O sumiço da Marca Negra



Assentado ao lado de uma das janelas do salão comunal da Grifinória, Neville viu algo estranho acontecer.

- Simas!- chamou ele enquanto espremia os olhos e observava. Iluminado apenas pelas luzes do castelo, um vulto negro atravessava o gramado. Atrás dele um gato.

- Parece até a Professora McGonagall!- disse Simas.

- Quem ela estaria perseguindo?- perguntou Neville virando seu rosto redondo para o demais.




Belatriz Lestrange não diminuiu o passo. Podia ver a professora de Transfigurações de Hogwarts em seu encalço. Logo ela avistou a carruagem, ainda defronte à entrada principal do castelo.

- Accio!- murmurou Belatriz ao se aproximar da mesma. O espelho caído no chão voou à sua mão enquanto ela subia no cavalo que antes puxara a carruagem.

Minerva se virou novamente em pessoa e lançou um feitiço. O cavalo relinchou, sem piedade Belatriz fincou os saltos do sapato na barriga do mesmo que saiu em disparada. Ainda pôde deslumbrar algumas faíscas errando-a por pouco, mas logo ela estava seguindo veloz pela estradinha que levaria à Hogsmead, em sua próxima parada.




****




- Veio trazer um pouco de diversão a mim, Harry?- perguntou Voldemort. Harry ainda sem conseguir se mexer.- Tenho andado entediado. Com Bela cuidando das coisas lá fora, Lúcio aqui dentro, não tenho tido o que fazer.

Hermione mantinha-se a um canto. Hesitava sobre o que fazer. Porque Harry não se mexia?

- Mas depois que soube sobre nossa querida profecia eu realmente não acredito que tenhas vindo até mim.- disse Voldemort sorrindo.- E a velha frase de sempre: Que momento é este?

Harry o viu sorrindo como se estivesse orgulhoso de si mesmo.

- É o momento de glória para o maior bruxo de todos os tempos!- disse ele.- É o MEU momento de glória!

E então Harry percebeu exatamente o que deveria fazer a seguir. Toda a adrenalina da vitória subira à cabeça de Voldemort precocemente. Ele se encontrava alterado, em precipitado regozijo, pronto para cair em alguma provocação.

- Porque não tira o feitiço qualquer que pôs sobre mim e duela feito um homem?- perguntou Harry.- Tem medo de perder novamente, é isso?

- Um duelo, só eu e você?- perguntou Voldemort com os olhos brilhando de malícia.- Parece tentador.

- Tire este feitiço de mim, então!- disse Harry.

- Mande que o seu guarda costas se mostre.- disse Voldemort encarando Harry. A cicatriz do garoto deu uma forte fisgada.

- Guarda costas?- perguntou Harry fingindo incredibilidade.

- Quem é?- perguntou Voldemort finalmente se erguendo enquanto girava pelo salão.- Um de seus amiguinhos?

- Não há ninguém aqui!- disse Harry rezando para que Hermione não fizesse nada precipitadamente.

- Ou seria uma assombração de seu querido padrinho animago?- perguntou Voldemort enquanto se aproximava de Harry.

- Já disse!- disse Harry com veemência.- Não há ninguém aqui!

Voldemort parou a um metro de distancia dele. Por um momento Harry tentou erguer a varinha, mas, com exceção de seu rosto, estava completamente petrificado. O outro mediu Harry com os olhos.

- Lembro-me de meus dezesseis anos!- disse ele.- Você também deve se lembrar. Foi quando abri a câmara secreta! Sim! Eu tinha esses cabelos negros e esta aparência de garoto magricela que começa a crescer!

Fez-se silêncio. Voldemort agora fitava Harry com clara expressão de nojo.

- Eu sabia que era célebre.- disse ele.- Mas nunca me julguei capaz de tamanha obra de arte!

Harry se perguntou sobre o que ele estava falando. A resposta logo veio. Voldemort ergueu uma das mãos e fez o caminho da cicatriz com o dedo indicador. Harry pôde jurar que ele estava abrindo um corte no lugar da cicatriz. Ou quem sabe a estava marcando com brasa?!

- Houve obstáculos!- murmurou ele dando as costas para Harry e continuando a circular pelo salão.- E não foram poucos. Enfrentei céus e terras... Venci a morte. E agora aqui estou, frente ao único capaz de me vencer. Pronto para o meu reinado.

- Um reinado coberto de vergonha?- indagou Harry.

- Não há vergonha por trás da vitória, Harry Potter!- sibilou Voldemort virando-se para ele.

- Onde está a ética?- perguntou Harry.- Onde está a lógica por trás de tudo isso?

- Ética?- perguntou Voldemort gargalhando.- Lógica? O que pensa que estamos fazendo? Jogando xadrez? Brincando de Trouxas?

- Estou falando desta guerra!- disse Harry.- Deve haver moral. TEM que haver moral! O que se falará no futuro? Lord Voldemort foi o maior bruxo de todos os tempos que só reinou após negar um duelo justo ao seu maior inimigo e mata-lo cruelmente? Onde está a real vitória nisso tudo?

- Foi o maior bruxo...?- indagou Voldemort gargalhando novamente.- Foi, é e sempre será!

- Um dia você morrerá!- disse Harry.

- Existem coisas que vêm pra ficar, Harry.- murmurou o outro seriamente.

- Não há nada que o tempo não consiga apagar.- disse Harry.

- Posso alcançar a imortalidade. Nada é impossível.- disse Voldemort.- De toda forma você não viverá para ver isso acontecer!

- Comece sua ascensão final duelando comigo.- disse Harry.- Como deve ser.

- Não há nada para lhe salvar desta vez!- disse Voldemort.- Não há uma chave de portal nem um velho caduco que faça estátua criarem vida!

- Se sua vitória é tão certa...- começou Harry.- ENTÃO DUELE COMIGO!

Voldemort sacou sua varinha calmamente enquanto voltava a seu trono.

- Quer morrer de forma dolorosa ou rápida?- indagou.

Harry ignorou a pergunta.

- Como é comovente.- disse Voldemort.- Tão corajoso... Já devo ter dito que sempre dei valor à coragem, não?

- Está com medo?- perguntou Harry encarando-o.- Medo de duelar com um garoto de dezesseis anos de idade?!

- LORD VOLDEMORT NADA TEME!- gritou o outro se erguendo.- Finite Incantatem!

Harry sentiu seus joelhos cederem e ele caiu para frente. Hermione teve que se segurar para não correr até ele. Harry ajeitou os óculos e se levantou. Voldemort se posicionava para o duelo. Hermione olhou à volta. Havia um único lustre no centro do salão e as paredes de pedra eram revestidas de uma madeira muito negra. Era preciso apenas uma trégua para que Harry pudesse lançar fogo contra o bruxo.

O duelo começou. Ambos murmuravam feitiços que atingiam o lado oposto do salão provocando pequenas explosões. O fato de que os feitiços de Voldemort eram mais potentes que o de Harry era claramente visto. Não só pela potência da luz que emanava da varinha do mesmo, mas do estrago que ele fazia ao atingir o lado oposto do salão.

Hermione virou-se para o lustre e ergueu lentamente a varinha. Sua boca estava aberta para murmurar o feitiço quando um jato de luz vermelha, acidentalmente mandado por Harry, atingiu a parede logo atrás da garota que foi lançada longe.

Hermione viu sua varinha cair no chão a uns três metros dela. Em seguida a capa da invisibilidade aterrissou por ali. Os olhos de Voldemort brilharam ao vê-la. Ele mirou um feitiço do qual Hermione desviou ao passo que se virava para Harry. Hermione viu sua varinha voar até Voldemort que a guardou em um dos bolsos. Ela recuou alguns metros, se arrastando no chão, quando sentiu algo em sua perna. A adaga de Draco.

Concentrou-se na espécie de corrente que prendia o lustre. Não sabia se aquela adaga poderia rompe-la, mas era a sua única opção. Lembrando-se do tempo em que jogava dardos com seu pai ela lançou a adaga. A dita cuja atravessou o lustre e foi se cravar na parede do outro lado do salão. Ouviu-se um estrondo e o lustre se espatifou no chão. Harry recuou no meio da escuridão e um novo som encheu o salão. A esfera, com o fogo inominável, agora deslizava pelo chão negro da peça.

Hermione viu o vulto do Lord das Trevas se erguendo novamente e ela tratou de se cobrir com a capa da invisibilidade. Ainda se arrastando pelo chão ela observou a esfera bater contra a outra parede e parar ali.

Assistiu-se um jato de luz verde atravessar o salão escuro. Harry se abaixou e ele abriu um buraco na parede logo atrás. Em um estalar de dedos tudo foi iluminado por archotes surgidos do nada.

Ouviu-se um novo estrondo, Voldemort deslocou os estilhaços do lustre para a direção onde Hermione estava.

- Droga!- murmurou Hermione ao sentir uma das pernas presas àquilo.

E então ela teve uma idéia. Com cuidado, se assentou por ali de forma que pôde fixar os olhos na adaga enterrada em uma das paredes. Concentrou-se. Ouviu-se um rangido.

Voldemort olhou na direção onde ela deveria estar, mas aparentemente nada viu. Harry aproveitou para mandar um feitiço que errou por pouco. Um novo rangido soou. Hermione permaneceu concentrada.

- Ah! Paremos com essa lentidão, Harry!- murmurou Voldemort.- Crucio!- completou soltando o feitiço certeiro.

Harry começou a se contorcer e logo estava caído ao chão. Dessa vez Hermione agradeceu por estar presa entre escombros, ou teria corrido até Harry. Voltando sua atenção para a adaga ela finalmente conseguiu soltá-la. A adaga caiu, quase que em câmera lenta, indo cravar-se na pequena esfera.

Harry ainda se contorcia no chão quando ela arrancou a capa da invisibilidade e fuzilou os pequenos objetos com os olhos.

A principio nada aconteceu. A esfera cuspiu a adaga que girou no ar. No segundo seguinte um violento jato de fogo verde lavou a parede, lançando a adaga para quase perto de Hermione. Logo todas as paredes estavam em chamas.

O feitiço de Voldemort parou. Harry apanhou a varinha caída logo à frente e começou a se erguer. Tinha que tirar Hermione dali, mas precisava ganhar tempo. Olhou para o teto, havia ali um forro de madeira no qual estavam pinturas de torturas. Harry apontou a varinha para o mesmo.

- Uediuósi!- murmurou ele e parte do telhado despencou sendo logo tomada por chamas.

O mais rapidamente que pôde Harry atravessou o salão. De alguma forma as chamas não o atacavam, foi encontrar Hermione caída a um canto semidesacordada.

- A adaga.- murmurou ela.

- O que?- perguntou Harry apanhando a mesma caída ao chão.

- “... E um deve morrer pelas mãos do outro porquanto nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...”- murmurou ela.- As chamas não os atingirão e você nunca o vencerá com um feitiço.

- Tenho que tirar você daqui.- disse Harry.

- Faça isso depois.- disse Hermione com veemência.- Apanhe a adaga e crave-a em Lord Voldemort!

- Eu posso não ser queimado, mas você...- disse Harry.

- Vá!

Harry hesitou. Olhou para trás. Havia uma cortina de fogo no meio do salão agora. Ele sacou a varinha.

- Protego.- murmurou e então estendeu a varinha a Hermione.

- Leve-a.- disse ela arregalando os olhos.

- Eu só tenho que cravar a adaga nele.- disse Harry com simplicidade.- Não vou precisar dela.

- Mas...

Harry se levantou e caminhou na direção da parede de fogo. A princípio ele achou que morreria cremado ao atravessa-la, mas nada aconteceu.

Hermione o observou sumir enquanto mantinha o feitiço de proteção. Por um momento lembrou-se de Rony. Se ele estivesse ali teria perguntado como ela conseguira fazer aquilo tudo com uma adaga.

- Papai toda vida praticou dardos.- diria ela.

- O que exatamente são dardos?- perguntaria Rony.

Ela então explicaria e no fim o chamaria para quem sabe, no verão, jogar dardos em sua casa. Rony arregalaria os olhos, empolgado, e sorriria. Mas ao invés de Rony havia apenas o salão em chamas à sua frente.

Uma lágrima solitária lavou o rosto de Hermione enquanto, por um segundo, ela considerava tudo o que poderia ter sido e não foi.




****




Draco se espreitou por entre duas casas de pedra. Os demais foram atrás. Ele parou, a uns quatro metros de distância estava o pé de um dos gigantes.

- Nunca vamos derrubar um bicho destes!- murmurou ele.- Quem dirá três!

- Temos que derruba-los!- disse Luna.- Foi você mesmo quem disse que teremos que sair por aqui.

Draco fez um sinal negativo com a cabeça.

- Acho mais provável escaparmos de um batalhão de comensais do que desses três.- disse ele.

- Está se acovardando, Malfoy?- perguntou Gina sorrindo.

- Isso não se chama covardia e sim extinto de sobrevivência!- murmurou Draco se virando.

- O que vamos fazer então?- indagou Blás.

- Vamos voltar e entrar na mansão pela ala dos elfos.- disse ele.

- E como Harry e Hermione saberão de nossa mudança de planos?- perguntou Gina.

- Seguiremos até meu quarto e de lá eu terei como avisa-los.- disse Draco enquanto começava a fazer o caminho oposto.




****




Mal atravessara a parede de fogo e Harry sentiu-se ser jogado longe. Com sorte não soltou a adaga. Voldemort se aproximava agora, a varinha em punho.

- Pronto para morrer, Harry Potter?- indagou.

Harry olhou para o lado e foi com alívio que ele avistou a pequena esfera, intacta, a um metro de distancia dele.

Voldemort se aproximava. Harry arrastou o corpo um pouco para trás e esticou a mão vazia para tentar apanhar a esfera. Voldemort ergueu ainda mais a varinha, Harry se arrastou um pouco mais. Sua mão estava agora a centímetros da esfera. O Lorde das Trevas forçou o pé contra o peito do garoto impedindo-o de se afastar mais.

Engolindo em seco Harry tentou esticar mais o braço. A ponta de seus dedos tocaram a esfera, mas ele não conseguia agarra-la.

- Chegou a hora do melhor de nós reinar, Harry Potter!- murmurou Voldemort.

Harry virou o rosto para ele. A cicatriz doía muito agora. Os olhos vermelhos do outro se encontraram com os verdes de Harry e o último manteve este olhar, por mais que doesse, até que conseguiu trocar a adaga de mão.

- Pensas que ainda há esperanças, Harry?- indagou Voldemort gargalhando.- Pensa que vencerá a minha varinha com uma adaga?

Harry sorriu quando finalmente penetrou a esfera com a adaga. Fez que sim com a cabeça. Voldemort gargalhou.

- Avada Ked...- Mas no momento em que ele ia terminar o feitiço Harry ergueu o braço com a adaga e desta saiu um novo jato de fogo verde.




****




O quarteto seguiu veloz pela enorme cozinha da mansão, mal haviam chegado ao outro lado quando um homem surgiu à porta.

- Vejam só!- murmurou ele.- Se não é o meu sobrinho rebelde!?

Draco imediatamente sacou a varinha, mas de alguma forma aquilo nem foi preciso. Inexplicavelmente o homem, Rabastan Lestrange, levou uma das mãos ao braço direito e foi curvando-se ao chão.

- Andem!- disse Draco saltando por ele.

Os demais o seguiram e ganharam um dos inúmeros corredores da Mansão.




****




Belatriz ainda cavalgava velozmente quando uma dor imensa tomou seu braço. Sem diminuir o trote do cavalo ela levou uma das mãos ao braço dolorido. Aquilo poderia significar duas coisas. E então, pela primeira vez nos últimos meses ela sentiu medo.

Belatriz parou o cavalo e saltou do mesmo. Com as unhas ela rasgou parte da manga de suas vestes e sorriu. A Marca Negra começara a desaparecer. Com um sorriso cruel e satisfeito no rosto ela montou novamente no cavalo e continuou seu caminho.




****




- Ela provavelmente atacou a mente dele ao perfurar seu braço com as unhas.- dizia Madame Pronfey.- E com a varinha do mesmo nocauteou Ninfadora.

Minerva lançou um rápido olhar para o único cortinado fechado da enfermaria e levou um lenço até o rosto.

- Em seguida ela desafiou Alvo a um duelo, no meio do qual ela tomou o corpo da Fênix.- prosseguiu Moody.- Alvo derrubou a fênix com a espada e com a mesma Belatriz o atingiu.

- AAAAaah!

A professora Minerva, Moody e Madame Pronfey se viraram assustadas para o leito onde estava o Professor Snape.

- O que é isso?- indagou Minerva.

Moody sacou de um bolso um canivete e se aproximou de Snape.

- Aaaaaaaah!- gritou o mesmo novamente.

Moody cortou uma das mangas do professor, deixando aparecer seu pálido braço. As duas mulheres se aproximaram e puderam deslumbrar a marca negra, que antes estivera nitidamente ali, ir sumindo.

- Acho que acabamos de achar Harry e os demais.- disse Moody com um sorriso torto no rosto.

- Não pode ser!- murmurou Minerva.

- Não há outra explicação.- disse Moody guardando o canivete.- Quando Carlinhos chegar mande-o assumir o comando da segurança do castelo.

- Aonde você vai?- perguntou Minerva.

- Vou à Londres.- disse Moody.- Reunir os aurores. Vamos invadir a casa de Lúcio Malfoy!




****




Remo Lupin acordou assustado e se levantou da cama com a varinha em punho. Ao passar pelo espelho parou. Estava mesmo ficando velho. Seus olhos estavam fundos e as marcas e cicatrizes em seu rosto muito mais visíveis. De alguma forma ele sentia que a sua hora se aproximava. Iria rever Tiago, iria rever Sirius e, sobretudo, iria rever Lílian.

Porque havia se levantado da cama? Moody havia saído, fora à Hogwarts. Carlinhos revistava as redondezas à procura de alunos foragidos. Quem estava fazendo a vigília da casa esta noite?

Remo caminhou até a sala do casarão e a encontrou. Ele realmente não esperava encontra-la ali, mas agora tudo parecia inevitável.

- Você...- murmurou ele enquanto descia as escadas.

- Remo!- sorriu ela.

- Co- como?- perguntou Remo postando-se defronte a ela, ainda com a varinha em punho.

- Eu disse que voltaria a vê-lo.- disse ela.- Eu jurei acabar com essa maldita raça, e aqui estou eu.

- Rabicho...

- Não achou que eu aturaria aquele traste por muito tempo, ou achou?- perguntou ela sorrindo cruelmente enquanto sacava a varinha calmamente.

- Mas você nunca vai poder cumprir aquele maldito juramento totalmente!- disse Remo apertando a própria varinha na mão erguida.- Você não matou Tiago!

- De uma forma ou de outra eu vou finalmente conseguir exterminar os marotos.- disse ela.

- Só por cima do meu cadáver.- murmurou Remo.

- Exatamente.- completou ela finalmente erguendo a varinha.

- Porque!? É o que eu me pergunto.- disse Lupin.- Porque tanto ódio?!

- Eu lhe disse isso, certa vez.- disse ela.- Naquele encontro, junto a Sirius.

- Você o amava Belatriz!- disse Remo.- Você pode negar isso a si mesma! Mas você o amava...

- E ele me foi tirado por vocês.- disse ela.- Grifinorianos, bonzinhos. Malditos opositores da purificação!

- Foi por ele ser um Grifinoriano que você o matou?- perguntou Lupin.- Rony Weasley.

Belatriz baixou um pouco a varinha. Remo notou seus olhos se tornarem obscuros.

- Não negue!- disse Remo.- Eu sei que foi você! Você o forçou a se matar! Você se fez presente na cabeça dele... foi por isso que ele enlouqueceu!

Belatriz ergueu novamente a varinha, mas a mão livre escorregou, quase que sem querer, até a barriga da mulher e ela a acariciou. Remo arregalou os olhos ao interpretar o que aquilo significava.

- Avada Kedavra!- Murmurou Belatriz e em seguida observou o outro cair duro no chão. Os olhos do lobisomem estavam cheios de pena. Belatriz girou nos calcanhares e desaparatou. Tinha que tomar um banho. Tinha que limpar seu corpo de tamanha sujeira. Em suas vestes ainda estava o sangue do maior diretor que Hogwarts um dia teve. E de alguma forma ela sabia que se não se precavesse pagaria muito caro por isso.

Mais tarde, porém, cuidaria de Draco. O Lord das Trevas caíra e Lúcio não deixaria o filho vivo se o encontrasse. Ela olhou à volta. A cabana dos Black continuava a mesma. Com girar de varinha ela fez a banheira do banheiro ir-se enchendo. Começou a despir-se. Fitou a própria barriga, ainda sem sinais da gravidez. Teria que se cuidar. Nunca quisera um filho, mas na pior das hipóteses os mandaria para os avós.




****




- Harry!- murmurou Hermione ao ver um vulto se aproximar. O garoto sorriu.

- Eu consegui, Mione!- disse ele.- Nós conseguimos!

- Como você voltou? Como atravessou o fogo de volta?- perguntou a garota.

- Não sei!- disse Harry.- Acho que ele ainda não tinha morrido totalmente! Só sei que atravessei.

Hermione sorriu e estendeu a varinha a Harry.

- Ande!- disse ela.- Temos que sair daqui.

Harry apanhou a varinha e deu um jeito de afastar os escombros. Ao fazer isso sentiu seu coração parar. Uma das pernas das vestes de Hermione estavam pela metade rasgadas, a pele na carne viva.

Ela fez cara de dor ao se erguer e teve que apoiar em Harry para não cair.

- O que foi isso?- perguntou ele.

- Não sei.- disse ela.- Ande! Temos que sair logo daqui!

- Mas...- começou Harry.

- Rápido! Os comensais da morte logo vão descobrir o ocorrido, temos que sair!- repetiu Hermione.




****




- Por aqui!- disse Draco.

O grupo seguiu por um longo corredor. Às vezes eram obrigados a se esconderem atrás de tapeçarias ou armários para desviar de algum passante. Já estavam dentro da mansão fazia mais de uma hora quando finalmente Draco parou.

- Chegamos.- disse ele olhando para os lados e então abrindo uma porta.

Todos entraram. Era um quarto no mínimo três vezes maior que os dormitórios de Hogwarts, pensou Gina. O teto era muito mais alto que o normal e no centro havia apenas uma cama.

Draco deu um assobio e um segundo depois um elfo apareceu por ali.

- Senhor Malfoy.- disse o pequeno se curvando.- O que desejas, oh pequeno mestre?

- Vá ao salão Negro e encontre um garoto e uma garota.- disse Draco secamente.- Diga-os que os espero em meus aposentos.

- Si- sim senhor!- disse o Elfo antes de desaparecer.




****




- Temos que sair da mansão e seguirmos até a Vila.- disse Harry assim que eles deixaram o salão em chamas.

Havia um corredor largo que seguia em frente e um segundo que o cortava.

- Vamos por aqui!- disse Harry seguindo à direita quando um elfo surgiu do nada.

- Me- meu senhor pequeno Malfoy disse os esperar em seu quarto!- murmurou o elfo em tom choroso.

Harry e Hermione se entreolharam.

- Como vamos saber se é o Malfoy pai ou o Malfoy filho?- perguntou Harry.

- Uma humana loura, uma ruiva e o pequeno Zambini já estão lá.- completou o elfo antes de desaparecer.

- Devia ter perguntado como chegaremos até lá.- disse Hermione.

Os dois andaram mais alguns metros até uma porta.

- Vamos entrar aí.- disse Hermione.

- Você é louca?- perguntou Harry.

- Acho que tenho uma idéia.- disse ela enquanto puxava Harry até a porta. O garoto abriu e eles puderam deslumbrar um gigantesco quarto. No centro do mesmo havia uma larga cama na qual uma mulher aparentemente dormia.

Harry entrou silenciosamente e fechou a porta. Logo reconheceu a mulher, era Narcisa Malfoy.

Hermione o soltou e cambaleou até à cama da mulher. A varinha dela estava ao lado do travesseiro, agilmente a garota a apanhou.

- Vamos acorda-la.- murmurou Hermione.- Preciso de um contato visual.

- O que vai fazer?- indagou Harry enquanto se aproximava da cama também.

- Persuadi-la a nos levar até o quarto de Draco.- disse Hermione.- Agora.

Hermione tocou o rosto da mulher com a varinha e murmurou qualquer coisa. Narcisa mexeu e começou a despertar. Ergueu-se e foi logo dominada por Harry, que lhe segurava uma das mãos enquanto tapava sua boca.

- Shiii.- fez Hermione.

A mãe de Draco se debatia contra Harry. Hermione tentava lhe fixar os olhos, mas a mulher pareceu notar a pretensão e tentava mantê-los inalcançáveis.

- Uma ligação.- murmurou Hermione a si mesma e então ela viu a adaga de Draco na cintura de Harry. A apanhou e perfurou um de seus dedos. Fez o mesmo com a mão relutante de Narcisa e os uniu.

Durante alguns segundos a mulher loura ainda se debateu conta Harry, e então se quietou como se suas forças acabassem de findar.

- Pode soltá-la.- disse Hermione. Harry obedeceu. A mulher permaneceu imóvel.

- Vamos seguir atrás dela.- disse Hermione enquanto se levantava, apoiando na cabeceira da cama.- Encobertos pela capa da invisibilidade.

- Como exatamente você fez isso?- perguntou Harry enquanto cobria a si e a Hermione com a capa.

- Da mesma forma que Belatriz Lestrange levou Rony ao suicídio.- disse Hermione com certa simplicidade.

- Você às vezes me dá medo.- murmurou Harry.

- Eu sei.- disse Hermione.- Até eu tenho medo de mim às vezes.

Narcisa Malfoy, como um zumbi, deixou o quarto e seguiu por vários corredores e passagens. Às vezes alguma pessoa surgia a seu caminho, mas ninguém parecia se importar com ela.

De algum forma Harry gostava de manter aquela proximidade de Hermione. Aquela coisa de estar sob a capa da invisibilidade junto da amiga, que agora era a namorada, lembrava-lhe dos tempos passados. Dos passeios noturnos por Hogwarts. Lembrava-lhe Rony. Mesmo com os gemidos que Hermione soltava de tempos e tempos, por causa da queimadura na perna. Por alguns minutos Harry teve a ilusão de ter voltado no tempo. Por alguns minutos ele acreditou que logo atrás dele viria Rony, com aquele jeitão desengonçado. Curvado para que também coubesse sob a capa.

E quando ele voltou a si, quando eles haviam chegado à porta do quarto de Draco Malfoy, Harry desejou que ao entrar na peça encontrasse Rony que ralharia com ele por ter vindo abraçado à Hermione. Que brigaria com a mesma por ter colocado-lhes naquela confusão tendo de estar ao mesmo lado de Draco Malfoy e que estaria fazendo cara feia para Gina ao vê-la abraçada com um Sonserino.

Quando Hermione induziu Narcisa à voltar a seu quarto, e quando ela e Harry entraram no quarto de Draco encontrando ali o restante do grupo, Harry sentiu aquilo que ele lutara nos últimos meses, sobretudo nos últimos dias, para não sentir. Ele sentiu falta de Rony. Ele sentiu muita falta de Rony.




***continua***

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