A Fuga de Draco



- Dois fiascos! – começou uma voz lenta e sibilante – Dois fiascos seguidos, em menos de 24 horas. Era de se esperar que eu não ficasse contente.
- Perdão, senhor! Perdão, fomos atacados cruelmente – humilhava-se um homem de capa preta e máscara, ainda com o rosto ensangüentado.
- Cruelmente? Um bando de pirralhos insolentes usou meia dúzia de feitiços que aprenderam na escola e você chama isso de crueldade?
A voz de Voldemort agora ressoava por toda a Fortaleza Negra, fazendo os habitantes daquele lugar assustador tremerem de medo, apesar de não estarem envolvidos na confusão em que Aleto havia se metido.
Todos sabiam que Voldemort não estava satisfeito com nada nos últimos meses. Desde a morte de Dumbledore que ele mostrava grandes tendências a explodir de ódio e ai de quem estivesse em seu caminho no momento.
- Mas senhor – atreveu-se Bellatriz Lestrange – o homem foi morto, como o senhor tanto desejava!
- Mas não foi Draco quem o matou! Quantas vezes terei de repetir a mesma história, Bella? – respondia assumindo um ar doentio enquanto torturava sua interlocutora pela simples ousadia de lhe questionar.
Sim, ele sabia que Dumbledore estava finalmente morto. A ridícula proteção que lançava sobre o garoto Potter estava acabada e ele poderia alcançar o garoto quando quisesse.
No entanto, ele não correu ao encontro de Harry Potter. Deixou o jovem de lado para concluir suas pesquisas e só pensar em encará-lo quando tudo estivesse concluído. Quando ele tivesse alcançado a imortalidade de modo que o final da profecia já estivesse estabelecido.
Mas aqueles não eram os pensamentos que perturbavam o Lorde das Trevas. Sua maior preocupação não era o fato dos nove comensais terem sido derrotados. O que lhe deixava mais desorientado era a falta de ligação com Nagini.
- E onde está Nagini? – perguntou dando procedimento ao interrogatório humilhante a que submetia Aleto.
- Não a vimos, meu senhor! Nagini nos abandonou dois dias antes do ataque para seguir rastros do meio-gigante – explicou temeroso.
Um berro de fúria saiu da alma de Voldemort. E ele descarregou sua ira em Aleto, torturando até quase levar o comensal a insanidade permanente.
- Meu senhor – disse Bellatriz puxando a mão que Voldemort segurava a varinha e quebrando o feitiço no meio – Não faça isso! Aleto foi o único que voltou. Então é o único que pode nos levar a encontrar os outros e Nagini.
Voldemort olhou Bellatriz de cima a baixo e perguntou desdenhando:
- Preocupada com o maridinho, Bella?
- Sim, eu me preocupo! Me preocupo porque sei que Rodolfo era o melhor de todo aquele bando – deu uma olhada enojada para Aleto – e se ele não foi capaz de voltar, então temos um grande problema. E acredito que isso não se refere a apenas quatro jovens que mal chegaram à idade adulta.
- Bem pensado, Bella! Vejo que continua perspicaz como sempre. Não é a toa que a mantenho ao meu lado dia e noite. Aleto, levante-se! Você vai voltar para a floresta. Mas dessa vez vai ser escoltado pelos meus melhores comensais. Bella, pode chamar Snape aqui?
A comensal engoliu em seco. Ser comparada a Snape quando Voldemort fala dos melhores não é algo que ela admita muito bem. Ainda não o perdoara por ter ficado em liberdade.
Mas desde que Snape aceitara fazer o Voto Pérpetuo há pouco mais de um ano e voltara de Hogwarts com a missão cumprida e vivo, ela tivera que engolir suas desconfianças e dividir os privilégios dados aos melhores comensais com o ex-professor de poções.
Ela chegou a um corredor escuro e frio e bateu numa pesada porta de madeira maciça. Ouviu alguns barulhos dentro até que a porta se abriu e Severo Snape apareceu, com uma longa capa preta, seus cabelos escorridos e os olhos entediados.
- O mestre quer vê-lo – disse ríspida, dando as costas e saindo sem dar tempo de nenhuma conversa.
Instantes depois Snape adentrava na Sala do Trono para saber o que Lorde Voldemort queria com ele. Mas o Lorde não estava sozinho. Aleto continuava ajoelhado, com os braços para trás presos por uma corrente invisível. Ao lado de Voldemort, Bellatriz aguardava em pé, como uma sentinela.
Os cabelos curtos e negros da comensal, em conjunto com suas vestes rigorosamente escuras, sem adornos ou detalhes lhe davam um aspecto quase militar. Sua feminilidade só era acentuada graças as longas unhas bem feitas, pintadas constantemente de preto com um leve rubor vermelho-sangue.
Os lábios finos e pálidos de Bellatriz se crisparam quando Snape entrou com o mesmo ar determinado de quem não se intimida nem diante do Lorde. Com passos precisos, ele se aproximou e fez uma reverência.
- Estou ás suas ordens, meu Lorde!
- Eu sei que está, Severo! – disse Voldemort com um leve sorriso – Aguardemos mais uns minutos.
Em seguida alguns estalos se fizeram ouvir e os presentes observaram três figuras que haviam aparatado na sala.
Lucius Malfoy, muito magro e mais pálido que o habitual, seu filho Draco, com um olhar doentio e febril, e sua mulher Narcisa, tão elegante quanto poderia estar.
- Agora que estamos todos reunidos, vou passar a vocês uma tarefa de honra. Vocês acompanharão Aleto até a Floresta Proibida de Hogwarts.
- Todos nós? – interrompeu Narcisa que nunca agira diretamente como comensal.
- Todos, exceto você, minha cara – respondeu Voldemort com uma acidez na voz que até Snape se intimidou – Você, Narcisa, ficará me fazendo companhia para eu me garantir que desta vez, seu filhinho vai cumprir as minhas ordens.
Ele deu a Snape um olhar que dizia claramente para não se intrometer desta vez.
- Vou fazer o que o senhor mandar, meu lorde – apressou-se Draco com uma reverência bem treinada.
- Eu sei que vai, Draco! Sei perfeitamente que vai! Por que se não fizer, eu vou dar um jeito da sua mãe realmente saber o que é dor.
Com um gesto de varinha, Narcisa foi acorrentada à parede, com os braços e pernas abertos.
- Pensei em lhe dar uma prova, Draco, já que da última vez, uma simples ameaça não fez o efeito necessário – disse sorrindo enquanto as correntes puxavam os membros de Narcisa numa imitação mágica das torturas da Idade Média. A mulher se esforçou para não demonstrar qualquer sentimento, mas acabou cedendo e implorando para que ele parasse.
- Oho! – gargalhou Voldemort – Havia esquecido o quanto os trouxas são engenhosos quando querem ferir alguém. Isso é realmente divertido!
O coração de Draco se apertou dentro do peito. Ele reparou que o pai também fazia forças para não se rebelar.
- Acho que basta. Agora você sabe que eu posso despedaçar sua bela mamãezinha se não cumprir minhas ordens ao pé da letra. A tarefa é simples e eu não aceito outra derrota desta vez!
O Lorde das Trevas se levantou e com a varinha apontava para cada um, fazendo a Marca Negra queimar intensamente.
- Quero saber o que aconteceu na Floresta. Quero que achem os outros e os tragam, mesmo que sejam apenas cadáveres inúteis, para dar de comer aos meus bichinhos. E quero saber onde está Nagini. Alguma coisa naquela floresta interrompeu nosso contato telepático. Se não conseguirem fazer isso... É, acho bom que consigam. Vocês não têm opção! E eu saberei se fizeram. E os que fugirem, eu encontrarei. Encontrei Karkarof, não foi? Eu sempre encontro os meus seguidores, mesmo que seja no inferno.
O grupo formado pelos cinco bruxos saiu da Fortaleza e aparatou. Por medidas de segurança, era possível aparatar para entrar no território de Voldemort, mas era impossível fazer isso para sair. A saída só era permitida numa passagem, em que a Marca Negra era checada antes que o bruxo pudesse ver novamente a luz do dia.
- Vamos aparatar em Hogsmeade – informou Bellatriz.
- E se alguém nos vir? – perguntou Draco cujos pensamentos ainda estavam na mãe amarrada à parede da Sala do Trono.
- Mate-o! – respondeu a tia do menino.
Eles chegaram ao vilarejo bruxo sem grandes problemas. Dois bruxos idosos os avistaram e sem nem ao menos piscar Bella matou um e Aleto matou o outro. Não se preocuparam em conjurar a Marca sobre os corpos, porque não queriam chamar a atenção para sua passagem por ali.
Seguiram apressados para a montanha atrás da Floresta Proibida por onde o outro grupo de comensais conseguiu entrar. Andaram mais de duas horas para alcançar o ponto exato onde havia uma pequena caverna que atravessava a montanha de ponta a ponta.
- É só atravessar e estaremos na Floresta – informou Aleto.
- Não há nada perigoso aí? – perguntou Lucius.
- O que havia, nós já demos cabo – informou mal humorado o bruxo sobrevivente do primeiro grupo.
O grupo entrou na caverna iluminada pelas varinhas. Andaram muito passando por trechos difíceis. Até que alcançaram o outro lado, onde avistaram as conhecidas árvores de Hogwarts.
- Por aqui – dizia o bruxo que conhecia o caminho – O acampamento fica a umas duas horas daqui.
O grupo seguia em silêncio. Primeiro porque não queriam fazer mais barulho que o necessário e segundo porque não tinham vontade de conversar. Quanto mais cedo terminassem a tarefa, mais cedo voltariam para a Fortaleza e não teriam que se aturar.
Snape andava cauteloso. A Floresta nunca fora seu lugar preferido em Hogwarts, apesar de ter estado nela diversas vezes. Draco também cuidava de não encostar em nada. Sua única experiência na Floresta há 7 anos não tinha sido exatamente uma situação feliz.
O caminho escolhido era o mais distante, mas eles não poderiam se atrever a entrar em Hogwarts. Assim, seguiram cada vez mais absortos em seus próprios pensamentos, imaginando como seria se falhassem.
Quando avistaram o acampamento, depois de muito esforço e suor, Aleto adiantou-se. Alguns dos comensais já haviam se recuperado. Não viram que Aleto estava acompanhado e já foram se exaltando.
- Que história é essa de nos abandonar aqui?
- Eu não abandonei ninguém, fui buscar ajuda!
- Espero que tenha conseguido, porque nós não sabemos mais o que fazer com o Lestrange.
- O que tem meu marido? – perguntou Bellatriz se aproximando do comensal.
- Ah, Bella, que bom que veio! – falou secamente McNair – Seu marido está imprestável! Não fala, não come, não bebe. Só sabe babar e gemer.
A comensal teve um ligeiro estremecimento, mas manteve a pose e disse apenas:
- Onde vocês o colocaram?
McNair levou Bellatriz até a barraca em que Rodolfo estava. Os lábios da mulher tremeram de raiva e seus olhos perderam o brilho, transformando-se em abismos sem fim quando viu o que fizeram com seu marido.
Ela ainda tentou reanimá-lo com inúmeros feitiços, mas seus esforços foram em vão. Ele não a reconhecia, nem demonstrava qualquer sinal de que estivesse ciente do que acontecia a sua volta.
Era exatamente como o outro comensal havia dito: Rodolfo Lestrange foi reduzido a um verme. Os constantes gemidos, os olhos cheios de lágrimas e a boca entreaberta.
- Seria mais humano dar fim nele de uma vez – comentou Snape de pé, na porta da tenda.
- Saia daqui! – berrou Bellatriz – Saia e me deixe cuidar do meu marido.
- Que romântico! – retrucou com um sorriso enojado – Não se preocupe, não tenho menor interesse em presenciar essa cena patética. A mulherzinha chorando aos pés do amado quase morto. Mas devo admitir, quem fez isso com seu marido é tão bom quanto um dementador.
Ele deu as costas antes mesmo que Bellatriz conseguisse murmurar qualquer feitiço. Voltou para o grupo e ordenou:
- Vamos! Temos pouco tempo para agir. Bellatriz não virá conosco.
Ele saiu á frente, procurando sinais e rastros para seguir. Os outros o imitaram sabendo que ele tinha razão. Não poderiam ficar perdendo tempo. A única coisa que Voldemort queria era notícias de Nagini. E eles fariam tudo para consegui-las.
Andaram mais um bom tempo seguindo algumas pegadas até que deram com o corpo de Nagini estendido no chão. Sem nenhum ferimento ou qualquer sinal de ataque.
- Isso foi magia – sentenciou Lucius – E magia das nossas!
Snape chutou a carcaça da cobra e comentou entre os dentes:
- Isto não é nada bom! Melhor ninguém saber que a cobra está morta!
- Você não pode mentir para o Lorde das Trevas – balbuciou Draco.
- Não é uma questão de mentir, Draco. Mas de omitir uma verdade dolorosa!
- Ele vai arrancar a informação de você – disse Lucius amedrontado.
- Acho que não – disse Snape e com um gesto rápido de varinha estuporou Lucius.
- O que você fez? – berrou Draco se virando para amaldiçoar Snape.
Mas o ex-professor foi mais rápido e virou a varinha para o rapaz enquanto murmurava:
- Conccious!
Draco sentiu como se um balde de água bem gelada tivesse sido jogado sobre ele. Chacoalhou a cabeça e olhou para os lados atônito. Viu o pai caído e olhou aterrorizado para Snape. O ex-professor apenas segurou o rapaz pelos ombros e falou:
- Agora você está normal? Ótimo! Faz meses que descobri o que tem mantido você nisso. Seu pai e sua tia têm controlado você com a maldição Imperius. Agora, eu estou lhe dando uma chance para fugir se quiser. Se seu pai não souber onde está, nem eu, nem ninguém, poderemos fazer Voldemort acreditar que você está procurando Nagini até encontrá-la.
- Mas a cobra morreu! – falou Draco desesperado pensando nas chances de levar a culpa pela morte daquela maldita serpente.
- Já disse que ele não precisa saber! – impacientou-se Snape.
- Como vai fazer para mentir para ele?
- Do mesmo modo que fiz nos últimos três anos... Agora me escute: você quer abandonar tudo? Quer deixar de ser comensal? Eu sei que você nunca quis isso de verdade. Só queria ser o garotinho rico e mimado de sempre, desfrutando de toda a fortuna de sua família.
Era verdade. Ele nunca quis ser comensal. Quando Voldemort o forçou a se “alistar” ele passou o ano todo se gabando, numa tentativa inútil de convencer a si mesmo que estava satisfeito com o serviço.
Quando não agüentava a pressão, corria para o banheiro. Tinha náuseas e por vezes vomitava sem parar. Chorava imaginando o que aconteceria com seus pais se ele simplesmente desertasse. Tinha pesadelos em que via as diversas formas com que Voldemort poderia assassiná-lo, cada uma pior que a outra.
Foi só quando sua tia o chamou para uma conversa que ele se sentiu confiante o bastante para se afirmar como comensal. E agora que Snape dizia que ele estava sendo controlado, é que tudo fez sentido.
- E então? Vai aceitar a minha oferta?
Ele só balançou a cabeça afirmando e suspirou.
- Perfeito! Agora me ajude, precisamos enterrar o corpo de Nagini.
Eles cavaram uma grande vala e empurraram o pesado corpo da cobra para dentro. Cobriram com muita terra e depois espalharam folhas e galhos em cima para deixar o local o mais natural possível.
- Pronto – disse Snape enquanto se limpava com um feitiço – Agora, preste atenção! Você vai ficar escondido aqui na floresta. Pelo menos pelos próximos dois dias. Procure um lugar bem afastado daqui. Se possível, vá para perto da escola. Sei que nenhum dos nossos vai passar por lá. Quando eu tiver conseguido um lugar mais seguro para você, mando um aviso. Agora corra, seu pai vai acordar e eu vou cuidar para que ele não se lembre de nada.
Draco nem se despediu. Deu as costas a Snape e correu desabalado floresta a dentro. Não queria olhar para trás e descobrir que Snape brincara com ele. Dava voltas em árvores para evitar que alguém o amaldiçoasse pelas costas. E só quando sentiu uma fisgada abaixo das costelas é que diminuiu o ritmo e começou a andar.
Quando Lucius despertou, a única coisa que viu foi Snape ainda segurando a varinha para ele e murmurando:
- Obliviate!
Eles voltaram para o acampamento sem trocarem uma só palavra. Malfoy não entendia a determinação do filho em procurar a cobra sozinho. Berrara com ele dizendo que dava conta, que queria fazer por merecer. Mas merecer o quê? Voldemort deu uma ordem e isso não significava nenhum prêmio. Pelo contrário, se ela fosse descumprida eles teriam problemas.
O acampamento já havia sido desmanchado e todos esperavam por eles para partir.
- Onde está o Draco? – perguntou Bellatriz, ao lado de uma padiola suspensa conjurada para carregar Rodolfo.
- Ficou para procurar a cobra. Não vimos nenhum sinal de Nagini – respondeu Lucius.
- Isso não vai ser nada bom para a Narcisa – comentou ríspida e começou a andar. Os outros bruxos a seguiram, levando os companheiros atingidos no combate da noite anterior.
A volta foi ainda mais lenta e complicada, visto a quantidade de bruxos feridos que acompanhavam o grupo. Depois de quase quatro horas é que eles saíram da zona anti-aparatação. E se dirigiram imediatamente de volta a Fortaleza Negra.
Quando se juntaram a Voldemort na Sala do Trono, eles começaram a dar as devidas explicações e, como se fosse uma dança ensaiada, todos encolheram os ombros e quando o Lorde das Trevas expressou sua ira pela falta de informações precisas do paradeiro de sua adorada Nagini.
Depois que ele rogou todas as pragas que conhecia e berrou invocando os nomes dos demônios mais temidos, é que se deu ao luxo de observar os comensais que foram atacados.
Fez um gesto de desdém quando viu o estrago que Harry e seus amigos haviam feito naqueles bruxos. E com o mesmo ar de puro desprezo, comentou:
- Vocês estão velhos! Quatro garotos... É simplesmente patético!
- Senhor, meu senhor – chamou Bellatriz – Será que tenho permissão para levar Rodolfo e cuidar dele?
Voldemort sorriu para sua mais fervorosa comensal e se aproximou da padiola suspensa. Passou os longos dedos gelados pelo rosto debilitado de Rodolfo Lestrange. Deu as costas para o comensal e voltou caminhando para o trono, onde se sentou com uma pose de rei e pousou os olhos no rosto de Bellatriz.
- É uma pena ver seu marido assim, Bella! Logo ele que sempre apreciou a sutil arte da tortura... Mas acho que seria mais piedoso deixá-lo morrer. Avada Kedavra!
O jato verde atingiu Rodolfo Lestrange antes que Bellatriz pudesse entender o que estava acontecendo de verdade.
Só quando os gemidos e lamentos de seu marido pararam de súbito é que ela teva consciência de que Voldemort despejara sua frustração eliminando de uma vez alguém que ele considerava inútil.
Bellatriz era considerada por todos que a cercavam como a mulher mais fria que já conheceram. Era chamada às escondidas de Alma Negra, pois em todos aqueles anos de serviços para o Lorde das Trevas ela jamais deixou transparecer uma migalha de compaixão, piedade ou qualquer outro sentimento que ela mesma denominava de fraqueza.
Mas se em algum momento a alma de Bellatriz ganhou alguma luz foi quando conheceu Rodolfo. Ela venerava o Lorde das Trevas, mas amava apenas o marido. O companheiro de noites de tortura e assassinato. De busca incessante pela glória eterna das Artes das Trevas.
E agora estava sozinha. E nem podia expressar sua raiva, tristeza e angústia, para não ter o mesmo fim de Rodolfo e para não dar motivos aos outros de pensarem que ela também estava ficando velha e fraca.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.