O Príncipe Bastardo



CAPÍTULO TRINTA E CINCO – O Príncipe Bastardo







Desde o dia em que Dumbledore o havia atacado em plenos corredores da escola e após isso, encaminhá-lo para seu escritório, Harry havia mudado. Não haviam ocorrido mudanças físicas, mas comportamentais com certeza. Harry agora sabia de algo que o deixava à frente d’Aquele-Que-Não-Dever-Ser-Nomeado. E não era algo previsível. Imaginável ou como desejaria Hermione, pesquisável. Embora na noite da descoberta ele tenha ido falar com o diretor, esse apenas pediu que deixasse as reuniões finais da AD para que pudesse praticar sozinho, uma magia mais avançada.



– Seria interessante Harry, – continuava o diretor muito feliz com as novas – que eu lhe preparasse. Existem feitiços que apenas eu poderia lhe ensinar. – Harry ficou exasperado. Iria aprender com Alvo Dumbledore – Me encontre na próxima quarta-feira, na sua sala da AD. Traga sua varinha. – Harry ainda permaneceu com o diretor por alguns segundos no escritório e quando o mesmo já estava de partida, ele o atentou. – Até que tenhamos controle sobre tudo. Guarde seu segredo.



A semana que precedeu o encontro com Dumbledore passou veloz e os últimos exames foram executados com perícia máxima, e Harry não se assustaria se recebesse uma nota alta em todos eles. Mesmo em poções, Harry foi capaz de descrever os seis mais importantes Usos do Sangue de Dragão, que definitivamente não incluía a prática de limpar fornos, como Rony insistia em dizer após saírem das masmorras suados devido ao calor primaveril e ao bafo provocado pelas chamas que inflamavam os caldeirões cheios de poções cozinhando.



– Minha mãe sempre disse que o sangue de dragão é ótimo para isso e não viveria sem! – exclamou Rony indignado.



– Mas, Rony nem tudo é assim... Doméstico! – disse Hermione ficando irritada, o assunto se arrastava por longos minutos visto que já haviam chagado até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas para poderem final executar o exame de fim de ano. Esse foi realizado de forma pacífica e divertido. Ainda que os seis treinadores com quem deviam batalhar agora tivessem movimentos e girassem em círculos, Harry invocou uma azaração da ventania e consegui repelir alguns feitiços menos resistentes. Com alguma dificuldade ele explodiu dois treinadores, e com um escudo de prata ele defendeu-se até o outro lado da sala de aula.



O restante da semana e dos exames foi realmente conturbado, o exaustivo calendário de provas e exames fez com que o ponteiro do relógio corresse mais que sua Firebolt. Ainda havia Herbologia e História da Magia naquela última quarta feira, mas o que mais preocupava Harry era o encontro com o diretor na sala precisa. Ele não imaginava o que se passava na cabeça do diretor e muito menos o que poderia acontecer. Ele sentia através de sua cicatriz, sua ponte com Voldemort, que o Lorde estava preparando coisas grandes e, cada dia que passava no calendário fazia com que a felicidade de Você-Sabe-Quem aumentasse.



Assim, quando terminou de responder a última pergunta sobre Suprema Corte dos Bruxos, e caracterizar as definições de Seres pelo Conselho dos Bruxos, Harry enrolou o pergaminho de sua prova, entregou ao professor fantasma. Viu Hermione e Rony de relance, piscou e saiu da sala correndo. Explicaria tudo mais tarde.



Enquanto Harry subia as escadas até o sétimo andar do castelo, o menino-que-sobrevivieu sentia uma força circular em suas veias, era possível tocar a áurea de poder que se criava a sua volta. Nada parecia se opor a ele e sem que visse já havia chegado à Tapeçaria de Barnabás, o Amalucado. Dumbledore o esperava sentado sobre uma cadeira de chintz, que apenas ele conjurava, ao ver o garoto ele sorriu.



– A última vez que entrei nesta sala as coisas estavam bem mais fáceis. – Dumbledore abaixou a cabeça com sensatez – Hoje fico triste por saber o motivo que aqui me traz. Ma é necessário.



– É por aqui. – disse Harry ainda ofegante. O garoto caminhou até uma área onde não havia janelas, portas ou fendas. Apenas os pesados blocos de calcário que havia erguido o castelo. Quando desejou encontrar uma sala para a prática de magia avançada uma porta surgiu no meio da parede. Não era a costumeira porta de Carvalho com dobradiças de ferro.



Era uma porta comum de madeira. Havia apenas uma maçaneta de ouro que reluzia muito. Harry abriu a porta e entrou num aposento totalmente novo. Algo inimaginável, mas exatamente tudo que precisavam. Nas paredes havia os costumeiros livros de Defesa Contra as Artes das Trevas e ao fundo os Espelhos de Inimigos e os Lembróis e os Detectores de mentiras, dividiam espaço com instrumentos delicados de prata. Dumbledore ficou surpreso ao ver tudo aquilo ali. Harry também. Aqueles pequenos objetos de pratas eram posse de Dumbledore, Harry já os havia visto sobre sua mesa do escritório.



As paredes da nova sala eram brancas, e o chão também seguia a mesma tonalidade brilhosa. Ao centro, havia um círculo vermelho, uma demarcação no chão que delimitava uma grande área suficiente para duas pessoas duelarem. Na parede oposta aos livros, havia diversas estátuas de pedra, eram de bruxos com certeza, afinal todos eles usavam longas capas e traziam nas mãos compridas varetas de madeira; varinhas mágicas. Harry suspeitou que as estátuas fossem treinadores, iguais aos usados por Tonks em suas aulas. Ao lado dos seres esculpidos, havia um pequeno armarinho cheio de frascos. Um deles Harry reconheceu ser um vidro de Esquelecresce, um remédio muito amargo para que os ossos crescessem novamente. Em cada córnea, archotes iluminavam o aposento com chamas branco-peroladas.



– Excelente! – disse Dumbledore – Nunca imaginei que essa sala fosse tão útil.



– É, Dobby me aconselhou o seu uso. – comentou Harry. – Ele já a conhecia.



– Bem, vamos começar o que viemos fazer, eu tenho de lhe mostra como usar feitiços mais fortes. Voldemort não vai ser derrotado com apenas estuporamentos e azarações. – Harry concordou com a cabeça. – Você tem de aprender como se proteger e enfrentá-lo. Sua força fará com que feitiços complexos que exigem meses de prática sejam aprendidos com facilidade por você. – Dumbledore sacou uma longa varinha de dentro das vestes carmins. Dumbledore caminhou até o interior do circulo vermelho.



– Vamos começar? – Dumbledore ergueu a varinha. Harry hesitou. Ergueu a varinha. – Lembre-se: dizer a fórmula do feitiço em voz alta apenas ira precaver o inimigo de sua real intenção. Poucos feitiços necessitam da pronúncia. Diga-as mentalmente.



Sem que esperassem uma redoma de luz vermelha, como fogo ergueu-se do circulo marcado no chão. Uma sineta flutuava entre Dumbledore e Harry. Com um silvo frio e grave Dumbledore brandiu a varinha como uma espada. Harry sentiu seu corpo ser jogado contra a redoma que o amorteceu e fez com que escorregasse até o chão, sem ferimentos.



– Isso se chama Feitiço de Repulsão. Você já o aprendeu em seu quarto ano. Lembra-se da fórmula? Depulso? Apenas use-o com um pouco mais de força, se é que me entende.



A sineta abaixou mais uma vez e seu silvo grave foi escutado. Dumbledore começou a movimentar o braço. Harry foi mais rápido.



Ergueu a varinha.



DEPULSO! – uma massa de ar foi evocada da ponta da varinha de Harry e colidiu com uma outra onda de ar vinda de Dumbledore. Um estrondo foi ouvido. Grave e surdo, mas que fez com que Harry se sentisse muito satisfeito. Não estava sendo tão difícil. Após praticarem o Feitiço de Repulso dezenas de vezes e por fim Dumbledore ser derrubado por Harry, o velho bruxo ficou satisfeito e disse contente.



– Bem, agora você conseguiu, mas isso não acontecerá de novo. – Dumbledore sorriu com um carinho imenso. Um carinho de um pai realmente. – Agora, vamos praticar uma Maldição realmente. Esta. – Dumbledore ergueu a varinha e um dos bruxos de pedra ganhou vida, desceu do pedestal que estava e ficou postado de frente para Dumbledore. O velho diretor abriu os braços com a varinha na mão descreveu um círculo com a mesma e um raio prateado atingiu o treinador jogando estilhaços de pedras por todos os lados. Dumbledore remontou o treinador (Reparo! ) e virou-se para Harry.



Dumbledore ergueu a varinha.



ECLAIRE! – o mesmo raio flamejante e prateado que havia sentenciado a força descoberta em Harry, voltava a ser usado por Dumbledore. Desta vez ele atingiu Harry, e o garoto sentiu-se tremendo, como se um raio acabasse de o atingir. Uma descarga elétrica o atingia e Harry já estava se arrependendo do que havia começado a fazer. Quando tocou a redoma de luz tudo cessou, e Harry não sentiu nada senão o baque do escorrega.



Alvo Dumbledore e Harry Potter ficaram juntos na Sala Precisa, por menos pelo cinco horas, foram muitos feitiços aprendidos aquela noite. Algo que nenhum dos dois suspeitava ocorria fora dos muros do castelo. Movimentos do lado sombrio eram executados e muita coisa estava sendo perdida. Mas ainda naquela noite, o menino que sobreviveu adquiriu poderes que Lorde Voldemort havia demorado uma eternidade para aprender. Pois afinal não era uma força qualquer, não era apenas o amor, mas a força do príncipe Rathan, o destino dos Slytherin além dos próprios poderes de Tom Riddle. Todos, livres da acusação e sentença de maldição.



– Harry, você foi simplesmente excelente. – Disse Dumbledore. Cada ruga em seu rosto parecia sorrir de admiração. Mas o profundo de seus olhos estava triste. Como se algo estivesse chagando ao fim, assim como ele. – Mas ainda falta uma coisa que aprendi, mas nunca utilizei, pois nunca vi necessária a ocasião. Mas você Harry, você deve aprender a maldição da morte.



Por alguns segundos Harry não conseguiu pensar. Ele iria aprender a executar o feitiço que havia destruído seus pais? Não, ainda não era a hora. Pensou sozinho.



– Você já conhece a fórmula não? – disse Dumbledore. Ele brandiu a varinha e uma enorme serpente negra saiu da ponta de sua varinha. Ela era grossa, suas escamas desenhavam formas assombrosas em seu couro viscoso e nojento. – Avada Kedavra! – um flash de luz verde esmeralda invadiu a sala branca e o réptil rastejante ficou estático no chão. O movimento rastejante havia parado e a cobra estava agora definitivamente morta.



– Tente. – aconselhou Dumbledore. – Evanesco! – a cobra desapareceu e Dumbledore logo conjurou outra serpente exatamente igual.



Avada Kedavra! – um ponto verde esmeralda iluminou a ponta da varinha de Harry, mas nada ocorreu e antes que fosse atacado ele brandiu a varinha. – Truncat! – a serpente foi cortada ao meio pela Azaração do Corte.



– Mais uma vez.



Foram necessárias várias vezes para que finalmente a cobra não acabasse sendo cortada, desarmada, estuporada, congelada, eletrificada ou afastada. Após mais uma hora de treino com Dumbledore ao seu lado cobrando serviço, Harry sentiu-se confiante.



Harry viu a cobra inclinar-se de forma a se preparar para dar o bote. Harry notou que a serpente tinha olhos vermelhos de pupilas verticais (assim como os de Voldemort) e antes que mostrasse seus finos dentes venenosos, Harry exclamou.



Avada Kedavra! – Harry viu um flash de luz verde sair da ponta de sua varinha. Harry arregalou os olhos. A cobra apenas caiu estática. Harry havia matado uma cobra. O grande problema seria usar a maldição contra Voldemort.



– Muito bom! – exclamou Dumbledore. – tivemos um grande progresso essa noite. Creio que uma poção fará com que durma melhor. – o sono já estava começando a incomodar Harry, mas a causa era tão nobre que ele não havia reclamado um segundo. – Tome aqui. – Dumbledore retirou um frasquinho com um líquido púrpuro e entregou ao garoto. – Vá direto para a torre da Grifinória, seus amigos devem estar preocupados. Se encontrar Filch, não ligue, peça para vir me falar pela manhã. E na próxima sexta, teremos uma reunião em meu escritório. Sinto que o fim está próximo. Traga todos eles.



– Tudo bem. – Harry ia guardando a varinha quando ele olhou para o diretor arrumando as vestes amarrotadas. – Professor, – evocou Harry e o diretor virou-se para o garoto. – obrigado.











Durante semana que precedeu à reunião da Ordem da Fênix, Harry manteve-se calmo. Sabia que algo estava acontecendo. Algo maior do que poderia imaginar. Porém havia coisas mais importantes para se pensar do que em problemas que até ali não lhe incomodavam fisicamente. Gina finalmente havia terminado seus N.O.M.’s e agora parecia bem mais calma, não só com Harry, mas com todos de uma maneira geral. No por do sol daquele dia, antes de Harry ir novamente se trancar na sala da AD para praticar, sozinho, tudo o que aprendera, os quatro, Harry e Gina, Rony e Mione desceram os grandes degraus de pedra para os jardins, e ficaram sentados sob a frondosa faia que um dia abrigou seu pai e seu padrinho. Além do seu amigo Remo e seu pesadelo, Pettigrew.



Os quatro ali ficaram e conversaram por horas a fio sobre os assuntos mais supérfluos e sem importância do mundo, como o clima, o campeonatos das casas, os uniformes que usavam... Mas foram longas as conversas que tiveram. Agradáveis e prazerosas, elas proporcionaram a Harry momentos de descontração e felicidade. Quando o sol já havia se escondido e lua já havia se erguido no céu negro, eles sentiram fome e antes que se levantassem Harry pediu para lhes falar.



– Fiquem mais um minuto. – Harry pegou uma pedra de seixo ao seu lado e tacou em direção ao lago. A pedra afundou. – Na sexta, da próxima semana, Dumbledore pediu que fôssemos todos a reunião da Ordem. – Harry pegou a mão fria de Gina e a apertou – Inclusive você, Gina. Não era minha vontade, mas não pude questioná-lo.



– Não fique assim. – confortou o, Gina – É apenas uma reunião.



– É... Pode ser... – afirmou Harry – Apenas uma reunião...



Após a conversa à margem do Grande Lago, eles foram jantar no Salão Principal e após isso foram deitar-se na torre de Grifinória, guardada pela mulher gorda. Os quatro entraram e não demorou muito, começaram a sentir suas cabeças penderem para frente levadas pela força do sono. Harry, no entanto, permanecia acordado e admirava o crepitar remanescente da lareira. As pequenas labaredas lutavam contra o vento frio e úmido da noite, as brasas cuspiam línguas de fogo que mal tinham existência, um segundo e, eram apagadas.



– Boa noite. – disse Gina acordando de um susto – Vamos Mione. – Gina sacudiu a amiga com cuidado. As duas subiram as escadas do dormitório feminino e não foram vistas mais. Rony permaneceu mais alguns segundos e logo foi deitar-se também. Restou apenas Harry. Ele não sentia uma gota de sono, mas se sentia extremamente cansado. Um paradoxo inexplicável e inconcebível. Mas não era uma vontade ficar acordado, era uma necessidade. Ele precisava praticar os feitiços para poder conseguir alcançar seu objetivo maior. Seu real objetivo ali.



Harry levantou-se do sofá vermelho e saiu correndo pelo buraco do retrato, ele mal escutou as reclamações do retrato da Mulher Gorda. Ele correu e virou uma à esquerda e duas à direita e logo chegou até ao local onde estava a Sala Precisa. Ele aproximou-se da parede e a mesma maçaneta dourada apareceu-lhe, muito convidativa. A mesma sala branca cheia de aparelhos detector de magia das trevas, além dos itens prateados, dos livros e estátuas e do armarinho de primeiros socorros.



Harry retirou a capa. Entrou no círculo vermelho e virou-se para uma estátua de uma bruxa de longos cabelos cacheados. Ele ergueu a varinha.



Odientti Vitera! – a bruxa de pedra ganhou vida e veio caminhando até a sua frente. Harry brandiu a varinha e a bruxa-estátua continuou parada diante dele.



Harry ergueu a varinha.



Inflamariouns! – um jato de fogo saiu da varinha de Harry e descreveu círculos espirais em torno de Harry e o protegeram do raio roxo que a treinadora começava a lhe lançar. O raio colidiu com seu escudo ardente e o mesmo se desfez. Harry viu no boneco de pedra o rosto de Bellatrix.



Harry ergueu a varinha mais uma vez aquela noite.



Mas não foram necessárias palavras. Ele apenas pensou. Depulso! Brandiu a varinha no ar e uma massante nuvem de encheu a sala e empurrou a treinadora contra a redoma de forma tão violenta que a estátua partiu-se, perdendo um dos braços, estilhaços voaram para todos os lados.



Ecusson! – gritou Harry e uma bolha violeta protegeu Harry dos estilhaços voadores. Ainda dentro do escudo ele brandiu a varinha e um raio prateado atingiu a estátua em cheio, fazendo-a virar pó de pedra.



Harry passou o restante do mês de maio desta forma. Dormia mal para treinar os feitiços de Dumbledore. Ele adquiria a cada dia um nível quase inimaginável. Embora ele não soubesse quando, sabia que o dia em que precisasse, ele saberia defender-se de Lorde Voldemort. Sabia do grande ponto fraco do lorde e sabia que ele não imaginava que neste momento ele estava se preparando tão bem e tão fortemente.



Na sexta-feira da reunião geral da ordem, Harry notou que um clima de apreensão tomava conta da mesa dos professores. McGonnagal parecia temer pela reunião noturna, e Snape não transmitia nervosismo, apenas uma corriqueira preocupação. Luna e Neville já haviam sido avisados, mas assim como os outros quatro, eles estavam reagindo de forma muito natural, para que ninguém percebesse, ou mesmo descobrisse que uma organização secreta se reunia em baixo do nariz de mil alunos.



Assim que o relógio do castelo badalou oito vezes, Harry, Gina, Rony, Hermione e Neville desceram juntos para o saguão de entrada. Encontraram Luna já os aguardando. Todos pareciam ter se arrumado para a reunião. Harry, Rony e Neville, estavam utilizando seus melhores uniformes Grifinórios e Gina e Hermione também haviam escolhido os mais bem passados e limpos que puderam encontrar dentro do malão. Hermione tinha os espessos cabelos presos, uma trança muita bem feita; Gina trazia na cabeça o cabelo enrolado, preso pela varinha. Luna utilizava a capa preta de inverno do colégio. Os botões prateados reluziam ao bruxuleio dos archotes do Saguão.



– É melhor subirmos. – avisou Rony, após todos se cumprimentaram.



– Bem acho que já é hora. – disse Hermione consultando o relógio.



O cortejo dos seis alunos subiu as escadarias de mármore e quando pisaram no último degrau escutaram uma voz arrastada atrás deles.



– Aonde vão tão pomposos? – Era Malfoy com sua irreconhecível voz de sarcasmo.



– Não é da sua conta. – respondeu Luna muito feroz para o espanto de todos.



– Ih! A biruta fala alguma coisa. – Malfoy e seus capangas riram. Nott não estava ali. – Me falaram que você apenas grunhia, mas até...



Luna virou-se e começou a descer as escadas. Essa era uma atitude que nenhum ali esperava acontecer. Ele pôs a mão dentro da capa preta.



– Estou cansada de ser chamada de maluca. – disse ela muito calmamente. Seus olhos não estava mais esbugalhados, e não haviam rolhas em seu pescoço, e seu cabelo louro ondulava. – Não me obrigue a azarar você Malfoy. Eu te peço.



– Olhem! Ela está me ameaçando.



– Malfoy, me desculpe, odeio ser rude. Mas sou biruta lembra. – Luna suspendeu a varinha e exclamou. – Truncat! – um risco dourado cortou o ar e correu na direção de Malfoy que, pasmo, não acreditava no que via. Em sua perna Malfoy, agora tinha um corte profundo. – Vamos. – pediu Luna sem dar mais explicações. Eles continuaram subindo e a voz de qualquer um, Malfoy, Crabbe ou Goyle não foi escutada. Quando atingiram o segundo andar e começaram a caminhar para as gárgulas que guardavam o escritório do diretor. Neville disse com uma voz extrema admiração.



– Você foi muito boa, lá em baixo. – falou Neville com um tom meloso e doce.



– É mesmo? – disse Luna fazendo um falsete de desentendida.



– Por Merlin! É ele novamente! – disse a gárgula enxerida para a outra.



– Ah deixe logo entrar o Dumbledore em pessoa autorizou a subida dos seis.



– Odeio quando você não me deixa aproveitar a vida? – disse Choloe muito aborrecida. – Subam! – liberando a entrada para uma escada em caracol que subia até a porta de carvalho que dava acesso ao escritório do diretor, Harry liderou o grupo e subiu primeiro. Ele segurou a alça de bronze e abriu a porta. Dumbledore utilizava longas vestes verde-escuras com estrelas brancas. Ele não disse nada. Apenas sorriu e indicou aos seis um portal dentro de uma estante de livros. A Sala de Reuniões da Ordem da Fênix.



Os seis atravessaram, silenciosos, o portal, e tomaram lugares em seis cadeiras dispostas atrás da alta cadeira de Dumbledore. Uma mesa oval prolongava-se na direção do lugar do Diretor. E muitos bruxos estavam ali presentes. Muito mais do que o convencional. Havia no mínimo uns cinqüenta bruxos ali. Entre eles, muitos dos professores de Hogwarts, alguns Aurores do Ministério, como Quim Shacklebolt, Emelina Vance, Estúrgio Podmore e outros que Harry não conhecia. Os pais de Rony e Gina, Arthur e Molly Weasley. Bruxos diversos, que Harry só reconhecia as características físicas. Entre esses do último grupo, encontrava-se o bruxo que estivera com Dumbledore antes de Harry contar ao diretor sobre sua força. O bruxo continuava com vestes em tom amarelo-ouro que se confundiam muito com sua barba castanho-amarelada, toda desgrenhada.



Assim que o burburinho do falatório cessou, e todas as cadeiras foram ocupadas, Dumbledore se levantou e disse com uma voz limpa, grave e ecoante.



– Boa noite. Temi pela hora que fosse anunciar isso pela força de minhas palavras, mas é necessário. A Segunda Guerra já começou. Nosso maior inimigo, Lorde Voldemort, tem do seu lado, o apoio da maioria dos gigantes refugiados, principalmente o líder deles, o gigante Golgomate, embora em uma medida retardatária, nossa nova Ministra tenha tentando dar abrigo aos gigantes, eles já tinham feito um pacto com Voldemort. Mas conosco possuímos oito gigantes, nenhum deles é selvagem, Hagrid tratou de domar a fúria que eles possuem. – um burburinho sarcástico encheu a sala. – Creio que se ainda existe alguém nessa sala cujas intenções não são as mesmas da maioria, por favor, retire-se já! – exclamou incisivo Dumbledore e o silencio se fez presente. Dumbledore gastou meia hora expondo a situação da Guerra. Como os lados estavam, quantos números cada um tinham. Dumbledore citou os dementadores, os Comensais, além dos Gigantes. Por fim ele finalizou. – Embora estejamos com uma pequena diferença atrás das forças obscuras, temos algo que eles jamais terão. Temos a união que nos acompanha e nos faz mais fortes.



Todos começaram confirmar e balançar a cabeça de forma afirmativa e compreensiva. Dumbledore reiniciou a fala e o silenciou voltou com a facilidade de uma ventania tem de espalhar folhas secas de outono. – Mas não ocuparei uma noite dizendo isso. O que venho informar a todos, são sobre os planos de Voldemort. Uma runa antiga, muito bem codificada, foi encontrada no antigo nível do Gringotes, na atual estação trouxa de metrô. Nossa amiga, Srta. Granger Dumbledore virou-se para trás e indicou Hermione com a mão que corou instantaneamente. – Conseguiu de forma brilhante decifrar o código que encerrava, mas num erro que todos teriam cometido, inclusive eu, ela informou sua descoberta ao museu onde as runas se encontram. – Dumbledore contou a todos sobre o significado das Runas de Victoria. – Isso nos traz de vota até a antiga lenda mítica do Príncipe Bastardo.



– O Príncipe Bastardo?



– Isso não era uma lenda?



– Não isso é real. – afirmou Dumbledore. – O Príncipe Bastardo foi Salazar Slytherin, ele recebeu o poder. O mítico poder do Príncipe Bastardo. O poder de destruir qualquer inimigo com o piscar de olhos ou com apenas à vontade de o fazer. Voldemort, por uma intervenção de Merlin, não é o Príncipe Bastardo. Mas é descendente do mesmo, e se ele conseguir descobri o poder que seu ancestral celta possuía ele irá tomar a força e o poder do príncipe.



– E as terras da Bretanha também? – exclamou horrorizada uma bruxa magricela com olhos cheios de olheiras.



– Sim, agora a causa de Voldemort triplicou. Ele não pretende apenas exterminar os trouxas, ele quer reaver as terras que por direito são suas, além de desejar o poder do príncipe para si.



– Ele não iria precisar das Runas?



– Exatamente. Uma fonte confiável, – Harry olhou para Snape do outro lado da sala de reuniões, ele fazia uma cara inexpressiva e indiferente à informação – nos informou que o Lorde pretende reaver as Runas de Victoria nos próximos dias. Ele irá penetrar nos meios de transporte trouxa mais utilizado. O metrô. Voldemort irá utilizar toda a sua força para reaver essa pedra, afinal ele já perdeu a chance de conhecer as palavras da profecia que envolve ele e o garoto Harry Potter. É certeza que irá pessoalmente. Não delegará essa tarefa a mais ninguém. A minha idéia é bem óbvia, devemos simplesmente permanecer nos postos da ordem mais próximos da Estação Victoria. Temos o Ministério, o hospital St. Mungus e o Beco Diagonal. Mas eles são extremamente afastados dali. A estação Victoria está no coração de Londres. Vamos ter de nos organizar de forma discreta pelas ruas e becos da cidade.



– Você diz, como trouxas?



– Exatamente, como trouxas. Disfarçados.



– E a profecia? – perguntou Harry em seco. O silencio se fez absoluto.



– Bem, é aí que você entra Harry. É sua oportunidade, Harry. O ataque está próximo, à qualquer hora podemos receber uma noticia de que o metrô foi invadido. Algo grande irá acontecer. Devemos nos preparar. Você deve se preparar. – Dumbledore apoiou os finos dedos sobre a mesa em sinal de cansaço. – Quando você estiver pronto.



– Estou pronto. – Harry respirou – Mais do que nunca, estou pronto.



Dumbledore sorriu.





Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.