RAB



CAPÍTULO 25:


RAB.


Harry despiu a capa e desceu rapidamente de encontro aos outros. Lupin ajudara Olho Tonto a levantar-se e os dois alcançavam o bruxo desacordado, seguidos de perto por Ron e Hermione.

- Ele está morto? – Perguntou ela, analisando com receio o vulto no chão.

- Não. – Rosnou Moody, após examiná-lo. – A queda não foi tão grande... Mas a perna já viu dias melhores, e o braço esquerdo também está quebrado.

Ele e Lupin giraram o corpo de Aberforth Dumbledore cuidadosamente para cima. Harry viu que ele respirava pesadamente, e não exibia reação alguma. Moody apontou a varinha para os ferimentos.

- Farei o que posso agora. Mais tarde Pomfrey dará jeito...

Após alguns eficientes feitiços de Moody, o homem encontrava-se com braço e perna imobilizados, e recostado de encontro à parede, a cabeça pendendo pesadamente para o lado, inerte.

- Por que ele não reage? – Quis saber Ron, cutucando-o com o pé.

- Porque nosso amigo aqui tem um feitiço estuporante bem potente. – Esclareceu Lupin, sorrindo para Harry.

Este, entretanto, tinha os olhos fixos na escura passagem que levava à porta do Cabeça de Javali. Estremecendo com o pressentimento que lhe corria pela espinha, Harry voltou-se para Moody.

- Podemos reanimá-lo? Sinto que é urgente que conversemos logo com ele...

Olho Tonto analisou-o por um momento com o olho normal, enquanto o mágico girava para os lados da entrada também. Depois disse para Lupin.

- Faça você, Remo. Sou melhor derrubando-os...

- Enervate! – Soou Lupin, calmo.

Aberforth abriu os olhos brevemente, piscando muitas vezes em seguida. Olhou primeiro para si, registrando as ataduras e logo expressando os primeiros sinais de dor. Depois encarou um a um os bruxos presentes, receoso e surpreso, e demorou-se especialmente em Harry.

- Vocês! – Exclamou com voz roufenha. – Mas achei que era...

- Por que nos atacou? Só viemos conversar um pouco... – Indagou Olho Tonto.

- Por que explodiram minha porta e entraram feito gatunos? – Respondeu Aberforth, não se intimidando com a marcante presença de Moody, que replicou:

- Para que tantos feitiços protetores? Quem quer impedir que entre em seu estabelecimento comercial e público, Aberforth?

O irmão de Dumbledore desviou a atenção de Moody e centrou-a novamente em Harry, a quem ficou encarando por longos e pensativos segundos. Suspirou fundo, como quem toma coragem ou se conforma com alguma coisa, e começou a falar baixo, sem tirar os olhos do rapaz.

- Eu sabia que um dia receberia essa visita...Porém, sempre imaginei que seria meu virtuoso irmão quem descobriria meu pequeno segredo. Quando o soube morto, acreditei estar salvo dessa culpa.

As entranhas de Harry remexeram-se desagradavelmente diante da indiferença que o homem mostrava pela morte do ex diretor de Hogwarts. Aberforth, alheio à sua raiva, continuou.

- Só há uma coisa que Harry Potter e sua confraria podem querer com o pobre, desmoralizado, medíocre e excluído Aberforth Dumbledore, não é? Só um fato que me torna digno de sua preciosa atenção, “Escolhido”... – Seus olhos brilhavam maliciosamente para o grupo. – A caverna, o medalhão,... RAB. Não são essas as respostas que veio buscar, rapaz?

Sua voz tornava-se mais alta a cada palavra e enchia-se de explícita amargura. Harry susteve seu ataque, impassível. Os quatro amigos aguardavam em silêncio, apenas Moody movera-se, apontando descaradamente a varinha para Aberforth, quando este ergueu a voz para Harry. O irmão de Alvo fungou ressentidamente, e disparou:

- Pois bem! Faço um acordo com você, moleque! O ataque que desferi contra você era destinado a outros... Outros que rondam e vigiam minha casa, não de hoje.- Calou-se por um momento, procurando uma última vez por outra alternativa. Resignando-se, continuou. - Vocês me levam a um local seguro, onde eu possa ser tratado, e depois me arranjam um esconderijo... Em troca, eu conto tudo o que deseja saber. – Remexeu-se desconfortavelmente, denotando intensa dor. – Que me diz, garoto?

- Posso fazê-lo falar se acordo algum, seu... – Vociferou Moody, mancando ameaçadoramente para perto. Foi impedido por um gesto de Lupin, que sinalizou para Harry, deixando para ele a decisão. Hermione sentou-se, abalada, nos degraus da velha escada, apanhando do chão a capa de Harry, no mesmo movimento. Tinha os grandes olhos apreensivos fixos no amigo. Ron olhava desgostoso para Aberforth. Com certeza, o velho não lembrava em nada seu herói, Dumbledore. Harry registrou as reações dos amigos enquanto ruminava o que fazer. Cogitou intimamente aplicar a eficiente Imperius em Aberforth e acabar logo com aquilo, mas ainda era uma maldição imperdoável e ainda era proibida... Aplicá-la em uma comensal da morte, julgada e fugitiva, era uma coisa, em alguém presumidamente inocente era bem outra. Hermione veio em seu auxílio, uma vez mais.

- Nada que ele confessar sob algum feitiço terá qualquer valor para o Ministério, Harry.

- Então que seja! Mas eu aviso, se desconfiar que está mentindo, ou omitindo algo, entrego-o pessoalmente à Severus Snape, que é quem ronda esse lugar, já sabemos. E eu também sei que ele não está longe!...

Lupin afastou-se, postando-se, atento, próximo à porta. Ron, entendendo a intenção do outro, colocou-se atrás do balcão, de onde poderia ver se alguém entrasse pela cozinha. O depoimento do bruxo seria demorado, e não podiam se descuidar...

Aberforth perdeu o ar agressivo, abrindo sobremaneira os olhos grandes e encovados. Buscou em volta de si e para além dos presentes, como se esperasse Snape materializar-se por ali de hora para outra. Ajeitando a perna machucada mais confortavelmente, puxou fôlego ruidosamente.

- Vamos, desembuche de uma vez! – Moody parecia ser o mais revoltado com o estalajadeiro.

- Desde o começo, Aberforth. Quem foi àquela caverna, como descobriram o que havia lá, e o que aconteceu depois que pegaram o medalhão. – Ordenou Harry.

As feições murchas brilharam de malícia.

- Quem foi até lá, eu presumo que já saiba. Chegou até mim, não é?... Mas, vá lá! Regulus Black, eu mesmo e Bartolomeu Crouch Sênior.

- E como foi que vocês três acabaram juntos nessa?

Aberforth moveu o peso de um lado para o outro, gemendo. Depois de acomodar-se, respondeu.

- Tudo começa com o jovem Black. Regulus abocanhou mais do que podia mastigar, quando juntou-se aos comensais. A cada nova missão aumentava seu terror pelo que assistia ou tinha que fazer. Amedrontado e próximo ao desespero, buscou conselho e ajuda em outro comensal, este muito mais experiente e próximo a Voldemort, mas que parecia tão insatisfeito com o serviço que prestava ao Lord Negro quanto o próprio Regulus. Foi este comensal que o aconselhou a procurar um bruxo muito conhecido da nobre família Black, um bruxo de grande poder e influente no ministério. O chefe do departamento de execução das leis mágicas, e um dos homens com mais sede de poder que eu já encontrei...

- Bartô Crouch. – Murmurou Harry.

- Exato! Black realmente o procurou, e os três marcaram um encontro, que deveria ter sido sigiloso...

- Três?

- Calma garoto, estou chegando lá... – Reclamou azedamente. – O comensal que aconselhara Black estava presente também, e entregou todo o serviço. Contou que descobrira que Voldemort guardara um objeto de extrema importância naquele buraco, e que talvez a destruição deste objeto poderia extinguir o Lord Negro... Ora... Se Bartô Crouch algum dia possuiu a capacidade de sonhar, esse sonho foi sobre capturar, ou eliminar de vez, pessoalmente, Lord Voldemort. Isso seria passaporte garantido para uma longa e frutífera permanência na cadeira de Ministro da Magia... Não hesitou em prometer aos dois absolvição completa de toda e qualquer acusação, caso a jornada até aquele penhasco fosse ... produtiva para ele.

- Quem era esse comensal de quem tanto fala?- Dessa vez, foi Hermione quem articulou a questão.

- Não desconfiam? Quem era próximo e se afastou? Quem poderia ter tanta influência sobre o jovem Black, e que tem eloqüência suficiente para convencer Crouch a uma aventura como essa?

- Snape. - A voz de Harry não manifestou qualquer emoção, mas Hermione reconheceu um que de perigo nas feições do amigo.

- Meu irmão não errou sobre você... Tem alguma massa cinzenta por trás dessa cicatriz, afinal...

- Resuma-se a contar o que sabe! – O olho mágico de Moody girava de Aberforth para Harry.

- Snape foi até a caverna também? E você? Como entrou nessa história?

- Potter, Potter... Ainda não conhece seu ex professor muito bem, não é? É claro que Snape não foi. Ele indicou o caminho, explicou o que encontraríamos lá, e produziu aquele maldito líquido verde, que Crouch ficou encarregado de utilizar. Diga-me Potter, foi você que encontrou aquela caverna novamente? E como chegou até aqui? Até a mim?

Moody resmungou impaciente, mas Harry o tranqüilizou com um gesto da mão.

- Vou responder a essas duas perguntas, e depois, só você se explicará por aqui. Quem encontrou a caverna foi o maior bruxo que conheci ou conhecerei, Alvo Dumbledore, cuja ligação sangüínea com você eu custo a acreditar... E nós chegamos aqui com a ajuda do bilhete, do tolo bilhete que vocês deixaram junto ao medalhão falso, e também, à grande fonte de informações que é o intragável elfo doméstico da Sra. Black. Creio que se lembra dele, não é?

Aberforth cuspiu para o lado, insultando com o gesto a Monstro, e como Harry podia apostar, ao próprio irmão. Moody encostou a ponta da varinha em sua garganta.

- Mantenha o mínimo de educação, patife! Caso contrário, mando a cautela de Potter às favas e cuido de você à minha própria maneira...

Sem saída, o bruxo retomou de onde havia parado, mais cauteloso.

- Então, como eu dizia, em troca das informações que possuía, Snape exigiu três coisas: absolvição completa para ele e Regulus, o anonimato na participação em nosso plano e a confecção de uma memória falsa...

- Do que está falando? – Lupin voltara, fascinado pela narrativa.

- Da memória onde Snape faz o juramento inquebrável a Crouch de trabalhar incansavelmente para derrotar Voldemort.

Ron, de volta também, assobiou baixinho e Moody grunhiu incredulamente.

- Memórias falsas são facilmente detectáveis para um bruxo poderoso e esperto. Alvo Dumbledore nunca acreditaria...

- Mas acreditou! Entretanto, você está antecipando a história, meu caro Alastor. Deixe-me retomar o fio... Com as informações de Snape embaixo do braço, partimos para a caverna...

- Espere! – Interrompeu Harry. – Ainda não disse como você participou de tudo. Para que eles precisariam da sua pessoa? – A descrença insurgia em cada palavra.

- Ah... Então ninguém precisaria do inútil e desprovido de talentos irmão do grande Dumbledore! É isso que pensa? Mas, ... Não posso negar que eles realmente não necessitavam de mim. Só que cometeram o deslize de encontrarem-se aqui, sob o teto que meu caridoso irmão me forneceu, e eu ouvi tudo o que deveriam ter mantido em segredo. Exigi participar, em troca do meu precioso silêncio.

- Por que? Por que se arriscar assim? Não me consta que tivesse tanta vontade de enfrentar Voldemort. – Admirou-se Moody. Aberforth pensou um pouco antes de responder.

- Imaginei...- Começou com voz amarga. – Que seria a oportunidade perfeita de sobrepujar meu famoso irmão. Por muitos anos ele lutou contra Voldemort e seus seguidores. De muitas maneiras ele o caçou. Mas seria eu, o desajeitado e estranho irmão, que conseguiria tal façanha! Esse triunfo não teria preço, e eu não medi esforços para consegui-lo... O mundo mágico se curvaria a mim, e Alvo também!

Doente. Doente de inveja e rancor pelo irmão. Foi essa a conclusão que Harry chegou sobre Aberforth Dumbledore. O bruxo passou as mãos pelos olhos, fungando novamente. Sua expressão carregou-se de decepção, enquanto ele recomeçava a contar.

- Mas as coisas deram muito errado. Quase sucumbimos naquele buraco cheio de cadáveres... Não gosto de lembrar o que encontramos lá... – Resmungou, estremecendo. Harry entendeu bem essa parte. Recordava-se com clareza dos Inferis. – Encaramos os desafios, e Crouch foi imprescindível nisso. Foi ele que enfrentou aquelas criaturas zumbis. Regulus, por ser mais novo e mais forte, teve a incumbência de beber a tal poção, sempre seguindo as orientações que Snape nos passara. Antes de fazê-lo, entretanto, ambos cometeram o imensurável erro de escrever aquele bilhete.

- Outra boa pergunta...- Disse Ron, cada vez mais admirado. – Assim como nós o fizemos, Voldemort poderia descobrir vocês através daquelas palavras. Por que? Para que?

- Orgulho. Ambos queriam deixar uma prova que os ligasse à descoberta do medalhão e à sua destruição, se esta realmente levasse ao fim de Voldemort. Algo que os colocasse dentro da glória do feito... Também não resistiram à tentação de afrontar Voldemort, esfregando em seu nariz que alguém lhe furtara seu tesouro e mencionando você como seu igual. – Concluiu, mostrando Harry com o cumprido e amarelado dedo. O rapaz ergueu uma sobrancelha e o bruxo sorriu maldosamente. – Snape contou aos dois sobre a tal profecia, e eu ouvi por tabela, como o resto. “A criança que terá o poder de derrotar o Lord das Trevas... “Aquele que ele marcará como seu igual”... Eles não sabiam seu nome naquele dia, mas sabiam que Voldemort o odiaria a qualquer tempo...

Harry sentiu novamente o calafrio de outrora, e girou o pescoço pelo aposento. Alheio à preocupação do rapaz, Aberforth acariciou a perna machucada, soltando caretas.

- Não podemos continuar depois... preciso de um hospital.

- Não temos tempo. Você disse que as coisas deram errado...

- É. Mal Regulus engoliu aquele veneno começou a berrar, depois se contorceu, depois voltou a berrar coisas ininteligíveis. Só podíamos segurá-lo, mais nada... Parecia estar com muito medo. Quando ele finalmente aquietou um pouco, Bartô pegou o medalhão, colocou o falso, que ele mesmo transfigurara, no lugar do verdadeiro, deixou lá também o bilhete e repôs a poção na bacia. Depois disso, tirou um outro minúsculo frasco das vestes e o derramou sobre a jóia. O resultado vocês conhecem...

Harry sorriu, ao imaginar o que Riddle sentiria quando soubesse que fora Snape o responsável pela poção que derretera seu precioso Horcrux.

- Não tivemos tempo para júbilo pela tarefa cumprida. Regulus definhava a olhos vistos, e Crouch resolveu que deveríamos levá-lo sem demora para casa. Foi o tempo de sairmos daquele lugar infesto para aparatarmos na mansão Black. Bartô estava apavorado... Ter uma morte em suas mãos não estava em seus planos. Ele não tinha problemas em quebrar regras que o levassem ao poder, mas não era o caso. Tentamos reanimar Regulus de todas as formas, mas nada fazia efeito. O deixamos aos cuidados da mãe, que prometeu não abrir o bico e ainda guardar os restos do medalhão, escondido em uma de suas jóias, até que Bartô fosse buscá-lo. Isto, diante da promessa de uma ordem de Merlin 1ª Classe para o marido, é claro...

Os garotos recordaram-se da insígnia. Estava em um estojo, que eles acharam na mesma limpeza que revelara o camafeu. Sirius achara que o pai tinha doado dinheiro ao ministério para recebê-la. Ledo engano...

- Regulus morreu em questão de horas... Pobre diabo! Crouch cuidou do corpo. Cada um de nós seguiu seu caminho, combinado que estava de nos revelarmos somente no caso de Lord Voldemort sucumbir. Fiquei sabendo dias depois que Bartô responsabilizara aos comensais de Voldemort pela morte de Black. Um golpe de mestre, digo eu. Ninguém cogitou duvidar...E agora ele tinha alguém para empurrar toda a culpa, se algo saísse de controle... E, de fato, em uma sucessão nefasta de fatos, Voldemort foi realmente derrotado, mas foi por você, e não por nós. O filho de Crouch foi pego enturmado com comensais conhecidos e foi preso e condenado. Sirius Black, Black – salientou ele - , também foi capturado e acusado de ser o braço direito do Lord Negro. Como Crouch poderia gabar a quem quer que fosse sobre nossa incursão àquela caverna? Como explicar sua ligação com três comensais, se contarmos que todos ligariam Regulus a Sirius. Como enfrentar o ministério, sendo que não entregara informações tão importantes sobre o inimigo número um do mundo bruxo? Snape não o ajudaria e eu, ora, eu já não tinha fama de confiável. Crouch surtou, pois o raciocínio a que todos chegariam era claro: tinha um filho comensal, amigos comensais... pensariam que era um comensal, ele próprio.

Os três jovens lembravam-se do desesperado furor do bruxo na copa Mundial quando, apenas por seu elfo ter supostamente conjurado a marca negra, o homem perdeu as estribeiras.

- Ele veio até mim, trazendo Snape, e nós selamos um ato contratual mágico de não revelarmos o que fizemos. Crouch perdeu prestígio, mas não sua reputação ou liberdade. Snape ganhou sua memória falsa, livrou-se de suas acusações e safou-se, ileso. Para não perder a confiança que meu talentoso irmão depositara recentemente nele, e para que Voldemort jamais soubesse de sua traição, caso voltasse, ele manteve silêncio também. E eu, eu abandonei a ordem da Fênix e enclausurei-me aqui...

- Era por isso que o prof. Dumbledore confiava nele? Uma memória falsa?

Harry espelhou a incredulidade geral. Dumbledore NUNCA se enganaria tanto!

- Não só por isso. Meu irmão realmente duvidou da veracidade daquela lembrança. Então Snape fez um novo juramento inquebrável, dessa vez para o próprio Alvo, e Crouch serviu de testemunha. Ele jurou que ajudaria Harry Potter a derrotar Lord Voldemort, auxiliando-o a cumprir favoravelmente a profecia que selava o destino de ambos.

Todas as cabeças negaram ao mesmo tempo.

- Snape não pode ter feito isso! Nunca me ajudou! Me odiou desde o primeiro minuto em que me pôs os olhos. Há pouco tempo, se não tivesse sido impedido pelo hipógrifo de Hagrid, teria me matado pessoalmente!

- Eu digo novamente! Você não o conhece! Snape nunca jurou não matar você! Jurou ajudar você a destruir Voldemort, o que é diferente. Isso, e a declaração póstuma de amor eterno que ele fez à sua mãe, Potter, convenceram meu irmão, que sempre deu muito valor ao dito amor. A cada dia que Snape vivia, provava que era fiel ao juramento. O fato de ele respirar era prova inquestionável...

Harry chegou no bruxo tão depressa que este só teve tempo de abrir a boca desmesuradamente, e já tinha uma varinha espetando-lhe a testa.

- Não coloque o nome minha mãe junto ao de Snape! – Rosnou roucamente. – Nunca!

- Harry, calma! – Orientou Lupin. Afastando um pouco o rapaz, encarou Aberforth. – O que quer dizer com “declaração de amor”? Snape sempre insultou Lillian das piores maneiras...

- Eu sei. – Aberforth massageava a testa, olhando temeroso para Harry. – Ele mentiu, e o fez tão bem, que meu honorável irmão emocionou-se com seu amor não correspondido... Tolo, é o que Alvo era... Enganou-se com Snape, falhou com esse garoto, falhou com Sirius Black...

- Do que o acusa agora? De que maneira ele poderia ter falhado com meu padrinho?

- Ele conheceu Sirius Black como poucos. Sirius fazia parte da Ordem da Fênix, e era um elemento importante dela. Então, o baixinho fraquela arma uma situação, e Alvo deixa seu aluno e amigo de longa data ser jogado em Azkaban. Não o defendeu, não o visitou, não pediu a Sirius sua versão dos fatos. Simplesmente, abandonou-o com os dementadores...

- Cale-se! – Moody estava transtornado de fúria, e Lupin segurou novamente Harry. – Cale-se, imbecil! Já falou demais!

- Sou obrigado a concordar dessa vez, Moody. Ele já falou demais...

Antes que qualquer um pudesse virar-se para a voz fria que vinha da porta, um raio de luz verde atravessou a sala, atingindo Aberforth Dumbledore no coração. Ele apenas tombou para o lado, os olhos vidrados encarando o vazio, a boca aberta num esgar de surpresa. Morto. Harry ainda viu Hermione desaparecer rapidamente sob sua capa de invisibilidade, antes de voltar-se, varinha em punho, para os três bruxos parados na porta, semi ocultos pela escuridão. Cada uma das três varinhas estava apontada para um alvo diferente.








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