Amigos Namorando



Após o almoço, ainda empolgados com a aula de DCAT, eles tiveram aula dupla de Feitiços. Depois desta Hermione seguiu para sua aula de Runas e os outros dois foram para a torre da Grifinória.

- Com licença Profª. Vector.- disse uma voz rouca à porta.- Posso falar com a Srta. Granger um minuto?

Ao ouvir seu nome Hermione ergueu o rosto do pergaminho repleto de runas. Parado à porta estava Malcolm, o Sonserino do terceiro ano.

- Srta. Granger.- chamou a professora.

Hermione se levantou e saiu da sala fechando a porta ao passar. O garoto parecia aflito.

- Você pediu para avisar sobre comportamentos estranhos.- disse ele aos sussurros.- Sonserinos pegando elfos na cozinha.

- Do que você tá falando?- perguntou Hermione.

- Não diga quem lhe avisou. Mas eles vão pegar Elfos como cobaias.- após dizer isso o garoto saiu correndo.

Hermione ficou parada por um momento processando as informações. Em seguida levou alguns segundos para decidir se iria à cozinha checar o que estava acontecendo ou se voltaria para a aula de Runas. Acabou indo para a cozinha.

- Anda Elfo maldito!- dizia uma voz.- Não podemos ser pegos aqui.

- Não meu senhor. Tenho trabalho a fazer .Piedade meu senhor!- resmungava o Elfo.

Hermione sacou a varinha e ajeitou o distintivo.

- Solta ele!- disse ela ao ver um sextanista Sonserino puxando o Elfo pela orelha.

- Oras bolas! Se não é a Sangue Ruim!?- sibilou uma voz arrastada e de um sombra Hermione viu surgir Draco Malfoy.

- Resolveu maltratar Elfos agora, Malfoy?- perguntou ela.

- Eu não estava maltratando Elfos, estava?- perguntou ele sorrindo.

Hermione observou o outro garoto soltar o elfo e este voltar correndo para a cozinha.

- Eu...- começou Hermione.

- Você não tem provas contra mim.- disse Draco.

- Mas tenho a palavra de monitora.- disse Hermione.

- Contra a palavra de um monitor.- disse Draco.- Agora me dê licença, tenho mais o que fazer.

Hermione observou irritada Draco sumir de vista. Ela realmente não tinha provas e ela odiava aquilo! Acabou voltando para a aula de Runas.


****


- Mione acredita que você está nos escondendo algo.- disse Rony. Ele e Harry estavam assentados no salão comunal lustrando suas respectivas vassouras.

- Como o que, por exemplo?- perguntou Harry. Ele sabia bem o tipo de coisa que estava escondendo dos amigos. Mas realmente não queria falar daquilo com eles.

- Não sei.- disse Rony. Ele na realidade procurava algum assunto no meio do qual pudesse contar para Harry o ocorrido entre ele e Hermione, mas até agora não havia encontrado.- Você conhece a Mione, sempre com algumas idéias malucas na cabeça.

Harry permaneceu em silêncio durante algum tempo. Talvez Rony devesse saber. Faltava-lhe apenas coragem para contar. E quando esta finalmente pareceu suficiente o buraco do retrato se abriu e por ele entrou a própria Hermione com sua imensa mochila nas costas.

- Boa tarde.- disse ela enquanto se jogava no sofá perto dos garotos. Parecia cansada.

- Aonde esteve?- perguntou Harry fitando-a.

- Parece que Malfoy achou que seria divertido seqüestrar um elfo da cozinha.- disse Hermione, bichento veio veloz e se acomodou no colo da garota.- Eu estava impedindo-o de fazer isso.

- Para quê ele seqüestraria um Elfo?- perguntou Rony. Aquela ela a primeira vez em que ele dirigia a palavra a Hermione desde a noite anterior.

- Prática de Magia Negra.- disse Harry.

- Foi exatamente o que eu imaginei.- disse Hermione observando Gina que se aproximava.

- Vamos descer para o jantar?- chamou ela.

- Boa idéia.- disse Hermione.- Estou faminta.

- Espere apenas que nós guardemos as vassouras.- pediu Harry fitando Hermione.

Rony concordou com a cabeça e subiu apressado.

Em poucos minutos os quatro estavam assentados na mesa da Grifinória para o jantar.

E logo a noite de Sexta feira caiu trazendo o primeiro Sábado em Hogwarts. E era incrível a maneira como faltava tempo para pensar na guerra lá fora. Talvez a tática dos professores fosse passar tantos deveres de casa que não sobrasse tempo para os alunos pensarem em outras coisas, ou ter medo.

Harry toda vida ouvira Hermione dizer que ele e Rony eram os seres mais tapados que vagavam pela terra. Mais tarde Harry descobriria que ela tinha razão.

Durante aquela semana Hermione e Rony mal se cumprimentavam. Harry nem percebeu. Talvez porque estivesse realmente cheio de coisas a fazer, talvez porque fosse mais lerdo que o normal mesmo, ou ainda talvez fosse pelo fato de que ele vinha constantemente se isolando do restante do mundo.

As aulas com Snape não haviam mudado em muita coisa. O professor continuava grosso como sempre e Harry sentia vontade de matá-lo toda vez que o olhava e lembrava de Sirius.

Harry agora estava no salão comunal terminando os últimos deveres de Transfigurações.

- Mal posso esperar até o primeiro treino.- dizia Rony quando Gina e Hermione se aproximaram.

- Já está na hora do jantar.- disse Gina.

- A minha barriga já deu o aviso, Gina.- disse Rony levemente mal humorado.

- Vamos ir andando então?- chamou Gina.

- Vamos. Tenho que ir à sala de Tonks depois do jantar.- disse Harry se levantando. Rony fez o mesmo, mas Hermione, que até então estava de pé, se assentou em uma das poltronas. Iria fazer o que tinha que ser feito.

- Rony, espere.- disse ela. Não só Rony, mas Harry e Gina também se viraram.- Será que a gente podia trocar uma palavrinha?

Rony corou e concordou com a cabeça. Harry fitava Hermione com imensa curiosidade, mas ela nem notou, sentia-se nervosa.

- Nos encontramos lá em baixo, no jantar, então.- disse Gina interrompendo o silêncio.

- É.- concordou Hermione.

Ela observou Gina e Harry sumirem pelo buraco do retrato. O salão comunal estava praticamente deserto, todos deveriam estar no jantar. Rony permanecia de pé, com as mãos nos bolsos da calça.

- Porque não se assenta?- perguntou Hermione indicando a poltrona defronte a dela. Rony, sem jeito, concordou com a cabeça e obedeceu.

Silêncio.

- Não se preocupe, eu não vou beijá-lo novamente.- disse Hermione sentindo-se, em seguida, extremamente idiota. Aquilo não era coisa de se dizer para um garoto.

Rony por sua vez sentia-se estranho. Quando aconteceu, na outra vez, ele sentira nojo, mas agora sentia uma imensa vontade de beijar Hermione novamente. Só não sabia como faze-lo.

- Desculpa pelas coisas que aconteceram, ok?- disse Hermione.- É que eu... Eu esperava que você fosse parecido com o Vítor, que tivesse alguma iniciativa, sei lá...

- Hermione...- começou Rony.

A garota baixou a cabeça. Sentia vontade de chorar agora. Estava com muita vergonha do que acontecera uma semana antes.

- Diga.- disse com a voz fraca.

- VOCÊ JÁ BEIJOU O KRUM?- disse Rony em um tom demasiadamente alto tamanha fora a sua surpresa.

Hermione sentiu-se ruborizar.

- Sim.- disse ela com a voz fraca.

Rony fez um barulho inconfundível de nojo.

- Mas o assunto agora não é esse.- disse Hermione erguendo o rosto para Rony.

- Qual é então?- perguntou Rony que parecia extremamente irritado.- O que vai me dizer? Eu até iria ter algo contigo se você não tivesse sido tão idiota.

Hermione se levantou.

- Cala a boca Rony!- disse ela.- Eu gosto de você.

Rony engasgou.

- Você não pode gostar de mim.- disse ele.- Você é Hermione Granger, a heroína dessa história toda, pela lógica você deveria gostar do Harry.

- O amor não tem uma lógica, Rony.- disse Hermione.- E não sei porque você diz que sou a heroína, eu nunca fiz nada de mais.

- Você tá brincando comigo.- insistiu ele.- Como brincou no dia em que me beijou.

- Eu não sou uma pessoa de brincadeiras.- disse Hermione séria.- Você sabe muito bem disso. Eu gosto de você, pateta como você é.

Rony fitava os sapatos. Estava muito, mas muito vermelho.

Seguiu-se um minuto ou mais de silêncio até que Rony falou.

- Certo, e o que eu devo fazer agora?

Hermione sorriu por dentro.

- Faça o que achar que deve ser feito.- disse ela, seu coração estava disparado.

Rony, ainda com as mãos nos bolsos se levantou e caminhou até ela, observando atenciosamente o chão. Ele nunca tinha feito aquilo antes, mas não devia ser difícil. Ele considerou por um momento o fato de ele ser muito mais alto que Hermione. Harry também era mais alto que Cho, e isso aparentemente não tinha atrapalhado muito.

- Será que a gente pode se assentar?- perguntou ele sentindo-se corar violentamente de novo.

- Tudo bem.- disse Hermione com simplicidade antes de se assentar na poltrona. Rony se assentou ao lado dela e no segundo seguinte os dois estavam aos beijos como se nada nem ninguém tivesse importância no mundo, só eles.


****


- Com licença.- pediu Harry ao entrar na sala de Tonks.

- Olá Harry, como você está?- perguntou a mulher de cabelos rosa choque de trás de sua mesa.

- Vou indo.- disse ele observando o rosto carrancudo de Rodolfo Lestrange, em um dos pôsters na parede, encarando-o.

- Você sabe porque está aqui, certo?- perguntou Tonks.

Harry concordou com a cabeça e em seguida colocou o mapa do maroto sobre a mesa.

- Não é só isso.- disse Tonks.- Você se lembra como se pratica oclumência. Eu imagino.

- Mais ou menos.- disse Harry antes de se assentar.

- Quer que eu explique novamente o que é, e para quê serve?- perguntou Tonks calmamente.

- Não.- disse Harry.

- Então creio que podemos começar logo a praticar.- disse Tonks.- Esvazie sua mente e se levante, Harry.

Tonks se levantou e deu a volta na mesa. Tinha a varinha em mãos. Harry se concentrou durante algum tempo. Deveria esvaziar sua mente. Ele fechou os olhos e se concentrou. Devo esvaziar minha mente, repetiu mentalmente e em seguida se levantou respirando fundo.

- Vamos lá.- disse ele quando se posicionou defronte a Tonks.

- Legilimens!- disse Tonks.

Harry se concentrou o máximo que pode. Mas em seguida ele já não estava mais ali. Estava voando. Ele via as luzinhas na rua trouxa lá em baixo. Ele olhou para o lado e viu Luna voando em um Trestalio. Atrás dela vinha Hermione e... Ele deveria estar fechando a sua mente.

Harry abriu os olhos, estava ajoelhado na sala de Tonks.

- Acho que eu deveria ter lhe orientado sobre como fechar esvaziar mente.- disse Tonks esticando a mão para que Harry se levantasse.

Harry estava novamente de pé, mas Tonks deu novamente a volta na mesa e se assentou. Harry fez o mesmo.

- Feche os olhos, Harry.- Ordenou ela.

Harry obedeceu.

- Agora pense em um... em um biscoito.- disse Tonks.

Harry, achando aquilo algo extremamente bizarro, concentrou-se em um biscoito.

- Concentre-se somente nesse biscoito e mais nada.- disse Tonks.- Feche a sua mente sobre esse biscoito.

Harry se concentrar o máximo que pode no tal biscoito. Mas mal ele havia ouvido as palavras mágicas sussurradas por Tonks e o biscoito se tornou mais nítido do que nunca.

A Professora McGonagall fitava Harry de trás de sua escrivaninha.

- Pegue um biscoito, Potter....

Harry abriu os olhos. Tonks o encarava severa. Ele achou que algo em seu rosto sério lembrava a Sirius.

- Você deve se concentrar.- disse Tonks.

- Eu estou tentando.- disse Harry com simplicidade.

- A vontade que você sente de acordar e achar que está sonhando não deixa você esvaziar a sua mente.- disse Tonks ainda séria.- E é isso que Voldemort quer.

- Você fala o nome dele...

- Sim.- disse Tonks.- Harry, você precisa entender uma coisa.

- Diga.- disse Harry.

- Sirius morreu. Isso não é um pesadelo.- disse ela.- Por isso você deve esvaziar a sua mente dos acontecimentos que antecederam e sucederam a morte dele.

Harry permaneceu calado.

- Voldemort quer que você se culpe. Que você se afunde tanto nessa falsa culpa que chegue ao ponto de sair do castelo e deixar-se vulnerável a ele.- disse Tonks.- E isso não pode acontecer!

- Mas eu não consigo superar isso, Tonks.- disse Harry.- Não é culpa. É um vazio que parece cada vez maior.

- Sirius levou um pedaço de todos nós junto com ele.- disse Tonks.

Harry respirou fundo.

- As pessoas não conseguem entender.- disse ele.

- Entender...?

- Sirius não era mais um amigo meu.- disse Harry.- Ele não era meu tio, não tinha sido meu amigo de escola, nem de duelos ou de guerra. Eu passei longos anos da minha vida com um enorme vazio dentro de mim. Eu nunca tive um pai, Tonks.

Tonks fitava Harry com calma.

- Ele era um pai pra mim.- disse Harry.

- Para quantas pessoas você já disse o que sente?- perguntou Tonks.- Quero dizer, com quantas pessoas você conversou sobre esses últimos acontecimentos?

- Com ninguém.- disse Harry.- Quer dizer, com Dumbledore apenas.

- Porque não fala sobre o que está sentindo com seus amigos?- perguntou Tonks.

- Não sei.- disse Harry.- Acho que eles ficariam assustados e no fim não me compreenderiam.

- Muitas vezes a gente se engana com as reações que achamos que as pessoas terão a respeito de determinados assuntos.- disse Tonks.

Harry não disse nada.

- Talvez compartilhar isso com alguém fosse bom para a sua cabeça, Harry.- disse Tonks.- Sobre a oclumência acho que chega por hoje.

- Quando devo voltar?- perguntou Harry.

- Volte na Sexta.- disse Tonks.- E pratique

Harry concordou com a cabeça e em seguida deixou a sala de Tonks. Ia caminhando lentamente para a torre da Grifinória. Mal sabia ele que em alguns minutos aconteceria algo que mudaria sua vida. Algo que a princípio ele não identificaria claramente, mas que seria algo realmente grandioso.


****


- ...E então aquela Granger apareceu.- dizia Blás.- E nós não conseguimos trazer o elfo.

Estavam agora um grupo de Sonserinos, principalmente garotos, em volta de uma mesinha no salão comunal vazio. Draco ordenara o toque de recolher para os que não fossem participar do pacto.

- Isso não vem ao caso agora.- disse Draco.- Eu sou o responsável pelos comensais Jr. daqui, portanto antes de mais nada nós selaremos um pacto e todos vocês deverão obedecer a ordens minhas a partir de então.

- Mas os comensais devem obedecer apenas o Lorde das Trevas.- disse um garoto de uns catorze anos.

- O Lorde das Trevas não se faz presente em Hogwarts.- disse Draco.- E deu a mim a lição de trazer a palavra dele até vocês. Assim é a hierarquia das trevas. Vocês deverão sempre lealdade a todos os superiores a vocês. Mas paremos com essa lenga lenga e vamos ao que interessa.

Draco sacou a varinha e fez aparecer um pergaminho e uma pena. Ambos eram bem diferentes do normal. A pena tinha a ponta de metal e o pergaminho tinha um caveira com uma cobra saindo da boca como fundo.

- Todos deverão assinar à essa lista selando assim o seu pacto com o Lord das Trevas.- disse Draco.- Quero que comece por Blás e vá até Pansy.

O garoto pálido de cabelos negros apanhou sem pestanejar o pergaminho e a pena e fez o que tinha de ser feito. Sem piedade perfurou seu polegar com a ponta de metal da caneta - o que provocou um barulho parecido com aquelas peças de dentista para sugar saliva - e em seguida escreveu seu nome no pergaminho como se seu próprio sangue fosse a tinta da pena.

E assim se fez. Um a um, os treze Sonserinos ali presentes foram perfurando seus respectivos polegares e assinando o pergaminho.

- Creio que todos podem agora subir para seus dormitórios.- disse Draco.- E lembrem-se: O silêncio absoluto faz parte do pacto.

Silênciosamente os Sonserinos foram se levantando e subindo para seus dormitórios, até que só sobraram Draco e Blás.

- E agora?- perguntou Blás.- Qual será o próximo passo?

- Temos que ensinar a esses cabeças ocas a boa e velha magia negra.- disse Draco sorrindo satisfeito.- Praticar em aranhas não tem graça. Temos que conseguir os Elfos.

- A Granger já está desconfiada, pode ser perigoso.- disse Blás.

- Não sei como ela foi atraída até a cozinha, hoje.- disse Draco.- Ou alguém nos denunciou a ela, ou ela tem algum modo de controlar o castelo.

- Acho mais provável o segundo.- disse Blás.

- Eu não sei.- disse Draco sinceramente.

- Aquela Sangue-Ruim é mais esperta do que deveria ser.- disse Blás com firmeza.

- Sim, ela é.- disse Draco crispando a boca pensativo.- E quer a chefia dos monitores, como eu.

- Mas pra você não será difícil conseguir.- disse Blás.

- E pra ela também não.- disse Draco.- A menos que um dos dois interfira no caminho do outro.

- Acho mesmo é que você deveria mostrar a ela quem manda aqui.- disse Blás.

- Vou pensar sobre isso.- disse Draco.- Mas por enquanto nada de Elfos.


****


Harry entrou no salão comunal da Grifinória e encontrou Gina, Hermione e Rony por ali. Riam.

- Olá Harry.- disse Hermione.

- Achei que demoraria mais na sala da Tonks.- disse Gina.

Harry se assentou ao lado de Gina e examinou os rostos dos três, sério. Havia algo errado ali.

- Porque vocês não foram jantar?- perguntou ele a Rony e Hermione.

Hermione deu um estranho sorriso brejeiro.

- Errr...- fez Rony.

- Contem a ele!- disse Gina sorrindo também.

- Eu e a Mione...- começou Rony ficando vermelho.

- Estamos juntos.- completou Hermione.

A princípio Harry não entendeu o que significava aquele estar juntos. Mas então a ficha caiu.

- Vocês o que?- perguntou ele.

- Eles estão namorando, Harry.- disse Gina.

Harry processou as informações rapidamente. Rony sempre gostara de Hermione mais do que como amiga, mas ela... Será?! No fundo ele soubera que aquilo mais cedo ou mais tarde aconteceria, só não esperava sentir ódio por isso. Não de Rony, mas de Hermione.

- Hum...- fez Harry fitando algum ponto acima do ombro de Rony.- Que bom!

Rony sorriu. Hermione não. Ao ouvir o tom arrogante na voz de Harry ela ficou extremamente séria. Esperava que ele ficasse feliz pelos dois, mas isso aparentemente não ocorrera.

- Escuta.- disse ele.- Eu estou cansado, acho que vou me deitar.

Os três o observaram subir as escadas e desaparecer.

- O Harry é estranho!- disse Rony.

- Não.- disse Gina.- Ele só está inconformado com o destino dele.

- Quem disse isso?- perguntou Rony.

- Luna.- disse Gina com um olhar estranhamente aéreo.- Escutem: Vou ir dormir também. Boa noite.

- Boa noite, Gina.- responderam Rony e Hermione.

Os dois observaram Gina desaparecer pelas escadas também.

- Acho que vou ir me deitar também.- disse Hermione se levantando.

- Não esqueça o "beijo de boa noite" no seu namorado.- disse Rony.

Hermione sorriu e caminhou até ele.


****


Harry ouviu Rony entrar no quarto mas fingiu que já dormia, não culpava Rony por nada, mas não queria conversa. Os roncos de Neville já ecoavam pelo quarto. Simas e Dino ainda não haviam subido. Poucos minutos depois escutava-se os roncos de Rony também.

Ele, Harry, não conseguiu dormir. Para variar tinha a cabeça cheia de coisas. Coisas que martelavam freneticamente de modo que faziam a cicatriz doer.

Ele planejara, durante o verão, que desabafaria com Hermione todos os seus problemas assim que a encontrasse em Hogwarts. Mas agora que isso acontecera ele sentia que a amiga não mais o entendia como antes.

Harry não soube, mas estava sentindo ciúmes de Rony. Não era que ele não desejasse que Rony e Mione fossem felizes. Mas vendo os dois juntos ele sentia que nenhum deles teria mais tempo para ele.

Mal sabia Harry que no outro lado da torre uma certa garota pensava nele.

Ela recapturava os principais fatos de sua vida nos últimos cinco anos. Do último para cá alguma coisa havia definitivamente mudado entre ela e Harry. A começar por aquela coisa de ele estar escondendo algo dela. Algo que ela não imaginava bem o que era mas era bem como Trestálios, você não os vê, mas sabe que eles estão lá. E a terminar pela reação dele ao saber do namoro dela com Rony. Porque ele ficara tão nervoso? Será que ele sentira ciúmes?

Hermione sorriu mas sentiu-se idiota por ter feito isso. Harry com ciúmes dela... Não devia ser isso. Ele não sentiria ciúmes dela, eles eram apenas amigos. Apenas bons amigos. E quem era ela para que Harry sentisse ciúmes dela. Era apenas mais uma garota de dezesseis anos de idade e que não quer acreditar que seu coração está confuso. Era apenas Hermione Granger. Apenas.


Ainda em seu dormitório Harry se concentrava em um biscoito. Tinha de esvaziar sua mente antes de dormir.

A Quinta feira chuvosa chegou preguiçosamente. Entre as aulas de Historia da Magia e Adivinhação Harry, não sabia porque, tentava se manter meio distante de Rony e Hermione. Na aula de Transfigurações sentou-se junto de Neville.

- Eles estão juntos, não é?- disse o garoto.

- Sim.- respondeu Harry com certa secura.

E Neville não foi o primeiro a fazer aquela pergunta. Naquela tarde aconteceria uma reunião de Monitores e após o jantar Harry foi obrigado a deixar o salão comunal sozinho.

Subia sem ânimo as escadas para o terceiro andar quando encontrou Luna.

- Como anda, Harry?- perguntou ela. Os dois se assentaram na escada.

- Como sempre.- respondeu o garoto.

- Como estão Hermione e Rony?- perguntou Luna fitando-o.

- Devem estar bem. Quer dizer, ambos estão saudáveis, e nenhum deles perdeu o padrinho.- disse Harry.

- Eles estão juntos, não estão?- perguntou Luna.

- Sim.- disse Harry.

- E você não se perdoa por não ter percebido que gostava dela antes.- cantarolou Luna.- E por ter deixado-a passar.

- Você às vezes diz bobagens, Luna.- disse Harry.

- Às vezes, quem sabe, depende até que ponto você é capaz de crer.- disse a garota calmamente. A maior vantagem de conversar com Luna é que ela raramente se ofendia com uma tirada.- Mas dessa vez não.

- Você não sabe de nada.- disse Harry secamente.

- Até hoje a história do fim de seu caso com Cho circula por aí.- disse Luna.- Cho diz-se trocada pela "Granger trouxa".

- Eu não a troquei por ninguém!- disse Harry.- E nem gosto de Granger nenhuma!

- Sabe, meu pai às vezes me conta histórias do tempo dele de Hogwarts.- disse Luna.- E tem uma delas em que ele conta a história de uma garota, e de um garoto que estudavam aqui na época dele. Diz que ele era uma espécie de herói da escola. Acho que porque vivia sempre a desafiar os Sonserinos que praticavam Magia Negra. E também por ser um excelente jogador de Quadribol.

"A garota, bem, ela era nascida trouxa mas mesmo assim era a aluna exemplar. A sabe tudo. Monitora. E ela implicava com ele por ele descumprir os regulamentos da escola. Diz que ele não admitia gostar dela, talvez para os mais próximos sim, mas para o restante, bem, ele não devia explicações. E ela não sabia que gostava dele. Mas então ela teve um pequeno caso com um amigo dele. Isso foi o suficiente para eles descobrirem que se amavam."

Harry olhava para os sapatos, distraído.

- Não adianta lutar contra isso. Quando um cara é o herói, está escrito que ele vai ficar com a mocinha.- disse Luna.

- Mas o que aconteceu no fim da história?- perguntou Harry.

- Eles terminaram Hogwarts. O mundo estava em guerra. Ela entrou para o ministério. Diz que foi colega de mamãe no trabalho. E eles tiveram um filho. Mas um amigo dele o traiu e hoje os dois estão mortos.- despejou Luna.

Com um frio na barriga Harry percebeu de quem ela estava falando.

- O final não é exatamente feliz.- disse Harry.

- Não se preocupe, Harry.- disse Luna se levantando e sorrindo.- Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Até logo.

Harry a observou sumir enquanto, sem perceber, passeava o indicador pela cicatriz. Não sabia se deveria acreditar em histórias de Luna. Sentiu falta de Sirius. Lembrou-se do episódio em que vira seu pai humilhar Snape e que ele procurara Sirius.

Mas também não estava gostando de Hermione. Ele não podia gostar de Hermione. Ela era uma amiga apenas, e não é certo gostar de amigos. Rony e Hermione também eram amigos antes, mas só eram amigos por não admitirem que gostavam um do outro.

Ele se levantou e segui para a torre da Grifinória. Para não ter que ver os amigos juntos ele subiu direto para seu dormitório.


Nota da autora: Eis o terceiro capítulo da Fic. Uma nova cena R/Hr. Acho que essa ficou, digamos, menos "Rony é a Pateta". Mas fãs de R/Hr não se acostume! Logo esse festival de cenas "amorosas" entre os dois vai acabar. :-p
Continuem comentando e votando!! Beijos. Julia Roquette.

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