GOSTOSURAS OU TRAVESSURAS



O fim de outubro já se aproximava e com ele as festividades do Halloween. Foram semanas difíceis para os alunos. Atividades extras, avaliações surpresa e treinos de quadribol sob fortes chuvas. Oliver Wood pegou um resfriado e passou aos colegas de quarto. Todos foram para a ala hospitalar com narizes vermelhos redondos, segurando um jarro bem embaixo, para não melar tudo com o líquido esverdeado e nojento que escorria. O professor Longbottom sofria com o crescimento exagerado de sua planta e Harry ainda ficava encabulado quando um aluno pedia seu autógrafo.

Os sonserinos estavam em um ano muito difícil para a Taça das Casas: haviam perdido muitos pontos porque os trabalhos feitos simplesmente sumiam de seus pergaminhos. Façanhas de James e seus amigos. Sem falar dos inúmeros casos de atendimento por ingestão de megapimentas. Os 9 sonserinos envolvidos na confusão do início do ano, receberam detenções de um mês. Amélia Bulstrode-Vaugh, Medusa Hulkrem e Bella Parkison ficaram responsáveis por lustrar todos os prêmios da sala de troféus - mais de mil anos de história - e ainda as armaduras da sala ao lado. Gilbert Goyle, Vinny Bachking, Fabian Almitrel e Stella Qwysking tiveram que limpar todo o campo de quadribol, arrancando ervas-daninhas e polindo os assentos. Elizabeth Dumbledore e Klaus Larvineck ficaram ajudando o professor Slughorn a preparar inúmeras poções, que eram entregues a Deymon Malfoy e Khai Macbeer. Eles tinham que ajudar Hagrid a cuidar de uma infestação de Lagartixas dágua venenosas, animais azuis, com 6 pernas, uma cauda com nadadeira, cuja textura da pele lembrava uma pedra coberta de limo. Eles estavam avançando sobre o terreno da escola com a elevação do nível do Lago nesta época e matando tudo o que viam pela frente.

Rose, Jonathan, Alvo e Peter não haviam conseguido avançar em muitas coisas. James, Nick e Lucy não pareciam tão engajados quanto o quarteto. Durante o tempo livre, Rose ficava mergulhada na biblioteca, procurando livros que falassem sobre as magias das pinturas e sobre a localização dos retratos originais dos fundadores de Hogwarts. Mas Rose estava certa de que o Lago estava intimamente ligado aos acontecimentos estranhos. Peter, Alvo e Jonathan ficavam perambulando pela escola, vasculhando corredores, portas e procurando pistas. Evitando, ao máximo, esbarrar com Argo Filch e Madame Norra.

– Tô cansado!

– Ora, Peter, você achava que seria fácil, é?

– Alvo, a gente tá procurando faz um tempão alguma coisa e não temos nada.

– Mas a gente não vai desistir, né? Deve ter algum lugar aqui que a gente não achou. Vocês não vivem dizendo que Hogwarts tem muitas passagens secretas? Se o dono daquela voz está aqui, com certeza está numa passagem secreta. – Jonathan tentou animar o grupo.

– Vamos voltar e ver se Rose descobriu alguma coisa.

Enquanto caminhavam, procuraram falar o mais baixo possível.

– Eu podia perguntar à diretora MacGonagall – John falou de repente.

– O que? – Peter perguntou.

– Por que alguns quadros falam e outros não.

– Foi regra de James que a gente não podia perguntar para os professores, senão eles iam desconfiar. – Alvo afirmou.

– Sim, mas acho que a diretora não vai desconfiar de um aluno que não conhece a história do mundo da magia.

– Não sei.

– Espera! É uma excelente idéia, Alvo! Lembra? Todo mundo fica abobalhado com um Dumbledore. Ele pode muito bem perguntar, inocentemente. E James está mais engajado com o jogo da semana que vem do que com o nosso projeto – Peter reclamou.

– Vamos conversar com Rose e ver o que ela acha.

Em pouco tempo eles encontraram com a amiga na biblioteca.

– Bom, pode dar certo mesmo. Mas você tem que saber fazer a pergunta na hora certa.

– Eu não vou errar. E aí? Descobriu alguma coisa?

– Não muita, na realidade. Tem um livro que comenta sobre as pinturas, espera, eu anotei: “e a personalidade lunática de Madame Katarina Hughley ficou gravada na pintura”.

– Quem é Madame Katarina Hughley?

– Uma bruxa conhecida por achar que um exército de fadas roubaram sua casa de campo, perto da planície de Salisbury, há muito, muito tempo. Ela as perseguiu por toda a vila e acabou destruindo tudo por lá. Ela jurou, na frente de vários bruxos, que encontraria o esconderijo. Foi internada no St Mungos, onde morreu. Foi considerada maluca porque todo mundo sabe que as fadas possuem magia fraca e são pouco inteligentes.

– Todo mundo sabe? – Alvo perguntou.

– Está no livro Animais fantásticos e onde habitam, de Newt Scamander. Nossos pais têm esse livro em casa, Al.

Ele revirou os olhos.

– Enfim, eu acho que a pintura guarda a personalidade, mas ainda não sei porque uns conseguem dialogar e outros não. Eu estive pensando...vamos lá pra fora? Está chovendo e tem pouca gente. É melhor.

Eles encontraram com James e Oliver no hall, já melhores da gripe. James deu uma desculpa qualquer ao amigo e se aproximou dos primeiro-anistas.

– Oi, gente! E aí? Animados com a partida?

– Na verdade, James, a gente tava querendo saber se você ainda está no grupo – Peter perguntou.

– Claro que estou!

– Por que não parece. Você só anda pensando no quadribol e em pregar peças nos sonserinos – foi a vez de Alvo desabafar.

– Até parece que vocês avançaram muita coisa.

– Pelo menos, a gente está tentando – justificou.

– Olha, depois do jogo a gente ajeita tudo e aí vamos começar a trabalhar, mesmo.

– James, Rose está pesquisando há um tempão na biblioteca e a gente está vasculhando a escola toda, como é que você diz que a gente vai trabalhar, mesmo?

– Sabe o que falta em você, Alvo? Senso de liderança. Isso eu tenho. Na próxima semana, prometo. A gente resolve tudo!

E saiu sorrindo e dando tchau. Rose, Jonathan e Peter estavam com a cara fechada. Não era justo James dizer que eles não se esforçavam. As coisas estavam difíceis mesmo. Não era fácil superar uma investigação do Ministério.

– O que a gente faz agora? – Jonathan perguntou.

Alvo ia responder, mas foi atravessado por uma Rose bastante irritada.

– A gente continua sem ele. Eu sei que a gente não conseguiu avançar muito, verdade, mas também, como eu iria superar minha mãe? Ela é a melhor. A nossa única vantagem é usar o tempo a mais que temos em Hogwarts. Vamos lá pra fora.

Isolados, Rose tomou a palavra.

– Eu tenho uma idéia. Se a gente não pode mergulhar no Lago de Hogwarts, a gente vai chegar o mais próximo possível dele, por dentro da escola.

– Como assim? – Peter quis saber.

– A gente tem que pegar a planta da escola.

– E como a gente vai arranjar a planta da escola? – Alvo questionou a prima.

– Na sala da diretora MacGonagall.

– E como vamos entrar na sala da diretora? – Jonathan perguntou, desafiando.

– A gente não vai. Você vai.

Jonathan estava pálido.

– Rose, ele pode ser expluso!

– Duvido, Alvo. Ele tem uma excelente desculpa.

– Qual? – John quis saber.

– Se alguém te pegar lá, você pode dizer que só queria conhecer a sala que era de Dumbledore.

– Ele precisa de uma senha.

– É por isso, Peter, que nós vamos fazer nosso trabalho de história juntos, próximo à torre da sala da diretora. Usaremos orelhas extensíveis para descobrir a senha.

– Mas a diretora vai ver!

– Não, se a gente esconder ela na armadura do corredor e camuflar o fio. Eu conheço um feitiço para isso.

– E onde está essa planta?- Alvo perguntou.

– Provavelmente guardada em um cilindro cumprido em algum lugar da sala.

– Eu ainda tenho que procurar isso lá?

– Você pode usar o accio, mas acho que deve ter alguma proteção. Ninguém disse que seria fácil.

– E o que a gente faz com ela? – Alvo continuou questionando.

– A gente faz um mapa para chegar o mais perto do Lago. Podemos até tentar adivinhar onde passagens seriam feitas. A criatividade é o limite.

– A diretora não vai sentir falta? – Peter perguntou.

– Não, porque John vai fazer um feitiço de duplicata.

– Eu não sei fazer isso.

– Eu li na biblioteca e anotei. Não parece ser difícil. A gente treina antes.

– É muito arriscado.

– Mas é nossa única idéia, Al. E só depende do John. E aí? Você tem coragem?

– Tenho.

– Fechado! – Rose disse, confiante.

– Então, só para recapitular: a gente vai fazer o trabalho de História perto da torre da diretora para pegar a senha e Jonathan vai descobrir com a diretora porque algumas pinturas falam e outras não. Depois, nós vamos assegurar que Jonathan entre na sala da diretora e pegue o mapa. – Alvo resumiu.

– Isso! Vamos fazer algumas travessuras! – Jonathan disse animado.

– Então, nos tempos vagos, eu e Peter vamos continuar com a pesquisa sobre Helga Lufa-Lufa, para saber onde está sua pintura, o que acham?

– Excelente idéia. Aí a gente não chama muita atenção e ainda adiantamos um lado – concordou o amigo lufo.

– Alvo, você tem certeza que isso é necessário? Eu acho que só precisamos encontrar o dono daquela voz.

– Eu não acho, Rose. Eu não vou me esquecer do olhar dela na pintura. Tem alguma coisa acontecendo com Hogwarts e nós vamos descobrir o que é.

Eles ainda conversaram por um tempo até que esfriou muito e eles resolveram entrar. No caminho, cruzaram com Klaus e Elizabeth, que usavam capas de chuva e caminhavam carregando dois caldeirões cada um, exalando um cheiro nojento. Deram a volta na propriedade e encontraram Khai e Malfoy atirando feitiços de estuporação em lagartixas que avançavam para mordê-los.

– Aqui, outra leva. – Lizzie falou.

– Eca! Esse cheiro é horrível. Vamos ficar com esse fedor até o resto de nossas vidas!

– Tem um feitiço contra isso – Lizzie disse a Malfoy – Mas minha varinha se recusa a fazer direito.

– Pelo menos suas poções são eficientes! – Khai provocou a colega.

Elizabeth e Klaus ajudaram os outros sonserinos a acabar com algumas lagartixas. Elizabeth pegou alguns frascos e quardou alguns animais vivos.

– O que você vai fazer com isso? – Malfoy perguntou.

– Sei lá! Mas eles podem servir pra alguma poção, né? Vou dissecá-los quando chegar em casa, no Natal.

– Legal! – sorriu Klaus

– Ei, Klaus! Sobrou aquele outro caldeirão. Você pode pegar?

– Sem problema.

E saiu depressa.

– Ele agora trabalha para você? – Malfoy ironizou.

– O que posso fazer? As pessoas se encantam comigo. E aí, o que descobriram do Lago?

– Não muita coisa. Aquele Guarda-Caças é um idiota, mas isso não é novidade. Bom, pelo menos ele deixou escapar que as lagartixas comem kramim do fundo do lago.

– O que é isso, Malfoy?

– São umas plantinhas que nascem no fundo do Lago por causa da magia de Hogwarts. Eu acho que se esses bichos estão saindo do lago é porque as plantas devem estar morrendo como a magia da escola. O Guarda-Caças idiota tentou enganar a gente falando que isso é normal na época de cheia do Lago. Mentira pura! Eu pesquisei.

– Você na biblioteca sem punição? – ela sorriu – Bom, mas parece que ele quer tirar a gente do caminho. – Lizzie observou.

– Falando em tirar do caminho - foi a vez de Khai falar – Aquele grupo passou um bom tempo ali, conversando. Pelas caras deles, pareciam que estavam tramando alguma coisa.

– Com certeza, um jeito de achar a voz. Eles se interessaram pelas lagartixas?

– Muito pouco. Rose chegou a perguntar o que mais o Guarda-Caças tinha visto no Lago.

– Então eles também acham que tem a ver com o Lago – ela disse – Temos que usar o que está a nosso favor.

– O que? – Khai perguntou.

– O acesso incondicional às masmorras. É lógico que as masmorras ficam muito próximas do lago. Depois que toda esta droga de detenção acabar, eu tive uma idéia pra gente vasculhar as masmorras pela manhã e ninguém nos perturbar.

– O que?

– Tem um livro de poções na biblioteca que ensina uma receita Polissuco...

– Que faz a gente tomar a aparência de alguém, por um tempo.

– Você conhece, Malfoy?

– Meu pai comentou alguma coisa. Mas demora pra fazer.

– Sim, demora. Mas eu andei conversando muito com o Prof Slughorn esse mês inteiro e ele me disse que existem algumas ervas que fazem a poção ficar pronta mais rápido e que isso não está nos livros. Ele disse que eu tenho um dom e que ele vai me ensinar tudo sobre poções.

– Você vai ficar imbatível! – Khai disse.

– Não só isso – o olhar de Malfoy era ameaçador – vai descobrir tudo o que possa nos ajudar a tirar aqueles ali da nossa frente. O que vamos fazer com a Poção Polissuco?

– Vamos tirar os monitores de circulação e vasculhar as masmorras.

– Mas só tem dois monitores.

– Sim. Então você e Malfoy vão ter que tirar na sorte quem vai ser Greg.

– O que mais você descobriu com o professor?

– Pouca coisa, mas fiquei com alguns fungos, raíses, insetos, emulsões que ele me deu e outras que ele acha que me deu, inclusive ingredientes para a poção. – sorriu – Tive só que fingir ficar alegre quando ele me deu um livro que conta a história de Alvo Dumbledore como feiticeiro e diretor.

– Você vai ler?

– Já estou na metade. Ele foi um grande feiticeiro e posso aprender algumas coisas lendo mais sobre ele. Sabe do que mais? Deve ter um sobre Harry Potter. Vou querer ler esse também.

– Para que? – Malfoy fez uma cara de quem ia vomitar a qualquer momento.

– Ele descobriu passagens secretas e coisas fantásticas em Hogwarts. Não posso perguntar pra ele porque acho que ele não confia muito em mim. Ele me olha muito atravessado. E ele derrotou Voldemort, não foi? Ele foi esperto.

– Tem um livro sobre o Lord das Trevas.

A revelação de Deymon provocou um choque sob os outros sonserinos.

– É...é verdade, então?

– Sim. O Ministério da Magia recolheu todos os livros escritos e os queimou, guardando apenas um na biblioteca do Ministério.

– Mas não tem como a gente entrar lá.

– Nem precisa, Khai. Meu pai tem esse livro lá em casa.

– Como ele conseguiu se salvar da malha fina do Ministério? – Khai estava exaltado.

– Meu avô o ensinou a esconder as preciosidades das trevas. Nada que use a magia, porque ela é facilmente detectável. Temos vários compartimentos secretos em casa. Deve ter coisa que nem meu pai sabe que está lá.

– Você já leu esse livro? – Lizzie perguntou, ansiosa.

– Um pouco. Meu avô leu alguns trechos para mim, quando ainda estava vivo.

– Você consegue achar ele?

– Posso tentar.

Klaus se aproximava com o último caldeirão do dia e eles mudaram de assunto. Em um determinado momento, Klaus limpou a garganta com um barulho engraçado.

– Carter?

– O que é?

– Você...vai participar da festa de Halloween? Convidaram uma banda de fora para tocar.

– Ouvi falar. Vermes alguma coisa.

– Vermes zumbis. Você...quer ir à festa comigo?

Khai e Deymon soltaram um sorriso de desdém.

– Qual é o problema? – perguntou o terceiro-anista.

– Essa festa só serve para comer. Esse negócio de banda é um fracasso.

– Além disso, ela já vai com a gente, né?

– Olha, Khai, eu podia até ir, se ninguém me convidasse. Mas já que Klaus está sendo gentil, eu vou aceitar.

Os dois estavam com cara de quem tinha visto a Grifinória ganhar a Taça das Casas. Klaus continuou:

– A gente se vê no fim de semana, então. Na Sala Comunal às 18h.

– Em ponto.

O sonserino do 3º ano saiu correndo e ela se voltou para os amigos revirando os olhos.

– Acorda, gente!

– Sabia que você ia dar o bolo nele – Khai disse, aliviado.

– É claro que não. Então vocês não sabem? Merlim, como os homens são desligados! Amélia tem uma queda enorme por esse garoto, fica babando por ele. É claro que não vou perder a oportunidade de estragar o Halloween dela.

– É ridícula essa divisão entre os sonserinos, sinceramente.

– Como se você não implicasse com Goyle. – ela respondeu.

– Acontece que eu tenho os meus motivos.

– Acontece, Malfoy, que eles não nos respeitaram, portanto, eles têm que aprender, na marra, se preciso, a nos respeitar como sonserinos também.

– Você me fez acreditar que realmente queria ficar com o carinha.

– Eu não. Eu não estou aqui nesta escola de brincadeira, Khai. Não vim aqui para perder meu tempo com namoricos. Eu sei bem o que quero me tornar: quero dominar todo o conhecimento da magia. E eu estou falando da Magia Branca e das Artes das Trevas. Uma coisa que sempre aprendi com meu pai foi: quem detém o conhecimento, detém o poder sobre tudo.

Os amigos abriram um largo sorriso.

– Você quer muito.

– Eu sempre consigo o que eu quero, Malfoy. Vou à biblioteca. Tchau.

***

Os preparativos para o fim de semana estavam bem animados. Com a imposição da comissão organizadora da festa de que os alunos deveriam ter a pior aparência possível, deu-se uma enorme confusão por conta do excesso de corujas que queriam entregar seus pacotes em pleno café da manhã. Os Professores Slughorn e Longbottom liberaram a turma para fazer experimentos grotescos e criar as mais diversas gosmas para o Dia das Bruxas. O Prof Pratevil reservou alguns minutos para ensinar técnicas simples de transfiguração de face, somente aos primeiro-anistas. Os alunos enfeitiçavam tudo o que podiam para pregar peças nos outros no momento em que a festa oficialmente começasse. Aos poucos, a escola parou suas atividades. Harry estava evitando ao máximo se deparar com Nick Quase-Sem-Cabeça com receio de que o fantasma lhe convidasse para mais um aniversário de morte. Harry passou por um Salão que já convidava à visitação: ele estava decorado com os morcegos vivos de sempre, esqueletos enfeitiçados estavam preparados para dançar quando a música estivesse rolando e as enormes abóboras - que Hagrid, com tanto afinco, havia livrado das ações das lagartixas - já estavam recortadas para fazer lanternas gigantes. A banda de rock Vermes Zumbis já estava passando o som no palco montado. Em cerca de meia hora, a festa de Halloween começou com gostosuras de fazer inveja nas mesas. Os alunos conversavam alegremente, pregavam peças uns nos outros e os mais velhos aproveitavam para paquerar.

Pouco antes das 18h Klaus já estava na Sala Comunal. Amélia se aproximou seguida pelo grupo da detenção. Todos haviam utilizado um feitiço de transfiguração, assistida pelo Prof Pratevil, para transformar seus rostos nas máscaras de monstros de plástico. A façanha garantiu 30 pontos para a Sonserina. Outros alunos não foram tão bem sucedidos e pararam na Ala Hospitalar.

– O que você está fazendo aí, Klaus? Nós já estamos indo.

– Eu não vou com vocês.

O grupo pareceu surpreso.

– Eu... chamei uma pessoa para ir comigo ao baile.

Amélia estava agonizando terrivelmente por baixo do sorriso amarelo que deu ao colega.

– Ah...está de namorada?

– Não estamos namorando.

Ela ficou mais aliviada.

– Quem é? – Bella estava ávida por saber.

– Ah, vocês vão ver quando eu chegar.

O grupo se deslocou para o Salão, onde encontraram Khai e Deymon próximos à porta, com a cara vermelha, olhos amarelos e chifres saindo pela cabeça. Quando Goyle entrou, deu um esbarrão em Malfoy que, graças ao wingardium leviosa do colega, foi salvo de um sujar as vestes com um bolo de abóbora. Jonathan, Rose, Peter, Alvo e outros estudantes já estavam comendo e rindo. Rose havia usado um feitiço de distorção e seu rosto estava desfigurado como a pintura de O Grito, do norueguês Edvard Munch. Alvo estava com a cara esverdeada repleta de falsas sanguessugas e Peter havia tentado transfigurar sua cara em cachorro, mas acabou com a pele toda elastecida e caída, como um buldogue. Jonathan tinha conseguido aumentar bastante o tamanho de sua cabeça, alargar e achatar o nariz, criar verrugas nojentas com cabelo e ficar com um olho só. James chegou no Salão acompanhado de Lena e Nick de Lucy. Eles formavam o Quarteto Quase-Sem-Cabeça, em homenagem ao aniversário de Nick e com uma ajuda de Harry no feitiço. Embora o último casal fosse muito amigo, Alvo estava certo de que o irmão estava flertando com a garota. Ele até tomou uma porção extra do remédio de Madame Pomfrey e ele tinha um gosto horrível, segundo Oliver. Eles atraíram olhares e comentários e Harry, discretamente, prestou atenção em cada um deles. Os professores circulavam entre os alunos e conversavam em rodas particulares. A Srta Trelawney fazia feitiços mais complicados para os primeiro-anistas da corvinal, que se encantavam. Quando Tiago - junto com mais 4 garotos muito bonitos da Corvinal - entraram, houve um suspiro geral: nem feios eles deixavam de ser os mais bonitos. Em pouco tempo, as meninas mais modernas os convidavam para dançar. Elizabeth e Klaus entraram sem muito alarde e se dirigiram para uma roda de sonserinos. Ela estava com o rosto todo costurado, como Frankenstein e Klaus, assim como os sonserinos da detenção, tinha cara de mostro. Amélia teve um ataque de fúria e fulminou Elizabeth que sorriu para ela.

– O que você pensa que está fazendo, caipira?

– Chegando a uma festa, por que?

– Que tipo de feitiço você usou nele?

– Ao contrário de você, eu não preciso de feitiços. Agora, se me der licença, Khai está me chamando para me apresentar a alguns sonserinos.

Amélia a puxou pelo braço, enquanto ela saía.

– Isso não vai ficar barato, caipira.

– Me esquece, garota!

E puxou violentamente o braço. Sorriu triunfante e caminhou até o garoto. Foi Alvo quem chamou atenção de Jonathan, que discutia arduamente sua paixão sobre o Liverpool com Peter.

– Sua irmã chegou.

Jonathan arregalou o único olho, o que o deixava muito engraçado.

– É culpa do meu olho ou Elizabeth está com um garoto?

– Ela está com um garoto sim.

– Mas o que...

Ele fez menção de se dirigir à irmã, mas os amigos impediram seu avanço.

– Calma, calma! É só uma festa. Relaxa! – Alvo disse.

– Porque não é a sua irmã!

– Isso é bobagem. Deixa de ser machista – Barbra levantou a bandeira.

– Não é machismo. Ela não faz essas coisas. Eu não entendo...ela não gosta disso...

– Ela não gosta de garotos? – Tina perguntou em tom de surpresa.

– Não, não! Ela não gosta é de sair com garotos. Ela acha perda de tempo.

– Então ela sai com garotas? – Tina continuou.

– Não. Por Merlim! Ela não quer arranjar ninguém; só quer estudar, estudar e estudar, como minha tia. Entendeu?

– Você está arranjando uma desculpa para ela?

– Tina, deleta o que você ouviu. Ele tá dizendo que a irmã dele nunca saiu com um garoto – Rose acalmou os ânimos.

– Então ela ainda é BV, Boca Virgem! – Barbra disse, exaltada, e riu – Que boba!

Muitos ali se encolheram para esconder sua óbvia cara de BV.

– Eu vou até lá.

– Não vai não – James falou firme e segurou Jonathan – Olha ao redor, rapaz. Eles estão na área dos sonserinos. Você não vai nem chegar perto sem arranjar confusão. E nós não vamos perder pontos por causa de ciúme de irmão. Deixa a garota. Ela está com os do tipo dela. É melhor você aproveitar a festa com os seus amigos e falar com ela depois.

– Ele está certo, John. Tudo o que os sonserinos querem nesse momento é arranjar uma confusão. Eles estão em último lugar na Taça das Casas – Alvo concordou com o irmão.

– Graças a ele, né? Que fica armando...

James fez um movimento rápido de varinha por baixo da vestimenta e Jonathan rapidamente se calou.

– Qual é o seu problema? Quer arranjar confusão hoje, é?

– Pára, James! Ele não fez por mal. Só falou a verdade. – Rose o defendeu.

– E quem contou essa verdade a ele? – perguntou desafiador e olhando para ela.

– Fui eu. – Alvo respondeu – Eu vi você pegando umas coisas com o tio e comentei com meus amigos. Eu acho que isso que você está fazendo é injusto.

– Injusto? Injusto?? Injusto foi o que os sonserinos fizeram, traindo Hogwarts, isso sim.

– Águas passadas não movem moinho, James. – Lucy interveio – É hora de esquecer essas coisas.

– Essas coisas nunca se esquecem, Lucy, porque a água evapora e volta em forma de chuva. Cedo ou tarde tudo vai começar de novo.

– Como você se sentiria se eu fizesse você perder todo o seu trabalho de Herbologia?

– Isso é uma ameaça, Alvo?

– Deixa de ser idiota, James.

James puxou o irmão mais para o lado.

– Nunca mais me chame de idiota na frente dos meus amigos, ouviu? Senão você vai ver só.

– Por que? Por causa da sua namorada?

– Agora você vai ver só!

– O que você vai fazer? Usar a varinha em mim? Agora você não pode mais me ameaçar porque eu também tenho uma varinha. Eu não tenho mais medo.

– E quando eu jogar você no Lago e os sereieiros vierem lhe pegar? Você sabe o que os sereieiros fazem com os invasores? Eles o seguram até quase se afogar e cantam para você entrar em transe e aí...eles arrancam seus membros e dão para as lulas.

– Você tá mentindo.

Embora Alvo quisesse, não soou tão confiante quanto deveria.

– Só tem um jeito da gente saber.

– Você só quer me abusar e eu não vou mais cair nisso.

– E posso saber por que a mocinha agora tá toda corajosa?

– Meu pai disse pra eu não acreditar em você.

– Ah, ele disse? E sabe o que ele me disse? Me disse que é pra eu parar de falar essas coisas para você porque você fica se borrando de medo. Seu medroso!

– Eu não sou medroso!

– Mas não tem coragem o suficiente para ser da Grifinória.

– Tenho coragem sim.

– Não tem.

– Tenho sim!

– Não tem.

– Tenho sim!

– Não tem.

– O que vocês dois estão aprontando? Brigando de novo?

Harry chegou de surpresa sorrindo. James olhava para ele, triunfante.

– Não é nada, pai. Só coisa de irmão.

Antes que James pudesse sair, Harry continuou.

– Andei ouvindo algumas coisas pelo Salão a respeito de uma Srta Jordan.

James congelou, respirou fundo e se virou com um sorriso amarelo.

– Sinceramente, pai, as pessoas não sabem mais o que inventar para acabar com minha popularidade. Vou comer alguma coisa. Tchau!

– Com você, tudo bem, Alvo?

– Hu-hum!

– Se James estiver aprontando alguma coisa errada com você, pode me contar, viu?

– Pode deixar, pai. Eu sei me virar.

E voltou para os amigos que dançavam, sob os olhos surpresos de Harry.

– Tudo bem? – Rose perguntou depois de longos minutos de silêncio.

– Tá.

– James pode ser bem idiota, às vezes!

– Eu sou irmão dele, Rose. Eu sei disso.

– Vem, deixa isso para lá! Jonathan está enfeitiçando uns bolinhos para morderem quem pegá-los. Vem ajudar!

Peter puxou o amigo que, em pouco tempo, esqueceu o que o estava deixando triste. Alvo riu muito quando o seu bolinho enfeitiçado mordeu o nariz de Détrio. James e os colegas haviam sumido e Peter mostrou que eles se preparavam para lançar um feitiço por trás da mesa, em direção aos sonserinos.

– Chatooo!! – disse Lizzie quando se aproximou dos colegas.

– Eu disse que só servia para comer.

– Klaus só fica falando do torneio que ele venceu, blábláblá! Tem uma porção de gente sem personalidade babando ali. E já ouvi bandas de trouxas melhores do que essa.

– Uh! Tem gente de mau humor – Khai observou.

– Sério, gente, pra mim essa festa já deu o que tinha que dar. Vou ficar mais uns minutinhos aqui com vocês e vou para o meu quarto, ler.

– A gente te acompanha.

– Não, Khai, nem precisa. Eu já sou bem grandinha. Olha! Que coisa engraçada.

– O que? – Malfoy perguntou.

– Aquilo é um feitiço?

Lizzie apontou para uma fumaça quase invisível que vinha em direção a eles e Malfoy os puxou para frente. Deymon esbarrou no Prof Longbottom, que o segurou no lugar.

– Tudo bem?

Neville se sentiu mal por se sentir mal diante do filho de Draco. Rapidamente, Deymon trocou de lugar com o professor e se soltou.

– Tá.

Bastou os três darem as costas ao professor e ele foi atingido pelo feitiço.

– Não olhem para trás! – sussurrou Malfoy, quando Khai e Lizzie ameaçaram olhar.

– Então essa é a minha deixa. Boa noite – Lizzie rapidamente se retirou do Salão.

Neville Longbottom se sentiu um pouco confuso e com a visão embaçada. Sua garganta ardia e ele não conseguia falar. Quando finalmente conseguiu enxergar, estava diante de uma segundo-anista da corvinal, assustada.

– Tudo bem, Prof Longbottom? – sua voz soava como alguém que engoliu gás hélio.

– Agora está.

Todos os alunos, principalmente os sonserinos que estavam próximos, caíram na gargalhada. Não era a voz de Neville que saía de sua boca, e sim da garota da corvinal.

– Por Merlim! – se assustou a garota.

E mais uma chuva de risadas e gente caindo no chão de dor no estômago surgiu no Salão. A garota estava com a voz do Professor. Morrendo de vergonha, ela saiu correndo.

– Espere! Espere! Temos que destrocar!

Harry veio ajudar o amigo.

– Oh, Harry, por que sempre eu? – choramingou.

Era difícil conter o riso diante da cena mais engraçada que Harry viu o amigo passar em tantos anos, mas ele tinha que impor respeito.

– Por Merlim! Você está bem, Professor?

– Não – respondeu Longbottom com sua voz feminina.

Minerva conteu o riso.

– Parece que você foi pego em uma travessura de Halloween, Neville. Harry, ajude-o a achar a garota e leve-os até minha sala. Nós vamos descobrir quem fez isso e esta pessoa vai ter uma séria conversa comigo – disse a diretora.

James ficou pálido de medo.

– Ele sabe de alguma coisa. – Neville apontou para Malfoy.

– Sr Malfoy?

Lentamente, Deymon se virou.

– Sim, diretora MacGonagall?

– Siga-me até minha sala.

Malfoy olhou para o amigo e seguiu a diretora. Ele não devia nada, portanto não tinha nada a temer. Khai pegou o caminho dos dormitórios.

– Isso não foi nada legal, James. – sussurrou.

– Ah, pára de ser chato, Alvo.

– Acertou tio Neville.

– Por artimanha do Malfoy. Ele trocou de lugar com o professor. Foi um acidente, ora.

– Uma hora dessas vão descobrir que é você.

– Só se um de vocês falar. Nós ainda somos da mesma família, não é? – disse abraçando o irmão.

Rose revirou os olhos.

– Você só pode ter puxado o lado Weasley da família.

– Bom, meu pai sempre diz que eu me pareço com meu avô Potter.


***

Elizabeth tinha acabado desfazer o feitiço em seu rosto e virar a caminho das masmorras quando sentiu que algo quente a atingiu nas costas e irradiou pelo seu corpo. ‘Porcaria de feitiço de Halloween’, pensou. Segundos depois tudo escureceu. Quando abriu os olhos pôde ouvir algumas risadas e o som de uma porta se trancando. Aos poucos sua visão foi dando forma ao que via: ela estava em um banheiro. Um banheiro sem ninguém, um banheiro feminino...

– O banheiro da Murta Que Geme!!! – gritou.

Ela se levantou rapidamente e olhou ao redor em pânico pensando na possibilidade de Murta não estar no banheiro hoje, mas o fantasma da garota saiu do segundo boxe ainda fungando e com a cara enfezada.

– O que você está fazendo aqui? Também veio caçoar de mim?

– Se afasta de mim. Não chega perto! – seu tom era de terror.

– Que brincadeira é essa? Oh, vamos ver quem faz a Murta de besta! Vamos ver quem mete mais medo da Murta! Vamos atirar coisas na Murta!

– Se afasta de mim!!! – gritou de novo – Sua...sua...sua coisa.

– Coisa? Coisa??? – ela se ofendeu – Eu não sou coisa!!! – e se aproximou da sonserina que correu para o lado contrário – O que você está fazendo?

– Não chega perto de mim!!!!! – gritou desesperada e bateu desesperadamente na porta – Socorro!! Por favor, me tirem daqui, me tirem daqui!!

Os sons na porta estavam abafados como se alguém tivesse lançado um feitiço.

– Você...você tem medo de mim? Você tem medo de mim! Há há há há há há!

Sua risada soou maquiavélica com um tom de vingança. Rapidamente voou para perto da sonserina e gritou:

– Boo!!

Lizzie voltou a gritar e a tentar fugir de Murta, que agora se divertia como nunca, assuntando a sonserina, que estava em pânico. Ela voava atrás da garota, entrava nos boxes em que ela tentava se esconder e passava através das pias. Quando a fantasma atravessou o corpo da sonserina, ela ouviu o mais profudo grito agudo de terror. O corpo da aluna havia ficado tão gelado, como se ela tivesse mergulhado em um lago congelado e mil agulhas fossem enfiadas nele. Ela puxou sua varinha e lançou todos os feitiços que podia.

– Você não me acerta! Aqui! Não, aqui! Oh, errou!

– Sua aberração! Sua coisa nojenta!! Eu odeio vocês, odeio vocês!! Eu quero que você morra! Eu quero que todos os fantasmas vão para o inferno!!!

– Você não pode me matar, eu já morri. – e sorriu – Boo!!

E investiu mais uma vez contra a sonserina. Murta mergulhou nas privadas e abriu as torneiras, inundando todo o banheiro e o lado de fora do corredor. O que aconteceu a seguir foi muito rápido: com o banheiro inundado, Lizzie escorregou e perdeu o equilíbrio, batendo a cabeça com força na quina da pia. Desorientada e sangrando, ela caiu no chão e foi perdendo a consciência, porém ainda deu tempo de ouvir as últimas palavras da fantasma:

– Se você morrer, eu não vou dividir o meu banheiro com você.


***

Enquanto isso, Malfoy dava as explicações necessárias à diretora, garantindo a sua não-participação na travessura de Halloween que havia conferido à Longbottom uma voz tão feminina. Eles ainda não haviam conseguido encotrar a criança.

– E você não soube identificar quem lançou o feitiço?

– Não.

– Está bem, pode ir.

Deymon deu as costas para a diretora e caminhou para a porta, olhando, de relance, o quadro de Severo Snape, que olhava com curiosidade para ele. Por um instante, Deymon hesitou e se virou novamente para a diretora.

– Pois não, Malfoy? Mais alguma coisa a dizer?

– Na verdade, diretora, eu tenho.

– Prossiga.

– Por que, quando vocês reconstruíram Hogwarts, recolocaram a Casa Sonserina?

– Ela é uma das Casas dos fundadores. Não compreendo onde você quer chegar.

– A senhora já notou que, depois da guerra, tudo o que acontece aqui é culpa nossa? Todo mundo culpa os sonserinos. Se alguém pega uma gripe com um sonserino por perto, foi um feitiço dele. Até já ouvi dizer que as escadas pararam porque a escola não quer mais que os sonserinos estudem nela. Vocês vêm com esta história de cooperação e tal e coisa, mas isso é uma babaquice. Deviam ter acabado de vez com a Casa, pelo menos nos poupava de passar por certas coisas, porque eu não gosto de levar a culpa pelos outros. Era isso que eu tinha a dizer. Com licença.

– Espere, Malfoy – disse ainda com uma expressão abobalhada – Sinto muito que se sinta dessa forma. Você foi inocente e tomarei providências para que isso não ocorra novamente. É claro, se você souber quem são os culpados...

– Eu não sei quem fez o Professor ficar com voz de menina, mas entregaria com prazer, porque eu sei que o feitiço não veio do lado dos sonserinos.

Dito isso desceu as escadas e seguiu para a passagem que o levava ao térreo. Encontrou Khai na entrada da escola e foi em sua direção.

– Isso é uma droga, sabia? Tudo é sempre culpa dos sonserinos e o pior: sempre minha. Tudo porque meu avô era aliado do Lord das Trevas e meu pai, enfim, era ele. Isso cansa. Mas eu sei que dei uma lição naquela diretorazinha. Ah, se dei. O que foi? Que cara é essa?

– Elizabeth não está no dormitório.

– Deve estar na biblioteca.

– Não.

– Na festa?

– Já olhei em tudo quanto é lugar.

– Então ela deve ter se perdido nas masmorras. Ela dá um jeito de se achar.

– Eu acho que ela está em apuros.

– Só se aquele feitiço que pegou o professor era para ela e ele finalmente a acertou.

– Pai!

Alvo passou correndo pelos sonserinos e foi em direção a Harry que procurava a garota no Grande Salão. Alvo estava com uma expressão de pânico e, após um breve sussurro no ouvido do pai, Harry empalideceu. Passaram correndo pelo hall e seguiram para a câmara vazia, onde estavam as passagens. Khai e Deymon trocaram olhares por alguns segundos e seguiram os Potter através da passagem para o segundo andar. Os sonserinos puderam perceber, através da multidão de lufos que se aglomeravam, que o banheiro das meninas estava inundado. Harry abriu caminho e eles aproveitaram para se aproximar mais.

– Tem sangue! – disse Timmy, o leão da Lufa-Lufa.

– Afastem-se, todos. Vamos, afastem-se!

– Não abre com alorromora ou qualquer outro feitiço que a gente saiba – disse o monitor da Lufa-Lufa a Harry.

– Afastem-se! Bombarda máxima!

Com a explosão, muitos alunos gritaram e a poeira os fez tossir. Um buraco tomou conta do lugar onde ficava a porta do banheiro feminino e Harry passou por ele, seguido por dois sonserinos assustados pelo que viram.

– Tem uma menina ali! – falou Leo Bernett, capitão da Casa.

– Murta, o que aconteceu? – Harry perguntou.

– Eu estava bem tranqüila no banheiro, pensando na minha morte, quando ouvi um monte de gente entrando. E antes que eu saísse, eles foram embora. Mas ela ficou trancada aqui comigo, aí...aí... – ela sorriu – Eu matei ela de susto!

– Murta!!

– Ela estava correndo, com medo de mim. Aí bateu a cabeça. – disse desgostosa.

– Ela está sangrando muito, tem que ir para a Ala Hospitalar.

– Nós vamos com você – disse Khai, resoluto.

– A gente acerta as contas depois, Murta – Deymon fulminava o fantasma com o olhar.

Harry estava muito nervoso. Uma segunda morte no banheiro feminino não era algo que lhe alegrasse. Ele suava e, por alguns instantes, olhava para a cobra que indicava a entrada da Câmara Secreta. Ela não era sangue-puro, teria ligação? Ou seria só uma brincadeira de mau gosto? Congelou o corpo da aluna e a levou para Madame Pomfrey. Pediu a Alvo que chamasse a diretora e a Peter que avissasse Jonathan. Em poucos instantes, Madame Pomfrey já a estava atendendo, após colocar as crianças para fora.

– Ela está muito mal? – Harry perguntou.

– Perdeu muito sangue, vamos precisar repor.

– O irmão dela já está vindo.

– Vou cuidar do corte na cabeça.

– Por Merlim, Harry. O que aconteceu? – perguntou a diretora.

– Alguém a trancou no banheiro da Murta e...bom, aconteceu este acidente.

– Oh, Merlim! Isso é muito ruim. Terei que avisar os pais adotivos dela.

– Cadê a minha irmã??? – Jonathan entrou esbravejando, apoiado por Rose e Peter.

– O que aconteceu?

– Ele passou mal, tio. Desmaiou na Sala Comunal – Rose respondeu.

– Peter, era para falar com calma.

– Mas ele desmaiou antes que eu chegasse lá, Professor!

– Oclumencia? – Harry olhou para a diretora – Do que você lembra, Jonathan?

– Eu só vi o fantasma de uma menina e muita água e depois sangue. Como ela está?

– Vai ficar bem, agora que você chegou. O restante, para fora.

As crianças foram guiadas e esperaram do lado de fora. A diretora MacGonagall estava muito transtornada.

– Algum problema em que eu possa ajudar, diretora?

– Talvez ele tenha razão.

– Ele quem?

– Malfoy. O filho de Draco.

– Em que?

– Existe muita hostilidade contra os sonserinos, desde que Hogwarts foi reconstruída. Ainda mais agora, que os herdeiros dos alunos daquela época retornam à escola. Eu acredito, Harry, que um tipo de xenofobia está surgindo em Hogwarts e eu preciso imediatamente reverter esta situação. Mantenha-me informada sobre a condição dela, Madame Pomfrey. Com licença, Harry.

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