Quando o inesperado ocorre



- Ande Gina!- disse Hermione acenando freneticamente para que a garota subisse as escadas do salão principal mais depressa.

- O que foi?- perguntou ela ao alcançar o topo.

- Malfoy está mexendo com os Elfos novamente.- disse ela.- E dessa vez eu terei a palavra de DUAS monitoras!

- Mexendo com Elfos?- perguntou Gina quase correndo para acompanhar a outra.

- Isso!- disse Hermione.- No terceiro andar!


****


- Entra aqui!- disse Blás empurrando o pequeno Elfo que usava apenas uma tanga de trapos e gemia com a boca tapada.

Draco entrou logo atrás e fechou a porta.

- Para onde vamos levá-lo?- perguntou Blás.

- Sala precisa.- disse Draco tirando os cabelos da testa.

- É muito longe.- disse Blás.- E se a Granger nos pegar?

- Eu já pensei no que fazer com ela.- disse Draco.- Não se preocupe.

Ele apoiou o ouvido na porta e escutou.

- Vamos!- disse abrindo-a.

Draco saiu da sala e em seguida veio Blás mas então o elfo segurou-se na porta pelos pés.

- Maldito!- sibilou Draco observando as duas garotas vindo correndo pelo outro lado do corredor.- Estupefaça!


****


- DE NOVO NÃO!- gritou Hermione sacando sua varinha e correndo até Malfoy.

Do outro lado do corredor um grupo de Sonserinos curiosos veio se aproximando. O Elfo estava desmontado no chão. Blás Zambini tinha as mangas da camisa dobradas e Draco, que tinha a varinha em mãos, olhou de maneira desafiadora para Hermione.


****


Harry e Rony viraram a esquina do terceiro andar e viram uma pequena aglomeração de pessoas à frente.

- O que está acontecendo ali?- perguntou Harry.

- Vamos lá ver!- disse Rony enquanto ajeitava o distintivo de monitor no peito. Os dois correram até lá e Rony foi abrindo caminho em meio aos curiosos.- Com licença, sou monitor.- dizia ele de uma forma que lembrava muito a Percy.

Harry imaginava o que seria aquilo e ficou chocado quando finalmente identificou os causadores da confusão. Havia um pequeno circulo ao centro no meio do qual estava um elfo desfalecido. De um lado estada Malfoy ladeado por um Sonserino chamado Zambini e por Pansy Parkinson que a pouco havia chegado ali. Do outro lado estava Hermione ladeada por Gina.

- Dessa vez não tem desculpas, Malfoy!- sibilou Hermione que se encontrava num misto de nervosismo e triunfo. Harry e Rony se posicionaram ao lado dela.- É a segunda vez que lhe pego tentando seqüestrar um elfo.

Draco permaneceu calado. Encarava Hermione, concentrado.

- Da outra vez eu não tinha provas, mas dessa creio que você está ferrado.- disse ela com um ar de quem acaba de descobrir que tirou total no N.O.N.s.

- Cale essa boca imunda, Sangue Ruim!- disse Draco.- Você não vai fazer nada!

Rony passou as mãos pelos cabelos nervosamente. Harry achou que no segundo seguinte ele talvez partiria pra cima de Draco. Mas foi a própria Hermione quem venceu com dois passos os cinco metros que os separavam e lhe acertou um estrondoso tapa na cara.

Draco levou uma das mãos ao rosto e estendeu a outra para segurar Pansy Parkinson que já partia para cima de Hermione.

- Nunca mais me chame de Sangue Ruim!- sibilou Hermione. Estava tão nervosa que as maçãs de seu rosto estavam vermelhas.- Seu imundo!

- Quem você pensa que é para acertar um tapa na cara de Draco Malfoy?- perguntou Pansy Parkinson.

- Sou Hermione Granger.- disse ela sorrindo sarcasticamente.

- Não é a primeira vez que você me acerta com um tapa desses, Granger.- disse Draco tirando a mão do rosto. Harry pode ver a marca da mão de Hermione muito nítida no lado direito do rosto do garoto.- O que não cai nada bem para uma monitora.

- Eu lhe acertaria outro desse com prazer!- sibilou Hermione com um olhar maligno que Harry jamais vira na amiga antes.

- Da outra vez eu não me importei.- disse Draco ignorando o comentário de Hermione.- Mas dessa vez sinto-me obrigado a tomar alguma atitude.

- Vai me bater, Malfoy?- perguntou Hermione. Harry apertou a varinha no bolso.

- Vou lhe fazer calar a boca!- disse Draco.

A cena a seguir aconteceu muito rápida. Draco caminhou até Hermione que já erguia a varinha e segurou o braço dela com certa violência baixando a varinha na direção do chão. Com a mão desocupada ele puxou Hermione pela cintura e a beijou.

No primeiro segundo Hermione se debateu violentamente contra Draco mas em seguida, talvez por ter descoberto que Draco era mais forte ou ainda, quem sabe, por vontade própria, ela acabou se entregando ao momento.

Durante um minuto todos observaram a cena paralisados. Mas então Harry piscou e sem pensar no que estava fazendo partiu para cima de Draco.

Ao receber o peso de Harry sobre ele, Draco cambaleou para trás largando uma Hermione completamente paralisada.

Ao ver Draco e Harry caídos no chão Rony partiu para cima de Blás Zambini. Pansy já corria para Hermione quando Gina a puxou para trás e a tirou do meio da confusão.

- PÁREM!- gritou uma voz feminina.

Rony, que segurava Blás pelo colarinho, largou-o de modo que ele desmontou no chão. Harry que estava sob Draco rolou para o lado.

Gina se virou e pôde ver uma Tonks extremamente zangada correndo na direção da confusão.

- Professora Tonks eu posso explicar...- começou ela.

- Eu vi muito bem o que aconteceu!- disse Tonks.- Quero todos na minha sala! Já!

Gina seguiu na frente conduzindo Hermione pelos ombros. Rony ajudou Harry a se levantar. Em seguida Malfoy e Zambini seguiram atrás deles.

Um a um eles foram entrando para a sala de Tonks. Pansy Parkinson até tentou entrar na mesma, provavelmente para defender Draco, mas Tonks a barrou.

- Vá até a sala dos professores e diga à McGonagall e Snape que temos problemas aqui.- disse Tonks severamente antes de bater a porta.

Em seguida ela deu a volta em sua mesa e se assentou ali. Olhou um a um o rosto dos presentes. Draco Malfoy sangrava no nariz e tinha um olho roxo, Blás Zambini tinha um corte no lábio inferior, Harry sangrava no nariz e Rony estava intacto. Enquanto Gina estava posicionada atrás da cadeira onde se encontrava uma Hermione ainda em completo estado de choque.

Longos minutos de silêncio se passaram. Harry fitava os pôsteres espalhados pelas paredes. Distraía-se agora pelos cabelos negros de Belatriz mas foi interrompido pelo estrondo da porta sendo aberta por Snape que vinha seguido de McGonagall e Pansy Parkinson.

A professora examinou a todos por cima dos óculos quadrados e Harry viu o olhar dela recair sobre uma Hermione ainda imóvel na cadeira.

- Quem vai se habilitar a explicar o ocorrido?- perguntou a professora enquanto dava a volta na sala e se posicionava ao lado de Tonks.

Ninguém se propôs.

- Eu explico!- disse Pansy Parkinson.

Minerva consentiu com a cabeça.

- Fo-foi a Granger quem começou tudo.- disse ela apontando para Hermione.- E-ela deu um tapa em Draco.

- Espera aí!- disse Gina se virando.- Você nem estava lá quando tudo começou!

- E você estava, Srta. Weasley?- sibilou Snape.

- Sim senhor.- disse a garota.

- Então porque não nos narra o que realmente aconteceu?- perguntou Snape que olhava divertido dos distintivos dos Grifinorianos para a cara compenetrada de Minerva.

- Eu estava voltando do treino de Quadribol.- começou Gina.- Hermione veio correndo e me pediu para que a acompanhasse até o terceiro andar. Quando chegamos lá encontramos Draco Malfoy e Blás Zambini carregando o Elfo desmaiado. Hermione então começou a discutir com Draco e ele a insultou. Quando isso aconteceu já haviam vários curiosos em volta. Dentre eles a Srta. Parkinson.- Gina lançou um olhar de triunfo para a garota.- Após ser insultada Hermione acertou Malfoy com um tapa. E depois disso ele a beijou.

A Professora McGonagall ergueu as sobrancelhas surpresa. Snape fez um som inconfundível de nojo. Tonks se limitou a observar Harry atentamente, este fitava o chão por trás dos óculos redondos.

- Por isso Harry e Rony partiram para cima dele.- disse Gina.- Zambini entrou na briga também e até a Srta. Parkinson teria batido em Hermione se eu não a tivesse tirado de lá primeiro.

Hermione continuava completamente imóvel na cadeira.

- O que estavam fazendo com um Elfo, Srs. Malfoy e Zambini?- perguntou a Professora McGonagall.

- Nós o encontramos desmaiado em uma sala, professora.- disse Draco em um som de extrema calma.- E estávamos levando-o de lá para... para a cabana de Rúbeo Hagrid.

- Para a cabana de Hagrid?- perguntou a Professora desconfiada.

- Ele é professor de Trato- das- criaturas- mágicas, não é mesmo?- perguntou Draco com certo desprezo na voz.- Saberia como cuidar de um Elfo.

- E porque você e a Srta. Granger começaram a brigar?- perguntou a professora McGonagall.

- Uma briga entre Draco e a Granger é algo tão comum quanto ver a Professora Tonks derrubando coisas por aí!- riu Zambini.

Não só Tonks, mas McGonagall também, encararam o garoto pálido com severidade.

- Nós não nos damos muito bem, sabe.- atravessou Draco.

- E porque Potter e o Weasley começaram a brigar também?- interrompeu Snape com certa malícia.

Rony olhou para Harry procurando uma resposta, na verdade ele comprara a briga de Harry por puro impulso.

- É simples, Professor.- disse Harry com simplicidade.- Um idiota chega agarrando a sua melhor amiga, obviamente você vai partir pra cima dele.

Draco deu um passo em frente mas Zambini o segurou pelas costas das vestes.

- Não permito ofensas a alunos da minha casa perante a minha pessoa.- disse Snape. Rony fez um muxoxo de desprezo.

- Não permito abuso de autoridade de professores contra alunos da minha casa perante a minha pessoa.- interrompeu a professora Minerva fitando Snape calmamente.

- Será que vocês poderiam falar o que vai acontecer logo?- perguntou Gina impaciente.- Acho que Hermione não está muito bem.

- O que sugere, Tonks?- perguntou Minerva.

- Uma detenção para todos os presentes aqui.- disse Tonks séria.

- Até pra mim?!- perguntou Pansy Parkinson.

- É!- concordou Gina.- A única coisa que eu fiz foi tentar separar a briga!

- Vocês sabem o significado da palavras todos?- perguntou Tonks.- Sem exceções.

- Acho que a Srta. Parkinson não deveria estar incluída...- começou Snape.

- Desculpe professor Snape.- começou Tonks.- Mas eu não sou apenas uma professora qualquer, eu sou a aurora responsável pela segurança desta escola!

- E o que isso teria a ver com a segurança do castelo?- perguntou Draco.

- Há uma guerra muito grande com a qual eu devo me preocupar lá fora.- disse Tonks.- Não quero que outra guerra se forme aqui dentro. Isso servirá de lição a todos.

- Não é justo que sirvamos de exemplo para o restante da escola.- disse Pansy Parkinson.- Somos monitores, onde vai ficar a nossa moral?

- É exatamente pelo fato de cinco de vocês serem monitores que servirão de exemplo.- disse Tonks.- Quero que o próximo a promover baderna no corredor pense que se com monitores foi assim, significa que a coisa é séria.

- E quando serão as nossas detenções?- perguntou Harry. Era estranho, mas ele estava calmo. Talvez fosse porque a detenção não estava vindo de Snape mas de Tonks. Ou mesmo porque ele tinha consciência de que tinha feito algo errado, e já que Malfoy iria pagar por seus erros também não tinha porque ele não fazer o mesmo. Rony parecia estar pensando da mesma maneira.

- Vocês serão avisados.- disse Tonks.- Agora, se ninguém tem ferimentos graves, creio que podem tomar cada um o seu rumo.

Snape foi o primeiro a sair. Em seguida os três Sonserinos se retiraram também.

- O que estão esperando?- perguntou Tonks olhando Harry e Rony.

Os dois saíram silenciosamente.

- O que aconteceu com ela?- perguntou Gina observando uma Hermione ainda imóvel.

- Leve-a para o dormitório.- disse Tonks.- Qualquer coisa um copo de água fria vai resolver.

Gina consentiu com a cabeça, fez com que Hermione se levantasse e guiou a amiga até seu dormitório na torre da Grifinória.

- O que aconteceu com ela?- perguntou Lilá assim que Gina assentou Hermione na cama.

- Onde está a jarra de água?- perguntou Gina quando Parvati surgiu pela porta do banheiro e veio na direção delas.

- Ali.- disse Lilá apontando para a janela.

Gina caminhou até lá, encheu um copo de água e em seguida jogou todo o conteúdo no rosto de Hermione.

- O que?!- fez a garota se levantando assustada como se acabasse de acordar de um pesadelo. Na verdade a princípio ela achou que fora isso: tudo fora um pesadelo!- Onde está aquele traste?!

- Tudo já foi resolvido, Mione.- disse Gina devolvendo o copo no lugar.- Todos levamos detenções mas agora está tudo bem.

Hermione então se lembrou do ocorrido e involuntariamente levou a mão à boca e fez cara de extremo nojo.

- Porque você me molhou?- perguntou ela.

- Você entrou em uma espécie de transe.- disse Gina. Parvati e Lilá observavam tudo com idênticas expressões de dúvida.

- Não me lembro o que aconteceu depois.- disse Hermione séria.

- Harry partiu pra cima de Malfoy, Rony segurou Zambini e eu te tirei de lá antes que Parkinson lhe acertasse um soco.- disse Gina com simplicidade.- Fred e Jorge se sentiriam excitados com toda aquela confusão.

- Não faça piadas.- censurou Hermione.- Você diz isso porque não era você quem estava lá.- Em seguida ela caminhou na direção do banheiro.

- O que vai fazer?- perguntou Gina.

- Quem sabe tentar me matar afogada na privada!- disse Hermione mal- humorada antes de bater a porta atrás de si.

- Você disse pra não fazer piadas!- retrucou Gina se virando e encontrando novamente com Lilá e Parvati.

- O que exatamente aconteceu?- perguntou Parvati.

- Não se preocupem.- disse Gina ignorando-as e seguindo na direção da saída do dormitório.- Fofocas em Hogwarts correm rápido. Vocês logo saberão.


****


Hermione se encostou na porta e se deixou cair assentada no chão do banheiro.

Sentia nojo, muito nojo mas não tinha vontade de lavar sua boca. Era estranho tudo o que se passava dentro dela naquele momento. Ela odiava tudo o que acontecera até o ponto em que você pensa que foi beijada pelo traste do Malfoy. Mas era como se o lado feminino dela estivesse falando mais alto. Ele a surpreendera. Ele realmente a surpreendera.

Hermione poderia esperar que Neville Longbotton roubasse um beijo dela. Mas nunca Malfoy! Nunca uma das pessoas que ela mais odiava no mundo. E o pior é que no fundo ela gostara. A verdade é que ela sempre gostara de garotos que a surpreendiam. Como Vítor.

Fora algo diferente de tudo que Hermione já experimentara na vida. Era algo como se cada nervo de seu corpo fosse parte de uma corrente elétrica que de repente entrara em curto circuito. Algo como um choque térmico ou como se ela estivesse a ponto de congela no meio de uma nevasca e de repente cada centímetro de seu corpo começasse a se aquecer. Era algo que nem Rony nem Vítor a fizeram sentir.

- Você não pode estar sentindo isso tudo após ser beijada por Draco Malfoy, Hermione Granger!- disse para si mesma antes de se levantar e enxugar o rosto ainda molhado.

Em seguida ela decidiu que o melhor a fazer era esquecer todo o ocorrido. Não que ela fosse deixar isso barato. Mas se preocuparia com a vingança mais tarde.

Ela desceu para o salão comunal e encontrou Gina que cuidava do machucado de Harry. Rony estava jogado na poltrona do lado e ao vê-la levantou-se num pulo.

- E então?- perguntou ele.

Hermione ergueu a sobrancelha para ele numa expressão de dúvida e se assentou.

- Eu sei que você vai dizer que violência não leva a nada.- disse Rony serrando os pulsos.- Mas nós vamos dar uma lição nele! Já falamos com o Neville.

- Vocês realmente acham que vão conseguir bater no queridinho dos Sonserinos com a ajuda de Neville Longboton?- perguntou Hermione calmamente.

Harry ia retrucar mas Gina o impediu apertando o corte no nariz do garoto.

- Eu já disse a eles que não adianta fazer nada com a cabeça quente.- disse Gina.

- Mas...

- Calma, Rony.- disse Hermione.- Eu vou pensar em alguma coisa para nos vingarmos de Malfoy.

- Não consigo pensar em nada melhor do que uma boa surra.- disse Rony.

- Se tem uma coisa de útil que eu aprendi com Fred e Jorge é que existem formas mais interessantes e divertidas de se vingar de alguém.- disse Hermione.

- Como o que por exemplo?- indagou Rony.

- Talvez possamos encurralá-lo e lançarmos um Crucio nele para o ouvirmos gritar de dor até ficar inconsciente.- disse Hermione.- É lógico que não vamos fazer isso! Acalme-se Rony, a pressa é inimiga da perfeição.- completou ao ver a cara abismada do outro.

- Você as vezes me dá medo.- disse Rony.

Hermione por sua vez sorriu como se aquilo fosse um elogio.

Gina finalmente largou Harry. Este se ajeitou no sofá e fitou Hermione. Havia algo estranho nela. Não que ela perdesse sua beleza com isso. Mas havia algo definitivamente estranho.

Ela de repente virou-se para Harry. Os olhos dos dois se encontraram e ela sorriu. Harry sentiu-se ruborizar e desviou os olhos.


No quadrado salão comunal da Sonserina, Draco Malfoy estava deitado em uma poltrona com um pano no nariz para tentar fazer parar de sangrar.

- Eu ainda não acredito que você fez aquilo!- ria Zambini.- Você não só conseguiu deixar a Sangue Ruim em estado de choque como atingiu também o Weasley e o Potter.

- Eu ainda acho que aquilo foi desnecessário.- retrucou Pansy Parkinsons que agora estava profundamente mal- humorada.

- Quem é você para saber o que é ou não desnecessário?- perguntou Draco se levantando irritado. Precisava pensar e aquela agitação o estava atrapalhando. Chutando uma poltrona para abrir caminho ele subiu para seu dormitório e se jogou em sua cama de mogno fechando as cortinas de veludo verde.

Havia beijado uma Sangue Ruim. Sem querer teve ânsia de vômito. Mas o que mais lhe irritava era o fato de que ele tinha gostado.

Fora algo como se entre os dois houvesse um ímã que os deixou completamente ligados durante alguns segundos. O fascinante era que durante aqueles míseros segundo Draco conseguira esquecer de tudo, de quem era, do que ele fazia ali... Ele sempre se orgulhara por não ser alguém que se deixa levar por um momento. Mas agora que ele experimentara a sensação que era aquilo ele havia gostado.

Ele sorriu. Sempre ficara com várias garotas. Aliás, sempre tivera a garota que ele quisera. Mas nunca tinha experimentado alguma coisa como aquilo.

- A gente nunca consegue fazer tudo o que quer.- Era a voz de sua tia Belatriz.- Se você quer ser um grande e poderoso bruxo, provavelmente terá que abrir mão de certas coisas.

- Como...?

- Você sabe que os opostos se atraem, Draco.- disse ela.- E se você tem um grande ideal, provavelmente terá de escolher entre ele e o seu amor.

Draco sacudiu a cabeça e riu. Havia gostado do beijo mas não da garota com a qual ele ocorrera.


****


Quando o Domingo nasceu metade de Hogwarts já soubera do ocorrido. Era impressionante a forma como as “fofocas” se espalhavam rapidamente. Principalmente quando envolviam pessoas únicas na escola.

Harry admirava a forma como Hermione tratava o assunto. As piadas eram muitas, mas ela limitava-se a ignorar tudo o que falavam.

Na realidade ela sentiu-se aliviada por não ter esbarrado com Malfoy em pessoa pelos corredores durante o fim de semana.

No final das contas a única certeza que se obteve com aquela história toda era que Tonks podia ser a bruxa descolada que fosse, boa professora, super legal e tudo o mais. Mas não era pessoa para brincar.

Talvez por esse motivo Harry passou a se dedicar como nunca à prática da oclumência.

- Bom dia.- disse Gina ao se juntar aos três na mesa de café da manhã na segunda-feira.

- Dia.- responderam Harry e Rony. Hermione estava escondida por trás do Profeta Diário.

Gina começou a se servir de bacon.

- Mais um ataque a trouxas.- disse Hermione finalmente.

- Me pergunto aonde vamos parar.- respondeu Gina no momento em que as corujas começaram a entrar pelo teto.

Hermione abaixou o jornal e observou um Harry curioso olhar para o teto.

- Está esperando alguma coruja, Harry?- perguntou ela.

- Edwiges está sumida.- respondeu ele voltando-se para a mesa levemente decepcionado.

- Droga!- disse Rony.- Temos trato das Criaturas Mágicas logo de cara.

- Hagrid não é tão ruim assim.- censurou Hermione.

- Antes fosse isso Mione.- disse Rony.- A nossa aula é com os Sonserinos.

- Se você mesmo quis terminar com a Mione porque está sentindo ciúmes, Rony?- perguntou Gina.

- Do que você está falando, Gina?- perguntou Hermione.

- Você está solteira.- disse Gina sorrindo de um jeito que lembrava muito a Fred e Jorge.- É bonita, inteligente. O Malfoy também tem esses três pontos.

- Gina!- fez Rony.

- Eu não vou ter nada com o Malfoy, Gina!- disse Hermione se levantando.- E Rony, se você quer mesmo manter distância dos Sonserinos é melhor não assistir a aula alguma hoje: temos poções dupla à tarde.

Harry, Rony e Hermione logo seguiram rumo à cabana de Hagrid. Mas mal haviam deixado o saguão de entrada quando o encontro tão adiado - ou quem sabe esperado - aconteceu.

Draco Malfoy vinha se aproximando ladeado por Crabbe e Goyle. Logo Blás Zambini e Pansy Parkinson vieram se juntar a eles.

- Estamos em desvantagem.- murmurou Rony para Harry.

- Não seja por isso.- disse Harry em resposta indicando com a cabeça a direção da entrada para o castelo.

Rony olhou rapidamente. Pela gigantesca porta atrás de si saíam Parvati, Lilá, Dino e Simas e ao avistarem a confusão que começava a se formar correram até lá.

- Mau dia, Potter!- disse Draco entredentes fuzilando Harry com seus olhos de cor cinza os quais involuntariamente foram recair sobre Hermione. Draco sentiu um leve incomodo ao olha-la.

- Pensei que tivesse medo de morrer, Malfoy.- retrucou Harry também fuzilando o outro com os olhos.- Ou que fosse demorar mais até criar coragem para brigar.

- Ninguém disse que eu estou aqui para brigar, ou disse?- perguntou Draco.- Ou será que a Granger vai querer me bater novamente?!

- Tá procurando um motivo pra me beijar de novo, Malfoy?- perguntou Hermione, Harry olhou para ela surpreso.- Gostou do meu beijo foi?

- Como se alguém pudesse gostar do beijo de uma sangue ruim!- interrompeu Pansy Parkinson.

- Vai querer que eu lhe dê um tapa também, Parkinson?- indagou Hermione sorrindo em triunfo .- Pra poder me beijar depois é? Ficou com ciúmes?

Todos os grifinorianos, exceto Harry, riram.

- Ciúmes!- repetiu Pansy Parkinson em uma horrenda expressão de nojo.

- É. Ao que tudo indica você tem mais ciúmes de mim do que do próprio Malfoy.- disse Hermione.- Você quer o que? Ou melhor, quem: o Krum, o Rony, o Harry ou o Malfoy? Ou será que você quer a minha inteligência?!

- O que diria a Professora McGonagall se visse sua candidata a monitora chefe metida em uma nova briga?- perguntou Draco antes que Pansy tivesse tempo de responder Hermione.

- E o que diria o seu “papai” se ficasse sabendo que você anda beijando nascidas trouxas por aí?- perguntou Hermione.

- Porque não assume logo que o melhor nome para se referir a pessoas como você é mesmo “sangue ruim”?- perguntou Draco sarcasticamente.- Sua imunda!

Por um momento Harry se preparou para segurar Hermione antes que ela partisse pra cima de Draco novamente. Na verdade ele não queria presenciar outro beijo. Mas Hermione não se mexeu, não a princípio pois depois de alguns segundos ela simplesmente respirou fundo e deu as costas para o grupo.

Harry lançou um olhar de desprezo à Malfoy e em seguida saiu atrás da amiga.

- Vai ficar aí parado, Malfoy?- perguntou Rony.

- Porque? Estou te incomodando é, Weasley?- perguntou Draco.- Mil desculpas.- completou em tom de falsete.

- Vamos, Rony.- disse Simas e em seguida os grifinorianos seguiram na direção da cabana de Hagrid.



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