OS GARIMPEIROS DE HAGRID



CAPÍTULO 22:


OS GARIMPEIROS DE HAGRID


Minerva MacGonagall encarou o teto, observando o claro céu azul que ele desenhava, enquanto lamentava, uma vez mais, a ausência dos alunos no castelo. Os poucos que ali estavam já haviam acabado o café da manhã e retornado aos seus salões comunais, deixando-a apenas com a companhia invisível dos elfos domésticos e de suas próprias apreensões. Varreu tais pensamentos da mente, empertigando-se. Não haveria vantagem nenhuma em reclamações e devaneios, era melhor concentrar-se na visitante apavorada que chegara na noite anterior, e que agora dormia sob o efeito das poções calmantes de Madame Pomfrey. Caminhou para o hall de entrada, imaginando se Tonks ainda demoraria a retornar, quando deparou-se com ela e Lupin, abraçados como se não se vissem há anos, no vão das enormes portas de entrada. A diretora sorriu de leve para a imagem dos dois, e concedeu-lhes um minuto a mais, antes de pigarrear.

- Diretora! - Cumprimentou Lupin, soltando-se de Tonks.

- Minerva!- Sobressaltou-se a bruxa, que tinha as faces tão rosas quanto seus cabelos.

- Bom dia aos dois! – Saudou, aproximando-se. - Remo, não o esperava de volta tão cedo... Aconteceu algo à Harry, ou...?

Lupin sorriu, irradiando orgulho paternal.

- Quando é que não acontece algo, com aqueles três por perto? Quatro na verdade! Gina se torna a cada dia mais necessária para Harry... Vim a pedido dele, para buscar algo com Hagrid. Eles todos estão bem! Sempre surpreendentes!– As duas bruxas o encararam, esperando esclarecimentos, e ele apontou as escadas. – Podemos conversar na sua sala, Minerva?

- Claro! Tonks também tem novidades, eu suponho?

- Tenho sim, e é melhor todos estarmos sentados... – Acrescentou, com o semblante excepcionalmente fechado.

Já acomodados na sala da diretora, sob o olhar curioso de vários ex diretores, especialmente o do retrato de Alvo Dumbledore, Lupin contou sobre a desconfiança de Harry de que o medalhão se encontrava na Ordem, e as conjecturas de quem o colocara lá. MacGonagall recostou-se, francamente surpresa, enquanto Tonks parecia sem palavras.

- Concordo com a Srta. Granger! - Disse a diretora, depois de abismados segundos. – Lembro-me bem de Regulus, e ele era apenas um aluno mediano, sem grandes talentos, nada parecido com o bruxo brilhante que era seu irmão mais velho. Passava mais tempo vangloriando-se em pertencer à família Black, do que aprendendo a usar sua varinha corretamente... – MacGonagall sentou-se ereta novamente, cruzando as mãos sobre a mesa, e seu olhar severo passou por Tonks, antes de voltar para Lupin. - Mas, eu receio que teremos que deixar esse mistério nas mãos de Potter, por enquanto. Há novos motivos para nos preocuparmos com a segurança do castelo, e daqueles que aqui se encontram.– Lupin franziu o senho, preocupado, e MacGonagall voltou-se para Tonks, dando-lhe a deixa.

- Ontem a noite, Madame Rosmerta veio até o castelo pedindo ajuda e estava apavorada, Remo.

- Histérica, seria a palavra correta. – Sentenciou MacGonagall.

- Sim, é verdade. Antes que conseguíssemos faze-la falar alguma coisa que tivesse sentido, jurou não ter feito nada de errado, e pediu que a protegêssemos de ser amaldiçoada outra vez...

Lupin estremeceu, lembrando-se dos meses em que a dona da estalagem estivera sob a maldição Imperius, e das conseqüências disso. Seu olhar voou para o retrato de Dumbledore.

- Bem... - continuou Tonks – Consegui acalmá-la, e então pode nos contar o motivo de tanto medo. Fui ontem e hoje até a vila, e colhi testemunhos que batem com o dela...

As feições de MacGonagall tornaram-se ainda mais fechadas.

- Então, é verdade... Mas aqui! Tão próximo a Hogwarts?... Tão perto de onde...

- O que foi que ela viu, afinal? - Exasperou-se Lupin.

- Snape. – Tonks passou a mão pelos cabelos curtos, em um gesto revoltado. – Rosmerta e mais alguns aldeões viram Snape nas redondezas do Cabeça de Javali, ontem à noite. E ele não estava sozinho...


==*==


A luz do sol, que já estava alto no céu, despertou Harry de seu tumultuado sono. Sonhos com um bruxo sem rosto, que lhe mostrava um medalhão, rindo e zombando dele enquanto fugia, o assombraram por toda a noite. Olhou para a cama do amigo, pronto a acordá-lo, quando viu que não seria necessário. Ron estava deitado de costas, as mãos sob a cabeça, olhando para o teto com uma expressão... radiante.

- Eu poderia oferecer um Galeão pelo pensamento que o faz sorrir assim, tão cedo pela manhã, mas tenho certeza que me contará gratuitamente...

Ron sobressaltou-se, pois estivera decididamente no mundo da lua.

- Ah! Oi, Harry! Você ... hum ...dormiu bem?

- Ronald, não tente me enrolar. Suas orelhas não deixam...

De fato, não só as orelhas mas todo o rosto do amigo estava corado. Dessa vez, entretanto, ao contrário de se aborrecer com as brincadeiras de Harry, Ron parecia não conseguir parar de sorrir.

- Não tenho idéia do que está falando... – Desconversou, levantando-se.

- O nome Hermione lembra alguma coisa? – Harry cutucou, saindo da cama também.

- Várias. Mas poucas relacionadas com a sua pessoa!

- Não vai contar?... – Harry pegou sua varinha, virando-a em falsa atitude ameaçadora para o amigo.

- Não! – Ron devolveu o gesto. – A não ser que conte o que conversou com minha irmã, durante tanto tempo, em um aposento fechado!

- Aposento fechado?... E o que me diz da sala de estar? Ou muito me engano, ou eu ouvi algo como “colloportus”...

- Não enche!... – Rugiu Ron.

- Confesse! – Bradou Harry.

- Nunca!

- Mobilicorpus!

- Rictusempra!

- Incarcerous!

- Relaxo!


Gina, que viera chamar os dois para o café, assustou-se com os feitiços conjurados aos berros, e enfeitiçou a porta, fazendo-a abrir de supetão. Dentro do quarto, estudou a cena à sua frente, antes de irromper em gargalhadas. Ron estava pendurado no ar pelos tornozelos, com os braços amarrados junto ao corpo. Harry estava jogado no chão, aparentemente sem conseguir se mexer. Os dois sem fôlego de tanto rir.

- Ora vejam só!... Bom, quando os dois garotos terminarem a diversão, o café está servido... – Piscando para eles, saiu, deixando-os livrarem-se dos feitiços sozinhos.


A Sra. Weasley servia quatro pratos com uma quantidade extravagante de panquecas, que estavam sendo preparadas com esmero por Bull, quando os dois amigos finalmente chegaram à cozinha, ainda rindo em virtude do duelo. Hermione e Gina se entreolharam, em um gesto que parecia dizer :“Meninos!”.

- Bom dia! – Saudou Ron alegremente, depois de curvar-se para beijar o topo da cabeça de Hermione, que pulou na cadeira, surpreendida pelo gesto.

- Todos dormiram bem? – Cumprimentou Harry, sentando-se ao lado de Gina e lhe endereçando um enorme sorriso.

A Sra. Weasley passeou os olhos das duas meninas desconcertadas para os dois sorridentes rapazes. Depois anunciou, alegremente.

- Que ótimo vê-los novamente assim! Bem humorados! Têm passado por tanta coisa ultimamente...

Harry esforçou-se para sustentar o sorriso. Sem a menor intenção, a mãe de Ron e Gina acordou-os do interlúdio pacífico, e toda a situação problemática que enfrentavam retornou em um solavanco. Olhando para os três amigos ao redor, leu em seus olhos a mesma reação. Bull, que acabara de sentar-se, surpreendeu esse olhar, e tratou de mudar o assunto.

- Nosso amigo Remo partiu ainda antes de raiar o dia!... Afinal, o que ele foi buscar para você, Harry?

- Alguns amigos de quem, posso garantir, você vai gostar... Mas antes que eles cheguem... – Voltando-se para a Sra. Weasley, Harry explicou: - Preciso de sua permissão... Pode haver bastante confusão na casa! Bagunça, eu quero dizer...

Molly pousou a mão em seu ombro, tranquilizadora.

- Nada que não possamos ajeitar novamente, não é? Se considera importante, Harry, não se atenha por mim!

Harry sorriu, agradecendo. Depois dirigiu-se aos amigos.

- Vamos guardar tudo o que for de metal que possamos encontrar, qualquer coisa que brilhe, dentro da despensa. Isso facilitará...

Nesse momento, uma sombra branca, rápida e silenciosa, entrou pela janela, e materializou-se como uma bela coruja em frente à Harry.

- Edwiges! Por onde andava?...

Edwiges bicou de leve seus dedos, piando alegremente. Harry acariciava-lhe as penas, saudoso também, quando outra coruja, esta parda e mal humorada, voou pela cozinha. Aterrizou na mesa, próxima a Hermione, que desamarrou de sua pata um exemplar do Profeta Diário. Depois de receber suas moedas, a coruja voou sem demora para longe. Hermione abriu o jornal, e Harry retesou-se, aguardando más notícias. Soube que estava certo quando a amiga segurou o fôlego, chocada.

- O que foi, Mione? – Indagou Ron, preocupado. Ela estendeu o jornal para ele, enquanto anunciava aos outros, concentrando-se em Harry.

- Acharam Mundungo.

A conhecida revolta pelos atos torpes de Tom Riddle empedrou as entranhas de Harry novamente, e a raiva contida apresentava-se em cada palavra.

- Está morto?

- Não. – Murmurou Hermione. – Mas acho que talvez fosse preferível...

Harry lembrou-se, nauseado, de um trecho da conversa de Mundungo com Riddle.

- Nagini?

- Também não. Mundungo foi encontrado sentado em frente ao Ministério. Fisicamente ileso, mas... – Inspirando o ar, concluiu. – Voldemort o entregou aos dementadores.


Harry trabalhou o resto da manhã em completo silêncio. Os amigos respeitaram, embora se mantivessem sempre por perto. Gina, principalmente, adotara a postura protetora característica à sua mãe, e não o perdeu de vista. Aquele olhar revoltado e sombrio era indício certo de que Harry encontrava-se furioso. Observando o amigo fechar mais uma caixa repleta de talheres de prata, e dirigir-se com ela para a despensa, Ron indagou para Hermione, ansioso:

- Você acha que está acontecendo novamente?...

- Não. Essa é a raiva de Harry, não há indícios da malignidade de Voldemort ali...

Ron concordou, mais tranqüilo.

- É! Só o gênio danado de nosso amigo...

Os dois sorriram um para o outro, em compreensão mútua. Repentinamente ambos sentiram saudades da sala de estar... Harry, que retornara à cozinha, emergiu de sua revolta, achando graça do olhar enlevado dos amigos.

- Atrapalho?... – Questionou, sorrindo.

Hermione ruborizou, mas Ron limitou-se a arquear uma sobrancelha.

- Pelo jeito, o gato devolveu sua língua...

Harry sentou-se, esfregando as têmporas cansadamente.

- Desculpem pela rabugice! É que Mundungo... Ele era um ladrão, sim! E não tinha muito caráter... Mas não fez nada para merecer ter sua alma sugada por uma daquelas criaturas... Só teve a infelicidade de passar pelo caminho de Riddle. Cada vez que algo assim acontece, percebo a responsabilidade do que estamos fazendo...

Hermione apoiou a mão no ombro do amigo, dizendo em tom conciliador.

- Nós entendemos! Também nos revoltamos com essas crueldades... Só somos mais controlados que você! – Finalizou, sorrindo. Os três riram, como nos velhos tempos de Hogwarts. Gina, carregando uma enorme saca, que tilintava, anunciando estar cheia de metais, chegou esbaforida e flagrou a risada geral.

- É alguma piada só do trio, ou posso participar também?

Harry levitou o embrulho, levando-o a aterrizar cuidadosamente entre as caixas na despensa, livrando a garota do peso. Depois, com um galante floreio da varinha, conjurou uma bonita orquídea, que colocou atrás da orelha da emudecida Gina.

- Você sempre está participando, mesmo quando não está presente...

Ron não perdeu a oportunidade. Em uma perfeita imitação do tom rouco do amigo, disparou:

- Atrapalhamos?...

Harry riu, apertando de leve a mão de Gina, e depois comandou, em pretenso tom autoritário.

- Chega de distrações! Temos trabalho a fazer...

Nesse instante, uma nuvem de pó verde evadiu-se da lareira, e de dentro dela surgiu cambaleando a Professora Sprout, surpreendendo agradavelmente seus alunos de Herbologia.

- Professora! – Hermione acercou-se dela, ajudando-a a livrar-se das cinzas.

- Olá, meninos! Que bom vê-los de novo! – Equilibrando-se sobre os pés, sorriu bondosamente para os quatro, antes de virar-se novamente para a lareira, mostrando um caixote que até ali passara despercebido.- Lupin e Hagrid pediram-me que lhe entregasse isto, Harry. Aconselho que abra logo, eles parecem não ter gostado de viajar via Flu...

A caixa realmente emitia sons, que pareciam arranhões e grunhidos, e sacudia levemente. Antes de ocupar-se com ela, Harry quis saber:

- E Lupin?...

- Teve que ficar em Hogwarts. Pediu para que avisasse a vocês... Disse também que mais tarde, ele ou Moody explicarão. – As faces da professora, geralmente descontraídas em um sorriso, estavam demasiadamente sérias. – Como eu precisava mesmo vir ao Beco Diagonal, me dispus a lhe trazer sua encomenda...

- Obrigado, professora!

Enquanto Ron e Harry colocavam a caixa sobre a mesa, preparando-se para abri-la, Bull surgiu na porta, seguido de perto por Bichento e Fluffy, que haviam se afeiçoado muito ao enorme homem. Os olhos sorridentes vaguearam pela sala até fixarem-se, interessados, na baixinha professora Sprout.

- Bom dia! – Ecoou alegre a voz de barítono. – Acho que ainda não fomos apresentados?...

Enquanto Hermione e Gina cuidavam disso, os rapazes novamente voltaram-se para a caixa, ambos tentando com esforço segurarem o riso diante de tão descarado flerte. As meninas juntaram-se a eles, enquanto Bull e Sprout engatavam uma animada conversa.

Harry retirou com cuidado a tampa de madeira, coalhada de furos para garantir uma boa ventilação. Imediatamente, uma criaturinha peluda e simpática, com patas que pareciam pás, pulou para seu ombro, xeretando em seus cabelos avidamente. Ron sorriu, retirando um dos bichinhos para acomodá-lo no colo. Sempre gostara de Pelúcios. No quarto ano chegara a cogitar a idéia de ter um como bicho de estimação, no que fora rapidamente desaconselhado por Hagrid. Observando a bagunça que o terceiro e o quarto pelúcios que vieram na caixa já faziam, a procura de tesouros, agradeceu ao grande amigo em pensamento.

- Oi amiguinho! – Riu Gina para o pelúcio que subira ligeiro por seu braço, e que parecia encantado por seus cabelos vermelhos. Harry retirou o pequeno sedutor, que agora tentava aconchegar-se na nuca da garota.

- Nada disso colega! Você tem trabalho para fazer... – Acrescentou, baixinho. – E esse lugar tem dono!... – Rindo diante da sobrancelha erguida de Gina, continuou. - Cada um pega um dos pelúcios e leva para um aposento. Tentem controlá-los para que não destruam muito a casa... Onde está sua mãe, Gina?

- Lá em cima! Vou levar este aqui... – Pegou o pelúcio apaixonado por seus cabelos no colo. – E começar pelo andar do quarto dela. – Saiu, levando o bichinho feliz nos braços.

- Eu fico com este! – Declarou Hermione, ao salvar o menor dos pelúcios do olhar desconfiado e ciumento de Bichento. O animalzinho estava bem interessado na fita brilhante de Fluffy. – Vou para a sala.

Ron, sem perder tempo, sorriu para Harry em despedida e disparou atrás de Mione, com seu pelúcio encarrapitado no ombro.

- Harry,...

Voltando-se para Bull, que parecia extremamente constrangido e sem saber onde por as mãos, Harry desconfiou o que viria. Disfarçou o melhor olhar inocente que pode para o amigo.

- Se você não precisar muito de mim... Pensei em acompanhar essa gentil senhorita até o Beco Diagonal... Sabe, para carregar as compras. – Suas orelhas conseguiram ficar quase tão vermelhas quanto as dos Weasley, e a professora Sprout sorriu, encarando o chão.

- Tudo bem, Bull! Só vieram quatro pelúcios, então, nós damos conta! Vá e... divirtam-se!

- Tem alguma coisa que precise lá do Beco, Harry? – Lembrou-se de perguntar a mestra de Herbologia.

- Nada... Obrigado!

- Então, estamos indo! Até mais tarde!

Observando os dois partirem conversando animadamente, Harry murmurou para si mesmo, lembrando de uma frase de MacGonagall logo após a morte de Dumbledore.

- Pode ficar feliz, Diretor! Existe algum amor no mundo...


Várias horas depois, os quatro jovens e a Sra. Weasley contemplavam, aturdidos e desanimados, a montanha de bugigangas que os pequenos pelúcios formavam em meio ao hall de entrada, poupando um pouco a organizada cozinha da Ordem. A Sra. Black, depois de utilizar todo o seu repertório de insultos e xingamentos, agora apenas berrava, sem se preocupar com palavras. Haviam achado os mais variados tipos de objetos, nos mais variados tipos de lugares. Desde algo muito parecido com uma guilhotina, que Hermione, horrorizada, concluiu ser usada para decapitar os elfos domésticos, até urinóis feitos em prata, prova cabal do amor que os parentes de Sirius tinham por luxo e ostentação. Haviam desistido de controlar os “garimpeiros” logo após a primeira hora, e os bichos agora corriam livres, afoitos e satisfeitos com tamanha quantidade de riquezas a serem encontradas. A Sra. Weasley ergueu-se, parecendo exausta, e comunicou:

- Vou preparar o jantar! Arthur já deve estar chegando, assim como Bull e a Profª. Sprout... Vocês deveriam parar também! Descansem um pouco antes de comermos...

Harry concordou, em silêncio. Nada de medalhão... Uma quantidade enorme de quinquilharias e prataria fora revelada, mas... nada de medalhão! Seu pelúcio agora parecia particularmente interessado na moldura da Sra. Black, que redobrara a intensidade dos gritos, e Harry caminhou desanimado para lá.

- Deixe disso, amigo! Não há nada para você aí... E nossos ouvidos pagarão por sua curiosidade... – Tentou apanhar o pelúcio, mas ele debateu-se e mordeu seus dedos, voltando a apalpar afobadamente o retrato da mãe de Sirius. Os outros três farejaram o ar, animados, e logo se juntaram a ele.

- O que é que deu nesse caras? – Questionou Ron, analisando o comportamento estranho dos pelúcios. – Esse quadro nem ao menos brilha...

- CAMBADA DE SANGUES RUINS E TRAIDORES DA ELITE BRUXA! EMPORCALHANDO MINHA NOBRE CASA COM SUA IMUNDÍCIE E SEUS ANIMAIS DE ESGOTO!

Harry fixou as pontas dos dedos sobre a boca da velha bruxa, conseguindo abafar um pouco o som. Os pelúcios agora beiravam o desespero, tentando rasgar a tela do retrato.

- Não é o quadro que eles querem... É algo que está atrás dele!

- Isso vai ser um problema, Harry! – Gina aproximava-se, acompanhada por Hermione. – Mamãe está tentando, desde que a Ordem instalou-se aqui, retirar esse retrato. Mas não há o que consiga...

- Tem de haver um jeito... Talvez eu consiga rasgá-lo... – Retirando a mão da tela, Harry correu escadas acima, retornando um pouco depois, com a espada de Gryffindor em punho. A Sra. Black continuava aos gritos, cada vez mais altos, para desespero de Ron, Mione e Gina. Molly Weasley havia desistido de importar-se, aparentemente.

- Velha doida! – Esbravejou Ron, com as mãos tapando os ouvidos. – Não é a toa que somente o filho comensal da morte e o elfo maluco gostavam dela...

Harry congelou nas escadas. Um trecho de uma conversa que ouvira recentemente ecoando repetidamente em seus ouvidos, a sua lembrança provocada pelas palavras de Ron. – “O elfo, o elfo disse que era... valioso, histórico...”. - Escutou a voz de Mundungo dizer. Por Merlin, como pudera não ter pensado nisso antes?

Os amigos o encararam, curiosos com sua imobilidade momentânea. Harry dirigiu-se a Gina e Hermione.

- Vocês recolhem os pelúcios para mim? Por favor, peçam a Sra. Weasley para dar comida e água para eles, e depois voltem rápido para cá. – As duas ergueram as varinhas, e levaram os esperneantes bichinhos pelo ar em direção à cozinha. Harry chamou alto:

- Dobby! – Instantaneamente o elfo apareceu, sorrindo para seu Senhor Harry Potter, e berrando em seguida para se fazer ouvir, acima das lamúrias da Sra. Black.

- O mestre chamou Dobby?

- Sim. Penso que vou precisar de sua ajuda... E da sua! – Alertou, voltando-se para Ron. – Acho que sei quem pode mexer nesse retrato, mas não sei do que ele será capaz para não precisar abrir o bico.

- De quem está falando?

Harry sinalizou para que o amigo aguardasse, já que as meninas deviam estar logo de volta. Quando todos estavam reunidos, ele chamou, com voz cheia de repulsa:

- Monstro!







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