AS QUATRO QUEDAS - PARTE I



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AS QUATRO QUEDAS


Parte I


 


Arrependimento. Era justamente isso que passava pela mente de Alvo Potter enquanto gritava, sem saber aonde iria parar. Desde que entraram através do portal os quatro amigos sentiram o peso da gravidade ao cair descontroladamente pelo túnel de pedras vazio e escuro. Tudo havia acontecido de uma forma tão rápida, que ele tentou repassar em sua cabeça exatamente como a situação chegou àquele ponto.


Rose, Peter e John conseguiram convencer o lufo a desistir daquela aventura, uma vez que seus pais estavam no castelo. Além disso, James certamente sabia onde estavam e todos já conheciam o segredo da noite elemental. Foram impedidos de deixar o local quando Hagrid passou como uma Firebolt FX, trazendo de volta os bruxos mais velhos e a diretora da escola. As crianças trocaram olhares curiosos e tentaram captar alguma coisa do lado de fora. Pelo tom enérgico da diretora, parecia que visitantes indesejados tentavam entrar na escola de qualquer jeito. O grupo decidiu então se juntar aos outros alunos, contudo, mais uma vez foram acoados pelo retorno de Rony, Hermione, Gina e Harry.


Ficaram tensos ao pensar que não conseguiriam deixar o local com segurança, quando o símbolo do portal se iluminou em um tom azul celeste cintilante. De repente, a água começou a transbordar da parede de pedras, contudo, não escorreu pelo chão. Foi ocupando toda a área até o teto, formando uma camada espessa sobre o local. Os quatro olharam deslumbrados e a curiosidade de John o fez tocar a água antes que Rose conseguisse alertá-lo para o perigo disso. Dois jatos de água saltaram rapidamente da parede e envolveram os quatro, enlaçando-os e puxando-os através das pedras para o abismo sem fim onde se encontravam no momento.


— Oh, meu Deus! Nós vamos morrer! Nós vamos morrer! – gritava Jonathan.


Lumus! – gritou Rose, colocando alguma luz naquela situação.


Peter e Jonathan gritavam e choravam, agarrando-se um ao outro. Alvo girava ainda em queda descontrolada, esbarrando algumas vezes na parede do poço em que se encontravam. A própria Rose sentia o rosto molhado de seu desespero calado e não conseguia sentir o sangue circular pelo seu corpo.


“Nós vamos mesmo morrer”, pensou consigo mesma. — Calem a boca! – berrou para os outros garotos, nervosa demais para lidar com o psicológico daquilo tudo. — A gente ainda está caindo – constatou, alarmada. — Parece que não tem fim.


— E você está querendo ver o fim disso? – gritou Peter, falseando o tom por conta do desespero, enquanto se soltava de John e enxugava as lágrimas.


— Claro que não, mas é intrigante. Deve ser algum tipo de magia. Não tem como Hogwarts ter as bases tão profundas assim – rebateu a garota.


— Mas é uma escola de magia – informou John. — Tudo é possível, não?


— Se fosse para a gente morrer, já tínhamos morrido – disse Alvo, conseguindo se equilibrar perto dos outros. — Os bruxos são muito diretos nisso quando não querem ser incomodados.


— E o que é que a gente faz agora? – perguntou o colega lufo.


— Nada – respondeu Alvo. — Só esperar e acreditar que vai acabar tudo bem.


O quarteto caiu em uma monotonia irritante nos minutos seguintes. O medo da possível morte iminente deixava a todos nervosos e sem palavras para trocar. Rose observava que as paredes do poço pareciam com as mesmas da estrutura da escola e, além disso, estavam úmidas. Um lampejo de felicidade a atingiu pensando na possibilidade de haver água abaixo, contudo, lembrou-se que a essa velocidade não faria muita diferença: iria matá-los de imediato. A perspectiva não era muito positiva.


Alvo pensava em todas as aventuras que seu pai e seu tio lhe contavam e de como as achava fascinantes. Muitas vezes fingia estar nessas histórias com seu irmão, enquanto destruíam um abajur inimigo ou atravessavam um quadro secreto. Agora conseguia notar que em muitas daquelas aventuras contadas havia perigo de verdade, mas também havia esperança e era a ela que se agarrava desesperadamente.


Peter chorava copiosamente e Jonathan começou uma disputa de cuspe para ver qual subia acima deles primeiro, o que realmente distraiu o lufo e deixou Rose enojada. Mas John, na verdade, só conseguia pensar na irmã e tinha uma estranha sensação de que ela conseguia sentir o mesmo que ele.


Rose foi a primeira a notar algo diferente: uma pequena luz amarela cintilava como uma pequena estrela no céu. Aos poucos, ela foi crescendo e os outros também a observaram, com a respiração cortante. Então, o pavor tomou conta ao notarem que ali era o fim. Gritos, lágrimas, negação, desespero silencioso eram todos um só sentimento nas crianças ao observarem o chão duro de pedra se aproximar rapidamente. Iriam morrer.


De repente, tudo parou. Alvo abriu os olhos e notou que os quatro estavam suspensos a poucos centímetros do chão, com a respiração presa nos próprios pulmões e o grito de socorro enforcado na garganta. Da mesma forma como os parou, a magia os libertou, chocando-os contra o chão de pedra frio. Quatro archotes iluminados a três metros acima iluminavam o ambiente. Os quatro levantaram após alguns muchochos e resmungos de dor da pancada inesperada.


— Estão todos bem? – perguntou Alvo.


— Acho que sim – informou John. — Onde estamos?


— Esperem! Ouviram isso? – alarmou Rose.


— O quê? – questionou o primo.


— Shh! – rebateu, exigindo silêncio com o indicador nos lábios.


Um barulho surgiu do lado oposto de onde estavam, por dentro das paredes, como se um animal se arrastasse por elas. O barulho era grave e gutural, como um mar de almas aprisionadas em sofrimento por algum monstro. Instintivamente, os quatro sacaram suas varinhas, buscaram se posicionar o mais longe possível e assistiram, com horror, uma abertura surgir bem próxima ao chão. O barulho se intensificava e ficava mais agudo. Eles notaram que se tratava de gritos humanos no mesmo instante em que quatro corpos eram lançados através da passagem.


— Vocês?! – surpreendeu-se a grifinória.


— O que vocês estão fazendo... Como...? – indagou confuso Alvo, enquanto via a abertura sumir diante de seus olhos.


— Você está bem, Lizzie? – perguntou Jonathan, ajudando-a. — Isso até que faz sentido, sabe? Tive a sensação de que você também estava caindo.


— Escorregando para o nada, na verdade. E eu estou bem – disse, limpando a roupa.


— Vocês nos seguiram! – acusou Rose.


— Claro que não. Temos mais o que fazer do que seguir vocês – rebateu Khai.


— E como vieram parar aqui, posso saber? – continuou questionando, teimosa.


— Não – respondeu Malfoy, seco. — Não é da sua conta.


— Ok, ok! – meteu-se Alvo, antes que a prima respondesse. — Temos que arrumar um jeito de sair daqui. Sugestões?


— Ei! Deem uma olhada melhor nessa parede. Tem coisas aqui – alertou Tiago, que se afastara da confusão. — Figuras, desenhos e até uma escrita. Parece ser bem antiga.


Todos se aproximaram para ver o que o corvinal apontava.


— Eu sei que símbolos são esses. É serêico! – afirmou Lizzie, categórica.


— Serêico? E como você sabe serêico? Você foi criada por trouxas, não tem como ler serêico porque leva anos. Minha mãe me disse como é difícil – disse Rose.


— Eu sei que é serêico, mas não sei ler senhorita duvido-de-tudo – respondeu a outra, irônica. — Eu li um livro sobre o assunto esse ano. Lembro-me desses símbolos.


— E o que significam? – perguntou Malfoy.


— Não sei – respondeu. — Mas eu trouxe o livro comigo – disse com um sorriso de desafio diante do olhar estupefado da outra garota.


Enquanto Elizabeth procurava nas páginas alguma referência sob o olhar curioso de Tiago e Jonathan, os outros observavam o que as figuras queriam dizer. Havia a escultura de uma cascata submersa, onde sereianos, bruxos, trouxas e seres mágicos apareciam juntos. Uma montanha que parecia formada por um muro de pequenas torres passava pelo centro da parede, desenhada em ondulações aqui e ali. O vento soprava no lado direito, onde duas torres se destacavam, suspensas, com várias janelas triangulares. Não havia símbolo de Hogwarts e, na verdade, nada daquilo parecia dizer alguma coisa. Abaixo das torres suspensas havia um grande buraco, o mesmo que aparecia acima da cascata, como um radiante sol. Perto dele, havia marcas de arranhões deixados por feitiços cortantes, espada ou pior: garras.


No rodapé da escultura, estava a escrita rústica que Elizabeth e os outros discutiam junto a um pergaminho. Divergiram em alguns momentos e então concordaram com a tradução ao pé da letra que fizeram.


— Você só pode estar de brincadeira – disse Khai, ao ler o que estava no pergaminho.


— Isso não ajuda em nada, realmente – concordou Peter.


— “O que realmente importa flui” – repetiu Alvo e ficou pensativo por um tempo. — Fluir como a água que nos puxou? – continuou o raciocínio.


— Vocês também? – questionou o corvinal, surpreso.


Os alunos trocaram olhares desconfiados e Alvo resolveu quebrar o gelo ao contar como haviam sido atraídos pela parede de água e como dois braços os agarraram e puxaram. Já Thiago explicou que, com eles, o chão inundou e abriu sob seus pés, de onde tentáculos os agarraram pelos tornozelos, fazendo-os escorregar por uma profusão de canos sem fim, até caírem ali.


— Estamos perdendo alguma coisa – disse Elizabeth.


— Por que não pedimos para a água aparecer? – perguntou John.


— Simples assim? – ironizou Khai. — E como exatamente você faria isso? – questionou.


O garoto deu de ombros, pensou um momento, sacou sua varinha e disse:


Acqua revelium!


Um barulho de água escorrendo começou a surgir lá de cima, até que as paredes ao redor da que estava com as inscrições fossem tomadas por uma fina camada contínua de água. John tocou nela, pensando que novamente os braços aquáticos os levariam dali, mas nada aconteceu além da sua natural fluidez. Logo ela começou a se acumular no chão de pedra e, em poucos segundos, Malfoy compreendeu o que viria a seguir. Seus olhos buscaram Elizabeth, completamente pálida e sem reação, do lado oposto de onde a água escorria, encarando o líquido sob seus pés com a respiração cortante.


— Seu idiota! Não viu o que fez? – gritou Deymon para o confuso grifinório, até que encarou sua irmã e empalideceu junto.


— Desculpe! Desculpe, desculpe, desculpe! Me desculpa! – pediu, segurando as mãos frias da irmã.


— Cala a boca – disse a garota, em uma voz trêmula e baixa que não condizia com ela.  


— Desculpe, Lizzie. Eu não pensei... Eu não... Eu estou aqui com você.


— Cala a boca, seu idiota! – vociferou, angustiada. — Você também não sabe nadar!


— Calma gente. Vamos tentar ficar calmos, certo? Não é como se essa água fosse jorrar para sempre, não é? Finite incantatem – lançou o feitiço Tiago, mas a velocidade da água apenas aumentou.


— Temos que descobrir porque precisávamos de água aqui – disse Rose. — Está gelada, não acham? Demais até. Deve ser água do lago e pode ter mesmo propriedades mágicas. Então, estamos no caminho certo. Temos apenas que descobrir para onde ela flui.


— Eu tive uma ideia – disse Peter. — Eu vi um filme uma vez em que as pessoas ficavam presas e tentavam descobrir para onde a água escorria. Jogavam papel no chão, dinheiro, qualquer coisa e encontravam a saída.


— Brilhante, Peter! – exaltou Tiago. — Lizzie, pode me dar o resto do pergaminho que trouxe?


A sonserina prontamente fez o que foi pedido e, sob a sugestão de Malfoy, Tiago o rasgou em vários pedaços e espalhou pelo chão, mas nada aconteceu. As crianças trocaram olhares desapontados e a água já alcançava seus joelhos.


— E agora? – perguntou Khai.


— Por que não escorre água daquela parede? – questionou Alvo.    


— Estamos perdendo alguma coisa – disse Rose. — Vamos olhar direito, deve ter alguma pista em algum lugar.


As crianças se puseram a analisar cada desenho, tentar decifrar o indecifrável, encontrar alguma luz no labirinto em que se encontravam. Lizzie, Rose e Tiago abriram o livro mais uma vez para ver se teria uma outra versão possível para a inscrição já submersa, mas tudo o que tentavam não fazia sentido algum. A água batia agora na cintura de todos.


— Por que nós não colocamos essa parede abaixo? – perguntou Lizzie, nervosa. — Um bombarda não resolveria? Diffindo, qualquer coisa?


— Podemos dar um grande tiro no pé, de novo – disse John.


— Está frio – comentou Peter.


— Você tem razão, Peter – respondeu Rose. — Se a gente ficar muito tempo nessa água podemos ter hipotermia e... – o restante se perdeu na garganta da garota, mas todos compreenderam.


— Eu posso ajudar nisso – disse Elizabeth. — Jogou a mochila na frente do corpo e passou a vasculhá-la. Puxou alguns vidrinhos até encontrar o verde que queria. — Poção Wiggenweld. Eu mesma fiz, não roubei – respondeu, diante do olhar desconfiado da grifinória. — Restaura as forças o que, nesse caso, pode deixar a gente quente de novo por algum tempo. Venham, virem as palmas das mãos.


Elizabeth pingou algumas gotas em cada um e eles logo sentiram o calor percorrer internamente e recuperaram o ânimo.


— Brilhante, Elizabeth! – elogiou Alvo, enquanto esfregava as mãos quentinhas.


— Obrigada – respondeu, sem falsa modéstia.


— Galera, olhem isso! – alarmou Tiago. — Quando a gente olha de longe essa coisa toda fica parecendo...


— Um dragão – completou Malfoy, estupefado.


— E aí está o símbolo de Hogwarts que a gente não viu – concluiu Rose. —“Draco dormiens nunquam titillandus”.


Um grande barulho de algo se rachando fez com que todos tapassem os ouvidos e olhassem para cima. Estarrecidos, viram a parte superior, acima dos quatro archotes, fechar-se bruscamente, permitindo apenas a passagem contínua da água.


— Não! – gritaram Elizabeth e Tiago.


— Ai meu Deus! Ai meu Deus! – exclamou Peter.


— Por Merlim, Weasley! O que você fez? – berrou Deymon.


— Eu... Eu... – a garota estava pálida. — Eu não tinha como saber... Não foi minha culpa... Eu...


— Claro que foi sua culpa, garota burra! – revoltou-se Khai.


— Ei! Calma lá. Não pode falar assim com uma menina – defendeu Jonathan.


— Vamos todos tentar ficar numa boa, ok? A situação está feia – disse Alvo. — Ninguém tinha como saber. Qualquer um podia ter dito o lema e...


O garoto perdeu a fala diante do que todos estavam vendo. Uma conhecida luz azul surgiu da parte inferior da parede de pedras, submersa pela água e foi tomando vida, percorrendo as bordas da escultura na parede para revelar um grande dragão de perfil que Thiago havia alertado anteriormente. O que antes era uma montanha que parecia formada por um muro de pequenas torres se revelou um dorso espinhento; o vento que soprava era na verdade chamas; as torres suspensas as enormes orelhas ou chifres pontudos; o grande buraco vazio era o olho; a cascata era sua cauda e o sol radiante era apenas a maça na ponta dela. As patas eram as linhas do rejunte da parede de pedras, invisíveis aos olhos.


— “A luz mostrará o caminho...” – disse Elizabeth e o grupo que estava com ela logo entendeu.


A garota vasculhou sua mochila em busca da pedra tomando cuidado para não baixar a mochila abaixo do nível da água, evitanto assim molhar tudo lá dentro enquanto estivesse aberta. Ela já batia na altura do seu peito e o nervosismo a fez derrubar uma série de coisas que estavam organizadas dentro.


— Deixe-me ajudar – disse Tiago. — Accio pedra.


O objeto saltou vigorosamente da mochila e caiu em suas mãos.


— Vocês também?! – exclamou a grifinória, surpresa.


— Vocês possuem uma igual? – perguntou Malfoy. — Quando molhamos ela fica...


— Com inscrições em azul, da mesma cor – completou Alvo, apontando para a parede.


— Não sei quanto a vocês, mas acho que coincidência tem limite e já passamos dele – informou John.


Accio pedra! – ordenou Rose para dentro de sua bolsa extensível e o objeto também voou direto para sua mão.


Os dois grupos molharam as pedras e elas revelaram as escritas a que se referiram.


— A nossa significa “a luz mostrará o caminho”, mas Lizzie acha que é só a primeira parte. O que diz a de vocês? – perguntou Tiago.


— Não sabemos. Não tinha nenhum livro disponível de serêico na biblioteca – informou Rose, olhando desgostosa para a sonserina.


— Poderia até ajudar, mas não sei se vocês notaram A ÁGUA ESTÁ QUASE NO NOSSO OMBRO! – respondeu a morena, com a voz alterada.


— Carter, relaxa. Eu e Tiago vamos ajudar você a flutuar. Não vai se afogar, tem a minha palavra. Eu não vou deixar – disse Malfoy, aproximando-se ainda mais dela.


— Nem eu. Sabe que gosto da sua companhia ao meu lado – disse o corvinal com seu sorriso mais acolhedor e sedutor.


— Ei! – reclamou Jonathan.


— Fica frio, John. A gente te ajuda – disse Peter, apontando para si e Alvo, enquanto sorria irônico.


— Deixe-me ver a sua pedra, Rose – pediu a sonserina e a outra pulou até ela, diante da dificuldade de caminhar. — A sua é mais fácil. Esses dois símbolos são números: 2 e 1. Eu preciso pegar o livro. Tiago, me levanta.


 O garoto assim fez, mergulhando e colocando a sonserina acima do nível da água, embora a água já batesse no seu ombro.


Accio Submergindo na Cultura Serêica! – ordenou a sonserina e o livro saltou para a sua mão. Fechou a mochila e jogou para Khai. — Deixe-me ver... Hum...


— Eu apreciaria se fosse um pouquinho mais rápida – desse Tiago, com a água chegando ao seu pescoço.


— Shh! Não me pressione. Isso não é um dicionário. Tenho que achar um símbolo que se pareça com aqueles antes e entre os números - respondeu.


— Seria mais rápido se você passasse algumas folhas para a gente olhar – sugeriu Peter.


— Rasgar um livro da biblioteca?? – exclamaram as duas garotas, revoltadas.


— Não precisa rasgar – disse John e sacou sua varinha. — Protean!


O livro duplicou diante do olhar impressionado de sua irmã. Rose agarrou um livro. Jonathan fez mais duas cópias para as mãos livres de Alvo e Deymon. Elizabeth teve que descer dos ombros de Tiago pouco depois, pois o garoto estava no limite, mas antes guardou o livro original em sua mochila. Tensa e com princípio de pânico, não conseguiu mais procurar nada, embora o corvinal e Khai a ajudassem a manter-se flutuando.


— Achei! – disse Malfoy. — Página 47, capítulo 7: Ritos de passagem. Quando um filhote serêico se torna adulto... Quero dizer, tirando o filhote serêico e o adulto, o símbolo é idêntico.


— Você está certo – concordou Alvo.


— Então a frase é “Quando 2 se tornarem 1, a luz mostrará o caminho” – afirmou Rose.


— É “A luz mostrará o caminho, quando 2 se tornarem 1” – corrigiu Lizzie.


— A ordem dos fatores não altera o produto – respondeu Peter.


— O quê? – questionou Malfoy, sem entender o sentido.


— É matemática. Er... Trouxa. Vocês não têm essa regra de multiplicação?


— Isso não vem ao caso, lufo. Se tiver alguma sugestão do que fazemos agora, seria enriquecedor. Não? Foi o que pensei – disse duramente o sonserino.


— Malfoy, ele estava apenas comentando. Não tem necessidade dessa agressividade – disse Rose. — Por acaso você sabe o que fazemos agora? Não. Ninguém sabe. Então tenta não bancar o idiota valentão.


— Do que você me chamou?


— Você me ouviu.


— Merlim! – exclamou Alvo. — Vamos focar no problema?


— Alvo tem razão. Vejam se conseguem unir as pedras de alguma forma – disse Tiago, entregando a que tinha em mãos para Deymon.


— Rose, por favor me dê a pedra e ajude Jonathan, assim não temos mais discussões bestas – pediu o lufo e a prima obedeceu, a contragosto.


Os dois garotos tentaram unir as pedras e até lançaram um feitiço de união por sugestão de Rose, mas nada acontecia. Notaram que as duas tinham em comum alguns pedaços faltando, como se fossem retirados estrategicamente.


— Estamos perdendo alguma coisa – disse Tiago, enquanto mantinha-se em movimento para Elizabeth não se afogar.


Alvo e Malfoy voltaram a observar a parede, tentando encontrar um lugar para encaixar quando o sonserino apoiou o pé, sem querer, no que antes era o olho do dragão. Imediatamente o sonserino prendeu a respiração e mergulhou com a varinha a iluminar o caminho, para examinar melhor. Emergiu logo em seguida.


— Encontrei um buraco! Lembra, Potter? Tinha um no olho...


— E outro na ponta da cauda! – completou e nadou até a outra ponta.


Ao aproximar-se da outra ponta ainda descoberta da água pôde analisar melhor os arranhões que estavam na parede. Na verdade, pareceram muito familiares, como se já tivesse visto aquilo antes. Simplesmente a memória veio como um turbilhão de bolhas:


— Chave! São 2 chaves!


— O quê? – perguntaram os outros, absolutamente perdidos.


— Outro dia, no dia do campeonato de figurinhas clandestinas, lembram? Eu estava mal de insônia e a diretora me mandou para a Ala Hospitalar? No caminho eu... Eu achei que tinha visto uma alucinação: rabiscos apareceram na parede, mas foi muito rápido, como um raio. Lembro que estava tão alucinado por conta do que aconteceu quando achamos a pedra que pensei ser mais uma pista, mas depois deixei para lá. Mas acontece que era! Está claro aqui e forma uma palavra: chave. As pedras são chaves, sempre foram.


— E o que estamos esperando? Vamos abrir logo isso! – afirmou Peter, já cansado de bater as pernas e sustentar Jonathan.


— Não – Tiago respondeu de imediato. — Podemos ter apenas uma chance e a outra parte não está debaixo da água. Tem que estar debaixo d’água.


— Mas se for assim a água vai quase chegar lá em cima – informou Khai.


— Ninguém disse que seria fácil – respondeu Malfoy. — Carter, você vai ter que aguentar firme.


— O que você acha que estou fazendo, Malfoy? – rebateu desgostosa.


— Tentando afogar Richards e Macbeer, certamente – respondeu divertido e todos riram, inclusive ela. — Bom, vou encaixar logo esta pedra daqui para adiantar.


— Não! – gritaram as duas garotas em uníssono.


— Tem que ser ao mesmo tempo – disse Rose.


— Isso, quando 2 se tornarem 1 – completou Lizzie.


— Vocês duas estão concordando em algo? – perguntou Alvo, atônito.


As meninas se encararam por algum tempo.


— Sim – responderam juntas e sorriram da coincidência, embora desconfortáveis.


— Ok. Vocês quem mandam – disse Alvo. — A gente espera.


Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, a água finalmente ultrapassou a marca para o encaixe da pedra, enquanto as crianças estavam a alguns centímetros de alcançar o teto. Malfoy mergulhou com a varinha iluminando o caminho, enquanto Potter esperava seu sinal para encaixar ao mesmo tempo. Quando os garotos alocaram as peças, a luz que iluminava o dragão foi direcionada para a parte funda próximo de onde Malfoy estava. Ele emergiu em seguida:


— É a saída. Vamos ter que mergulhar.


— O quê? – perguntou a sonserina, em pânico.


— Como vamos fazer? Eles não sabem nadar – disse Peter.


— Mas sabem prender a respiração. Podemos levá-los lá para baixo – informou Alvo.


— Eu não vou – negou-se Lizzie.


— Ah é? Vai ficar aqui com o teto se aproximando desse jeito? – questionou Rose. — Faça os cálculos: a sua melhor escolha é deixar eles te levaram.


— Mas e se tiver um túnel... E se não tiver ar... E se eu me soltar...


— Eu vou primeiro – disse John. — Você vai saber quando estiver tudo bem, não é?


A garota concordou, ainda medrosa.


— Certo. Peter, você e eu vamos levá-lo – avisou Alvo, tomando o lugar de Rose.


— Mantenham as varinhas à mão – sugeriu a prima. — Nunca se sabe.


Os lufos concordaram e contaram até três para prender a respiração junto com John. Apesar de receoso, o garoto segurou no ombro dos colegas que o arrastaram para baixo e pela passagem. O que parecia ser um longo túnel na verdade era apenas uma parede d’água e eles engatinharam um a um para fora.


— Temos que voltar e avisá-los – disse Peter e tentou, mas a parede não permitiu o retorno. — E agora? – se perguntou.


— Eles sabem – informou John, tranquilo.


— Como assim eles sabem? – perguntou Alvo, mas foi interrompido pela chegada de Rose.


— Incrível! Exatamente como ela viu. Incrível! – exclamou.


— Do que você está falando? – Alvo estava bem confuso.


— Legilimência, primo. Eles são gêmeos, deve ser mais fácil, não é? – perguntou ao grifinório. — E sem varinhas!


— Não exatamente. Lizzie é melhor do que eu nisso e ela ainda andou estudando, praticando... – respondeu, mas foi interrompido pela chegada de um corvinal arfante com uma sonserina pálida agarrada em seu pescoço.


— Ela quase me afogou – comentou o garoto com Peter, massageando o pescoço.


— Desculpe – pediu Lizzie, com Jonathan a acalentá-la.


— Tudo bem – respondeu Tiago. — Nem doeu tanto assim – e sorriu.


— Nós iríamos adorar aquela sua poção, sabe? – disse Alvo.


— Claro! Um momento – rapidamente encontrou o frasco e distribui nas palmas de todos. — Isso vai resolver, mas temos que secar as roupas – reconheceu Peter.


— Conheço um feitiço de ar quente. Minha mãe me ensinou os movimentos.


Em instantes, todos estavam secos. Além disso, Tiago, Malfoy e Jonathan tinham dominado o feitiço.


— Onde estamos agora? – perguntou Khai.


Lumus! – ordenou Alvo e a ponta de sua varinha se acendeu, revelando uma parede a cinco metros com uma escultura de gato dourada.


— Aquilo é um gato de ouro sorridente ou é impressão minha? – questionou Peter, hipnotizado pelo reflexo dourado.


Malfoy fez menção de caminhar até o objeto.


— Cuidado! – disse a grifinória. — Não toque nele. Pode ter algum feitiço ou armadilha.


— Eu não vou tocar. É óbvio que pode ter um feitiço mortal com essa cara irônica que tem – respondeu e caminhou cuidadosamente, com Potter ao lado, na intenção de procurar algum detalhe que fosse uma pista.


Tiago iluminou o ambiente e notou que não havia local para onde ir. Estavam fechados em um cubículo e todos na expectativa da pista que o sonserino ou lufo fossem achar, mas para o corvinal havia alguma coisa errada. Sentia um ar de ironia, com uma atmosfera de armadilha. Era como se o ambiente estivesse dizendo algo tão óbvio que ninguém conseguisse prestar atenção. O mais óbvio que podia pensar era o gato sorrindo, mas de quê? Subitamente lembrou-se de sua tia trouxa no Natal quando o pegou mexendo nos presentes da árvore com a irmã dizendo que “a curiosidade matou o gato”.


— Parem onde estão! – gritou, mas já era tarde demais.


Em um piscar de olhos o chão sob os pés de Malfoy e Potter desapareceu e os meninos caíram na escuridão, ouvindo os gritos horrorizados dos amigos. Os garotos deslizavam em uma espécie de rampa estreita de pedra irregular. Com a varinha de Alvo a iluminar o caminho, eles logo notaram que adiante havia um tom escuro além do normal, o que não significava boa coisa no fim.


— Tem que haver uma saída. Alguma coisa a que se agarrar – sugeriu Alvo, iluminando todos os lados.


— Ali! – gritou Deymon do seu lado esquerdo, indicando algumas rochas palpáveis que poderiam servir de apoio.


— Só tem desse lado. Temos que nos jogar ali. Vou te empurrar. Vai! – incentivou, ao empurrar a parede da direita com os pés e jogar seu corpo no sonserino.


As primeiras pedras foram difíceis de segurar por conta da velocidade em que deslizava e o sonserino sentiu suas mãos rasgarem pelo contato áspero. Visualizou entre as seguintes uma que dava para enganchar seu braço, bem perto da beirada.


— Potter, vou agarrar aquela. Você tem que se jogar para cá e então eu te seguro.


— Você tem certeza?


— Não, mas não temos escolha – respondeu, sem tirar os olhos da pedra. — Agora!


Alvo deu um impulso na parede oposta e se jogou para o lado do sonserino ao mesmo tempo em que Deymon encaixava o braço em um baque surdo que o fez soltar um gemido de dor. O lufo esticou o braço para alcançar a mão do loiro, se esticou todo, mas não conseguiu segurar e sentiu o seu pé sumir no vazio com todo o seu corpo em seguida. Fechou os olhos e sentiu uma mão suada segurar o seu pulso, seguida de um grito alto de dor intensa. Seus olhos verdes surpresos encontraram os cinzas absolutamente concentrados do outro garoto.


— Obrigado – sussurrou.


— Suba, Potter. Não vou segurar por muito tempo.


Alvo notou que seu tronco ainda estava na beirada do abismo e tratou de jogar as pernas para cima, aliviando o peso para o sonserino. Ainda podiam ouvir os sons desesperados dos outros e o lufo gritou de volta para dizer que estavam bem e esperassem um pouco. Quando se voltou para o colega, observou que ele ainda se mantinha agarrado à pedra.


— O que houve? – perguntou ao sonserino.


— Não consigo mexer o braço. É... Muita dor. – respondeu, fazendo um esforço para não chorar na frente do outro garoto.


— Deve ter deslocado. Vou te empurrar para trás e liberar o braço da pedra, ok? Temos que tentar colocar ele devagar na posição. Se doer me avisa que eu paro.


O sonserino concordou e se concentrou para não chorar. A retirada da mão da pedra parecia uma estocada no peito que o fez ficar sem ar. O lufo parou e deixou Deymon respirar. Depois foi baixando o braço suavemente enquanto o colega trincava os dentes e abafava os gritos de dor que conseguia. Os outros perguntavam o que estava acontecendo e Alvo pedia para esperarem. Depois de alguns minutos o braço de Malfoy estava largado ao lado do corpo, em um ângulo anormal e ele respirava com dificuldade. Potter se virou para encarar o buraco acima ao notar que as lágrimas escorriam sem controle no rosto do garoto e fingiu não ver, para manter a dignidade do sonserino que salvou sua vida.


— Precisa de corda pra descer! – gritou aos outros. — Um de cada vez. Elizabeth primeiro.


— Por quê? – gritou de volta Rose.


— Malfoy está ferido – informou. — Ela pode ajudar.


Todos encararam a sonserina, que ficou extremamente séria.


— Eu trouxe corda, mas não sei se será o bastante – comentou.


— Podemos juntar com a minha. Também trouxe – disse a grifinória.


Ao puxarem as grossas cordas dos respectivos recipientes, Rose sacou sua varinha e lançou o feitiço “cordas reparo”, unindo as duas em uma só. Elizabeth a amarrou em volta da cintura e deu um grande nó de escoteiro, sob a atenta supervisão de seu irmão. Todos seguraram a corda e desceram a garota pelo lado esquerdo, como Alvo orientou posteriormente. Em instantes ela entrou na área iluminada pela varinha do lufo, que a segurou e ajudou a desamarrar.


— Esperem! – gritou o lufo. — É apertado aqui – explicou. — Vamos tentar tirar Malfoy primeiro.


A garota encarou o sonserino com um olhar sério e intenso. Observou o corte em suas mãos de onde escorria o sangue e o ângulo errado do seu ombro, caído para frente. Era uma visão perturbadora, mas ela soube segurar a emoção e visualizar com praticidade o que precisava ser feito. Entregou ao lufo sua mochila e começou a tirar uma série de coisas. Encontrou a essência de ditamno e utilizou para fechar a ferida das mãos do garoto. Em seguida, limpou-as com um lenço umedecido trouxa e entregou um chocolate para ele.


— Coma. Vai manter você relaxado – ordenou. — Potter, me ajude a sentá-lo na rampa.


— Você já fez isso antes? – perguntou o lufo.


— Meu irmão deslocou o ombro umas duas vezes e meu pai me mostrou como se faz. Malfoy, isso vai doer daqui a pouco, mas coma o seu chocolate.


— Muito animador, Elizabeth – respondeu fracamente.


— Bom saber que o deslocamento não afetou seu cérebro. A ironia continua firme e forte – disse e sorriu para o amigo, que retribuiu, ainda com dor.


— Ok. Potter, dobre o braço dele devagar até ficar 90º e depois deixe ele repousar na barriga. Certo. Malfoy, eu vou mexer o seu o braço e o ombro para fora e o Potter vai me ajudar a manter o braço parado. Vou empurrar devagar e tentar encaixar de volta, certo? Isso vai doer.


— Eu aguento – informou o loiro.


A sonserina começou o procedimento e Deymon fazia o possível para segurar a dor, até que não foi mais possível e soltou um grito alto, alarmando o pessoal lá em cima. Infelizmente, não deu certo da primeira vez e a gartoa teve de repetir. Malfoy segurou o quanto pôde até ouvir um estalo e sentir um alívio da dor. Imediatamente todo o seu corpo relaxou e ele abriu um largo sorriso.


— Você conseguiu! – vibrou o lufo.


— Vamos imobilizar agora. Tenho umas coisas aqui que podem servir de tipóia, mas você precisará fazer poucos movimentos e ver Madame Pomfrey o quanto antes. É perigoso deslocar assim e pode ter uma coisa mais grave. E coma esse chocolate! – ordenou mais uma vez ao amigo. — Sério, ele vai ajudar muito.


Em instantes Malfoy estava o mais confortável possível.


— Obrigado. Você vai ser uma medibruxa incrível – disse o loiro, com carinho e reconhecimento.


Em um impulso Lizzie o abraçou com cuidado e o sonserino encarou o colega à frente, tão atônito quanto ele, sem saber como reagir àquilo.


— Só me prometa nunca mais me dar um susto desses.


— Ora, é só o Potter não quase morrer de novo.


— Você quase morreu?? – exaltou-se a garota, devencilhando-se do amigo.


— Malfoy está bem? – gritou Khai, preocupado.


— Ele está bem agora – respondeu Lizzie. — Foi o Potter que quase morreu.


— O quê???? – Rose berrou, assustada.


— Eu estou bem – tentou tranquilizar a prima. — Já podem descer um por um.


— Então, como isso... – a garota apontou para o braço do amigo. — Tem a ver com o fato de Potter quase morrer?


— Depois falamos sobre isso – desconversou Malfoy. — Precisamos achar a saída daqui. Não vai dar todo mundo nessa borda. É perigoso.


Alvo e Lizzie iluminaram com suas varinhas o imenso escuro abaixo.


— Ali tem uma escadaria – apontou o lufo.


Na borda esquerda, uma curta faixa de pedra levava a uma escada escavada rudemente até uma arcada estreita e bem escondida. Alvo fez menção de ir à frente, mas como Rose já estava visível na corda e chamando por ele, Lizzie testou o caminho contrariando os meninos, sob o olhar atento e tenso de Malfoy.


— É seguro – informou.


— Se não fosse o que eu ia poder fazer sem um braço? – resmungou o sonserino. — Garota desmiolada. Potter ia primeiro.


— Depois desse esforço todo para salvar ele, agora você queria mandá-lo para o perigo? – respondeu irônica a amiga.


— Malfoy... Salvou você? – perguntou Rose, absolutamente surpresa.


— Pois é. Se não fosse por ele eu teria caído e você teria um primo a menos. Não que você tenha poucos para sentir falta de mim, não é? – brincou.


Rose o abraçou fortemente e foi a vez de Alvo encarar o sonserino adiante, que deu de ombros e depois se arrependeu diante da dor que sentiu.


— Não seja estúpido! Você é o melhor primo que tenho – disse enxugando uma lágrima e voltou-se para o sonserino, ajoelhando perto dele. — Obrigada por salvar o Al – agradeceu com sinceridade e, antes que raciocinasse, deu um beijo na bochecha do garoto.


Alvo, Deymon e Elizabeth arregalaram os olhos e a boca diante de tamanho ato inesperado, a julgar pelo que tinha acontecido na prova em equipe. Diante do rosto corado do sonserino, Rose se arrependeu do que fez e se afastou desconcertada.


— Desculpe, eu não...


— Chegandoooo! – foram interrompidos por um Peter animado com o rapel.


— Peguei você – segurou Alvo e o ajudou a se desamarrar. — Alguém vai ter que ficar por último.


— Sim, o Tiago já pensou nisso. Jonathan é o mais forte de nós, segundo ele mesmo – sorriu. — Ele vai descer todo mundo e depois escorregar amarrado enquanto puxamos a corda para segurá-lo. Disse que ajuda o pai na fazenda e está acostumado a carregar peso e sua irmã podia confirmar isso.


— Eu posso, mas sou obrigada a dizer que não concordo.


— Onde ela está? – perguntou Peter olhando ao redor e notando o sonserino. — Oh, cara! Isso ainda dói?


— Já doeu mais – respondeu Deymon. — Precisamos esvaziar essa beirada e deixar só quem pode ser útil. Vou encontrar a Carter.


— Cuidado – disse a sonserina, surgindo na passagem para que todos a vissem.


— Eu sei! – resmungou.


— Você vai depois, Rose. Nós vamos segurar o Jonathan – Alvo orientou.


Poucos minutos depois, John escorregava pela rampa de pedra enquanto os outros recolhiam a corda rapidamente para segurá-lo. Ele chegou a cair no abismo um pouco, fazendo sua irmã esquecer-se de respirar, mas logo os outros o içaram de volta.


— Isso foi divertido! – comentou.


— Vamos, temos que atravessar o caminho. Coloquem a corda aqui na bolsa de Rose – Alvo orientou novamente e depois liderou a travessia.


Todos, com exceção de Malfoy, cruzaram o corredor estreito com a luz na ponta da varinha até sentirem o ar expandir ao redor e o arco ficar para trás.


— Precisamos de mais luz. Lumus máxima! – disse Jonathan e uma bola de luz se desprendeu de sua varinha iluminando o caminho adiante.


— Onde você aprendeu esse feitiço? – Lizzie perguntou, mas a resposta se perdeu diante do que viram.


Todos ficaram surpresos ao se deparar com um enorme hall escuro, com grandes colunas em arco onde não dava para enxergar as paredes ao fundo. Na verdade, parecia não haver paredes ao redor. Tiago, Rose e Deymon lançaram com sucesso o feitiço após algumas tentativas enquanto Alvo e Peter mantinham a varinha acesa com o simples lumus. O que viram os aterrorizou ainda mais: estavam em um grande salão, infinito, que parecia tomar toda a parte de baixo de Hogwarts. O teto era tão alto que 10 Hagrids poderiam ficar de pé no ombro do outro sem dificuldade. Dentro daquele grande salão eles se sentiram minúsculos como uma formiga encarando o castelo de Hogwarts pela primeira vez. Era monstruoso e não parecia haver uma saída.


— E agora? – perguntou Tiago.


— Meu professor de matemática sempre diz que o menor caminho entre dois pontos é uma reta. Que tal tentar seguir em frente? – sugeriu Peter.


— Que besteira – respondeu Khai. — O menor caminho entre dois pontos é uma aparatação. É óbvio.


— Mas nós não sabemos aparatar. Vamos seguir a sugestão do Peter, ficando atento ao que aparece no caminho. Alguma coisa está muito errada aqui – comentou Alvo.


— Eu também acho. Está muito quieto – afirmou Malfoy.


— Então vamos em frente. Todo mundo com a varinha em mãos. Nunca se sabe o que pode surgir – disse Rose em um tom baixo e eles começaram a caminhar.


O silêncio era ensurdecedor. Podiam ouvir com clareza o contato dos tênis com o chão de pedra, a respiração acelerada e coração palpitante. Ao menor ruído todos se viravam com varinhas em punho, prontos para atacar, mas não havia nada os ameaçando. Contudo, as crianças tinham a estranha sensação de que, em algum lugar naquele escuro, algo os observava pronto para dar o bote. Um lugar grande como aquele só podia abrigar uma coisa: um dragão. Pelo menos era o que Rose pensava apavorada e, por isso, caminhava grudada ao primo.


— Vejam! Uma porta! – animou-se John.


Mais adiante uma grande porta de prata com uma enorme árvore esculpida surgia como uma tábua de salvação. Alguns metros e eles poderiam deixar para trás essa sensação de arrepio na nuca que o ambiente alastrava. De repente, um barulho realmente alto os fez gelar a espinha e, pálidos, direcionar as varinhas para lugares diversos. Outro baque e todos de encolheram, formando um círculo, incertos de onde estava vindo.


— O que é isso? – sussurrou Tiago.


As pancadas no chão de pedra foram se intensificando, contudo o eco do lugar não os ajudava a identificar de onde vinha. A constatação ocorreu a todos praticamente ao mesmo tempo: a fonte do barulho estava estabelecendo um padrão, ritmado e mais intenso. Num piscar de olhos as crianças entenderam que aquilo estava correndo até eles.


— Corram! – gritou Rose.


— Para a porta! – berrou Deymon, quase ao mesmo tempo.


Correram em debandada, lançando breves olhares para trás, sem conseguir enxergar nada, mas ouvindo as pancadas no chão, cada vez mais próximas. A porta parecia ficar mais longe à medida que se aproximavam e aquilo criava um desespero ainda maior. Cada metro vencido se mostrava dois metros distantes da porta.


— Parem! – gritou Tiago. — É inútil.


— Como assim?? – perguntou Khai, reduzindo a velocidade. — Você ficou louco? Essa coisa vai pegar a gente.


— Exato – concordou Tiago. — Esse deve ser o ponto, certo? Não vamos alcançar aquela porta. Ela se afasta com magia cada vez que corremos até ela.


— Ele está certo – concordou Alvo, recuperando o fôlego segurando as pernas. — Então, devemos enfrentar o que está vindo.


— Mas... Somos só alunos do primeiro ano! – contestou Peter. — E se essa coisa for um dragão de verdade? A gente vai ser comido!


— Cozido e comido, na verdade – corrigiu Jonathan.


Rose sentiu as pernas fraquejarem e o salão girar a sua volta. Apoiou-se no primo, encostando sua cabeça nas costas dele e tentando respirar para se acalmar. Tinha a mais absoluta certeza de que iria morrer. Alvo de imediato entendeu o que ocorria e abraçou a prima, sob um olhar de surpresa dos outros.


— Pode não ser um dragão – disse o lufo firmemente, enquanto Rose se enterrava em seus braços.


— Pelo barulho que está fazendo? – questionou Khai e Alvo lançou um olhar duro para o sonserino.


— Seja o que for, já está próximo. Se tem que ser assim, vamos acabar logo com isso – decidiu Lizzie. — Jonathan, ilumine.


O grifinório prontamente lançou o feitiço lumus máxima, mas o que viram estava além do imaginável. Uma figura gigantesca saltava em direção a eles, com um sorriso enigmático em seu rosto. Jonathan piscou e esfregou os olhos, não acreditando no que via e a maioria estava boquiaberta demais para ter qualquer tipo de reação. O estrondo que ouviam era o pisar de pesadas patas e garras de leão no chão de pedra. Revelada, a criatura agora caminhava para desfilar toda a sua desenvoltura ao pequeno grupo de visitantes e soprava nas colunas para acender as tochas de fogo azul que passaram a iluminar todo o ambiente. Sua cauda, que somente agora Jonh percebia ser uma serpente, sibilava algo assustadoramente fatal e, embora ninguém notasse, Khai tinha o horror estampado em seu rosto. Majestosa, a criatura esticou suas asas de águia e lançou breves rajadas de vento o suficiente para erguê-la sutilmente do chão, ao tempo em que desequilibrava as crianças. Seu peito leonino inflou como se fosse rugir, mas sua expressão feminina, com traços retos, cabelos lisos e olhos negros transparecia um prazer insaciável em vê-los ali, tão pequeninos, frágeis e assustados. Gargalhou maldosamente e voltou a encará-los com soberba.


— Você é uma esfinge grega – afirmou Tiago, baixinho.


— Eu sou A Esfinge, escolhido de Corvinal. Achei mesmo que não saberia quem sou – respondeu, deliciada. — Afinal, vocês cheiram a cria de leite – disse, com seu sorriso voraz.


— Como ela sabe que ele é da Corvinal? – sussurrou baixinho Peter para o colega lufo.


— É inerente que eu saiba e vocês decifrem, escolhido de Lufa-Lufa – respondeu, encarando o garoto de pele negra e sentando-se ereta, apoiando em suas patas traseiras. — Já faz algum tempo que não tenho uma refeição tão balanceada.


— Re-refeição? – Khai deixou escapar, nervoso, sem tirar os olhos do rabo de cobra, que o encarava com muita curiosidade.


— Refeição, escolhido de Sonserina – confirmou, analisando o grupo.


— Merlim! “Decifra-me ou devoro-te”! – concluiu Rose, assustada. — Você não pode estar falando sério...


A esfinge lambeu os lábios e ergueu as sombrancelhas, ansiosa por finalmente ter um alimento em seu estômago depois de tanto tempo que sequer conseguia recordar.


— Do que você está falando? – perguntou Malfoy.


— Uma história trouxa, da antiguidade. Uma lenda de Tebas. Envolvia... Quem mesmo? Ah! Édipo, eu acho. Minha mãe tem um livro – respondeu a grifinória, dando de ombros.


A criatura rugiu, desgostosa por ouvir esse nome.


— Édipo, aquele traidor. Como foi traidora a aquela que me capturou – disse, venenosa.


— Mate-os antes que eles nos traiam – sibilou a cobra e Khai perdeu o sangue da face, mas a Esfinge parecia não compreender a linguagem da serpente e a ignorou.


— Agora, escolhidos, eu tenho o poder de liberar a passagem de vocês. Basta que decifrem um enigma que criei. Se acertarem, poderão seguir adiante. Caso se enganem... – fez uma pausa e gargalhou maldosa. — Devoro vocês!


— Sim... Um por um... Eu mordiscarei vocês, envenenarei vocês... Mas você não, escolhido da Sonserina. Você será meu... Você será a minha voz... – sibilou em língua de cobra, enquanto Khai saía de sua vista e se encolhia, no fundo do grupo.


— E nós temos escolha? – sussurrou Alvo para a prima, mas foi interrompido pela Esfinge.


— Não – respondeu. — Eu os devorarei igualmente deliciada.


— Então pode mandar – disse Peter esfregando as mãos e a Esfinge o encarou, em dúvida.


— Ele quis dizer que a senhora pode nos falar o enigma que tentaremos resolvê-lo – explicou a sonserina.


— Senhora... Gosto quando me dão o respeito devido – e sorriu. — Talvez eu a devore por último. Estão preparados?


Rose sacou pergaminho e pena da bolsa e Elizabeth fez o mesmo.


— Quando tem 4 pés, lá estou eu: dentro e ao seu redor. Quando tem 2 pés, vive a me questionar e me divirto a saciar e multiplicar suas dúvidas. Quando tem 3 pés, finalmente compreende que sou infinita. Não pertenço a ninguém e pertenço a todos. Quem sou eu?


— Bosta de dragão – sussurrou inaudível a grifinória que esperava o mesmo enigma de Tebas: “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?”. Mas, de certa forma, talvez fosse.


— Não pode nos dar uma dica? – pediu John, de coração aberto. — Somos apenas crianças!


— Eu não faço diferenciações.


— Por favor! – suplicou Lizzie com seus olhos verdes claros cintilantes.


— Ora... – exclamou, desconcertada pelos gêmeos. — Uma palavra. Só isso posso dizer.


— Pode nos dá um tempo para conversarmos sobre o enigma? – perguntou Alvo.


— Vocês têm alguns minutos ou até quando a minha paciência suportar – respondeu e se afastou alguns metros, encarando-os de longe sob um olhar faminto.


Rapidamente os oito formaram um círculo para debater as opções. Rose explicou como era o enigma de Tebas e ela acreditava que um estava vinculado ao outro. Ou seja, se eles não soubessem que a resposta do anterior era o homem, certamente estariam em situação ainda pior. Contudo, parte do enigma decifrado não significaria a salvação de todos. Debateram exaustivamente cada linha do pergaminho e, embora tivessem várias ideias, nenhuma agradava a todos ou à maioria. Passaram do absurdo à complexidade, mas eram poucas as palavras que pareciam encaixar. Longos minutos se passaram e a Esfinge se levantou, aproximando-se, visivelmente sem paciência para permiti-los debater um pouco mais.


— Precisamos de tempo – disse Tiago.


— Certo – concordou Alvo e caminhou até a criatura. — Senhora, eu estou um pouco curioso. Se a senhora é “A” Esfinge da lenda é de milênios atrás, como pode ter parado em Hogwarts?


A criatura soltou um rosnado de indignação e caminhou de um lado a outro, tamanha era a sua inquietação. Se pudesse rugir como um leão, certamente o teria feito.


— Ela me prendeu aqui – afirmou. — Me aprisionou por todo esse tempo. Fui traída! – gritou, visivelmente zangada.


— Desculpe, mas quem é ela? – questionou Khai, tentando ganhar tempo.


— Ela. Bela e inteligente; ávida e sutil; piedosa e mordaz. A senhora Corvinal e sua coroa infame! – desabafou desgostosa, cuspindo as palavras que guardou com tanta amargura.


— E como sobreviveu sem comida? – quis saber Peter esticando a conversa, mas logo se arrependeu ao notar o olhar faminto da esfinge.


— Hibernei por mil anos. Um esforço além dos limites de meras criaturas mágicas. Contudo, agora que acordei, necessito saciar o meu desejo – respondeu, encarando o grupo. — Já chega de discussões e conversas! A resposta. Agora – determinou.


— Nos permite uma última conversa com todos antes de sermos devorados, senhora? – pediu Elizabeth, submissa.


A pergunta graciosa mexeu com o orgulho da Esfinge que permiriu com um breve acenar de pata. Enquanto as ciranças confabulavam, a criatura afiava as garras com uma pedra qualquer, o que desconcentrava o grupo a todo instante.


— E então? – perguntou Alvo. — O que vamos responder?


— São duas charadas em uma – disse Tiago. — Ela nos deu duas dicas.


— Duas? – questionou Khai. — Quando ela disse a outra?


— Agora a pouco – respondeu o loiro. — Ela disse que a Sra Corvinal a aprisionou. Não sei quanto a vocês, mas se eu ficasse preso por mil anos a única coisa em que pensaria seria nela. Como criar um enigma sem colocar um pouco de Ravena?


— Faz sentido – concordou Malfoy.


— Então quando é um bebê está dentro e fora dele, quando é um homem questiona e só piora as coisas e quando é um velho é infinito. Pertence a todos e a ninguém – resumiu Peter, do seu jeito. — Não faço ideia – disse cabisbaixo.


— Eu ainda acho que nossa melhor resposta é magia, mas Tiago discorda – retrucou Rose.


— Magia seria uma resposta muito simples para Ravena Corvinal. Ela iria tentar nos confundir e forçar nossas mentes até a resposta certa.


— Mas Tiago, se a gente não soubesse a resposta do enigma trouxa ia ser mil vezes mais difícil – contestou Jonathan.


— Ainda assim. Eu sinto que estamos deixando passar algo – insistiu.


— Nós não temos tempo. Se não respondermos, ela vai nos devorar de qualquer jeito – informou Malfoy.


— Sim, mas...


— E então? – questionou a Esfinge, impaciente. — O tempo de vocês acabou.


— A maioria de acordo? – perguntou Alvo e os colegas acenaram em concordância. — Então vamos. Senhora – anunciou, dirigindo-se à esfinge. — Já temos uma resposta.


— Sinto muito, Tiago – disse a sonserina ao passar pelo amigo.


— Certo... – repondeu ainda pensativo e com as mãos nos bolsos.


— Varinhas em punho, pessoal – sussurrou Malfoy. — Em todo caso...


— Eu acho que Rose está certa – Jonathan puxou o assunto com o corvinal enquanto caminhavam até a criatura. — Magia é a resposta.


— Eu não sei. Me parece que falta algo – respondeu o loiro.


— Tipo o quê?


— Algo. Não é simplesmente magia, entende? É algo ainda mais antigo. O que vem antes da magia?


— Não sei – respondeu o grifinório com honestidade.


— É. Nem eu – concordou Tiago e, de repente, tudo fez sentido.


— Quando tem 4 pés, lá estou eu: dentro e ao seu redor. Quando tem 2 pés, vive a me questionar e me divirto a saciar e multiplicar suas dúvidas. Quando tem 3 pés, finalmente compreende que sou infinita. Não pertenço a ninguém e pertenço a todos. Quem sou eu?


— A resposta é...


— Espere! – gritou Tiago, cortando Rose e correndo para tomar a frente de todos. — Eu sei a resposta!


— Tiago, já concordamos... – começou Rose.


— Eu sei! – interrompeu a garota mais uma vez. — Confie em mim. 100% de certeza.


O grupo trocou olhares incertos. Magia parecia ser a resposta certa, mas a insistência do corvinal anteriormente havia deixado todos incertos. Eles estavam com medo, pois diante de qualquer resposta havia uma grande probabilidade de dar tudo terrivelmente errado. Alvo respirou fundo e tocou no ombro de Tiago, pois alguém precisava definir aquele impasse.


— Vá em frente – disse. — Essa é uma tarefa de corvinal. Se tem 100% de certeza, deve estar certo, não acham?


— Nós devemos discutir as possibilidades – sugeriu Malfoy.


— A resposta! Agora! – exigiu a Esfinge. — Antes que eu ignore essa regra e devore todos por impaciência.


— A resposta é sabedoria. Porque quando se é um bebê, a natureza já dá o saber necessário para a sobrevivência e ele pode ser desenvolvido com tudo ao seu redor. Quando se é adulto, começa a questionar as coisas e, por mais respostas que encontre, há sempre muito mais para saber. E quando já se é velho dá para entender que não adianta saber tudo, porque a cada dia as coisas mudam, as perguntas mudam e as respostas mudam. Todos podem ter um pouco de sabedoria, mas ninguém pode ter as respostas para tudo.


A Esfinge avançou sobre as crianças que lançaram feitiços aleatórios em meio à gritaria. Com sua pata e sua cauda de cobra, ela atingiu vários deles, lançando-os para longe até encurralar Tiago em uma coluna, desarmado. A criatura aproximou seu rosto ao do corvinal, próximo o suficiente para ele enxergar o fundo de sua garganta enquanto ela exibia seu rosnado feroz.


— Tiago! Não! – gritou Lizzie.


— Ajudem! – berrou Alvo e quem podia estava lançando feitiços mesmo que fora de alcance.


— Corvinal... – sussurrou a Esfinge com completo desprezo e Tiago fechou os olhos para não ver a própria morte. — Você... Decifrou... O enigma – disse, a contragosto.


— O quê? – questionou o garoto, sem entender.


— A resposta está correta – informou, afastando-se do loiro e sentando-se ereta sobre as patas traseiras.


— O quê? – perguntou Alvo.


— Como? – duvidou Khai.


— Mas então por que...? – procurou entender Rose.


As crianças estavam confusas com toda a correria, sem necessidade. Peter tinha o braço inchado e possivelmente torcido por ter caído por cima dele; Alvo tinha um corte feio no queixo, enquanto Khai estava sangrando no joelho, sob a calça; Malfoy estava se contorcendo em dor com o ombro magoado; Rose tinha uma linha de sangue escorrendo na bochecha e John estava com dor no estômago e nas costas por ter aparado a queda da irmã, que tinha apenas uma vermelhidão no punho. Todos estavam bastante sujos diante de tando rolamento no chão de pedra e poeira.


— Então deciframos... E agora? – perguntou Khai, louco para se ver livre daquela cobra.


— Podem seguir pela porta – informou a Esfinge, apontando para a porta prateada.


— E onde vai dar? – questionou John.


— Em frente – respondeu a criatura, com desafio no olhar.


— Precisamos nos recuperar. Não sabemos o que nos aguarda adiante – sugeriu Rose.


— Eu posso ajudar – afirmou Lizzie e retirou da mochila um kit de poções. Em instantes, as feridas fecharam e os ânimos foram renovados. Contudo, não havia muito o que fazer com Peter além de aliviar a dor e imobilizar o braço, à semelhança de Malfoy.


— O que acontece a você? – perguntou Tiago à Esfinge, enquanto os outros estudavam a porta sem maçaneta.


— Devo ficar e aguardar um novo desafiante.


— Por quê? – continuou o corvinal.


— Porque esta é minha sina e o papel que devo cumprir.


— Por que você não vem conosco? Você pode escolher ser livre – retrucou o loiro.


— Livre? – questionou-se a criatura.


— O mundo mudou, sabe? O Ministério da Magia pode dar um jeito de te esconder dos trouxas, digo, humanos comuns, se você prometer... Hum... Retirá-los do cardápio – e sorriu. — Não há mais ninguém para lhe manter presa aqui além de você mesma.


A Esfinge encarou os olhos azuis do loiro com interesse.


— Tiago, nós temos que ir – informou Elizabeth, enquanto a pesada porta de prata se abria após um sincero pedido de “por favor”.


— Pense nisso – disse o garoto para a criatura, fez uma mesura e seguiu a sonserina através da passagem, deixando a Esfinge a refletir.


 

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Comentários (4)

  • Sheila Costa

    Robert, não se preocupe! Eu não desisto da fic. Ela chegará ao final, dou a minha palavra.O próximo capítulo está 40% pronto já. Vai chegar quando menos esperar.Obrigada pelo comentário! 

    2014-01-20
  • Robert Potter

    não desista da fic.... posta mais

    2014-01-19
  • Sheila Costa

    Mimi Potter,Bom te ver por aqui!Eu não podia deixar 2013 passar em branco. O capítulo estava pronto há um tempo e queria lançá-lo como presente de Natal, mas estava tentando reduzí-lo para caber as quatro quedas em apenas 1. Foi então que percebi ser impossível. Tiraria tantos detalhes e ainda assim ficaria enorme.Fico muito feliz por ter achado esse capítulo fantástico! Acho que teve uma boa pitada em termos de ação, aventura e perigo.O próximo sai em 2014, com certeza!! =D *autora fazendo gracinhas*Feliz Ano Novo!! 

    2013-12-30
  • Mimi Potter

      E de repente encontro uma maravilhosa surpresa na madrugada. capítulo fantástico!  Espero q o próximo venho logo. abraços

    2013-12-28
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