FOGO E VENTO



CAPÍTULO 17:


FOGO E VENTO


A mente de Alecto era fácil de ser transpassada como manteiga quente. Harry visualizou facilmente a raiva da bruxa, bem como o receio em enfrentá-los, mesmo que em aparente vantagem. O castigo em Draco e a raiva de Riddle com relação à derrota de Bellatrix estavam bem claros na mente da comensal, e ela temia falhar em sua captura. Aproveitando-se disso, endireitou-se calmamente, procurando provocá-la, enquanto percebia Rony e Hermione posicionando-se nas laterais. Ele e os amigos encaravam o semi círculo de comensais, que agora os cercava contra a parede. Alecto guinchou, no que entendia como voz ameaçadora:

- Foram tolos entrando aqui, Potter! Somos muitos contra vocês três! Entreguem as varinhas!

Harry ergueu a varinha e mirou o coração da bruxa, enquanto Rony e Hermione escolhiam também seus alvos.

- Por que não vem buscá-las? - Respondeu, calmo.

Os feitiços voaram através da sala. Borgin, covarde por excelência, atacava junto a Alecto, postado às suas costas. Harry protegeu a si e aos amigos do primeiro ataque, conjurando um eficiente feitiço escudo. Enquanto as azarações batiam e voltavam, atingindo dois dos comensais e explodindo várias prateleiras e seus asquerosos conteúdos no rebote, ele sussurrou para os amigos:

- Vou impedi-los de aparatar. Vocês, cuidado!

O comensal mais próximo à porta tombou, petrificado, e eles puderam ver que Jorge havia retornado, atingindo o bruxo pelas costas. Ainda usando Legilimência, Harry continuou esquivando-se do ataque duplo de Alecto e Borgin, enquanto os Weasley e Hermione assumiam duelos com os comensais restantes. A cada feitiço ou azaração habilmente bloqueados ou desviados por Harry, a bruxa tornava-se mais e mais enfurecida e frustrada, descontrolando-se totalmente. Ele continuou com o jogo de gato e rato, atento aos amigos, caso precisassem de ajuda.

- Faça alguma coisa! – Esganiçou histericamente Alecto para o inútil Borgin, que a encarou de volta, amedrontado. Harry aproveitou-se da distração de ambos para conjurar silenciosamente:

- “Expelliarmus!” “Relaskio!”

Os feitiços atingiram Alecto em cheio. Ela tombou, e Borgin virou-se, pronto para fugir correndo.

- “Estupefaça!”

O dono da loja estacou, desabando inconsciente em seguida. Harry voltou-se, procurando outro alvo, mas viu que não seria necessário. Rony mantinha um comensal içado no ar pelo calcanhar, desacordado. Jorge apreciava a desajeitada dança que seu “Tarantalegra” desencadeara no adversário, silenciado anteriormente por outro feitiço do gêmeo de Fred. Hermione observava satisfeita as asas de morcego que surgiam das orelhas do bruxo estuporado a seus pés.

- Aprendi com Gina. – Explicou, diante das expressões dos amigos.

Antes que Harry pudesse felicitá-los pela eficiência, lufadas de fumaça roubaram o ar da sala, indicando que sua pequena fogueira crescia rapidamente.

- Temos que sair daqui! Já! – Alertou Harry, atento aos ruídos de madeira estalando sobre suas cabeças.

- Mas, e eles? – Questionou Hermione, apontando para os bruxos derrotados.

- Deixe-os aí! – Sua voz soou estranha aos seus próprios ouvidos. – Que importa?..

Rony aproximara-se, mancando. Havia sido atingido, antes de derrotar o meliante de Riddle, e a visão do ferimento fez a cólera de Harry inflar ainda mais. Ron o encarou nos olhos, antes de dizer:

- Você não quer isso. Nunca quis.

O olhar sério do amigo sacudiu Harry, e ele espantou-se com os próprios sentimentos. Centrando-se novamente, pediu:

- Vão levando eles para fora. Vou tentar atrasar o fogo. Aonde está Fred?

Jorge respondeu, já levitando um dos comensais.

- Ficou lá fora com Olivaras. Vou chamá-lo...

Harry correu para a outra sala. As labaredas lambiam as paredes e já atingiam o corredor e o andar superior. Ergueu a varinha.

- “Eólius!”

Uma forte rajada de vento saiu de sua varinha, soprando em círculos ao encontro do fogo.

- “Acquamendi!”

O jato de água juntou-se à ventania, e o conjunto abateu-se sobre o fogaréu, combatendo-o . Harry sustentou os feitiços, até que o incêndio diminuísse consideravelmente de intensidade. Com os olhos e os pulmões ardendo pelos efeitos da inalação prolongada de fumaça, saiu ao encontro dos amigos. Os quatro cercavam o grupo de comensais, inclusive Amycus, que estavam sendo amarrados firmemente, e ao que parecia, desfrutavam os efeitos das balas de desmaio dos gêmeos. Não havia sinal de Olivaras.

- Ele ainda está escondido pela capa. – Explicou Fred, adivinhando seus pensamentos. – Achei melhor, caso os amiguinhos desses aí aparecessem para ajudá-los... – Concluiu, cutucando com o pé um dos presos.

- Harry, a loja ainda está queimando, estamos a céu aberto com uma porção de bruxos das trevas e o desaparecido Sr. Olivaras. Temos que agir. Logo o ministério estará aqui... – Disse Hermione, aflita.

- Vamos deixar Olivaras nos fundos do Caldeirão Furado. Assim logo o acharão, mas ninguém saberá que fomos nós que o entregamos...

- Eu e Jorge o levaremos. – Prontificou-se Fred. – Se alguém nos vir, diremos que o achamos caído em algum lugar... Será menos suspeito do que se o pegarem com um de vocês.

Assentindo, Harry indicou os comensais.

- Quantos caramelos deram a eles?

- Dois para cada. Vão ficar fora do ar bastante tempo...

- Ótimo! Ficaremos escondidos, de olho para que não escapem, até alguém chegar. Não deve demorar , já vejo luzes acesas pela rua...

Com efeito, o incêndio, que tornara a ganhar força, finalmente chamara a atenção da adormecida vizinhança, e antes que alguém lhes pusesse os olhos em cima, Harry comandou:

- Vamos!

Os gêmeos caminharam alguns passos, e então ergueram o oculto bruxo, afastando-se rapidamente com o espaço “vago” entre eles. Logo sumiam nas sombras da Travessa do Tranco. Harry e os amigos aguardaram até perdê-los de vista, e então aparataram para o beco onde haviam estado antes de Hermione azarar Amycus. Permaneceram bem escondidos e silenciosos, até avistarem um grupo numeroso de bruxos, alguns dos quais Harry reconheceu como aurores do ministério, aparatarem em frente à incendiada loja. O ar se encheu de exclamações surpresas e ordens emitidas aos gritos, quando eles encontraram o punhado de comensais desacordados.

- Podemos ir! Daqui os aurores tomam conta... – Sussurrou Rony. Mesmo não tendo tanta certeza disso, Harry concordou, e os três aparataram com destino à loja dos gêmeos. Não viram um par de olhos brilhantes que os observava a vários minutos...


== * ==


Os gêmeos demoraram a retornar ao apartamento. Contaram ao trio que estouraram várias bombas de bosta na porta do Caldeirão Furado, antes de deixarem Olivaras deitado ali. Haviam se escondido sob a capa de invisibilidade e observado o furioso Tom abrir a porta dos fundos da hospedaria, para ver o que estava acontecendo, e encontrar o fabricante de varinhas.

- Então viemos embora. Tom saberá o que fazer.

Estavam os cinco aquecendo-se em frente à lareira, bebendo as cervejas amanteigadas que os gêmeos faziam questão de manter em bom estoque. O cansaço tornava-se aparente em todos, e Fred levantou-se, espreguiçando.

- Vou dormir um pouco! Foi uma noite agitada... – Sorria como se comentasse um jogo particularmente disputado de quadribol.

- Também vou. É melhor abrirmos a loja normalmente pela manhã, e só temos algumas horas. – Atalhou Jorge. Os dois desapareceram em direção aos quartos.

Harry pousou a cabeça nos braços, sentado no chão, de costas para a lareira. Os pensamentos estavam tumultuados, repassando tudo o que tinham de fazer. Ron ressonava tranqüilo no sofá, o ferimento na perna já tratado por Hermione, que agora olhava as chamas da lareira, quieta. Depois de longos minutos, ela manifestou-se.

- Alguma idéia do que vem a seguir, Harry?

- Nenhuma. E estamos sem tempo! Riddle deve estar conferindo os esconderijos dos Horcruxes, um por um. Se ele resgatar aquele que ainda não sabemos o que é, ficará quase impossível destrui-lo... E temos que descobrir, tão urgente quanto, quem é RAB e aonde escondeu o medalhão...– O desânimo em sua voz era evidente, e o rapaz calou-se, observando pela janela os primeiros clarões do dia. Hermione silenciou por algum tempo também, e então mudou radicalmente o assunto.

- E a Gina, Harry?

Ele encarou-a, surpreso e desconfiado.

- O que tem ela?

- Eu vi vocês na cabana de Bull... Você sente muito a falta dela, não é?

- Aonde é que você está querendo chegar, Hermione?

- Não entendi até agora que bem fez em terminar o namoro...

- Sabe muito bem que foi para protegê-la! – Sentenciou, carrancudo.

- E, por um acaso, a ligação entre vocês enfraqueceu depois que terminaram? Acha mesmo que ela tornou-se menos evidente?...

- O que é que você está querendo, Mione? Ver sangue? Quer que eu diga que gosto tanto dela e que sinto tamanha falta, que a dor chega a ser física? Tudo bem! Já disse! Satisfeita? Era o que queria ouvir? – Urrou em desabafo, alterado pelos cutucões da amiga.

- Não! Era o que EU queria ouvir...

Harry pulou, assustado. E então olhou para a cabeça que flutuava nas chamas da lareira...








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