UM PEDIDO DE SOCORRO



As aulas já haviam terminado e a maioria dos alunos estava nos Salões Comunais de suas casas conversando e contando as aventuras do dia. Muitos escreviam cartas sobre os professores, os novos amigos e sobre a colocação das casas. Isso causou um certo congestionamento no Corujal, pois uma fila enorme se formou, atrapalhando os alunos da Corvinal de chegarem em sua casa. Alguns poucos alunos passeavam pelos corredores com os amigos, contando as novidades das férias e o restante estava na biblioteca. Nem todos, por vontade própria. Deymon Malfoy estava cumprindo sua detenção ajudando Madame Pince a catalogar todos os alunos e os livros que estavam em suas mãos.

– Olá, Deymon. Se divertindo?

Malfoy levantou os olhos e deu de cara com Elizabeth e Khai.

– O que vocês estão fazendo aqui? - disse com os dentes semicerrados.

– Isso é uma biblioteca, Deymon. O que se faz em uma biblioteca? - disse irônica. – Eu vou dar uma circulada, Khai. Tchau.

E saiu para fazer o pente fino nos livros da biblioteca.

– Vocês vieram atazanar minha vida?

– Não, Malfoy - disse Khai – Elizabeth queria mesmo conhecer a biblioteca. Além disso, tem o trabalho de DCAT para fazer e o de Herbologia também.

– Malfoy, não se esqueça de registrar o código do livro!

– Sim, Madame Pince. - disse, irritado.

– Oi! Vocês viram minha irmã?

Os dois sonserinos permaneceram calados com uma expressão de dor de barriga. Um aluno da Grifinória estava lhes dirigindo a palavra, como se eles fossem alunos quaisquer de outras casas. Os outros estudantes que estavam na biblioteca olhavam fixamente para a incomum cena.

– Qualé! Vocês andam com ela!

Malfoy o ignorou e voltou a fazer seu trabalho.

– Procura por aí.

Khai disse e virou as costas.

– Obrigado pelo esclarecimento e saiu irritado da biblioteca.

Rose ainda trocou algumas palavras com Jonathan antes de entrar na biblioteca, carregando Alvo a tiracolo, seguido por um Peter risonho. Passaram por Malfoy e Macbeer no balcão trocando olhares ameaçadores. Foram às seções de criaturas mágicas e herbologia e sentaram em uma mesa para fazerem os trabalhos.

– Olá, bibliotecário! - Goyle parou onde Malfoy estava.

– É sua primeira visita a uma biblioteca, imagino. Os livros do abecedário se encontram na primeira prateleira da estante.

Deymon respondeu irônico ao ataque de Goyle e Khai riu, recebendo um empurrão do sonserino.

– Eu não poderia perder sua detenção!

– E eu não consigo imaginar você nesta detenção. Iriam descobrir que você não sabe ler nem escrever. Seria tão vergonhoso para a Sonserina!

– Shhh! - interviu Madame Pince. – Isso é uma biblioteca. Malfoy, diga a seus amigos para pegarem um livro ou saírem daqui. Você está de detenção.

– Sim, Madame Pince.

– Sim, Madame Pince! - Goyle falou todo afetado.

Os sonserinos riram e saíram da Biblioteca. Khai foi na direção de Elizabeth, que estava copiando os nomes dos livros em um bloco de pergaminhos.

– O que está fazendo?

– Copiando o nome dos livros que quero ler. Quantos eu posso pegar?

– Acho que três, mas tem que devolver em uma semana. Vamos pegar o livro de criaturas das trevas para fazer a pesquisa de DCAT?

– Eu vou fazer mais tarde, no quarto. Eu quero dar uma olhada em todos os livros daqui. Por que tem correntes daquele lado?

– É a seção reservada. - respondeu Madame Pince. – Somente professores e alunos em matérias avançadas podem pegar livros daquela seção.

– Desculpe, eu não sabia. - Lizzie respondeu. E antes que Madame Pince voltasse ao trabalho, continuou – Deve dar muito trabalho catalogar todos esses livros.

Com a afirmação da Madame Pince, ela continuou a falar.

– Mas também, deve ser um trabalho muito prazeroso tomar conta de tanto conhecimento

Os olhos de Madame Pince brilharam com tamanho elogio. Khai deu um leve sorriso e compreendeu que Elizabeth tinha algum esquema armado.

– Bem... ninguém nunca falou assim antes do meu trabalho. Bom, Dumbledore disse algo parecido uma vez e um outro aluno, na verdade.

Elizabeth torceu o nariz, mas continuou com seu plano.

– Eu a invejo, Madame Pince. Já deve ter lido tantos livros aqui e eu não faço a mínima idéia do que seja o Mundo da Magia.

– Mas você terá tempo de ler, tenho certeza. O que é isso em suas mãos?

– Isso? Oh, uma bobagem. Estava apenas escrevendo todos os nomes dos livros que tem na Biblioteca para que eu possa fazer uma lista de prioridades e lê-los.

– Deixe-me ver.

Elizabeth passou o caderno para a Madame Pince e piscou para Khai, que sorriu. Ele fingiu procurar qualquer coisa na estante.

– Isso vai dar muito trabalho a você, Srta Dumbledore. - e entregou o bloco de volta. – Acho que posso ajudá-la. – murmurou para ela – Vou abrir uma exceção. Passe aqui amanhã à tarde e eu lhe darei a lista dos livros daqui que estamos catalogando.

– Isso seria bom demais, Madame Pince. - murmurou de volta. – Deixe-me ajudá-la hoje, então.

– Você não tem uma tarefa para fazer?

– Posso fazer no quarto, mais tarde. Até prefiro. Dessa forma, estarei retribuindo o seu favor.

– Bom, nesse caso...comece com aquela prateleira da esquerda, está bem? Não abra nenhum livro, apenas olhe o título. E se algum estiver sem identificação, coloque naquela pilha ali, que olharei mais tarde.

– Sim, senhora.

Quando Madame Pince se afastou, Khai se aproximou dela.

– Que tipo de idéia você tem?

Ela olhou para os lados e murmurou.

– Você sabe de um jeito melhor de ter acesso incondicional à Biblioteca? Eu quero muito chegar ao conhecimento que todo mundo tem, Khai, sobre o Mundo da Magia. As histórias, as lendas, tudo o que você, por exemplo, sabe naturalmente e que eu não faço idéia. Se eu me tornar amiga de Madame Pince, com certeza ela abrirá novas exceções para mim. Aproveita que já está aqui para fazer as tarefas. Eu vou fazer mais tarde, no quarto.

– Ok.

Khai pegou os livros de Criaturas das Trevas e de Herbologia para fazer seu dever e sentou na última mesa da biblioteca, depois de passar por Rose, Alvo e Peter.

– Aí tem!

– Deixa, Rose.

– Não dá, Al! Um sonserino ajudando? Sendo prestativo? Aí tem!

– Jonathan disse que a irmã dele gosta de livros, não foi?

– Sim, Al. Mas daí a se oferecer a ajudar a catalogá-los ao invés de lê-los?

– Talvez ela goste do Malfoy. - Peter disse.

– Hein? - Rose olhou assustada para ele.

– Ele não está ali de detenção? Talvez ela só queira ficar perto dele, ué!

– Não seja ridículo. Por que ela dispensaria Tiago para ficar perto de Malfoy? Não faz o mínimo sentido. Aí tem!

– Por que você não esquece essa sua fixação pela Elizabeth? Deixa ela, Rose. Você não me arrastou até aqui para fazer todas as tarefas que passaram pra gente? Eu ainda não saí da terceira linha.

– Não é fixação, Al. Ela é uma sonserina! Deve estar aprontando alguma coisa. Colocando feitiços nos livros, azarações, roubando páginas importantes...

– Com a habilidade de lançar feitiços que ela tem? Ela colocaria a biblioteca em chamas. Duvido que se arrisque. - Peter disse e fez os amigos rirem.

– Shh!

Madame Pince fez sinal do outro lado da Biblioteca.

– Como é que a gente coloca as respostas? Só responder e pronto?

– Não, Al! Tem que fazer uma pequena introdução, sabe? Tipo...o bicho-papão é uma criatura das trevas que ameaça os bruxos e os trouxas. Sua aparição remete à...

Rose pôde ouvir barulho de penas escrevendo nos pergaminhos.

– Você tá copiando o que eu estou falando?

– Não é para copiar, não?

Peter riu.

– Alvo! Minha mãe disse que eu podia ajudar e não fazer os seus deveres. Era só para você pegar a idéia de como escrever.

– Ah, tá. Mas posso ficar com essa parte que já escrevi? Por que a inspiração tá chegando.

– Tá bom! - e sorriu.

Em alguns instantes, Rose já estava com cerca de 25cm de pergaminho e Alvo nem havia chegado nos 10cm. Peter folheava os livros, procurava alguma informação e voltava a escrever. De repente, Alvo se pegou olhando para o balcão da biblioteca, onde Malfoy cumpria sua detenção. Toda vez que Madame Pince ameaçava se aproximar, ele revirava os olhos ou resmungava alguma coisa inaudível. Alvo estava achando engraçado. Lembrou das histórias que Harry havia contado sobre Draco e de como eles se tornaram inimigos na escola. Deymon não parecia muito com o Draco que Harry tinha lhe contado. Ele não parecia bobo e medroso, mas com certeza era irritante e se achava superior aos outros.

– Alvo! - Rose havia sussurado e chamado sua atenção. – O que você está fazendo?

– Desculpa, me distraí com umas coisas. O que é que Peter ainda lê nesse livro?

Rose puxou o livro para si, sob os protestos de Peter.

– Diabinhos? Você está lendo sobre diabinhos?

– Parece legal, Rose! Eles ficam jogando pequenos pacotes que enchem e explodem, causando muita dor. E feitiços...

– Foco, gente! Senão vocês não saem daqui nunca!

Os dois quase protestaram, mas diante da expressão de Rose, desistiram. Seria impossível argumentar qualquer coisa. Jonathan voltou a entrar na biblioteca e deu de cara com Lizzie.

– Ei! Aí está você. Te procurei em tudo o que é lugar!

– Shh! Isso é uma biblioteca, John. Fale baixo!

– Seus amigos não quiseram me dizer onde você estava. Não custava nada, não é? - e olhou para Malfoy, que nem lhe deu atenção. – Escuta, eu tava pensando em escrever uma carta pra casa, contando como estão as coisas. O que você acha?

– Ótima idéia. Pode escrever.

– Mas...tem que ser a gente. Juntos.

– Depois eu escrevo outra, John. Não posso sair agora. Estou ocupada.

– Você pegou detenção? Que nem Deymon?

– Não, John. Você não tem trabalho pra fazer não?

– Daqui a pouco eu faço.

– Você vai esquecer. E aí você vai perder pontos na aula. E aí todo mundo vai ficar chateado com você. Vai logo, menino.

Ele resmungou alguma coisa e entrou na biblioteca.

– Você manda nele, é? - Deymon perguntou, irônico.

– As meninas sempre mandam nos meninos. Nunca percebeu não? - e sorriu cinicamente.

Emburrado, Jonathan sentou com Alvo, Peter e Rose.

– O que foi? - ela perguntou.

– Minha irmã não quer escrever uma carta comigo. Se diz ‘ocupada’ - disse afetado.

– E isso é só o começo. - alertou Rose.

– Não. Ela sempre fez isso. É que irrita, sabe? Ei! Alguém tem um pergaminho pra me emprestar? E uma pena? Eu deixei tudo no quarto

– Toma. - entregou uma Rose contrariada.

– Obrigado. Devolvo assim que a gente voltar

Peter entregou o livro de Criaturas para Jonathan.

– Olha, diabinhos!

– Peter! - Rose olhou para ele, chateada.

– Ah, desculpa Rose, mas eu tinha que acabar de ler. É legal!

Ela balançou a cabeça, contrariando a atitude do amigo. Os quatro se concentraram para terminar as tarefas que precisavam fazer. Rose mediu seu pergaminho e percebeu que tinha passado 10cm do que Harry havia pedido.

– E agora?

– Entrega assim mesmo.

– Não dá, Jonathan. Minha mãe me disse que tem que ser exatos 40cm. Isso também era muito difícil para ela, sabia?

– Eu tô aqui me matando pra chegar em 40cm - Peter disse. – Se você for excluir alguma coisa, deixe-me ler primeiro. Não sei mais o que colocar.

– Nós, mulheres, temos maior facilidade de nos expressar!

– Vocês se expressam demais. - Jonathan falou. – Isso assusta, sabia? Às vezes?

– Vou refazer tudo. Reducto!

Ela murmurou e o pergaminho virou pó. Alvo, Peter e Jonathan levaram as mãos à cabeça e quase mataram Rose. Ela abriu seu livro e tirou mais uma folha de pergaminho.

– Vem cá, com quantos pergaminhos você anda, diariamente? - Jonathan perguntou e logo se arrependeu pela cara zangada que Rose fez.

– Aposto que termino primeiro do que todos vocês!

– Duvido, Rose. Eu só falto pensar como preencher mais 7cm.

– Quem quer apostar?

– O que? - Peter perguntou.

– Se vocês terminarem primeiro, sem falar de novo alguma coisa que já escreveram, eu faço a tarefa dos três por uma semana.

Todos concordaram imediatamente.

– E em troca, vocês vão me fazer o favor que eu pedir, na hora que eu pedir, sem contestar.

– Feito! - Peter aceitou.

– To dentro! - Jonathan também.

– E então, Alvo? - ela perguntou ao primo.

Alvo já estava quase no fim, mas não sabia mais o que escrever. Já tinha falado tudo e precisava de mais 7cm. E ele sabia que Rose tinha a capacidade.

– E então? Tá com medo? - ela provocou.

– Tudo bem. - cedeu.

Imediatamente ela começou a escrever e parecia que dentro de toda a biblioteca só era possível ouvir o barulho da pena contra o pergaminho de Rose. Ela escrevia tão rápido que parecia que o papel pegaria fogo a qualquer instante. E isso tirava a atenção dos meninos por alguns instantes. Todos queriam ler o livro ao mesmo tempo para achar alguma coisa a mais que haviam deixado passar. A confusão foi tanta que a Madame Pince se aproximou da mesa.

– Shh! O que está acontecendo aqui?

Rose sequer se deu ao trabalho de olhar para a Madame Pince.

– Desculpe, Madame Pince. É que precisamos terminar esse trabalho com urgência e acabamos falando alto demais.

– Não é só isso, jovem Potter. Vocês precisam tratar o livro com mais respeito. É propriedade da escola e vocês podem ficar sem o direito de levar livros para os quartos se continuarem desta forma.

– Sentimos muito! - Jonathan falou. – A senhora pode nos devolver o livro, por favor?

– Ainda não. Preciso averiguar se não houve algum dano enquanto vocês o puxavam para cada lado.

Madame Pince começou a folhear o livro e os meninos ficaram tensos com isso. Alvo tentou levantar para pegar outro livro, mas Madame Pince o proibiu.

– Se tiver alguma avaria com este livro, vocês três serão responsáveis.

– Só estávamos querendo terminar nossas tarefas, Madame Pince.

Ela se mostrou irredutível e os meninos puderam ver que Rose já estava na terça parte do pergaminho. Faltava uns 15cm a serem escritos. O que era uma aposta fácil, estava virando o caos. Quando Madame Pince finalmente resolveu entregar o livro aos garotos, Rose só precisava de mais 7cm para terminar. Os meninos sentaram uma o lado do outro e abriram o livro para eles. Se concentraram e começaram a escrever. Madame Pince achou muito estranha aquela situação. Quando Alvo já estava escrevendo a última e suada frase, Rose deixou a pena de lado e massageou a mão.

– Terminei.

O muxoxo foi geral. Peter e Jonathan largaram as penas e Alvo ainda estava paralisado, olhando para ela. Rose sorriu para o primo que resolveu terminar o que estava escrevendo.

– Isso é injusto! A Madame Pince te ajudou! Você armou com ela, não foi? - Jonathan falou baixinho e Rose se ofendeu um pouco, mas achou mais engraçada a situação.

– Vocês, meninos, não sabem perder. Bom, pelo menos vocês fizeram a lição, não é?

– Como você fez isso? - Peter quis saber.

– É mais fácil escrever quando se tem tudo na cabeça - sussurrou.

– Você usou algum feitiço de memorização? - Jonathan perguntou.

– Não, mas seria uma boa idéia. Para vocês, é claro. Pena que existem feitiços contra isso na escola.

– Vamos embora? - Alvo perguntou.

– Primeiro vamos anotar as ervas que o Prof. Longbottom pediu, Al. Esqueceu?

Os meninos estavam cabisbaixos e fizeram a lista em silêncio. Rose teve pena deles, mas, pelo menos, tinha conseguido que terminassem a lição. Quando estavam saindo, morrendo de sono da biblioteca, Alvo se lembrou de uma coisa que tinha pensado em perguntar a Rose. Segurou a prima por um instante.

– Rose, você sabe como fazer um fantasma parar de roncar?

Jonathan e Rose torceram o nariz e os olhos de Peter brilharam. Estava doido para dormir direito.

– Do que você está falando, Alvo?

– É porque o nosso quarto era o quarto do Frei Gorducho e ele dorme, sabe? Eu achava que fantasmas não precisavam dormir. E ele ronca muito alto. Aí, a gente não consegue dormir.

Jonathan estava impressionado só em imaginar a cena.

– Eu não sei como fazer ele parar de roncar. Não se lança feitiços em fantasmas, porque não se acerta neles. Tudo passa através. Mas eu sei de um feitiço que faz silencio. Eu li no livro que a mamãe tem. Espera!
Ela foi até o balcão onde Malfoy estava.

– Olá. Eu queria saber se vocês têm o livro Feitiços simples, resultados impressionantes, de Romilda Dimengoft?

– Duvido muito. - disse Malfoy enquanto dava duas batidas na caixa acizentada logo abaixo do balcão e falava o nome do livro, com muito desgosto, diga-se de passagem. – Terceiro corredor, quarta prateleira, disse.

– Obrigada! - Rose respondeu com um sorriso falso.

Os quatro se dirigiram ao corredor para encontrar o livro.

– Olha!

– Achou, Rose?

– Não, Peter. Mas esse daqui eu vou levar. Hum...aqui está! - pegou e foi até a mesa. – Silencio faz o alvo ficar mudo, mas nós não conseguiríamos acertá-lo porque ele é um fantasma. Então...hum... - ela passava as folhas muito rápido – Aqui: sisto auditus. Basta rodopiar um pouco a varinha e tocar no ouvido. Aí você não vai ouvir nada.

Peter e Alvo já estavam comemorando quando Rose pediu de novo a atenção.

– Quando eu digo nada, eu digo nada mesmo. Aqui diz que é preciso criar um electricum desperto para remover o feitiço.

– Um o quê? - Alvo quis saber.

– Um electricum desperto. Vocês precisam encantar um objeto para que ele desperte vocês com um choque. É meio complicado. Ela continuou lendo e nem deu atenção ao olhar aterrorizado dos meninos.

– Não sei se quero acordar com um choque - Peter revelou a Alvo.

– Eu também não quero. Ei, Rose, vamos tentar achar outra coisa outro dia, tá? Vamos logo para os dormitórios

– Bom, vocês quem sabem. Vou levar este livro também e se dirigiu para o balcão de Malfoy.

Entregou os livros e esperou ele cadastrar em um pergaminho com seu nome.

– Malfoy, já está ficando tarde e você já cumpriu sua detenção. Depois que terminar, pode ir embora.

– Sim, Madame Pince! - disse. – Até que enfim, sussurrou, irritado.

– Você também, Srta Dumbledore. Obrigada pela ajuda!

– Foi um prazer. Madame Pince, posso lhe pedir um favor?

– Pois não?

– Se importa em me chamar de Carter? Este é o sobrenome da família que me criou e gostaria de continuar me chamando assim.

– Bom, Dumbledore foi um grande homem. Não tem por que você não utilizar o sobrenome da sua família. Mas se você se sentirá melhor, não tem problema.

– Obrigada. Vou colocar estes livros de volta à estante, pegar alguns para a pesquisa e já vou para o dormitório.

Em pouco tempo, Elizabeth já estava com os livros para a pesquisa nas mãos e já tinha entrado no balcão, junto com Deymon e escrito os livros que pegou em sua ficha. Ela foi até o fundo da biblioteca encontrar com Khai que terminava seu trabalho e saíram juntos, pouco depois de Rose, Alvo, Peter e Jonathan.

– Esperem!

Ouviram uma voz e todos se viraram para trás. Era Malfoy chamando pelos companheiros sonserinos.

– Eu vou com vocês para o dormitório.

Jonathan fez menção de se dirigir a Lizzie, mas ela fez sinal para ele continuar andando com o grupo dele. Os corredores estavam vazios e a maioria dos estudantes já estavam nos dormitórios de suas casas. Jonathan e Rose se despediram e subiram a escada para o 7º andar, enquanto Alvo e Peter se juntaram a Khai, Deymon e Elizabeth, para descer. Foi quando todos estavam na escada que algo incrível aconteceu: elas pararam no meio do caminho. Com o solavanco, os sonserinos se chocaram com os lufos e os grifinórios contra a parede.

– Tem alguém aí nas escadas? - Harry perguntou.

– Estamos aqui! - Rose gritou e acenou para ele.

– Está todo mundo bem? - gritou lá de cima.

– Sim! - Alvo respondeu quando todos se recomporam.

– Por que as escadas pararam? - Peter perguntou.

– Não, sei. - Harry respondeu. – Elas mudam de lugar, mas não param no meio do caminho

– Será que deu defeito? - Jonathan perguntou.

– São enfeitiçadas por magia, John. Elas não quebram como escada rolante - Lizzie respondeu.

– Crianças, voltem para o quarto andar. Fiquem calmos, que eu já vou descer. Carpe...

Mas Harry não pôde continuar a falar, pois uma outra voz parecia ecoar nas escadarias. Era um sussurro baixo, rouco, quase inaudível, mas que fazia arrepiar até os pêlos da nuca.

– Dor... está escuro...Por favor... liberte-me... liberte-me... liberte-me...

E a voz sumiu da mesma forma que começou. A primeira coisa em que Harry pensou foi no basilisco e seu coração acelerou ainda mais. A cobra teria deixado algum filhote? Então as crianças quebraram o silêncio.

– O...o que foi...isso? - Peter perguntou, ainda tremendo.

– Vocês escutaram? Todos vocês? - Harry perguntou.

– Sim - foi a vez de Khai falar.

Era improvável que todos fossem ofidioglotas.

Carpe retractum!

Harry lançou o feitiço para o vão do quarto andar e a varinha o levou direto para lá.

– O que está acontecendo? - Rose quis saber.

– Não sei, mas é melhor chamar os outros professores.

– Foi um...fantasma? - Lizzie perguntou receosa.

– Parecia alguém em apuros - Alvo disse.

– Alguém conseguiu identificar de onde vinha a voz? - Harry perguntou às crianças.

– Eu acho que veio lá de baixo - Malfoy disse.

– Eu tenho certeza de que foi do outro lado desse andar - Rose afirmou.

– Para mim parecia que vinha de cima. - Jonathan disse.

– Parecia que vinha das escadas. - Elizabeth arriscou.

– Eu também acho que veio de baixo para cima - Khai afirmou.

– Eu não sei – Alvo foi sincero.

– Eu acho que veio do 3º andar. – Peter disse.

– Vou chamar os professores. Assim que eles chegarem, daremos um jeito de levar todos para os dormitórios.

– Como você vai fazer isso, pai?

– Fácil. Sr Ferbulus, poderia ir à sua pintura na sala do Prof. Slughorn e avisá-lo do ocorrido? Quem mais tiver contato com as salas dos professores, poderia avisá-los, por favor? Obrigado.

Logo alguns quadros ficaram vazios e em pouco tempo os professores foram chegando. Alguns alunos que estavam fora de suas camas também se assustaram quando tentaram voltar para suas casas. As escadas estavam paradas e não havia como subir ou descer.

– Por Merlim! - gritou assustada Dir. MacGonagall ao se deparar com as escadas. Ela parecia ter surgido do nada. – As escadas...o que aconteceu, Prof. Potter?

– Diretora MacGonagall, elas simplesmente pararam. E não foi só isso. Todos nós pudemos ouvir uma voz que pedia ajuda, mas não conseguimos identificar a origem.

– Todos vocês?

– Sim, Diretora. Isso elimina uma possibilidade, não é?

– Oh, sim, claro. Seria um aluno?

– Não parecia. Estava rouca e cansada.

– Um fantasma?

– Não sei.

– Sr Filch! - Minerva gritou ao passo que o zelador apareceu no térreo da escola com os olhos arregalados e uma expressão confusa – Ache os fantasmas das casas, imediatamente.

Os outros professores apareciam em diversos andares, confusos e surpresos com as escadas. Todos usaram feitiços diversos para encontrarem com a Diretora no 4º andar.

– Segundo o Prof. Potter, as escadas pararam sem motivo aparente. Preciso que os diretores das casas confiram se todos os alunos estão nos dormitórios. Precisamos ajudar aqueles que estiverem fora para chegar em suas casas. O Prof e as crianças ouviram alguém pedir ajuda, por isso o restante fará uma busca em todo o castelo. Os fantasmas das casas serão avisados e os ajudarão também. Crianças! Vocês não devem falar para ninguém que ouviram esta voz, está bem? Nós vamos cuidar de tudo. Agora, vão!

Os professores responsáveis pelas crianças logo as acolheram. Antes de partir, elas ouviram um breve comentário.

– Tem algo a ver com a infiltração no térreo, diretora MacGonagall?

– Tomara que não, Harry. Se for, temo que não poderemos consertar as escadas também.

O Prof. Slughorn encaminhou os três sonserinos para a terceira porta à esquerda, onde entraram através de uma passagem atrás da escrivaninha. Logo eles saíram por trás de um retrato da câmara vazia, onde aguardaram a Diretora MacGonagall, no dia anterior. Seguiram o Prof. Slughorn pelo caminho até o Salão Comunal, mas, apesar dos esforços, ele parecia não querer conversar com os alunos. Rapidamente, fez um levantamento nos dormitórios e acordou os monitores.

– Não quero que ninguém mais saia esta noite, entendeu?

– Sim, senhor! - Greg Klanc, o aluno do 6º ano, ainda estava atordoado.

Como um raio ele saiu do salão em busca dos alunos que estavam fora.

– O que está acontecendo? - o monitor perguntou as três figuras que permaneciam no meio do salão.

Os alunos que foram acordados pelo Professor também queriam respostas. Logo, os três estavam contando repetidas vezes como as escadas pararam de repente e que todos os professores se assustaram. Disseram, também, que poderia não ter conserto. Seguindo a ordem da diretora, eles deixaram as vozes fora disso. Os alunos se assustaram, ficaram loucos para ver o que estava acontecendo, mas os monitores formaram uma barricada na frente da saída.

– Ordens do Prof. Slughorn. Ninguém sai

Angustiados, alguns voltaram para suas camas e outros criavam teorias para o que estava acontecendo. Deymon, Khai e Elizabeth, ficaram na poltrona mais ao lado.

– Será que os feitiços estão se desfazendo? - Khai foi o primeiro a falar baixinho.

– Mas os feitiços de Hogwarts são milenares e nunca falharam! - Deymon interveio.

– Mas depois da guerra...na hora de reconstruir pode ter acontecido alguma coisa

– Sim, você tem razão - disse Malfoy e continuou – Os bruxos que encantaram o castelo eram muito poderosos e os professores só fizeram remendos, aqui. Alguém deve ter feito algo errado. Aposto como deve ter sido o Guarda-Caças.

– Como a gente vai subir para as aulas agora?

– A gente nem sabe se vai ter mais aulas, Elizabeth.

– Como assim, Deymon? Eles podem suspender as aulas por causa disso? - murmurou.

– Podem até fechar a escola.

– Só por causa de uma escada parada no meio do caminho que deixou de funcionar por causa da validade do feitiço?

Malfoy se ajeitou e se aproximou dos amigos.

– Vocês ouviram o Prof. Potter perguntar se tinha algo a ver com a infiltração lá embaixo e a Diretora MacGonagall temer que não conseguissem consertar? Se acontecer mais alguma coisa, alguma coisa que ponha em perigo os alunos, eles vão fechar. Quase fizeram isso antes.

– Por favor! Uma infiltração e escadas quebradas não são perigo para ninguém! - Lizzie argumentou, mas os meninos não lhe deram atenção.

– E porque não fecharam da outra vez? - Khai quis saber.

– Porque um aluno descobriu o que estava de errado. Bom, na verdade ele colocou a culpa em outra pessoa. E ainda ganhou um prêmio de Serviços prestados à Escola. Dá pra acreditar? Genial.

– Como é que você sabe de tudo isso? - Lizzie perguntou, intrigada.

– Meu avô me contou essas histórias.

– A gente podia tentar achar essa tal voz - Khai sugeriu.

– Se os professores tentarem e não encontrarem, porque você acha que nós vamos encontrar? - Lizzie perguntou – Eles são mais experientes.

– Já aconteceu antes. Inúmeros bruxos tentaram encontrar a entrada para a Câmara Secreta e somente dois alunos conseguiram.

– Que Câmara Secreta? - Lizzie não estava entendendo nada.

– Uma câmara que Salazar Sonserina construiu e que era a casa de um basilisco que matava todos os sangue-ruins. Os nascidos trouxa. Mas o Prof. Harry Potter matou o pobre bichinho há muitos anos. Ele foi um dos alunos que encontrou a entrada.

– Quem foi o outro? - Lizzie perguntou a Malfoy.

– Lord Voldemort - disse baixinho.

– Hum...o que matou meu avô, certo?

– Bom, na verdade, quem matou Dumbledore foi Severo Snape, que no final traiu o Lord das Trevas - Malfoy continuou.

– Essa história é muito complicada. Eu não consigo entender.

– Um dia eu sento e te explico tudo

Lizzie deu um leve sorriso para ele, que retribuiu.

– A gente pode ficar de olho nos professores e ver o que eles descobriram amanhã. Você pode falar com o Prof. Slughorn, Lizzie. Ele parece ser seu fã. - Khai falou, irônico.

– Mas antes dele, preciso fazer minhas tarefas, não é? Senão os outros professores é que vão pegar no meu pé.

– Onde estão os seus livros, Malfoy? - Khai perguntou.

– Ai, droga! Esqueci de pegar!

– Você pode usar os meus - Lizzie afirmou – Enquanto faço o de Herbologia você faz o de DCAT e depois a gente troca.

– Tá!

Os três ficaram na sala, enquanto o restante dos sonserinos ainda esperavam para descobrir mais coisas com os alunos que chegavam.

***

O Prof. Longbottom, não foi diferente do Prof. Slughorn. Porém, antes de passar pela Mulher Gorda, ele falou com Rose e Jonathan.

– Não é possível que todos vocês sejam ofidioglotas, não é? - perguntou, aflito.

– Ofi...o que? - Jonathan estava muito confuso.

– Não, professor. Foi uma voz que ecoou na escadaria. Disse assim: ‘dor, está escuro aqui, liberte-me´. Era uma voz rouca e cansada. O senhor tem alguma idéia do que está acontecendo?

– Não, Rose. Agora entrem.

Após uma rápida olhada pelos dormitórios, Neville deu ordem para os monitores para que ninguém saísse e já ia sair do Salão quando Rose o parou e puxou para o canto.

– Tem alguma coisa a ver com a infiltração que vocês não conseguem consertar?

– Como você...bem...hum...ainda não sabemos.

– O feitiço das escadas pode ter acabado?

– É possível.

– Mas se for assim, todos os outros feitiços que mantém Hogwarts podem acabar também, não é?

– Rose, você é tão igual a sua mãe, que assusta. Eu sei ainda menos do que você sobre o que está acontecendo.

– Mas sabe mais sobre a infiltração.

– A única coisa que sei é que nós não conseguimos lançar um feitiço que conserte a infiltração. Ela sempre volta. Agora preciso achar os alunos que faltam.

E saiu pela porta.

– Rose, o que está acontecendo? - James estava com seu caderno de jogadas de quadribol da mão e parecia preocupado – Tudo bem com Al?

– O Al tá bem. O problema que é que as escadas que se movem, não se movem mais

Todo o salão comunal da Grifinória estava em choque.

– Como assim? - o primo insistiu.

– Nós estávamos voltando da biblioteca, depois de fazer nossas tarefas, quando subimos as escadas para vir para cá, elas começaram a se mover. Daí, elas simplesmente pararam no meio do caminho e agora não se movem mais.

Rose resumiu e atendeu ao pedido da diretora.

– Quer dizer que as escadas não são mais encantadas? Que a magia terminou? - Vitória parecia aflita.

– Ninguém sabe dizer. Os professores também não sabem o que está acontecendo. Mas quando a gente saiu, eles já estavam tomando providências. - Jonathan tentou ajudar.

– Se elas não voltarem a funcionar, como a gente vai subir para as aulas agora? - Rafiuski estava bem preocupado.

– E ainda vai ter aulas, depois disso? - Oliver quis saber.

– Eles podem suspender as aulas por causa disso? - James perguntou.

– Acho que não. Os professores devem arranjar outro jeito, se a gente não puder descer pelas escadas. - Nicolau afirmou.

– Mas e se acontecer mais alguma coisa, alguma coisa que ponha em perigo os alunos, eles vão fechar? Tem aquela infiltração que ninguém resolveu até agora. - Karen, amiga de Vitória trouxe o caso à tona.

– Será que tem a ver? - Oliver pensou alto.

– A gente tem que descobrir o que está acontecendo! - James foi resoluto.

– Os professores estão resolvendo isso, gente! - Rose tentou desinflar os ânimos.

– Isso mesmo! - disse Telma Nicleback, monitora da casa. – Agora vamos tratar de voltar para nossas camas porque amanhã estará tudo resolvido. Os professores vão resolver tudo

Ao passo que os alunos voltavam para os dormitórios, James chamou sua prima mais reservadamente e tratou de conversar bem baixo.

– Rose, a gente tem que descobrir o que está acontecendo. É como uma das aventuras que nossos pais tanto nos contaram - murmurou. – É a nossa aventura em Hogwarts!

– Mas os professores estão procurando.

– Mas eles nem sempre acham tudo. Meu pai descobriu mais coisas aqui do que os bruxos fizeram em anos. A gente também pode.

– Então vamos ficar de olho nos professores. Você e Nicolau podem perguntar para seus pais, né?

– É mais fácil o tio Longbottom contar alguma coisa para você do que para o Nick.

– Ele já me contou.

– O que?

– O lance das escadas pode ter ligação com a infiltração. Ele disse que os professores não conseguem lançar um feitiço que conserte. Ela sempre volta.

– Pode ter uma proteção contra feitiços.

– Mas quem colocou isso lá?

– A gente tem que pesquisar para saber se alguém pode fazer isso em Hogwarts, ou se já fez. A melhor pessoa para isso é você, prima.

Ela abriu um largo sorriso.

– E Alvo?

– Ele também está por dentro. Acho que vai achar massa a nossa idéia.

– Ótimo! Então amanhã a gente conversa.

– Espera! Tem mais uma coisa. A gente ouviu uma voz que pedia ajuda. Ela disse ‘dor, está escuro aqui, liberte-me’ e os professores estão atrás disso. Mas você não pode falar para ninguém.

– Pode deixar. Amanhã a gente se fala. Vai dormir.

No meio do caminho Rose encontrou com Jonathan de braços cruzados.

– O que vocês estão aprontando?

– Nada.

– Mentira. Vocês vão procurar a voz?

– Shhh! Fala baixo! - Rose pediu.

– O que vocês estão aprontando?

– A gente vai tentar descobrir o que está acontecendo.

– Posso participar?

– É uma aventura em família, sabe?

– Pensei que os grifinórios fossem uma família.

Rose ficou bem desconcertada.

– Tá bom. Você pode. Mas nem pense em chamar sua irmã. Ela fica fora disso!

E subiu para seu dormitório.

***

A Prof. Trelawney murmurava baixinho, tentando se lembrar de inúmeros feitiços para aplicar nas escadas quando voltasse, enquanto levava seus alunos até o segundo andar. As passagens secretas de Hogwarts nunca foram tão usadas.

– Professora, os encantamentos podem acabar de uma hora para outra? - Alvo perguntou.

Ela parou por um instante, hesitando se deveria conversar com o aluno ou não.

– Ora, meu querido. Não se preocupe, Potter. Vamos resolver tudo.

– Mas os feitiços podem acabar de uma hora para outra, não podem?

– Bom, alguns feitiços realmente funcionam assim.

– A senhora acha que aconteceu isso nas escadarias? - perguntou Peter.

– Crianças, nós ainda não sabemos. Preciso voltar para saber o que aconteceu, não é? Mas não fiquem pensando nisso. Vamos resolver tudo logo logo.

– Professora, os encantamentos de Hogwarts são muito antigos, não são? Coisas velhas dão defeito! - Peter argumentou.

– Mesmo que os encantamentos de Hogwarts sejam antigos, eles são muito resistentes. Desconfio até que Pirraça esteja brincando conosco. Não seria a primeira vez, não é? Pirraça realmente sabe tirar a gente do sério.

Em poucos instantes, eles já estavam dentro da Sala Comunal da Lufa-Lufa. A Prof. Trelawney tratou de averiguar quem estava fora da cama e tornou a sair da sala, comunicando aos monitores que todos só poderiam sair na manhã seguinte. Logo um grupo cercou os dois primeiro-anistas para saber o que estava acontecendo e eles repetiram toda a história. Depois de um tempo de discussões, os alunos foram para seus quartos. Alvo e Peter se aproximaram da lareira e fingiram brincar com Ruffus.

– Isso tá ficando estranho - murmurou Alvo. – Primeiro o tal vazamento misterioso e agora as escadas param. Duvido que tenha a ver com Pirraça. A Prof. Trelawney só deve ter falado isso pra enganar a gente.

– Será que deu tilt em Hogwarts?

– Hein?

– Sério, Alvo. Sabe, às vezes as coisas dão pane. Tipo um computador, sabe? Hogwarts pode estar com um vírus.

Alvo riu.

– Você é demais, sério! Não existe esse negócio de vírus de magia, Peter. Você está sendo criativo demais!

– Velho, mas pense aí! Um vírus pode espalhar um tipo de feitiço que dá defeito em outros feitiços.

– Não sabia que você era fã de teorias de conspiração.

– Acho massa!

– Os feitiços em Hogwarts são fortes, são antigos. Foram feitos por pessoas experientes

– Mas não tem essa história de Hogwarts ter sido quase destruída? Vai ver que alguma coisa deu errado. Tipo...um feitiço se misturou com outro, tipo reação química e aí gerou uma coisa que seria esse vírus e aí Hogwarts está sendo afetada.

Alvo riu novamente, mas se calou quando olhou para cima. Helga Lufa-Lufa estava de olhos esbugalhados. Parecia aterrorizada. Quando Peter olhou para o local, ela já estava com um sorriso amarelo estampado no rosto.

– Peter, você viu?

– O que?

– Sra Lufa-Lufa, tem algo acontecendo com a escola?

– Conversando com o retrato da Sra Lufa-Lufa, Alvo? Ela não pode responder, sabe? - Lena chegou de mansinho.

– Mas quando nós chegamos...

– Ah! Aquilo foi um feitiço que nós fazemos para os primeiro-anistas. Ela finge que fala e uma das meninas dá as boas-vindas por ela. O que vocês queriam saber? Posso tentar ajudar.

– Não é que...com esse negócio das escadas, sabe...é...

Alvo não era um bom mentiroso.

– A gente achou que ela saberia a resposta. Ela não fundou Hogwarts? - Peter completou.

– Seria ótimo, realmente, se a gente pudesse perguntar para eles não é?

– Por que alguns quadros falam e outros não?

– Essa é uma excelente pergunta, Alvo. Acho que ninguém nunca fez. Bom, eu tenho que dormir. Treinamos amanhã, esqueceu? Vocês vão estar lá?

– Com certeza! - disseram em uníssono.

– Boa noite, então.

Alvo voltou a olhar para o retrato de Helga Lufa-Lufa que fazia cara de paisagem.

– O que foi, Alvo?

– Sabe aquela coisa maluca de vírus que você falou?

– Sim?

– Acho que alguma coisa ali faz sentido, porque ela fez uma cara...eu vi.

– Mas ela não pode falar!

– Mas isso não quer dizer que ela não possa ouvir, né Peter?

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