Uma Guerra no Ar



CAPÍTULO TRINTA E TRÊS – Uma Guerra no Ar







O mês de maio chegou a Hogwarts de forma monumental. O sol lançava raios quentes e brilhantes que além de aquecer os muros da escola davam a todos a sensação de que o verão estava chegando. A verde relva do castelo começava a apresentar falhas, visto que o calor em excesso do sol acabava por queimar as gramíneas mais recentes. O grande lago que delimitava o castelo tinha sua superfície lisa num verde profundo e obscuro. De vez em quando, a lula gigante emergia para esticar os longos tentáculos até as margens de seu habitat. A floresta proibida continuava a mesma, verde e altaneira, sempre guardando segredos por de trás dos compridos muros de troncos e galhos.



O longo trimestre que se arrastava desde abril estava quase terminando e todos os alunos pareciam preocupados com seus exames e provas de fim de ano. Como havia ocorrido em seu ano anterior era comum encontrar alunos do quinto ano comprando bugigangas como amuletos protetores e poções que aumentavam a capacidade de raciocínio. Hermione mantinha sua posição contrária a qualquer método escuso de superinteligência rápida, na verdade ela considerava qualquer coisa desse tipo como “lixo de gente inapta” e junto com Rony confiscou muitos frascos com elixires que prometiam maior concentração e várias outras coisas como um nacho podre, um pé empalhado de um cisne, ou o dente de um animal sagrado que mais tarde mostrou ser um dente de cachorro.



Embora os N.O.M.’s já tivessem sido aplicados em Harry, Rony e Hermione, eles tiveram o último mês antes dos exames cheios de matérias que precisavam ser dadas e revisões muito difíceis. Principalmente de poções e transfigurações que pareciam estar fora do alcance até mesmo de Hermione, que ficou muito chateada ao receber um A – na redação de McGonnagal sobre os feitiços conjuratórios. Harry que havia recebido um B + ficou muito contente e Rony se satisfez com seu B -. Não estava sendo fácil para ninguém, mas Rony e Neville haviam passado raspando em Transfiguração e McGonnagal parecia fazer questão de lembrar lhes que os exames estariam muito difíceis e que ela cobraria toda a matéria desde o primeiro dia de aula do primeiro ano até a última gota de matéria que fosse possível.



Snape também estava sendo muito enérgico em suas aulas, qualquer erro que um aluno cometia ele fazia questão de lembrar lhe em voz alta de que erros não seriam permitidos no dia dos exames. Snape fez uma revisão sobre as poções da memória e da paz, além da poção para confundir e obviamente dos célebres Doze Usos do Sangue de Dragão. Embora o mestre de poções sempre tivesse predileção natural aos sonserinos, ele parecia agora tratá-los com um pouco mais de igualdade, mas nada que o impedisse de lhe tirar pontos desnecessários de Grifinória.



Filius Flitwick, o professor meio duende meio humano, continuava a lecionar de cima de uma pilha mal equilibrada de pesados livros de feitiços. Mas sua aula também parecia estar bem mais corrida além da cobrança por parte do professor também tenha aumentado. Flitwick lhes passou no quadro uma rápida lembrança de todos os feitiços aprendidos aquele ano, desde os mais simples como o útil feitiço da invisibilidade como o feitiço do controle que exigia mais concentração.



As aulas de Adivinhação e Herbologia pareciam as mesmas não fosse pelo nervosismo que parecia ter se instalado dentro de cada aluno. Embora Trelawney estivesse sempre ocupada lhes explicando muitas coisas sobre os Feitiços do Tempo e como enxergar o futuro, a professora sempre arranjava um tempo extra para prever a morte de Harry, como sempre, de forma muito dramática. Sprout parecia tentar acalmar os alunos, eles continuavam a trabalhar com apenas uma planta por aula e sem delongas Sprout havia escrito no quadro negro o nome das principais plantas, ervas e fungos estudados nos últimos anos e insistia em dizer que seu exame não estaria tão difícil assim, que todos ficassem tranqüilos.



Tonks tinha suas costumeiras aulas no segundo andar, ela insistia em dizer que eles tinham que ter em mente apenas uma coisa, permanecer na arena. Eles continuavam a treinar muitas azarações com os grandes treinadores de pedra. Tonks havia conseguido mais quatro treinadores e agora eles simulavam batalhas em duplas contra sete bruxos realmente poderosos, Rony havia se juntado com Hermione e Harry havia ficado com Neville. Os dois últimos tiveram uma apresentação empolgante conseguiram imobilizar quatro dos sete treinadores e os outros três foram paralisados por uma Azaração do Impedimento executada em conjunto. Hermione ficou feliz pelos amigos, mas ao descobrir que havia recebido uma nota inferior na revisão ela parecia ter ficado um tanto quanto aborrecida.



Os dias de treino de quadribol haviam aumentado e quase diariamente, Harry, Rony, Gina, David e Laff, Ash e Linda desciam as escadas de mármore para que pudessem treinar para a grande final, Grifinória versus Sonserina. Ao saírem no gramado verde e fresco e sentirem a bruma da noite invadir-lhes as capas, eles olharam para cima para ver a lua. Para surpresa de todos, a enorme redoma multicolorida que havia se mantido até aquela manhã havia simplesmente sido dissipada e nada mais impedia a visão dos sete, Harry lembrou-se das palavras de Dumbledore e sentiu-se seguro, afinal o castelo se sentia seguro.



O treino transcorreu normalmente e todos pareciam ter atingido um nível de integração onde as palavras eram suprimidas e os pensamentos era entendidos no silêncio frio da noite escura. As defesas de Rony estavam parecendo realmente mágicas e os belos passes dos três artilheiros confundiam qualquer um que estivesse no campo. David e Laff que até então eram os piores do time haviam melhorado consideravelmente e perto da final já estavam jogando num padrão semelhante ao dos gêmeos Weasley. O término do treino, Rony deu um aviso geral, afinal aquele era o último treino antes do jogo que ocorreria dali a dois dias no sábado de manhã.



– Vocês foram ótimos! – disse Rony em incentivo ao cansaço de todos. – Somos uma equipe de primeira. Estamos nisso juntos e vamos vencer!



– Isso mesmo. – disse David ofegante girando a maça entre os dedos.



– A taça vai ser nossa. – disse Linda abraçando Gina e dando gritinhos juntas.



Harry sorriu.



Rony agradeceu e pediu que voltassem ao castelo. Embora o amigo lhe lançasse um olhar de censura, Harry ficou no vestiário e esperou todos saírem para esperar por Gina. Rony saiu um pouco aborrecido, mas o fato de ser seu melhor amigo fazia com que tudo fosse mais fácil. Gina já ia pondo a vassoura nos ombros quando Harry levantou-se do banquinho de madeira e pegou na delineada cintura da menina que pareceu agradada pelo gesto do garoto. Ela virou-se e Harry pode ver seu rosto muito de perto. Ela consentiu com a cabeça e os dois se beijaram. Era possível escutar o coração um do outro, e embora não houvesse ninguém ali, uma sinfonia tocava nos ouvidos de Harry e Gina parecia achar graça de tudo. Harry curvou-se e abraçou Gina muito forte, como se daquele abraço dependesse suas forças e seu futuro.









– Eu não acredito... – disse Hermione com o aborrecimento na voz no café da manhã do dia seguinte. Harry que acabava de chagar ao Salão Principal perguntou a amiga o porquê da insatisfação. – Parece que os Comensais andaram brincando essa noite. – disse ela desgostosa dando o exemplar do Profeta Diário nas mãos de Harry. Nesse exato momento Gina chegou atrás dos dois. Rony que sentava diante de Mione deu bom dia a irmã e ao amigo. Harry abriu o jornal, ainda de pé, ficou horrorizado. Havia duas colunas na primeira página. Na da esquerda letras garrafais ilustravam sete fotos de bruxos comuns, mortos por Comensais na madrugada daquele dia. Harry leu a legenda das fotos.







Arnaldo Peasegood, funcionário do Ministério, foi morto por quatro Comensais ao negar se juntar ao lado das Trevas, sua família é uma das mais tradicionais no norte da Irlanda e ele veio para Inglaterra, fugindo dos genocídios irlandeses.



Ernesto Thedolian, motorista oficial do Nôitbus Andante também foi morto essa noite, o Quartel de Aurores diz que Ernie se negou a transportar dois Comensais e com isso eles o mataram antes que ele pudesse sumir com o ônibus.






Havia três fotos de bruxos que também haviam sido mortos durante a noite pelo simples fato de terem o sangue trouxa nas veias. Mas o que chamou a atenção de Harry foi a morte dos McBeth, gerentes do Museu do Gringotes, exatamente o local onde a runa que poderia dar a Voldemort mais um poder. A nota sob as fotos de dois bruxos com feições indianas dizia.





Deepak e Anelise McBeth, casados e gerentes do Museu do Gringotes em Londres, foram mortos por dois comensais a mando do Lorde das trevas, ao que tudo indica, eles sabiam sobre alguma coisa e ao se negarem a contar e dois Comensais da Morte os executaram com a Maldição Imperdoável da morte.





– Voldemort está querendo a pedra de Slytherin. – sibilou Harry em voz alta, os olhos cerrados ainda relendo a última nota sobre Deepak e Anelise.



– Quê? – perguntou Rony após estremecer com o nome de Voldemort.



– Que pedra é essa de Slytherin? – perguntou Gina curiosa.



– Eu contei dela para vocês! – vendo a incompreensão dos três ele disse. – Bem – começou Harry respondendo –, vocês devem se lembrar do sonho que você teve – Harry indicou Gina com o dedo – e das Runas que Hermione decifrou – Harry sentou-se e abaixou o tom de voz – Hermione estava certa, aquelas runas falavam de Slytherin e quando fui conversar com Dumbledore ele disse que Voldemort procuraria pela pedra.



– Lembrei-me! – disse Hermione. – E Harry, eu acho que você se esqueceu da manchete da direita. – disse Hermione engolindo um pedaço grande de bolo de frutas.



Voldemort era muito ganancioso, nãos bastasse a imortalidade maldita de Anúbis ele estava correndo atrás dos poderes celtas do príncipe Rathan. Ele permaneceu em silêncio por alguns minutos fazendo ligações com as informações que possuía, afinal Voldemort estava muito próximo da pedra que poderia mudar o curso da história, e Harry ainda nem fazia idéia do que seria seu poder. Ele preferiu não pensar em nada e puxou o jornal para ler a segunda manchete. Havia a foto da ministra da magia Madame Marchbanks, provavelmente dando um discurso, visto que estava sobre um palanque de madeira lisa e lustrosa. A manchete dizia em letra escuras e enormes: GIGANTES VOLTAM PARA A INGLATERRA, DIZ MINISTRA.





A nova ministra da Magia, Madame Marchbanks, em sua breve atuação já fez reformas julgamentos e tudo que o antigo governo dizia desnecessário. Inovando no seu único jeito de ser, a ministra mais enérgica dos últimos tempos tomou uma decisão muito discutida na reunião de cúpula com a Suprema Corte dos Bruxos ontem à tarde. Com setenta e nove votos a favor e setenta e um contra, a Corte aprovou a anistia aos gigantes que se refugiaram nos Alpes nos últimos dez anos. Embora a votação tenha sido muito acirrada, o clima após as mesmas foi de comemoração. A ministra disse aos jornalistas do Profeta Diário que a medida foi tomada, para que alguns gigantes possam ficar do nosso lado, visto que fontes confiáveis, haviam lhe dito que os Comensais já haviam tido algum progresso nas relações com os gigantes em junho passado.






– É parece que agora escutaram o que Dumbledore vêm dizendo há dois anos... – disse Harry desanimado mastigando seus ovos com bacon.



– Mas Madame Marchbanks está seguindo à risca as instruções de Dumbledore. – disse Hermione contente.



– Ela poderia ser mais original, não? – disse Gina. – Ela está lá como um fantoche do Dumbledore...



– Gina sinceramente eu não acho isso, – disse Harry muito sério olhando para aquela que ele tanto prezava – E ela não está recebendo ordens de Dumbledore, apenas conselhos, assim como Fudge os recebeu.



– Mas a grande diferença entre eles é essa. – disse Hermione apoiando o amigo – Ela fez o que Dumbledore aconselhou não porque foi ele que aconselhou, mas por que ela acha que é certo.



– É pode ser. – disse Gina sem se convencer – O certo é que tenho que ir, combinei com as meninas de estudar transfiguração na biblioteca. – Gina levantou-se, pegou seus livros e sumiu no meio da multidão afoita de estudantes nervosos e preocupados. Harry olhou para a mesa dos professores e viu que pela quarta vez aquele mês Dumbledore não se encontrava, ele estava começando a achar que Dumbledore não estava no castelo desde sua conversa com ele.



Os três também não se demoraram em tomar seus caminhos até as salas de aula. Eles subiram até o segundo andar onde Tonks os aguardava com seus enormes treinadores de pedra que lhes ocuparam duas horas de trabalho duro. Após a excelente Defesa Contra as Artes das Trevas, eles desceram rapidamente as escadarias e atravessaram as portas duplas de carvalho para que pudessem chegar até as estufas de Herbologia. Sprout os recebeu com seu matinal bom-dia de sempre e logo destinou um canteiro para cada um dos alunos. A tarefa daquele dia era plantar algumas mudas de Visgos do Diabo, uma erva daninha que no primeiro ano de Harry havia lhe dado um problema de tirar o fôlego, mas a dificuldade da tarefa era encontrar a muda certe em um canteiro centrar cheio de mudinhas muito verdes e muito semelhantes.



Após um almoço muito rápido, onde eles quase não tiveram tempo de engolir as deliciosas batatas coradas, eles voltaram para os terrenos do castelo, desta vez para assistir a aula do amigo meio-gigante, Rúbeo Hagrid. Lá eles estudaram muitas características dos Manticores e Nundus, que embora Hagrid tenha tentado arranjar um, eram muitíssimos perigosos e letais. A pior aula do dia ainda estava por vir. Embora os sonserinos não tivesse importunado os Grifinórios na aula de Trato de Criaturas Mágicas eles estariam aptos a o fazer quando estivessem em seu habitat natural, as úmidas masmorras. Poções embora não sendo muito difícil, parecia uma matéria muito mais complexa do que realmente era, e Snape mesmo menos exigente, continuava intragável. Seu gutural boa-tarde não foi recebido por nenhum aluno que ostentava o leão no emblema do uniforme.



Ainda que o tempo estivesse quente e agradável, o frio que pertencia às masmorras invadia suas narinas congelando seu estado de espírito. A única fonte de calor ali eram as pequenas chamas que aqueciam todos os caldeirões fumegantes. Neste dia, eles puderam tentar cozinhar a poção da Luz, uma mistura de substancias que garantiam um líquido luminoso que jamais se apagava. Harry e Hermione copiaram os ingredientes do quadro e, após Rony o fazer eles começaram a cortar os pequenos talos de arnica, que cozinhariam por quinze minutos em fogo brando junto com o restante dos ingredientes. Ao fim da aula a masmorra escura e cinzenta estava muita bem iluminada, os caldeirões emanavam uma profunda luz branca que invadia a sala de aula e quase os cegava.



Os três saíram felizes das masmorras e, assim que começaram a subir as escadas para chegarem até o Saguão de Entrada, eles encontraram Nott com Malfoy em um corredor escuro das masmorras. Harry parou abruptamente e impediu que Rony e Hermione prosseguissem. Os três fizeram silêncio e escutaram as vozes de Nott e Malfoy.



– Draco! – reclamava Nott em voz de repressão – Desde que seu pai foi condenado, você fica fazendo corpo mole e fingi trabalhar. O Lorde não gosta dessas coisas!



– O Lorde não ajudou meu pai. – disse Draco com o rancor amargurado na voz arrastada – Ele podia, ele simplesmente não quis.



– Malfoy, escute uma coisa. Seu pai não é nada para os planos do Lorde das Trevas. Nada. – disse Nott muito sério. – Entendeu? Agora trabalhe, ou ele terá de lhe punir. – Eles escutaram o barulho de passos e para desespero dos três, eles vinham na direção contrária. Hermione puxou-os para trás e ele não bateram na parede. Eles atravessaram a maciça muralha de pedra e entraram dentro de uma sala retangular. A sala tinha altas janelas que acompanhavam a altura das paredes. Nas paredes havia tapeçarias, brasões e escudos de famílias, estantes com livros azul-pavão e ao centro uma pena muito branca corria um pergaminho suspenso no ar por magia. Estavam novamente na Sala dos Documentos.



Harry foi invadido por uma felicidade curiosa e incessante de analisar todas as tapeçarias daquela sala e averiguar a grande tapeçaria de Slytherin, o língua de cobra. Antes, Harry levantou-se e correu até o pergaminho que tinha a pena escrivã.



– Harry! – alertou Hermione – Dumbledore já disse que não devíamos ter entrado aqui uma vez. Não acho que sua opinião tenha mudado. – disse ela fazendo aquele olhar duro que somente ela e a professora McGonnagal conseguiam fazer.



– É rápido, eu só... – Harry parou de escrever quando viu o que a pena escrevia. Em tinta preta, o nome de Rony e Hermione era vistos.





Ronald Weasley e Hermione Granger acompanham...





E para sua grande surpresa seu nome estava escrito em vermelho.





...Harry Potter até a Sala dos Documentos, para que ele descubra a força.





Harry releu. E para seu espanto ele viu dois nomes acima do seu também em vermelho. Os nomes eram, Alvo Dumbledore e Tom Riddle. Harry ficou imóvel, apenas arregalou os olhos.



– Que foi? – perguntou Rony curioso.



– Nada. – mentiu Harry. – Eu preciso ver a tapeçaria de Slytherin, talvez Dumbledore nunca me dê à chance. – desconversou Harry se afastando rapidamente para a parede onde uma tapeçaria de fios verdes, cinzas e amarelos mostrava em letras muito rústicas as palavras.





Salzriels, Rathan





Ele olhou para cima e ele viu muitos nomes, nomes que haviam pertencido a grandes bruxos, todos muito gananciosos e ambiciosos. Nas linhas mais baixas, ele pode ver o nome de Samanta, a mãe de Lorde Voldemort, mas na linha que levaria a seu filho não havia o nome de Voldemort, mas o nome de batismo, o nome do pai trouxa. Tom Servoleo Riddle. Era fato, Voldemort era realmente descendente do príncipe Celta Rathan, não havia mais duvidas sobre isso. Muito atordoado e feliz Harry, junto com Hermione e Rony, saiu dali antes que alguém descobrisse sua presença.









Na manhã do jogo de sábado Harry não acordou nervoso, tampouco se levantou assustado, afinal problemas muito maiores ocupavam-lhe a mente. Ao levantar, ele viu que Neville e Dino ainda dormiam em suas respectivas camas de colunas. Os roncos de Rony e Simas faziam com que as janelas tremessem. O sol já havia despontado no horizonte azul sem nuvens e tomado por um sentimento de vitória, Harry pôs os óculos e desceu ao salão comunal de Grifinória.



Os confortáveis sofás vermelhos estavam vazios e frios e apenas cinzas ocupavam a lareira que outrora queimava um fogo ardente a aconchegante proveniente de grossas toras de madeiras. Harry sentou-se em sua poltrona preferida, bem próxima à janela. Dali era possível observar a vasta extensão da floresta proibida e além de seus domínios selvagens. À vista do olhar enxergava o lago, algumas torres mais baixas. O campo de quadribol, suas torres, arquibancadas e balizas eram vistas na profusão de azul do céu matinal. Tudo estava muito calmo, mesmo a chaminé da cabana de Hagrid que nunca se apagava, havia parado de liberar as costumeiras nuvens de fumaça. Mas uma coisa movimentava-se nos terrenos do castelo.



Duas pessoas caminhavam vagarosamente de forma muito harmoniosa. Havia um homem alto trajando longas vestes azul-pervinca que contrastavam com suas longas barbas prateadas, que de tão compridas dariam para prender no cinto. Em sua cabeça também prateada, um chapéu pontudo combinava com suas vestes. Em seu rosto velho, cheio de rugas, olhos muito azuis eram emoldurados por oclinhos de meia-lua. Era ninguém menos que o diretor da escola, Alvo Dumbledore. Ao seu lado uma mulher de estatura baixa com um belo Spencer de tweed lilás caminhava em sua companhia. A bruxa usava pequenos óculos retangulares e sua expressão era muito séria, parecia muito preocupada. Era sem erro algum, a nova Ministra da Magia, Madame Marchbanks.



Harry perguntou-se o que a Ministra da Magia estaria fazendo ali em Hogwarts em uma bela manhã de sábado. Mas não houve tempo para se pensar o porquê. À essa altura muitos grifinórios haviam se levantado e a quietude do salão comunal havia sido substituída pelo burburinho de alunos eufóricos e sedentos pela vitória de sal Casa.



Harry virou-se para trás para ver se Gina ou Rony já havia acordado, mas nenhum Weasley estava presente no salão de Grifinória, tampouco Hermione. Harry apenas avistou Ash, David e Laff atravessando o buraco do retrato. Quando Harry voltou sua atenção para a janla, não havia mais Dumbledore ou Marchbanks, apenas o gramado verde, limpo e seco.



– Bom dia! – disse Gina muito animada. Ela consultou o relógio e constatou que faltava apenas um hora para o jogo – Hermione foi acordar o Rony e Linda me disse que Ash, Davi e Laff já desceram.



– Bom dia! – respondeu Harry à avalanche chamada Gina Weasley – Eu realmente acho que esse jogo vai ser difícil.



– Eu também acho. – disse Rony muito sonolento atrás do amigo.



– Eu estarei torcendo por vocês! – disse Mione.



Os quatro desceram as escadas do castelo e logo chegaram ao Salão Principal, onde juntos tomaram um rápido café da manhã. Encontraram o restante do time já à mesa. Ao se levantarem para irem para o campo, todos os alunos, à exceção daqueles que ocupavam a mesa Sonserina, elevaram uma salva de palmas que até Mcgonnagal apoiava, batendo as mãos de um jeito muito frívolo.



O grupo percorreu os degraus de pedra até o campo de quadribol em total silêncio. Eles se trocaram e escutaram o barulho dos primeiros alunos chagando as arquibancadas. Uma nuvem de som parecia se formar sobre suas cabeças e tentando ser ouvido Rony gritava instruções de última hora.



– David e Laff, se lembrem de manter um foco e utilizem aquelas demarcações que treinamos. – disse Rony aos batedores; e se virando para os três artilheiros incentivou – Eu teria medo de vocês se fossem meus adversário. Mantenham o sentimento de equipe no coração de vocês. Harry, você faço o melhor. Cuidado com Malfoy.



Não foi preciso fazer alarde algum, mas Harry sabia que todos os sete traziam no interior das vestes vermelhas suas varinhas, afinal não era possível prever o que os sonserinos podiam fazer para conseguirem a taça. Afinal apenas pela classificação para a final, maldições foram lançadas... Um silvo metálico foi escutado dentro do vestiário. Um frio ardente invadiu o estômago de Harry. Ele virou-se para o lado e viu Gina muito nervosa. Ele esticou a mão e acariciou-lhe os dedos que estavam muito frios. A menina sorriu lhe. Eles entraram no campo. Uma onda de vivas e gritos, assovios e berros foram escutados. Bandeirolas vermelhas e douradas predominavam no campo de quadribol. Os sete caminharam até o círculo central com as vassouras no ombro, onde Madame Hooch os aguardava.



– Vocês não foram honestos da última vez! – vociferou a juíza e professora de vôo em Hogwarts. Os cabelos curtos grisalhos e a longa roupa preta davam uma austeridade muito estranha à bruxa. – Um feitiço sequer e vocês serão punidos seriamente. Usem as vassouras!



O apitou foi escutado. Um segundo silvo metálico indicou o início da partida.



Harry deu um impulso no solo de grama fofa e sentiu o vento lamber-lhe os cabelos conforme ganhava altura e iniciava a procura pelo pomo-de-ouro. O jogo estava realmente voraz, todos os jogadores estavam empenhados na vitória e havia doze borrões de cor que se mesclavam e se misturavam de forma dramática. A voz de Cólin Creevery era escutada por Harry com um eco, um espasmo de som. Os sons que realmente parecia conduzir a partida eram os prolongados “oh’s” e “ah’s” que enchiam o campo com uma periodicidade incrível.



Harry varria o campo com Malfoy em suas costas como uma praga. Ele pode ver que Malfoy tinha uma mão no cabo da vassoura e outra dentro das vestes. Harry começou a sentir sua vassoura tremer e perder altura e velocidade. Malfoy estava azarando sua vassoura. Harry sacou a varinha e gritou energicamente.



Protego! – uma nuvem de luz azul-pérola englobou a vassoura de Harry até que o garoto conseguisse recuperar a altura perdida. Malfoy não pareceu muito satisfeito com o resultado de sua maldiçãozinha e continuou a acompanhar Harry. Este pode observar que seus companheiro grifinórios passavam apertos lá em baixo. Os artilheiros não paravam de ser impedidos por feitiços vindos de Crabbe e Goyle, os batedores do time sonserino, e Rony defendia honestamente as três balizas, que eram sempre atingidas pos bombas dos artilheiros verdes e pratas.



Nott, que havia acabado de roubar a goles de Linda corria em direção as balizas. Em uma mão a goles, na outra a varinha. Ele gritou algo que Harry não pode escutar, mas uma faixa de luz roxa saiu voando na direção de Rony. Harry tentou salvar o amigo daquele feitiço que Harry conhecia o efeito. No meio da multidão das arquibancadas ele viu um lampejo laranja e dourado e uma flecha de luz laranja voar contra a maldição roxa. A flecha colidiu com a maldição e uma enorme bola de fogo se criou suspensa no ar.



– MEUS AMIGOS! ESSE JOGO ESTÁ LITERALMENTE PEGANDO FOGO! – disse Cólin para os espectadores. McGonnagal o repreendia por incentivar uma guerra dentro do campo. Nesse momento madame Hooch passou veloz como uma bala de canhão, Harry a seguiu com os olhos e viu que neste exato momento um raio de luz verde escura e opaca corria para as costas de David. Crabbe quase não se mantinha na vassoura, tamanha era a graça que achava de David, pobre e indefeso. Harry sentiu muita raiva.



Madame Hooch ergueu a varinha e gritou.



Arresto Momentum! – o tempo pareceu ficar mais lento, e uma nuvem prateada irrompeu da varinha da juíza e afastou o raio luzidio para longe de David. – Falta!



– FALTA A FAVOR DE GRIFINÓRIA! E QUEM COBRA É LINDA SANDWALKER, QUE AGUARDA O APITO. – Madame Hooch pôs a boca no apito e um silvo agudo encheu o campo. – ELA SE PREPARA PARA COBRA... E... E... É GOOL PARA GRIFINORIA, INCRÍVEL JOGADA DA ARTILHEIRA DA CASA VERMELHA!



Harry voltou sus atenção para o pomo de ouro, Malfoy estava próximo às balizas, ele parecia observar alguma coisa próximo a Harry. O menino de cabelos louro-prateado zuniu como o som no silêncio em direção a Harry. Harry escutou um barulho de asas próximo a seu ouvido. Com um movimento rápido ele investiu contra a bolinha dourada, mas por meio milímetro ela lhe escapou e sumiu no reflexo do sol que apenas cegava e dificultava a visão.



– GOOL! – gritou Cólin dez metros a baixo de Harry – MAIS UM PONTO PARA A GRIFINÓRIA! JOGO MUITO ARRISCADO E CONCORRIDO! O PLACAR FICA EM DUZENTOS E TRINTA CONTRA NOVENTA PARA SONSERINA. UMA DIFERENÇA ENORME PARA O TIME DO LEÃO. – Harry ficou muito descontente em descobrir que talvez Rony ou os três artilheiros não estivessem fazendo um bom trabalho.



Harry olhou porá cima e viu um pontinho dourado que se movia freneticamente, ele sabia que não poderia pegar o pomo agora, ele viu que Malfoy já vinha para sua cola, ele olhou para baixo, próximo à arquibancada dos professores e começou a descer uma vertigem muito perigosa, ele sabia que Malfoy o seguiria, ele tinha certeza daquilo. Sua Firebolt começou a tremer e esquentar, Harry estava apenas a cinco metros do chão, malfoy o seguia como um foguetinho.



– POTTER VIU O POMO-DE-OURO! – todas as atenções e olhares se voltaram para ele – ESSA PROMETE SER MAIS UMA ESPETACULAR CAPTURA! MALFOY O SEGUE, MAS NÃO! – Harry escutou muitos gritinhos de “oh” ao sair da descida ileso e ver Malfoy se espatifar no chão como um inseto asqueroso. – POTTER REALIZA UMA FINTA DE WRONSKY E DEIXA SEU ADVERSÁRIO INCAPACITADO!



Harry ganhou altura e começou a pensar nos artilheiros. Disse para si mesmo, vamos Gina, você é a melhor, e ele procurou pela garota no campo e viu um borrãozinho vermelho com cabelos laranjas muito compridos. Ela, Linda e Ash, passavam a bola com uma facilidade incrível e se preparavam para a melhor formação que sabiam fazer, a formação do Leão, onde Gina segurava a goles e corria em direção as balizas enquanto, Ash e Linda descreviam círculos em volta de Gina para protegê-la e confundir o goleiro. Harry apenas escutou a voz de Cólin gritar de felicidade e virou-se com o giro-da-preguiça para desviar de um balaço que prometia acertar lhe as costas.



Tudo ocorria dentro do campo, quando Laff lançou um balaço com a maça para cima e ele voltou sobre a perna de Goyle, o brutamontes correu até Laff e fechando os punhos abriu um soco no rosto do jogador. Madame Hooch além de cobrar uma falta, expulsou Goyle por violência a um igual. Todo o time da sonserina ficou mais amargurado do que antes e a partida tornou-se mais agressiva. Rony parecia ter acordado para o jogo e agora quase nada atravessava as balizas, os artilheiros haviam conseguido recuperar a diferença e estavam com dez pontos de vantagem, mesmo o time sonserino tendo conseguido realizar mais sete gols.



– TREZENTOS E DEZ A TREZENTOS PARA GRIFINÓRIA. – Cólin arregalou os olhos – NÃO AGORA SÃO TREZENTOS E DEZ PARA SONSERINA TAMBÉM. TUDO EMPATADO!



Harry estava começando a se preocupar. O pomo-de-ouro não havia mais aparecido e Malfoy havia tomado uma política diferente, mantinha-se o mais longe possível. Por um lado isso era muito bom, pois Harry vasculhava cada metro do campo sossegado, mas a qualquer momento o pomo poderia aparecer exatamente na frente de Malfoy e Harry não ter como reverter toda a situação.



– GOL PARA A CASA VERDE E PRATA. – Harry começou a entrar em pânico.



Ele sabia que o momento estava excelente para a captura, mas não via como realizar tal façanha. Foi quando ele ouviu uma bolinha dourada bem a sua frente, ela batia sua asas muito rapidamente. Harry ergueu a mão e agarrou a bolinha, ou achou que havia agarrado. O pomo fugia de Harry e descia bem na direção de Malfoy. O garoto percebeu a presença o pomo e começou a correr do lado contrário. O pomo muito confuso, quase fez os dois colidirem e saiu pela tangente. Harry deu uma guinada brusca na vassoura e, Malfoy não o acompanhou, ficando para trás. Harry esticou a mão. Poços segundos mais tarde, Malfoy já estava emparelhado com ele.



– PONTO PARA SONSERINA. – Cólin deve ter dito seis vezes a mesma frase, indicando que agora Sonserina estava setenta pontos à frente de Grifinória. Mais do que nunca Harry se aprontou para capturar o pomo-de-ouro. Era uma chance única. Ele correu para trás das balizas sonserinas onde ele viu algo muito ruim. Gina vinha na direção do goleiro, Linda e Ash estavam detidos pelos artilheiros sonserinos e o goleiro acabava de erguer a varinha. Ele gritou palavras estranhas e um brilho preto e fosco correu na direção de Gina.



Tudo ocorreu muito rápido. Malfoy ao seu lado tentava lhe empurrar da vassoura. O pomo à sua frente não desistia da fuga e Gina corria o risco de ser atingida por aquela nuvem negra. A garota de cabelos acajus pareceu muito assustada ao ver aquilo e sem a intenção ela continuou ir a direção da nuvem como se ela a sugasse. Com uma mão Harry retirou a varinha e apontou para a nuvem negra e exclamou.



– EXPECTO PATRONOUM! – um cervo prateado saiu da varinha de Harry, galgou até Gina e a protegeu da horripilante nuvem negra que a puxava. O goleiro ainda sem reação ficou olhando Harry. Malfoy ainda estava do seu lado, Harry acelerou e com a outra mão ele soltou a vassoura e capturou o pomo. Todas as arquibancadas cederam em vivas e comemorações. Todos ficaram muito felizes e pareciam capazes de derrubar qualquer coisa para poderem comemorar.



– JOGO ENCERRADO! GRIFINÓRIA QUATROCENTOS E SESENTA CONTRA APENAS TREZENTOS E OITENTA PARA SONSERINA!



Os jogadores de Grifinória foram até a arquibancada do corpo docente, onde juntos eles receberam os cumprimentos de todos os professores e do diretor. Rony foi o último a passar para os cumprimento e finalmente, Dumbledore lhe entregou uma bela taça de prata, com as inscrições ainda em brasa.





Campeonato de Quadribol Intercasas

Campeão

Grifinória






– Cuidado com as inscrições. – disse Dumbledore sorrindo para todos com seus oclinhos de meia lua. – Acabei de escrevê-las.



– Tudo bem. – Rony sorriu para o diretor, virou-se para as arquibancadas e ergueu a taça para que todos vissem. A arquibancada sonserina já havia voltado ao castelo e mesmo os jogadores da outra casa não se encontrava presentes. O restante das arquibancadas eufóricas gritou feliz pela vitória do time da Grifinória. Harry estava extasiado e naquele instante todos seus problemas, receios e preocupações pareciam ter sido dissipados e nada o incomodava, nem a fome de quem joga por três horas e sem por nenhuma torrada no estômago. Nesse mesmo momento de felicidade do menino-que-sobreviveu, aquele-que-não-nomeamos, também estava feliz. Mas Harry não sentiu a cicatriz arder ou algo parecido afinal, haviam coisas mais importante para sentir. Gina estava ao seu lado.



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