As inomináveis do fogo





- Bom dia!- disse Harry sorridente como ele não estiveram em manhã alguma daquele ano letivo.

- Bom dia!- responderam Rony e Gina meio sonolentos.

- O que pretendem fazer hoje?- perguntou ele enquanto se assentava.

- Estudar.- disse Gina meio desanimada.

- Procurar um par para o Baile de Inverno.- disse Rony com igual desânimo.

- Arrumar um par dessa vez será bem mais fácil do que em nosso quarto ano, Rony.- disse Harry enquanto apanhava uma torrada.

- Lembre-se da última vez, Rony.- disse Gina com um olhar brejeiro.- “Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso!” Essa foi a fala da Mione, você se lembra?

- Você não perde uma, ein Gina?- disse Rony dando uma risada falsa para a garota.

- Mas nesse caso a Mione já não está disponível!- disse Harry sorrindo orgulhoso.- Eu a convidei.

Gina engasgou. Rony deixou a torrada a caminho da boca cair.

- Ou eu estou sonhando ou vocês andam mesmo evoluindo!?- disse Gina assim que se recuperou.

- Você chamou a Hermione para ir ao baile contigo?- perguntou Rony.- E ela?

- Que pergunta, Rony!- disse Gina.- É lógico que ela aceitou!

- Pois é!- disse Harry satisfeito.

- Bom dia!- disse Dino Thomas que vinha se reunir ao grupo.- Gina, vim lhe fazer um convite.

Gina engasgou de novo.

- Que convite?- perguntou Gina.

- É sobre o baile.- disse Dino.- Bom, nós estamos juntos, logo somos um par, não é mesmo?

- Err...-fez Gina se levantando.- A gente precisa conversar...


****


- Hermione, espere!

Hermione se virou e viu Draco vir correndo em sua direção.

- Bom dia, Draco!- disse ela sorridente.- Eu precisava mesmo falar com você.

- É mesmo?- perguntou ele dando um sorriso galante.

- Não é nada sobre isso.- disse ela fingindo-se impaciente.

- Então diga o seu assunto que eu direi o meu!- disse Draco, os dois agora seguiam lado a lado em direção ao salão comunal.

- É sobre a Legilimencia.- disse Hermione.- Eu fiz um grande avanço ontem. E o seu assunto, qual é?

- Eu gostaria de lhe convidar para ser meu par no Baile de Inverno!- disse Draco de forma estranhamente cortês.

- Oh Draco, sinto muito.- disse Hermione sem perder o tom bem humorado.- Mas eu já tenho um par!

- Já tem é?- perguntou ele ficando sério enquanto eles entravam pela porta do salão principal.- E eu posso saber quem é?

- Preciso mesmo responder?- perguntou Hermione olhando Harry, assentado na mesa da Grifinória.

- Você e o Potter fizeram as pazes?- perguntou ele agora visivelmente decepcionado.

- Sim.- disse Hermione.

- E vocês estão juntos, é?- perguntou Draco, eles agora faziam o caminho por entre a mesa da Grifinória e a da Lufa-Lufa.

- Não exatamente.- disse Hermione.- Estamos fingindo que nada ocorreu entre a gente.

- Hum. E acha que isso levará a algum lugar?- perguntou Draco.

- Não esquecemos nossos problemas e diferenças.- disse Hermione.- Estamos apenas fingindo que esse momento é o começo.

Eles estavam agora diante de Rony e o próprio Harry. Draco lançou um olhar rápido para os dois. Aquela era uma situação no mínimo embaraçosa.

- Nós vemos mais tarde, Draco.- disse Hermione antes de dar as costas para ele e se assentar entre os dois outros garotos.

- Eu ainda não me acostumei com a idéia de ver você conversando amigavelmente com o Malfoy.- disse Rony observando o garoto louro ir se assentar na mesa da sonserina.

- Eu não pedi que você o aceite.- disse Hermione.- Eu e o Draco somos amigos como você e a Lilá são enrolados. Eu não a aceitei e nem por isso estou dando palpites.

- Ainda por cima o chama de Draco.- disse Rony.- Draco pra cá. Draco pra lá.

- Se você não entendeu a minha fala anterior, Rony...- começou Hermione.- Eu quis dizer que não dou palpites na sua vida, portanto exijo que você não dê na minha também!

- Eu não estou dando palpites.- disse Rony.- São só comentários.

- Me poupe de seus comentários então.- disse Hermione.

Harry, que observava a cena, calado, sorriu. Recomeçar. Estava dando certo. Ela havia, com alguma falta de jeito, convidado Hermione para o baile. Eles estavam bem agora. E naquela manhã de domingo não havia nada mais além de uma pequena discussão entre a amiga e Rony. Tirando, é claro, o fato de a discussão ser sobre a amizade de Hermione com Draco Malfoy.

Será que teria sido assim há dois anos atrás, se ele, ao invés de ir atrás de Cho, tivesse convidado Hermione como seu par? Talvez ela recusasse por estar com Krum. Talvez ela ainda não a tivesse convidado. Como seria? As revistas e jornais provavelmente teriam dito com muito mais veemência que havia algo entre os dois. Talvez, hoje, Hermione já estivesse, até mesmo, morta.

-...Ao menos dessa vez você tem vestes de gala decentes, Rony.- disse Gina que acabara de assentar de volta junto ao grupo.

Ouviu-se o barulho de asas e logo dezenas de corujas invadiram o salão principal.


****


- O que é isso?- perguntou Blás observando Draco abrir um embrulho que acabara de receber.

- A mão da Glória.- disse Draco secamente enquanto dava um jeito de guarda-la.

- O que vai fazer com isso?- perguntou Blás.

- É melhor você perguntar o que isso fará com Rony Weasley.

- Por isso você quer um encontro com Lilá Brown?- perguntou Blás.

- Sim.- disse Draco.- Mas com esse baile mil oportunidades surgirão.


****


“A mente é, na verdade, o coração do homem. Se você atingir um homem pela mente, você tirará a fonte de vida dele.”

Hermione ergueu os olhos rapidamente. Harry e Rony encontravam-se debruçados sobre os seus deveres de Historia da Magia. Ela, Hermione, já havia feito o seu.

“A legilimência é com certeza o maior dom que um bruxo pode sonhar ter.”

Hermione ergueu os olhos novamente. Quando Harry estava pensando uma pequena ruga entre as sobrancelhas aparecia, como agora.

“Saber penetrar a mente de outras pessoas é ter poder sobre essas pessoas.”

Tinha que procurar Draco. Pensou ela baixando os olhos novamente para o livro.

“Abrir a própria mente é reafirmar o poder que já se tem.”

Quem será que tinha escrito aquele livro? Parecia alguém no mínimo arrogante e autoconfiante em excesso.

- Tem um quadro desse cara na sala de Dumbledore.- disse Harry.

- Ele foi diretor de Hogwarts.- disse Hermione lendo o nome na capa do livro.

- É, eu sei.- disse Harry lembrando-se da cara de Ângelus, tataravô de Sirius.- Sobre o que ele fala nesse livro?

- Legilimencia.- disse Hermione.- Eu particularmente estou achando isso um manual para bruxo das Trevas.- completou com um sorrisinho frouxo.

- Já providenciaram as vestes para o baile?- perguntou Rony.

- Eu escrevi para minha mãe essa manhã.- disse Hermione fechando o livro.

- As minhas estão no malão desde o quarto ano.- disse Harry francamente.

- Já arrumou um par, Rony?- perguntou Hermione com certo divertimento.

- Não.- respondeu o garoto.- Vocês vão juntos, não é mesmo?

- É.- responderam Harry e Hermione em únissimo sem sequer olhar um para o outro.

- Isso há dois anos atrás daria o que falar.- disse ele.

- A começar por você, não é mesmo?- perguntou Hermione.- O que você diria a respeito do Harry?

Rony corou.

- Você está confraternizando com o inimigo!- sorriu Harry em voz de falsete.

- Eu não teria me importado se fosse o Harry.- disse Rony.

- Nós sabemos.- disse Hermione sarcasticamente enquanto se levantava.

- Aonde você vai?- perguntou Rony fitando-a.

- Resolver algumas coisas.- disse a garota antes de deixar o salão comunal.

Não demorou muito para ela encontrar o que procurava. No corredor que levava às masmorras Hermione encontrou Draco conversando com Snape.

- O que faz aqui, Srta. Granger?- perguntou o professor de forma grosseira.

- Trabalho de monitor.- disse ela delicadamente.- Posso falar com você, Malfoy?

- Sim.- disse ele fingindo impaciência.- Com licença professor Snape.- completou antes de sair na direção oposta junto a Hermione.

Eles seguiram pelo corredor e viraram na primeira escada que subia.

- Você é louca.- riu Draco.- Vir me procurar aqui em baixo.

- Você ainda não viu nada.- disse Hermione.- Sobre a minha loucura.- completou ela ao ver uma sombra de dúvida no rosto de Draco.

- E o que você quer comigo?- perguntou o garoto.

- Você deve saber alguns detalhes sobre o incidente no ministério.- afirmou a garota. Draco fez que sim com a cabeça.

- Havia uma porta.- disse Hermione.

- Havia várias portas lá.- disse Draco.

- Havia uma em especial.- disse Hermione.- Ela estava trancada.

- Era a sala que pertenceu à Luana Lovegood.- disse Draco sério.

- Quem foi essa?- perguntou Hermione.

- Ela morreu faz alguns anos.- disse Draco.- Acho que a filha dela estuda aqui.

- Luna Lovegood?- perguntou Hermione.

- Isso mesmo.- disse Draco.- Porque o interesse?

- O que havia lá dentro, você sabe?- perguntou Hermione.

- Mais ou menos.- disse Draco.- Qualquer substância experimental. Eu mal tinha dez anos quando Luana Lovegood morreu em um acidente de trabalho, não me lembro bem. Acho que Luna Lovegood lhe responderia isso melhor.

- Vou procura-la.- disse Hermione dando as costas ao garoto.

- Mione!- chamou Draco.- O que você está tramando?

- Eu?- perguntou Hermione fazendo a cara mais serena que conseguiu fazer.- Nada.

- Vou com você.- disse Draco.

- Onde?

- Atrás de Luna Lovegood.- disse Draco enquanto começava a subir as escadas.

- Quem disse que eu ia atrás dela?- perguntou Hermione.

- Eu já te conheço o suficiente pra saber que você ia fazer exatamente isso!- disse Draco.

- Ok. Eu ia atrás dela.- disse Hermione.- Mas você não precisa ir junto.

- Preciso sim.- disse Draco.- Você vai me contar o que está tramando no caminho.

Hermione que antes ia subindo as escadas parou novamente.

- Eu vou lhe contar.- disse ela.- Mesmo porque eu não conseguirei fazer nada sem a sua ajuda.- Draco sorriu.- Mas agora você vai me deixar ir atrás de Luna sozinha.

- Ok! Srta. Sabe tudo!- disse ele.- Você venceu! Lhe vejo às cinco no lugar de sempre.- e dizendo isso ele deu as costas e desceu as escadas.

Ele estava perdendo-a. Pensou Draco. Passara o último mês ganhando pontos a favor de Hermione. Tanto que agora eles eram bons amigos. Quem diria que isso um dia aconteceria? Hermione Granger, a sangue ruim e Draco Malfoy, o sangue puro malvado se tornaram amigos!

O mundo estava mesmo de cabeça para baixo.


****


Hermione seguiu para a biblioteca. Sempre que ia à Biblioteca aos domingos via Luna por lá, e não deu outra.

Hermione fitou a garota compenetrada em um livro por algum tempo.

- O que procura, Srta. Granger?- perguntou Madame Pince.

- Algum livro sobre a Ciência bruxa atual.- disse Hermione.

Madame Pince desapareceu por entre as prateleiras da biblioteca. Cinco minutos depois ela voltou trazendo um livro chamado Os feitiços do amanhã.

Hermione, sorrindo, apanhou o livro e foi se assentar junto a Luna.

- Olá.- disse Hermione enquanto abria o livro e lia a sua introdução.

Luna não respondeu.

Hermione se distraiu examinando o índice do livro por algum tempo, até que encontrou algo que realmente lhe interessava. O fogo mágico.

- Havia uma reportagem sobre isso em uma edição passada do Pasquim.- disse Luna.

- Sobre o fogo?- perguntou Hermione.

- Sim.- disse Luna.- Você quer saber porque o fogo das lareiras está verde, não é mesmo?

- Uhum.- fez Hermione.

- Eles não querem comensais chegando a Hogwarts por meio do Flu.- disse Luna.

- Eu imaginei que fosse isso.- disse Hermione.- como você sabe?

A garota de olhos arregalados olhou à volta.

- Filha de jornalista.- respondeu ela antes de olhar novamente para seu dever.

- Sua mãe também é?- perguntou Hermione fingindo-se distraída.

- O que?

- Jornalista.- respondeu Hermione apoiando o cotovelo sobre a mesa e o queixo na mão.

- Não mesmo.- respondeu Luna.- Mamãe trabalhava no Ministério.

- Trabalhava?

- É.- disse Luna.- Ela já morreu.

- Oh! Sinto muito.- disse Hermione.

Silêncio.

- O que ela fazia?- perguntou Hermione.

- Ela quem?- perguntou Luna distraída.

- Sua mãe.

- Ela era...- a garota parou e pensou por um momento.- Ela era uma inominável.

- Ela deve ter sido uma grande bruxa.- comentou Hermione.

- Sim.- fez Luna.- Ela era extraordinária!

- Não sente falta dela?- perguntou Hermione.

- Às vezes.- disse Luna.- Mas é como dizem: Os bons morrem antes.

Hermione concordou com a cabeça. Luna voltou sua atenção para o dever que fazia. Hermione fechou o livro que, antes, lia e se levantou. Sumiu, em seguida, em meio as prateleiras. Voltou algum tempo depois trazendo um gigantesco livro, mas não se assentou próxima a Luna.

Os Bruxos Britânicos que fizeram história no último século.

Hermione ergueu os olhos para Luna que permanecia concentrada. Abriu o livro e consultou o índice. Não demorou muito e achou o que procurava. Lovegood, Potter e o fogo.

Hermione arregalou os olhos. Potter? Rapidamente ela abriu o livro na página indicada e começou a ler.

No começo da década de oitenta, uma das grandes promessas do Ministério contra os bruxos das Trevas era o estudo do fogo de Vulcano...

- Está pensando em explodir alguns bruxos, Hermione?- perguntou Luna, séria, que acabara de se assentar defronte a Hermione.

Hermione riu.

- Você tem um ótimo senso de humor, Luna.

- Isso não foi uma piada.- disse a garota se levantando.

- Mas soou como tal.- disse Hermione.

- Se queria saber o que mamãe teve haver com isso era só me perguntar.- disse Luna.

- Essa coisa de sempre procurar os livros é um vício.- justificou Hermione.

- Eu sei esse de cor.- disse Luna.- Luana Lovegood e Lílian Evans, mais tarde Lílian Potter, deixaram Hogwarts em 1979. Em 1980 elas ingressaram no Departamento de Mistérios, à convite de Andrômeda Tonks. Faziam parte de um projeto que visava descobrir as verdadeiras propriedades do fogo de Vulcano. Trabalharam nisso no ritmo que a guerra lhes permitiu trabalhar durante os onze anos que se seguiram. Até que os Potter foram assassinados.

Hermione que acabara de dar uma lida no livro percebeu que pela primeira vez Luna estava narrando uma história verdadeira.

- É lógico que os estudos não pararam por aí.- continuou Luna.- Seguiram-se por mais nove anos. Quando pareceu que elas finalmente obteriam algum resultado significativo houve uma explosão e desde então a sala com o fogo de Vulcano tem permanecido trancada.

- Foi nessa explosão que sua mãe morreu?- perguntou Hermione.

- Sim.

- Se esse fogo é tão perigoso...- começou Hermione.- Porque está sendo usado nas lareiras?

- Talvez Dumbledore queira que toda a escola se incendeie.- disse Luna.- É lógico que você já notou que aquilo não pode ser o tal fogo em sua forma pura.

Isso já está bem claro. Pensou Hermione.


****


- Ah! Aí está você!- disse Rony ao ver Hermione entrar no salão comunal.

Hermione nada disse, limitou-se a atravessar o salão e se jogar em uma poltrona. Bichento, que antes estava no colo de Gina, pulou até Hermione.

- Por onde andou?- perguntou Rony.

- Falando com Luna Lovegood.- disse ela.

- Sobre...?

- Deixe de ser curioso, Rony!- disse Hermione.

- Não é curiosidade!- disse Rony parecendo ofendido.- É que da última vez que você esteve tratando de assuntos sigilosos com Luna, no fim rendeu uma entrevista bombástica do Harry ao Pasquim.

- Porque você não a convida para ir ao baile?- perguntou Hermione calmamente enquanto acariciava Bichento.

Rony fingiu engasgar.

- Já tenho par!- sorriu ele.

- Uou! As pessoas realmente evoluem!- disse Hermione.- Posso saber quem foi que você convidou?

- Não!- disse Rony satisfeitíssimo pela pergunta.

- Não duvido nada que seja a Lilá Brown.- disse Gina. Rony a fuzilou com os olhos.

- Ok Gina!- disse ele.- Obrigado por estragar o meu momento de vingança.

- Você a convidou?- perguntou Hermione.

- Sim.

- E ela aceitou?- perguntou Hermione.- Pois nas conversas que se ouvem, no dormitório feminino, Parvati sempre ressalta que você e o Harry são péssimos dançarinos.

- Ok!- disse Rony se levantando.- Parabéns, Mione! O prêmio Fred e Jorge de pentelhos do ano vai para você!- completou antes de deixar o salão comunal.

- Depois eu sou a mal-humorada!- respondeu Hermione com um sorriso maroto nos lábios.

Harry, que antes estava esparramado em uma das poltronas, se ajeitou na mesma. Gina se levantou.

- Vejo vocês mais tarde.- disse ela dando um sorriso significativo para Hermione.

- Por onde você esteve?- perguntou Harry fitando Hermione.

- Pensei que já soubesse que eu não costumo responder esse tipo de pergunta.- disse Hermione sorrindo calmamente.

Harry se deitou novamente na poltrona.

Silêncio.

- Alguém um dia já lhe contou coisas sobre o passado de sua mãe, Harry?- perguntou Hermione.

Harry se assentou novamente.

- Não exatamente.- disse ele.- Sei que ela teve qualquer coisa com Lupin, que era uma ótima aluna, que até o sétimo ano odiava meu pai e não muito mais que isso.

- Não sabe de nada sobre ela depois que ela e seu pai deixaram Hogwarts?- perguntou Hermione fitando-o.

- O que você descobriu sobre a minha mãe e está enrolando para contar?- perguntou Harry com um sorriso no canto dos lábios.

- Eu não sei de nada.- disse Hermione enquanto hesitava contar ou não para Harry.

- Eu te conheço a tempo suficiente para saber que você sabe sim!- disse Harry com firmeza.

Hermione mordeu o lábio inferior enquanto pensava e em seguida contou sobre o que Luna contara a Harry.

- Porque ninguém nunca me contou isso?- perguntou ele.

- Não sei.

- Porque Dumbledore nunca me falou sobre isso?- perguntou Harry.

- Eu também não sei!

Harry se levantou.

- Você não vai atrás dele agora.- disse Hermione se levantando também.- Já deve estar quase escurecendo!

- Vou sim!

- Harry!- disse Hermione se postando na frente dele.- Você não vai!

Harry se assentou novamente. Tinha a respiração levemente acelerada.

- Não há como recomeçar.- disse ele.

- Do que está falando?- perguntou Hermione se assentando também.

- Se isso tudo fosse em nosso quarto ano não estaríamos investigando o passado de minha mãe.- disse Harry.- E sim nos preocupando com a segunda tarefa.

- Não estamos no meio do torneio tribruxo.- disse Hermione.

- Por isso mesmo.- disse Harry.- Você me disse que recomeçaríamos. Mas não há como fazê-lo.

- Quem disse?

- Eu estou concluindo.- disse Harry.

Hermione fez um muxoxo de impaciência.

- Você está desistindo de mim?- perguntou ela depois de algum silêncio.

- Eu estou concluindo que nunca daremos certo.- disse Harry.

- Não.- disse Hermione.- Você está me entregando ao Malfoy.

- Porque?- perguntou Harry.- Se eu não quiser nada contigo você vai ir correndo para ele é?

- Deixe de ser infantil, Harry!- disse Hermione.- Deixe de tentar complicar as coisas!

- Responda a minha pergunta.- disse Harry.

- Se eu realmente quisesse estar ao lado do Malfoy eu não estaria aqui, nesse momento, tentando impedi-lo de fazer coisas impulsivamente.- disse Hermione.

Silêncio.

- Nós estávamos indo tão bem.- disse Hermione.- E você no primeiro motivo estraga tudo.

Harry baixou o rosto.

- Pois se quer ir até Dumbledore que vá!- disse Hermione se levantando.- Faça o que quiser. Prometo nunca mais me meter mais na sua vida.

Harry se levantou e caminhou na direção do buraco do retrato e em seguida ele deixou o salão. Ela prometera que nunca mais se meteria na vida dele. Ele estaria bem melhor sem ela, ele sabia!

Harry se lembrou dos dias em que ele estivera brigado com a garota e da dor que a ausência dela provocava. E a velha pergunta voltou à sua cabeça: O que ele faria sem ela? Só então Harry percebeu que toda vez que ele se encontrava em apuros era o rosto dela que vinha em sua mente para ajuda-lo. E que eram as interferências dela que sempre ajudavam na vida dele. Que era nela que ele sempre lembrava ao fazer um patrono. E que ele a amava.

E sobre falar com Dumbledore. Bem, ele ainda tinha a capa da invisibilidade e a noite inteira pela frente.


****


Ainda assentada em sua poltrona, Hermione contou mentalmente até dez. Foi o suficiente para assistir Harry entrar correndo pelo buraco do retrato e se assentar novamente defronte a ela.

- Mudou de idéia?- perguntou ela séria.

- Você disse que não se meteria mais na minha vida!- sibilou ele.

- Disse sim e pretendo cumprir.- disse ela.

- Por favor, não cumpra.- disse Harry.

- Pensei que tivesse desistido de fazer tudo voltar a ser como antes.- disse Hermione.

- Você sabe que eu falei aquilo por estar nervoso.- disse Harry.

- Eu sabia que você mudaria de idéia.- disse Hermione sorrindo.


***Continua***

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