A PRIMEIRA AULA



Ainda nem tinha amanhecido e Harry Potter simplesmente não conseguia continuar a dormir ou parar de andar em círculos. Estava nervoso. Aquela não seria a primeira vez que ensinava Defesa Contra as Artes das Trevas para alguém, mas era, oficialmente, a primeira vez. E com crianças que tinham muitas expectativas em cima dele. E seus filhos, ainda por cima. Ele não queria fazer papel de bobo, caso alguém fizesse uma pergunta que ele não soubesse responder. Hermione já tinha preparado todo um plano de aula para ele e dividido as lições para todas as turmas que Harry iria ensinar. Ainda hoje ela se mostrava tão prestativa e providencial. Rony, é claro, achou o máximo ele ser professor em Hogwarts e pediu que o escrevesse se tivesse alguma novidade. E, se ele visse algum garoto com Rose, podia chamar que ele ia imediatamente para a escola. É claro que Harry riu muito com o amigo. Gina teve que ficar com Lílian em casa. Harry não falou nada, mas aquele convite de última hora estragou o plano de férias que tinha feito com sua mulher. Evidente que ele não podia negar um favor a Minerva McGonagall, ainda mais, sendo ela a diretora de Hogwarts. Mas já sentia saudade dos carinhos da mulher e da vida de auror. Alguém interrompeu seus pensamentos, batendo a sua porta.

– Neville!

Harry abraçou o antigo companheiro.

– Está tarde, Neville. O que você está fazendo aqui?

– Bom...sabe, Harry, na primeira semana que eu comecei a dar aulas aqui em Hogwarts em não consegui dormir um dia sequer. Então, achei que você iria gostar de uma xícara de chocolate quente. Uma pena aqui não ter a cerveja amanteigada da Madame Rosmerta.

– Obrigado, amigo. Já está bom demais.

– E então? Tentando cavar um buraco no chão, Harry?

Eles riram.

– Como você conseguiu, Neville? É tão...estranho voltar a Hogwarts...sem Dumbledore, sem a gente se metendo em confusão...

– Oh, mas a gente ainda se mete em confusão, Harry. Você não estava aqui na exibição dos professores, ano passado.

– James me falou que você tentou fazer um visgo plantado em jarros atacar um professor, mas, ao invés, ele foi para cima de você!

– Riram de mim por meses - lamentou – E ainda devem rir. Este ano vou fazer direito!

– Esse ano vai ter?

– Lógico! Acontece exatamente um mês antes do torneio de duelos.

– Se tivesse isso na nossa época...

– Não, Harry. Eu iria ser caçoado o resto da minha vida. Nem teria conseguido me casar!

Harry riu com a preocupação do amigo. Casar com a dona do Caldeirão Furado não era exatamente evitar ser caçoado o resto da vida. Mas quem vai entender as coisas do amor.

– Você está conseguindo me animar, amigo. Obrigado, mais uma vez!

– Ah! Se alguém lhe fizer uma pergunta já sabe o que dizer?

Essa era uma questão que preocupava Harry.

– Não. O que?

– Diga alguma coisa que tenha ligação com muita segurança e eles não vão duvidar. Aí depois você pesquisa para corrigir na próxima aula.

– Neville...

– O que?

– Agora temos uma Granger na escola

– Por Merlim! - e empalideceu. – Por que você foi me lembrar disso, Harry? Eu tinha esquecido e estava até tranqüilo! Acho que vou voltar para meu quarto e passar os olhos nos meus livros e fazer apontamentos e...
Harry já estava rindo muito.

– Neville, você é muito competente para ficar preocupado. Você sabe tudo de Herbologia!

– E você sabe tudo sobre Defesa Contra as Artes das Trevas.

– Já faz algum tempo que não temos visto nenhuma atividade das trevas. Até a intensidade das batidas do Ministério diminuíram.

– Isso não lhe preocupa, Harry? Sabe, ando conversando muito com Carmelita, a professora de feitiços, e nós achamos que essa redução pode significar que os bruxos estão ocultando ainda mais o uso da magia negra.

– O Ministério está atento, Neville. Nossa Hermione está lá, se esqueceu? Duvido que algo passe despercebido por ela. Sem falar do Ministro Shacklebolt!

– É verdade. Depois de tudo, Harry, acho que ainda não conseguimos acreditar que tudo está em paz há 19 anos.

– Eu sei, meu amigo. Todos os dias olho para o espelho, vejo minha cicatriz e penso em tudo o que passamos. Agradeço, sempre, por meus filhos não viverem no mundo que Voldemort sonhava.

Os dois permaneceram em silêncio por algum tempo. Neville quebrou o gelo.

– E o pequeno Alvo? Lufa-Lufa, hein?

– Pois é. Admito, Neville, que achei estranho, mas o Chapéu Seletor sabe o que faz. Além do mais, todas as casas de Hogwarts são importantes, não são? Lembro-me perfeitamente de um jovem corajoso, inteligente e leal que foi daquela casa e eu admirava muito.

– Cedrico Diggory?

– Sim. Ele seria um grande homem se...enfim, se tudo tivesse sido diferente.

– Alvo vai ser um excelente aluno, Harry.

– Eu sei que vai.

– Temos tantas velhas novidades este ano! Mais um Potter, a primeira Granger, os Malfoy retornam, os Goyle, temos também os Dumbledore e, é claro, você Harry, de volta a Hogwarts. Não é uma coincidência?

Harry apenas sorriu, mas não ousou concordar com o amigo. Há muito tempo Harry havia deixado de acreditar em coincidências. Neville chamou atenção para algo que Harry não tinha percebido e ele se lembrou da canção do Chapéu Seletor:
‘É um tempo de novidades
Que o vento leva e trás
É um tempo de retorno
Para as surpresas que já vem’

E as surpresas de Hogwarts sempre vinham acompanhadas de muitos perigos. Pelo menos, desta vez, Voldemort não estaria incluso. Neville pareceu perceber que Harry estava muito preocupado.

– Tudo bem Harry? Eu disse algo errado?

– Claro que não, Neville. Eu...eu... estava pensando naquele vazamento. Hagrid me falou algo, mas não consegui entender porque ainda não foi resolvido.

– A Diretora McGonagall está louca com aquilo. Toda vez que utilizam algum feitiço, ele só funciona por alguns minutos. E aquilo atrapalha o acesso à cozinha e à casa da Lufa-Lufa.

– Assim que tiver um tempo vou ver o que posso fazer. Amanhã vai ser um dia e tanto, mas não quero atrapalhar o seu, meu amigo. Vá descansar, Neville. Eu vou dar um jeito de dormir.

– Está bem, Harry. Qualquer coisa, pode me chamar, ok? Minha sala fica neste andar mesmo, bem no final do corredor, ao lado da Escalarius ascienda.

Diante da expressão de confusão de Potter ele prosseguiu.

– É uma erva-daninha que plantei em um vaso e tomou conta de toda a minha porta. Ando podando ela, ultimamente, mas tem insistido em entrar na minha sala. Acho que tem alguém atiçando ela usando o herbivicus. Mas esse ano eu pego quem está fazendo isso

Harry sorriu.

– Pode deixar que irei lhe visitar, Neville. E lhe ajudo a descobrir quem está fazendo isso.

– Obrigado, Harry.

E se dirigiu para a porta.

– Ah! E não se esqueça de respirar fundo, antes de começar. Eu fiquei tão nervoso que desmaiei no primeiro dia! - e fechou a porta.

***

O sol já começava a nascer quando Harry despertou no sofá. Esfregou os olhos e bocejou. Havia descansado muito pouco. Estava um tanto atrasado e decidiu que não ia comer. Vestiu sua roupa e saiu para chegar na sala antes dos alunos. Hermione disse que se ele pudesse chegar mais cedo e olhar nos olhos de cada aluno que entrasse, ficaria mais fácil gravar os nomes e causaria algum impacto nelas. Afinal, ele era Harry Potter, aquele que derrotou Voldemort. Mal deu alguns passos para fora da sala e um aluno do 6º ano da Grifinória o parou para desejar boa sorte com os pequenos. Alguns passos a mais e duas meninas do 3º ano da Lufa-Lufa, com os olhos brilhando, pediu que ele assinasse seus cadernos de Defesa Contra as Artes das Trevas. A cada metro que andava, Harry era parado por alguém. Ele já tinha assinado uma porção de cadernos quando finalmente chegou no quinto andar da escola. Passar pelo corredor até chegar à sala foi como atravessar um corredor polonês, só que, ao invés de socos e provocações, Harry só ouvia elogios e pedidos de autógrafos. Quando finalmente entrou na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, se surpreendeu. Estava mais lotada do que o habitual. Ele viu Rose e Angélica sentadas na primeira cadeira da fila direita e Alvo e Peter na segunda à esquerda das meninas.

– Os alunos do primeiro ano, por favor, levantem a mão.

Os alunos mais novos levantaram as mãos. Tinham primeiro-anistas ainda do lado de fora da sala.

– O restante dos alunos têm 30 segundos para deixarem a sala de aula livre ou eu tirarei 10 pontos de cada um de vocês correspondentes as suas casas.

Em instantes, um mar de pessoas se deslocou para fora da sala, permitindo que os últimos alunos ocupassem as cadeiras vagas.

Carpe retractum!

E com um movimento de varinha Harry fechou a porta.

– Agora, sim!

E olhou para mais de 20 crianças com os olhares voltados para ele como se estivessem diante de um ídolo. Por um momento Harry esqueceu de respirar, mas logo lembrou de Neville, deu uma boa tragada no ar e falou o texto de apresentação que Hermione fez.

– Bom dia, pessoal. Eu sou Harry Potter, professor de Defesa Contra as artes das Trevas deste ano. Esta matéria é muito importante para qualquer um que deseje sobreviver no mundo mágico. Seu propósito é fornecer recursos para que os bruxos possam se defender contra feitiços, azarações e maldições de bruxos praticantes das artes das trevas e também para se protegerem de Criaturas das Trevas. Como este é o primeiro ano, dividiremos nossas lições em dois semestres: o de teoria e o de prática. Espero que todos tenham trazido seus livros, muito bem. Abram na página 5, por favor. Srta Stevenson, pode ler para a gente?

Barbra Stevenson começou a ler o Capítulo 1 do livro que falava sobre a origem do uso das artes das trevas, comumente chamada de magia negra. Durante esse tempo, Harry pôde respirar e raciocinar calmamente. Tinha certeza que tinha vomitado todo o texto de Hermione, porque estava muito nervoso. Começou a caminhar pela sala e olhar cada um dos alunos, adaptando a sugestão de Mione. Deu um largo sorriso para Rose, Alvo e Jonathan quando passou por eles. Para não parecer uma preferência, Harry procurou fazer a mesma coisa com outros alunos.

– Obrigada, Srta Stevenson. Como vocês podem perceber, a Arte das Trevas remonta à própria existência da Magia. Assim como sempre existiu, no mundo Trouxa, pessoas más, o mesmo aconteceu conosco. Contudo, nosso Ministério da Magia age com muita firmeza para coibir o uso da arte das trevas. Por isso, neste momento, vamos nos aprofundar nos cuidados com as Criaturas das Trevas. Uma criatura que aterroriza até mesmo o Mundo dos Trouxas é o bicho-papão.

Algumas crianças riram.

– Sr. Canaghan, pode dizer para nós o que seria tão engraçado?

– Bi-bichos- pa-pa-papões n-não e-ex-existem. É s-só his-histoto-historia p-pa-para do-dor-dormir, c-cer-certo?

Harry percebeu algumas crianças concordando, incluindo Jonathan.

– Temo que não, Canaghan. Alguém aqui da sala já viu um bicho-papão? - diante do silencio da sala, ele continuou – Alguém saberia me descrever um bicho-papão?

Rose levantou a mão e ele lhe cedeu a fala.

– Não há uma descrição do bicho-papão porque ele é um metamorfo. Ele assume a forma do maior temor que cada pessoa carrega dentro de si.

– Muito bem, cinco pontos para a Grifinória!

Rose sorriu, feliz pela sua primeira colaboração e as crianças descrentes ficaram de queixo caído.

– Prometo a vocês que no fim deste ano, conhecerão um verdadeiro bicho-papão. Agora, vamos nos ater à teoria. A observação sobre as constantes mudanças da forma do bicho-papão foram primeiramente descritas por Rozana Garratud, estudiosa da Irlanda, em uma longa viagem por algumas aldeias...

Harry foi relaxando a cada minuto que passava e, de repente, estava tirando dúvidas, fazendo piadas e brincando com as crianças. Ele prometeu a si mesmo que seria um excelente professor, como Lupin foi, bondoso e divertido. O tempo passou mais rápido do que ele pensava e a hora da aula terminou.

– Aonde pensam que vão? Vocês têm lição para trazer para mim na próxima aula.

Harry pôde ouvir um muxoxo geral.

– Quero 40cm de pergaminho sobre o que significa um metamorfo, quais as reações comuns dos bruxos que não souberam como enfrentar o bicho-papão, como derrotá-lo e prendê-lo. Pronto. A melhor pesquisa de todas as casas leva 5 pontos. Agora estão dispensados.

Harry ainda pôde ouvir Rose dizer que 40cm era muito pouco para tanta coisa e sorriu. Jonathan Dumbledore se aproximou da mesa do professor para falar com Harry.

– Poxa, essa história do bicho-papão foi demais!

– Você achou, Jonathan? - e sorriu para ele.

– Claro que sim! Existem tantas coisas fantásticas assim mesmo? Às vezes eu acho que isso tudo é um sonho, sabe Professor Potter?

– Eu também pensava assim, meu jovem, quando estudava aqui.

– O que vamos aprender na próxima aula?

Harry imaginou se o jovem Dumbledore também teria sido animado para conhecer tudo desta forma.

– Espere até a próxima aula, Jonathan. Mas na biblioteca eu tenho certeza de que você vai encontrar muitos livros que falam sobre o Mundo da Magia. Por hora, é melhor correr para a sua próxima aula.

– Sim senhor. E obrigado!

Jonathan saiu da sala. Alvo, entretanto, continuava sentado.

– O que foi, Al?

– Sua aula foi muito legal, pai.

– Obrigado. Tem alguma coisa que você queira me dizer? - e sentou ao lado do filho.

Alvo titubeou por um instante, mas resolveu falar.

– A Lufa-Lufa é muito legal, sabe? O Salão Comunal tem comida sempre a disposição e os quartos ficam atrás de portas redondas que nem um barril. E nos corredores dos dormitórios tem fotos da maioria dos alunos que estudaram lá. E...

– Nossa, parece realmente muito legal, Al. Mas você sabe que não precisa dizer nada disso para me provar que a Lufa-Lufa é tão boa quanto a Grifinória, não é?

Alvo baixou seu olhar.

– Eu tenho certeza que o Chapéu Seletor fez a melhor escolha para você, Alvo. A Lufa-Lufa precisa de mais representantes, para fazer as outras casas perceberem que ela também é importante. Quem sabe não cabe a sua geração fazer isso?

– É porque todo mundo fica falando pelos corredores...

– Falando o que?

– Que eu não sou um Potter de verdade.

– Que absurdo! Me diga quem foi e eu vou tirar 100 pontos da casa! - disse brincando e ambos sorriram. – Alvo, nenhum deles sabe o que significa ser um Potter. Exige sacrifício, coragem e provações. Não é fácil. Ser um Potter é ser capaz de pensar nos outros antes de si mesmo e, acima de tudo, é uma questão de lealdade. Sabe qual é a característica que Helga Lufa-Lufa mais prezava?

– Não.

– Lealdade. E se eu não fosse leal aos meus princípios e àqueles nos quais eu acreditava, eu não estaria agora, aqui, com você. Por isso, não subestime a sua casa e nem deixe que os outros façam isso, entendeu? Dê tudo o que você puder por ela.

Alvo já estava sorrindo e seu rosto parecia iluminado. Seus olhos, tão iguais aos de Lílian, estavam brilhando e cheios de vontade. Harry mandou ele se adiantar para a próxima aula e viu seu filho sair com outro ânimo. Seus olhos se encheram de lágrimas, emocionado por estar ali em Hogwarts e poder ajudar Alvo daquela forma. Tudo poderia ser diferente se ele não estivesse ali para apoiar o filho. Suas reflexões foram interrompidas pelas vozes no corredor que indicavam a próxima turma. Sonserina e Corvinal. Naquela sala, ele prometeu não pegar no pé de Malfoy, afinal, ele era apenas o filho de Draco e já parecia ter seus problemas com os colegas de sala.

– Ele está vindo! Ele está vindo! - gritou Lola Pweet Parker, da Corvinal, se referindo a Tiago Richards.

As meninas fizeram fila para vê-lo passar.

– O tempo está ótimo para um primeiro dia de aula, não acha Tiago? - perguntou Stella Ronyvew.

– Parece.

– Tenho certeza que você se dará muito bem na aula, Tiago. Já tem alguém para sentar com você? - Lola continuou a bajulação.

– Oh, eu acho que vou vomitar! - Elizabeth disse quando passaram por ela.

– Vomita no chão.

Amelia lhe deu um empurrão. De dentro da sala, Harry só percebeu um vulto passando correndo do lado de fora da sala, como se fosse um aluno atrasado. O que lhe chamava a atenção era Deymon Malfoy, tão parecido com seu pai. Ele estava sentado na última cadeira do meio, sozinho. Ninguém da Sonserina parecia querer sentar ao seu lado. Amélia e outras meninas da Corvinal entraram rindo e dizendo bem-feito. Do lado de fora, uma mão foi estendida para Lizzie, a ajudando a levantar.

– Tudo bem com você? - disse Tiago, gentilmente.

– Oh! Ele é um cavalheiro! - Lola e Stella falaram juntas e Lizzie revirou os olhos.

– Sou Tiago Richards.

– Elizabeth Carter. Está tudo bem. Eu só preciso entrar na sala. - e passou pela porta.

– Espere! - Tiago disse enquanto entrava na sala seguido pelas últimas corvinais. – Você deixou cair esse livro.

– Ah, ta!

Ela pegou o livro visivelmente desconcertada por estar sendo observada pelos olhares incrédulos das bajuladoras de Tiago. Harry estava olhando curioso e se divertindo com a situação.

– Quer sentar comigo?

Foi como jogar um balde de gelo em todas as meninas da sala. Gritinhos de desespero puderam ser escutados de todos os cantos da sala. Parecia que Harry nem estava ali, sentado na mesa dele.

– Eu não!

E tratou de sentar na primeira cadeira vazia que viu. O choque foi pior do que jogar água fria. As meninas soltaram gritos como se Elizabeth tivesse acabado de dizer que Merlim não passava de um velho babão. Tiago deu um sorriso desconcertado e sentou ao lado de Bruce Bates, seu companheiro de quarto. As meninas estavam todas viradas para Lizzie, olhando-a como se tivesse cometido o maior pecado do mundo. Tiago ainda olhou um pouco para ela e depois tratou de conversar qualquer coisa com Bruce. Harry interrompeu.

– Agora que todos se acomodaram, posso começar minha aula, não é? Meninas, o professor está na frente da sala. Pronto, obrigado. Eu sou Harry Potter, professor de Defesa Contra as artes das Trevas deste ano. Esta matéria é muito importante...

Lizzie já tinha aberto o livro e começado a ler as primeiras linhas quando percebeu que alguém do seu lado continuava a olhá-la.

– O que foi, Malfoy? - murmurou.

– Não tinha outro lugar para você sentar?

– São os incomodados que se mudam, Deymon

Ele continuou a encará-la com cara de poucos amigos.

– Eu não quero uma Dumbledore do meu lado.

– Então procure outro lugar. Você já deve saber que eu costumo fazer de tudo para ficar.

Ele continuou encarando-a, mas ela não se fez de intimidada e começou a encará-lo também.

– Vai lutar comigo?

– Se for preciso...

Todos os alunos prestavam atenção ao que Harry estava falando, exceto eles dois, que começavam a desviar a atenção dos colegas sentados ao lado.

– Sr Malfoy e Srta Dumbledore, algum problema?

– Não, professor. - disseram em uníssono desviando a atenção para Harry.

– Então, Srta Dumbledore, aproveite que já está com o livro aberto e leia para nós o que está escrito na página 5.

Ela estendeu o braço, pedindo a palavra.

– Pois não?

– Posso lhe pedir, professor, que me chame de Carter?

– Posso perguntar o porquê?

– Porque este é o meu sobrenome.

Harry pensou por alguns segundos e acatou. A aula recomeçou, justamente igual à outra turma.

– Alguém aqui da sala já viu um bicho-papão? - diante do silêncio da sala, ele continuou – Alguém saberia me descrever um bicho-papão?

Deymon foi o único a levantar a mão e Harry lhe concedeu a palavra.

– Não é possível descrever um bicho-papão porque ele não possui uma única forma. Ele tem a habilidade de se transformar no maior medo da pessoa que está diante dele. Por isso, sempre existiram dúvidas sobre a existência dele, já que todo mundo via uma coisa diferente.

– Muito bom, Deymon. - disse surpreso. – Cinco pontos para a Sonserina.

Harry continuou a sua aula e passou a mesma atividade para a turma. Antes de liberar a turma, ele pediu que Elizabeth permanecesse. Amélia passou dando sorrisinhos para ela.

– Oh, meu querido Tiago! - disse num tom afetado enquanto passava por Lizzie.

Harry se aproximou depois que todos saíram.

– Então, Elizabeth, eu gostaria de falar com você sobre esta sua decisão a respeito de seu sobrenome.

– Pois não, Professor. Algum problema?

– O que você tem, exatamente, contra o uso do seu verdadeiro sobrenome?

– Eu uso o meu verdadeiro sobrenome.

– Eu entendo, querida. Mas você tem alguma coisa contra Dumbledore?

Harry foi direto ao ponto.

– Eu não conheci Dumbledore.

– Eu sei Elizabeth. É por isso que você está agindo dessa forma?

– Professor, eu só não concordo em usar o nome de uma pessoa da qual não conheço.

– Aqui em Hogwarts, você vai ter muita oportunidade de saber quem ele foi, Elizabeth. Todos fomos influenciados por ele. Todos temos histórias para contar sobre o grande homem que ele foi.

– Mesmo que todos falem sobre ele, professor, isso não muda o fato de que eu não o conheça.

– Você precisa aceitar quem você é, Elizabeth. E você é descendente de Dumbledore!

– Mas fui criada por outra família e devo quem eu sou hoje a eles. Não é assim que essa coisa de família funciona? Eu prefiro ser chamada de Carter, professor. Se o senhor vai fazer isso ou não, o senhor é quem sabe. Mas em minhas provas e trabalhos eu assinarei Elizabeth Carter.

Ele ficou observando a resolução dela por um momento.

– Posso ir agora?

Ele consentiu e ela saiu da sala. Harry voltou à mesa do Professor e mergulhou em pensamentos.

– É um tempo de novidades/ Que o vento leva e trás/ É um tempo de retorno/ Para as surpresas que já vem. Bom, as novidades são os Dumbledore, de fato. Um tempo de retorno...Goyle, Malfoy, eu...para as surpresas que já vem. Mas isso não pode ter ligação com Voldemort. Ele está morto, morreu, acabou. Minha cicatriz não dói há 19 anos. Eu saberia...nós tínhamos uma ligação. Eu sei que saberia. A surpresa seria ela? Ela é meio metidinha, verdade. Quer se impor. Dá para ver nos seus olhos que ela quer ter o conhecimento das coisas. O mesmo desejo de Riddle, o mesmo que Dumbledore tinha, quando jovem. Mas ele mudou. Ela também pode mudar. Mas se fizer as amizades erradas por aqui...vai se perder.

Ele sorriu e passou a mão pelos cabelos.

– Eu estou sendo paranóico. Não tem nada a ver. É só uma menina que prefere ficar com a história da sua família adotiva. Ela teve amor, coisa que Riddle não conheceu. Não tem nada a ver. É só mais um ano normal em Hogwarts, como foram os dois últimos de James. E a surpresa poderia ser eu como professor...ou o Alvo na Lufa-Lufa. Ou Neville ganhar como a melhor performance da Exibição dos Professores.

Não conseguiu se conter e riu a valer. Antes do meio dia, contudo, ele havia decidido mandar uma carta para Hermione e Rony, só por precaução, para saber a opinião dos dois.

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