E novamente o rapaz sentiu que respirar se tornava uma tarefa cada vez mais difícil, não por causa dos machucados que já melhoraram a olhos vistos, mas porque percebeu novas lágrimas cobrirem o rosto de Hermione.
Sem demora, a Srª Weasley se precipitou para a garota abraçando-a maternalmente e dizendo:
- Acalme-se, querida! Eu sei como você deve estar se sentindo!
Mas a jovem, sempre tão carinhosa e prestativa, afastou-se do abraço da bruxa e respondeu mais irritada que antes:
- Não, você não faz idéia... Vocês não fazem a mínima idéia do que eu estou sentindo agora!
Ela não podia ficar ali, não podia olhar aquelas pessoas a observando com tamanha misericórdia. Ela não precisava da misericórdia deles. Sentiu uma onda de ódio tomar-lhe o coração e pela primeira vez em sua vida, Hermione pensou que poderia matar sem se importar. Lembranças povoaram sua mente e ela levou as mãos aos olhos e os apertou como se quisesse arrancá-los. Sentia-se culpada por aquilo ter acontecido. Sentiu inveja porque Gina, Rony, Carlinhos, Fred, George... eles tinham algo que ela não tinha, eles tinham Molly e Arthur. E ela? O que tinha? Seria possível viver com o peso da culpa nos ombros?
A respiração começou a falhar e a dor que anestesiou seu corpo, foi a mesma que fez suas pernas voltarem a se movimentar e Hermione correu. Não poderia ficar ali. Não sabia quanto tempo suportaria aquela realidade áspera.
Saiu em desabalada carreira para a rua, ignorando a forte nevasca que começara a cair poucas horas antes.
Harry dirigiu-se até a porta e já havia colocado o primeiro pé para fora quando Rony o chamou:
- Você ouviu o que ela disse, cara! Ela precisa ficar sozinha!
- A diferença, Rony, é que eu sei EXATAMENTE como ela está se sentindo. E ela precisa saber que não está sozinha nessa.
E sem dar chances para outra discussão começar, ele saiu. Encontrou Hermione caída de joelhos no jardim coberto de neve, do outro lado da rua.
Sentiu seu coração se encher ainda mais de tristeza pela amiga. Ajoelhou-se atrás dela e a puxou de encontro a seu peito.
- Me deixa, Harry – pediu num sussurro melancólico.
- Mione – murmurou o rapaz – eu sou a única pessoa que entende como você está se sentindo. Só por isso eu vim aqui. Para lhe dizer que esse vazio que se formou aí dentro não vai passar.
A dureza das palavras de Harry, num primeiro momento, a revoltaram, mas no instante seguinte ela percebeu que não era mentira. Ele jamais mentiria para ela. E de fato ele era a única pessoa dentro daquela casa que sabia como ela se sentia.
Ela o encarou desgostosa. Harry era a única pessoa no Largo Grimmauld que já tinha passado pelo que ela estava passando agora. Mas que tipo de consolo era aquele? Ela precisava de palavras de carinho e ele viera para lhe dizer aquilo?
- Não me olhe assim... É verdade o que estou dizendo. O vazio não vai passar! A saudade também não! Para que eu vou mentir para você? Dizer que daqui um tempo você não vai se lembrar dessa dor é o mesmo que assumir que depois de um tempo você vai deixar de amá-los. Mas isso não vai impedir você de viver, de seguir em frente e de realizar todos os sonhos que um dia eles tiveram por você...
A garota soluçava sentida. Sabia que Harry dizia a verdade. Ele conviveu com isso a vida inteira.
Enquanto isso, a dor que Harry sempre sentiu por ter vivido sem os pais aflorara novamente. O dique que continha suas emoções havia se rompido quando viu a amiga passar pelo mesmo que ele. Não conseguiu evitar uma correnteza de sentimentos, novamente, invadir sua alma. Sentimentos de tristeza pela amiga. De medo do futuro. E sobretudo de tristeza por si mesmo. Sabia que a dor que Hermione estava sentindo, a desolação que cobrira seus sentidos provavelmente era muito maior que tudo que ele já havia sentido. Hermione convivera com os pais. A presença deles reforçou os laços de amor. Sem conseguir controlar as emoções, Harry invejou a amiga. Queria para si a chance de se revoltar como ela fazia agora. Mas na época, ele não pode fazer nada. Sequer teve consciência do que havia acontecido. E depois de tantos anos sendo emocionalmente massacrado dentro da casa dos Dursley, ele optou por fingir não sentir mais nada. O que lhe sobrara de tudo isso e que ele só recuperou quando voltou a conviver com o mundo bruxo, foram apenas fotos, lembranças que não eram dele, histórias de seus pais e uma noite, em que suas sombras salvaram-no de Voldemort.
Apesar dos olhos inchados, Hermione soube interpretar o brilho etéreo nos olhos de Harry.
- Vo-você ainda... ainda sente...
- Falta? Tristeza? Todos os dias... Eu chego a me questionar como posso sentir falta de uma coisa que eu não tive? Será que alguém pode sentir saudades de coisas que não viveu? – respirou fundo e continuou – Mas eu também aprendi que não posso me abater... Tem horas que é horrível! Você precisa de colo, quer alguém que passe as mãos nos seus cabelos, que te chame a atenção ou que escute seus problemas.
“Quando eu era criança, sonhava que meus pais não tinham morrido, que apenas estavam de férias e que apareciam para me buscar. Eu levantava animado e corria para o jardim, acreditando que eles estavam lá. Passava a tarde inteira esperando. Mas é óbvio que eles não apareciam. E eu voltava para dentro, me sentindo estúpido por ter esperanças...”
Hermione ouvia quieta, engolia o choro aos poucos ouvindo Harry falar de um assunto que era um verdadeiro tabu entre eles. Nunca, em toda longa amizade deles, Harry falou de seus sentimentos em relação aos pais.
O garoto agora também chorava. Mas havia um sorriso contrastante em seu rosto.
- Você ainda teve sorte de contar com a presença deles quando era criança. Eu só fui descobrir o que era uma família quando conheci o Rony e você.
Ela esqueceu que seus olhos pareciam duas cascatas e tentou secar as lágrimas do amigo. Ele segurou as mãos dela e falou ternamente:
- Você ainda tem um irmão, ta? E eu não vou te abandonar nunca! É uma promessa!
Ela se jogou ao pescoço dele e continuou chorando. As palavras de Harry a tranqüilizaram um pouco. Mas naquele momento ela precisava chorar e sabia que Harry a deixaria fazer isso o tempo que fosse necessário. E não sairia do lado dela.
A partir daquele momento, eles eram a família um do outro. Irmã e irmão unidos pela fatalidade. Unidos pelo destino que Voldemort traçou em suas vidas.
Na casa do Largo Grimmauld, Rony, Gina, Fred, George e Carlinhos disputavam um lugar na janela estreita para ver o que estava acontecendo lá fora. Eles se esbarravam enquanto a Srª Weasley ralhava para que deixassem os dois amigos em paz e para que tomassem cuidado com os curativos de Rony.
No meio de tanto empurra-empurra, Fred caiu sobre Gina, que para desviar do peso do irmão deu um passo para trás e pisou no rabo de Bichento. O meio-amasso saltou miando e caiu sobre as encomendas que Fred e George teriam que entregar. O conteúdo das caixas se espalhou pela sala e vários vidros com rótulos cor de rosa se espatifaram.
- Gina! – exclamou Fred nervoso.
- Isso vai nos causar 73 galeões de prejuízo – ajuntou George.
- Não tenho culpa de nada – defendeu-se a ruiva também irritada – vocês que me empurraram.
- Não é hora para brigas – ralhou a Srª Weasley – Hermione pode voltar a qualquer momento e vai precisar do nosso apoio. Enquanto isso, venham me ajudar a limpar essa bagunça. Vejam só, o tapete está encharcado. Que porcaria é essa?
A mãe dos meninos ia se abaixar para descobrir do que se tratava o produto, mas nem precisou. Quando sentiu um cheiro familiar, perguntou:
- Amortentia?
- A senhora não faz idéia do quanto isso vende – comentou Fred.
- E precisávamos entregar essas caixas para uma festa de fim de ano – completou George.
A mãe dos gêmeos balançou a cabeça em desaprovação e com um gesto de varinha limpou a sujeira. Mas o tapete continuou levemente molhado com a poção..
Algum tempo depois, Harry conseguiu trazer Hermione de volta a casa. A mãe de Rony já os esperava à porta com cobertores aquecidos para que eles tirassem as blusas cobertas de neve.
Ela serviu o jantar e ninguém comentou o fato de Hermione mal encostar na comida. Estavam todos decididos a não deixar a amiga ainda mais triste.
A Srª Weasley sugeriu que a sobremesa fosse servida na sala, perto da lareira e todos foram para lá. Rony deitou em sua cama, Harry ficou numa poltrona com Gina, Arthur e Molly sentaram juntos num sofá, Tonks numa cadeira perto da janela e Hermione se sentou no tapete perto da lareira. Carlinhos a seu lado, procurando distraí-la de seus pensamentos que ele sabia estarem voltados para os pais.
Quando os pudins caramelados já tinham sumido das tigelas e o sono começava a chegar, Gina perguntou:
- Ei, Tonks, por que está tão quieta?
- Lua Cheia no Natal não é o melhor presente para Lupin - respondeu com um sorriso saudoso – Acho bom ir para casa, já está tarde.
- Não querida, durma aqui esta noite. A nevasca está forte – falou a Srª Weasley.
A auror olhou pela janela e acabou concordando ao ver o tanto que a neve subira em poucos instantes.
Rony discutia com Fred e George algumas idéias de produtos enquanto Carlinhos dizia para Hermione:
- Comprei um presente de Natal para você. Mas você tem que me prometer que só vai abri-lo amanhã.
Ele entregou uma caixinha para a garota com um pedaço de pergaminho enrolado numa fita.
- Não precisava – respondeu a garota sem graça.
- Eu sei. Por isso comprei. Só gosto de dar presentes quando não preciso. Parece que ficam especiais!
Ela sorriu e deu um beijo na bochecha do rapaz. A conversa na sala ainda fluía, mas ela sentiu sono.
- Acho que vou subir e deitar. Estou com sono. Boa noite a todos!
Ela apoiou as mãos no tapete para dar impulso e se levantar. Sentiu a mão ficar úmida com a pressão que fez no tapete e procurou cheirar cuidadosamente, pensando que se tratava de alguma “arte” do Bichento.
- Srª Weasley, acho bom mudar o Rony daqui. Até o tapete já tem o cheiro do quarto dele - brincou aliviada quando viu que Bichento não havia feito nada de errado e subiu para o quarto.
Na sala, um constrangimento repentino se abateu sobre os demais. Carlinhos estava de boca aberta. O Sr° e a Srª Weasley, assim como Gina, Fred e George estavam vermelhos e Rony continha um sorriso. Tonks não segurou uma risadinha abafada e apenas Harry ficou sem entender nada.
- Boa noite! – disse Carlinhos subindo para um quarto.
- Nós também já vamos! – falou Fred.
- Boa noite! Principalmente para você, Roniquinho – brincou George.
- George, AINDA não! – xingou a mãe deles.
Mas Harry reparou que apesar do xingo, ela parecia animada. Deu um beijo de boa noite nos filhos e subiu para “falar com Carlinhos antes de dormir”, no que foi seguida pelo marido.
Quando ficaram só Gina, Harry e Tonks na sala, o rapaz perguntou:
- Eu perdi alguma coisa?
- A Hermione acabou de assumir que é do Rony que ela gosta – falou Tonks se levantando e indo para perto do jovem casal.
- Como assim? Ela não falou nada...
- Antes de vocês voltarem, nós tivemos um probleminha aqui. Aquelas caixas do Fred e do George estavam cheias de frascos de Amortentia – explicou Gina.
- O cheiro do tapete... – concluiu Harry.
- Exato! – falou Tonks.
- Por isso Carlinhos fez aquela cara. Acho que ele entendeu que o lance dele com a Hermione não tinha futuro.
- Ele deve estar péssimo – comentou o rapaz.
- Ah, não acho – falou Tonks - De uma certa maneira todos nós sabíamos que o Rony e a Hermione se gostavam.
- É, a mamãe falou com ele várias vezes. – contou Gina – Disse que seria melhor ele desistir logo, que aquilo não daria certo e que ela era muito nova para ele.
- E ele?
- Ele dizia que estava tudo bem e que ia dar tempo ao tempo.
Harry sorriu. Agora Rony poderia milagrosamente “recuperar a memória”. E eles poderiam se preocupar com algumas coisas realmente importantes.
- Tonks – chamou Harry – você soube ao certo o que aconteceu com os pais da Hermione? Como eles foram encontrados? Porque que eu saiba o fiel do segredo deles era Dumbledore e ele não teve tempo de contar...
- Eu sei, Harry. O que aconteceu foi uma fatalidade sem explicação. Os comensais que fizeram isso não foram atrás dos Granger. Eles explodiram uma rua inteira para pegar um bruxo que tentou desertar.
- Onde foi isso?
- Em Sevilha. Foi a primeira manifestação internacional. Acho que Dumbledore, quando os escondeu, teve a esperança que a guerra não ultrapassasse as fronteiras do Reino Unido.
O dia seguinte seria de muita atividade e logo eles foram dormir. O Sr° Weasley ia providenciar a remoção dos corpos dos pais de Hermione para que fossem enterrados no cemitério em que outros membros da família Granger estavam.
Hermione levantou cedo e abriu os presentes de Natal. O primeiro Natal sem presentes dos pais. Pegou cada presente e os desembrulhou mecanicamente sem se dar conta qual era de quem. As coisas de sempre: livros, um suéter “Weasley” e um perfume. O único presente que identificou foi o embrulho de Carlinhos, um pacotinho pequeno que ela fez questão de deixar por último. Abriu com uma sensação estranha, nunca ganhara um presente de um rapaz. Não de um rapaz que estivesse interessado nela. Dentro da caixinha ela encontrou uma linda correntinha prateada, com um pingente no formato da letra H.
A caixinha vinha junto com um pequeno bilhete. Ela desdobrou o papel e leu. Uma, duas, cinco vezes, até ter decorado o seu conteúdo. Sentiu o coração descompassar quando entendeu que aquele bilhete era, na verdade, um pedido de namoro.
Trocou de roupa e desceu antes de Gina acordar, carregando a corrente e o bilhete. Carlinhos já estava de pé, preparando um relatório sobre o ritmo do treinamento dos novos dragões do Gringotes. Ela entrou na cozinha quando ele terminava de enrolar o relatório e selava magicamente para enviar por coruja.
- Bom dia! – disse da porta.
- Bom dia, Mione! – respondeu com um sorriso diferente do habitual.
Ele pegou o pergaminho, amarrou-o ao pé de sua coruja e soltou a ave pela janela informando o destinatário. Virou-se para a jovem e viu que ela segurava a corrente na mão.
- Gostou do presente?
- Muito! É linda... Mas, eu não sei o que dizer.
Ela parecia muito embaraçada. Carlinhos se aproximou, pegou as mãos da garota e a fez sentar no banco de madeira junto à mesa.
- Mione – disse baixinho fazendo o rosto da menina corar – só tem uma resposta que você pode me dar. É só dizer “não”!
Os olhos da menina brilharam e ela não conteve uma expressão desentendida.
- Não se espante! Você é uma garota incrível, mas eu sei que você não gosta de mim. A gente nunca teve nada mesmo, a não ser um beijo que eu roubei de você no Dia das Bruxas. Ia ser bobagem levar isso em frente. A gente podia acabar se magoando e estragar uma amizade muito bonita, não acha?
- Desculpe, eu nunca... eu não... depois de tudo isso...
- Você não tem que se explicar! Só precisa me prometer uma coisa, está bem?
- Pode falar...
- Vai fazer de tudo para ser feliz. E para fazer o Rony feliz também!
- O Rony? O Rony não tem nada...
- Não precisa mais esconder, Mione – interrompeu com um sorriso compreensivo – Todos já sabem. Aliás, eles sabiam há muito tempo, mas eu não quis dar ouvidos.em poucas palavras o incidente com a amortentia e Hermione ficou ainda mais envergonhada. Como não percebera antes? Ela conhecia a poção, sabia o cheiro que iria sentir, deveria ter previsto antes de dar uma bandeira daquela.
- Bom, vou servir o seu café. Aliás, que espécie de cunhado eu seria se deixasse você passar fome.
E pela primeira vez nas últimas horas ela sorriu. Um sorriso sincero que a fez perceber que podia seguir em frente, do jeito que Harry lhe dissera que ela teria que fazer.
Carlinhos serviu mingau de aveia para a menina e ficaram ali conversando sobre os planos dele de voltar para a Romênia depois do Ano Novo. Os dois continuaram assim boa parte da manhã e quando Rony e os outros apareceram para tomar café, acharam que nada ia mudar entre eles.
O Sr° Weasley saiu cedo, mas voltou ao Largo Grimmauld após o almoço. Viera buscar Hermione e o resto da família. O Ministério cuidara de tudo, em reconhecimento aos trabalhos prestados pela jovem na ocasião do ataque a Hogwarts.
O grupo deixou o Largo por volta das 15h e se dirigiu a um cemitério tradicional afastado do centro de Londres.
Numa cerimônia simples, regida por um pastor protestante, Hermione deu adeus aos pais.
O céu nublado, o chão coberto por neve e as imagens de santos e anjos sobre os túmulos refletiam o que eles estavam sentindo naquele momento. Uma sensação esmagadora de derrota. De incapacidade de impedir as tragédias similares que ainda estavam para acontecer.
Hermione se manteve tranqüila durante toda a tarde. Harry e Rony ficaram preocupados, pois perceberam que o olhar da amiga se tornara mais duro e distante à medida que a cerimônia se aproximava do fim.
Quando o pastor deu a benção final, os dois amigos abraçaram a jovem e seguiram com ela durante o trajeto que os levaria para fora do cemitério.
Quando voltaram para o Largo eles entenderam o que aquela mudança de atitude estampada nos olhos de Hermione significava. Ela chamou os dois amigos em seu quarto e quando se viram sozinhos, falou:
- Vamos destruí-la? Acho que já esperamos tempo demais!
Decididamente, a morte dos pais fez de Hermione mais que uma garota forte. Ela agora se tornara uma mulher determinada com um único propósito em mente: colocar fim aquela guerra sem sentido. Só assim ela se sentiria em paz consigo mesmo, se impedisse outras famílias de ter o mesmo destino da sua.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.