A MUI ÚTIL BELLATRIX



CAPÍTULO 7:

A MUI ÚTIL BELLATRIX

- Ah, meu mestre vai ficar deliciado! Saio por uma coisa à toa e volto com Harry Potter no bolso...

Bellatrix olhava em um transe embevecido para Harry, provavelmente antecipando uma captura sem problemas e as glórias de tal feito. Os outros dois apontavam as varinhas para Rony e Hermione. Harry encarou a assassina de Sirius, tentando, enquanto controlava a própria fúria, manter presa a si a atenção da comensal. Bellatrix não percebera o movimento, mas Bull retornara, e agora caminhava sorrateiramente às costas dos comensais, aproximando-se dos três, munido de um comprido e pesado pedaço de madeira.

- Coisa à toa, Lestrange? Encarregada das pequenas coisas, agora? Você, a grande comensal?

- Cale a boca! – Disse, aproximando mais a varinha do peito de Harry – ou eu mato você.

Harry carregou a voz de ironia. Se a situação não fosse perigosa, estaria desfrutando muito o ato de provocar a bruxa.

- Snape é o novo preferido do cara de cobra, Bella? Diga, Severus ao menos conseguiu salvar seu sobrinho? Draco ainda está vivo, “titia”? – Bull estava mais próximo, teria que mantê-los distraídos só mais um pouco...

Bellatrix empalideceu. Mas então sorriu, vingativa.

- Eu tenho que levá-lo inteiro ao mestre, moleque atrevido, mas não preciso de seus amigos... Matem!

Nesse instante, um golpe certeiro de Bull atingiu os dois comparsas da bruxa ao mesmo tempo. Ambos caíram para frente, sob o peso da viga de madeira que Bull atirara contra seus ombros. Bellatrix virou-se, surpreendida, e o vacilo foi o suficiente para que Harry e os amigos agissem. Depois de tanto tempo treinando meios de defesa e fuga, sabiam o que fazer. Hermione afastou-se com Bull, protegendo-o e tirando-o de perto dos comensais. Rony dirigiu a varinha para os homens caídos, e as varinhas deles foram parar a metros de distância, enquanto seus donos congelavam no chão, numa clara reação ao “Petrificus Totallis”.

Ao mesmo tempo, Harry puxava a varinha para Bellatrix.

- “Expelliarmus!” “Relaskio!”

Mas a bruxa protegeu-se e desviou dos feitiços, aparatando. Harry e Rony olharam à volta, esperando atentos que ela reaparecesse. E ela o fez, exatamente atrás de Rony. Desarmou-o, e encostando a varinha na nuca do garoto, ameaçou:

- Você vai reanimar meus colegas Potter, agora! Depois baixe sua varinha e se entregue. Você também sangue ruim! Ou o ruivinho terá problemas...

Harry olhou para o amigo, que estava surpreendentemente calmo, e fez um rápido sinal com os olhos para o chão. Hermione segurou Bull, que queria avançar para a comensal, dizendo baixinho:

- Deixe com eles!

Harry girou sua varinha em direção a um dos bruxos petrificados, como se fosse obedecer a ordem, para então retorná-la veloz em direção a Bellatrix, enquanto Rony, de um tranco, jogava-se ao chão.

- “Impedimenta!”

O feitiço silencioso de Harry a atingiu em cheio dessa vez. Bellatrix, atingida e cambaleante, conseguiu ainda erguer a varinha para Rony.

- AVADA...

- IMPERIUS!

A maldição de Harry foi mais rápida e muito mais forte. De fato, Bellatrix caiu de joelhos e ficou olhando para ele com ar absolutamente aparvalhado, um sorriso débil no rosto. Rony levantou-se, e com olhar satisfeito, bateu nas costas do amigo, à guisa de agradecimento.

- Perfeito, cara!

Mas Harry não respondeu ao cumprimento. Continuou com a varinha apontada para a tonta Bellatrix, o rosto transtornado, o olhar furioso. Receoso do que o amigo planejava, Rony buscou a ajuda de Hermione com os olhos. Ela aproximou-se, e colocando a mão no braço de Harry, falou calmamente:

- Harry, não vale a pena.

- Ela matou Sirius e ia matar Rony também.

- Vamos entregá-la ao Ministério. Ela irá para Azkaban...

- E vai fugir de lá novamente. E irá matar outra vez! Ou torturar como fez com os pais de Neville!

- Mas nesse momento ela está desarmada e indefesa. Conseguiria matá-la assim? Além do mais, que chance ela terá com Voldemort agora? Capturada por três jovens? Deixando VOCÊ escapar...?

Harry respirou fundo, contendo-se. Bellatrix continuava com o olhar tolo fixo nele. Em um tom mais calmo, ele orientou:

- Hermione, conjure cordas e amarre bem aqueles dois, não demora eles voltam ao normal. Amordace-os também e fique de olho. Bull, você poderia ajudar Mione a vigiar? Podem aparecer mais amigos desta aqui... - Pediu, apontando para Bellatrix. - Ron, mire a varinha para o coração dela, e se houver qualquer tentativa de reação, não hesite.

Aproximando-se da bruxa, perguntou com a voz cheia de raiva contida:

- O que faziam aqui?

- Lord Voldemort nos mandou renovar os feitiços que mantém os trouxas longe do terreno.

- Por que ele quer isso?

- Há algo que pertence ao mestre que não deve ser achado.

- O que é?

- Só ele sabe. Nos é proibido perguntar.

Nesse momento, mesmo sob a maldição Imperius, Bellatrix pareceu contrariada.

- Onde está?

Ela meramente apontou para o chão.

- Eu chego lá pelo poço?

Os olhos da bruxa começaram a girar nas órbitas, o corpo contorcendo-se. Harry reconheceu os sintomas, ela começava a resistir à maldição. Não pensou duas vezes.

- Imperius!

A segunda dose foi definitiva. Bellatrix voltou a ter o olhar dócil, encarando Harry como se ele fosse seu melhor amigo, a boca torta num sorriso frouxo. Contendo o mal estar que a figura patética inspirava, o rapaz pediu novamente:

- Eu chego lá pelo poço?

- Sim.

- Há feitiços protegendo o local?

- Sim.

- Você sabe quais são e como evitá-los?

- Só o sangue e poder do mestre podem passar. É só o que sei.

Harry suspirou, preocupado. Lembrou-se da caverna no mar, dos Inferis e daquela poção verde, que tanto mal fizera a Dumbledore. O que enfrentaria ali? Como chegar ao quarto Horcrux, tão próximo e tão inacessível, em algum lugar abaixo de seus pés?

- Mande ela lá pegar.- Sugeriu Rony, adivinhando seus pensamentos.

Harry ergueu as sobrancelhas para ele, enquanto Hermione aproximava-se, censurando:

- Ron, é compreensível que o Harry queira matá-la, mas você também?

Bull se manifestou.

- Antes ela que o Harry!

- De nada adiantaria ela ir! Não poderia passar pelas defesas de Voldemort, assim como vocês. Mas talvez eu, pela ligação que tenho com ele,... – colocou os dedos sobre a cicatriz - ... consiga enganar os feitiços protetores, pelo menos durante algum tempo. Sem falar do meu sangue, que o ajudou a ter seu corpo físico de volta. Se ele guardou seu Horcrux aqui depois disso, meu sangue já fazia parte do dele.

A idéia do bom sangue de Harry correndo nas veias malignas de Tom Riddle era repulsiva, mas ninguém questionou a lógica do raciocínio. Harry olhou para os três comensais e decidiu resolver aquele problema primeiro. Concentrando-se, chamou:

- Dobby!

Como das outras vezes, segundos depois o elfo surgia num estalo. Quando ia partir para mais um apertado abraço em Harry, seus grandes olhos de pires registraram toda a cena, e ele murchou as orelhas, assustado.

- Dobby, não posso explicar agora. Preciso que me traga Olho Tonto ou Lupin aqui o mais rápido possível, entendeu? Diga que há três comensais capturados que precisam ser removidos com urgência. Só fale com os dois, o.k.?

O elfo assentiu e desapareceu.

Harry voltou-se para o homem silencioso que assistia a tudo, preocupado.

- Muito obrigado, Bull! Aquele strike nos comensais veio bem a calhar! Você nos salvou...- Bull corou, constrangido.

- Eles apareceram do nada, eu vi enquanto descia a colina. Então voltei.

Harry recolheu as varinhas jogadas e a sua capa de invisibilidade, conjurou cordas para Bellatrix também, estuporou novamente os comensais que começavam a se mover, e então, virou-se para o poço, pensativo. O som de dois estampidos se fez ouvir e Olho Tonto Moody surgiu na colina, guiado por Dobby.

- Sorte seu elfo me achar na sede, Potter. – Foi falando Moody, mais direto do que nunca, o olho mágico estudando o local. – O que temos aqui? Lestrange? O que houve com ela?

Harry respondeu sem rodeios.

- Imperius, duas vezes.

O Olho azul elétrico de Moody girou 360 graus em sua órbita, mas ele nada disse.

- Os outros já foram muito bem presos, eu vejo. Vou levá-los direto ao ministério. Sim, Rufus vai ficar encantado com o presente. Suponho que não queira que o ministro saiba maiores detalhes de como e aonde eles foram pegos, não é Potter?

- Não, ele viria atrás de seu “garoto propaganda”. Mas Bellatrix e os outros dois vão acabar falando...

Moody cutucou com a garra de madeira um dos comensais estuporados.

- Você tem algum tempo antes de eles voltarem à consciência e os aurores do ministro os forçarem a abrir o bico... Quanto à Bellatrix, a maldição Imperios bem conjurada, lançada por duas vezes seguidas na mesma mente, pode fazer um estrago grande. Eu não sei quando ela voltará ao normal, ou SE voltará.

Nenhum deles teve pena. Moody, aliás, parecia perfeitamente satisfeito.

- Você sabe Potter, que cedo ou tarde o ministro vai suspeitar de sua missão?

Harry assentiu. Moody continuou:

- Ele não costuma se meter comigo, pois a ajuda da Ordem está sendo importante nas atuais circunstâncias. Mas ele virá me fazer perguntas, e logo.

- Então o senhor pode responder que eu ainda sou um dos homens de Dumbledore, e que isso é só o que ele precisa saber.

Moody deu um de seus raros sorrisos para o garoto, e preparou-se para deixá-los.

- Conseguirá levá-los sozinho? – Hermione perguntou, entregando-lhe as varinhas apreendidas.

- Sem problemas, esses aqui não me darão trabalho. Vou emprestar seu elfo, Potter, por via das dúvidas. Não fiquem muito tempo aqui, Voldemort pode vir atrás de Lestrange. Bom, não esqueçam garotos: vigilância constante!

E segurando Bellatrix e um comensal pelos braços, aparatou. Logo após, Dobby, ainda assustado, fez o mesmo com o terceiro. Harry saboreou por um momento o fato de que prendera Bellatrix Lestrange, desfalcando o time de Voldemort. Mas foi um momento fugaz. Não conseguiu evitar um tom de ácida ironia quando resumiu para os amigos, sentando-se cansado no chão.

- Então, temos que descer lá, enfrentar magia negra da brava, trazer o Horcrux para cima, descobrir como destruí-lo sem morrer tentando, e tudo isso muito rápido, já que Voldemort pode perceber-lhe a demora e vir atrás de Bellatrix já, já. É isso?



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