Entre as corujas



- Draco!

Draco se assentou na cama de repente. Ouvira alguém chamar por seu nome.

- O espelho!

Ele abriu a gaveta de seu criado rapidamente e tirou de lá um pequeno espelho.

- O que está fazendo?- era a voz aguda de Rabicho.

- Quem você pensa que é pra me chamar pelo primeiro nome?- perguntou Draco secamente.

- Ah! Dê-me licença!- disse uma voz feminina e em seguida o rosto de Belatriz tomou o espelho.- Onde você estava, Draco?

- Tentando dormir, porque?- perguntou Draco erguendo a sobrancelha observando o lado direito do rosto de sua tia que parecia estranhamente macilento.- O que aconteceu contigo, tia?

- Esqueceu-se de que é lua cheia?- perguntou ela rispidamente.

Draco sentiu seu estômago cair. É mesmo, pensou, ele havia se esquecido. Noite de lua cheia, noite para driblar os Aurores.

- Desculpe tia, mas eu tenho estado muito ocupado, acabei me esquecendo.- disse ele.- Mas o que aconteceu?

- Até conseguimos entrar.- disse a mulher passeando a mão pelo sedoso cabelo negro.- Mas havia algo mais na sala de minha odiada prima.

- Potter apareceu?- perguntou Draco em um tom cansado como quem já sabe a resposta.

- Também.- disse Belatriz.- Mas não foi isso que me afugentou, havia fogo na lareira, Draco.

- Não sei se a Sra. já parou pra pensar, Tia Belatriz, mas por toda Hogwarts há lareiras.- disse Draco impacientemente.- Lareiras são coisas feitas para abrigar fogo e aquecer os ambientes, pelo menos para pessoas normais é assim.

- Eu não falo de um fogo qualquer.- disse Belatriz, ignorando o comentário mau-humorado do sobrinho, quase que em um cochicho.- Eu falo de fogo mágico. Fogo verde.

Draco ergueu as sobrancelhas mas em seguida ouviu o som de passos na escada.

- Alguém vem vindo!- disse antes de guardar o espelho na gaveta novamente.


****


- Eu sei bem o que faço da minha vida!- repetiu Harry, irritado, ao ouvir a porta do dormitório bater.

O buraco do retrato se abriu e por ele surgiram Gina e Rony.

- Pensei que já estivesse dormindo.- disse Rony se assentando por ali.

- Ah! Não mesmo!- disse Harry.- Eu me encontrava em uma produtiva briga com a Mione minutos antes de vocês chegarem!

- Por causa do Malfoy?- perguntou Gina dando um sorriso maroto enquanto se assentava também.

- Isso não interessa agora.- cortou Rony.- O que interessa é que uma Comensal driblou a segurança de Hogwarts, isso não acontece todos os dias.

- Ela veio voando.- afirmou Harry.

- Eu disse isso à McGonagall.- disse Rony.- Parece que o problema ocorrido foi que havia dois bruxos a menos na guarda desta noite. Lupin estava de cama, por causa da lua cheia e Tonks foi acidentada.

- Mas como Belatriz Lestrange sabia disso?- perguntou Gina.

- Nada disso importa pra mim neste momento.- disse Harry fitando a lareira.- Fiquei encabulado com o fogo.

Gina e Rony olharam para a lareira também.

- Como ele atacou a Lestrange daquela forma?- perguntou Harry.- Você viu, Rony.

- Sim.- disse Rony.- Parecia uma cobra que é atiçada contra uma pessoa.

- Aquilo foi estranho.- disse Harry.- Pra mim aquilo não era o fogo de uma lareira normal.

- Ele era verde.- afirmou Rony.

- Se você ainda não reparou, o fogo de todas as lareiras está verde.- disse Gina impaciente.

Silêncio.

- A propósito: acharam a sua coruja, Harry.- disse Rony rompendo o silêncio.

- Como assim, “acharam?” - perguntou Harry.

- Na casa dos Aurores, em Hogsmead.- disse Rony.- Lupin a havia encontrado e estava tratando dela.

- Tratando?- perguntou Harry, porque Edwiges tinha ido até Lupin e não até ele?

- Sim.- disse Rony engolindo em seco.- Mas agora ela está... Ela está morta.

- Co-como assim?- perguntou Harry sentindo um gosto horrível na garganta.

- Não se sabe o que aconteceu ao certo.- disse Rony.- Gui a encontrou morta essa noite. Foi quando ele veio avisa-lo que percebeu uma possível invasão à escola.

- Isso não pode ser verdade!- disse Harry socando o braço da poltrona.- Como a minha coruja pode simplesmente morrer?

- Ela devia estar ferida quando Lupin a achou.- disse Gina.

- E porque ele não me avisou? Porque ela não veio até mim?- perguntou Harry.

- Não sabemos, Harry.- disse Rony fitando o outro com certa aflição.

- Há quanto tempo ela estava lá?- perguntou Harry novamente.- Por isso ela estava sumida!- concluiu.

- Talvez.- disse Rony.

- Ela pode ter sido interceptada, e assim ferida.- disse Gina.- E Lupin a achou por acaso, e tentou salva-la.

- É isso aí!- disse Rony.- Eu sinto muito, Harry.

Mas Harry não estava escutando. Sentia uma coisa estranha dentro de sua barriga, uma aflição misturada com tristeza e mais outro sentimento desconhecido. Ele não queria acreditar que Edwiges havia morrido. Até ela?

Por um momento ele considerou a possibilidade de correr até o corujal para procura-la, mas Rony e Gina não deixariam ele sair. Ele precisava ter certeza! Tinha que se livrar dos dois.

- Vou dormir.- disse se levantando de repente.

Gina e Rony se entreolharam desconfiados.

- Vou com você.- disse Rony.- Boa noite, Gina.

Harry subiu as escadas rapidamente e, sem sequer despir as vestes, ele se jogou em sua cama e fechou as cortinas. Rony observou por algum tempo a cortina fechada, encabulado. Acabou trocando o pijama e se deitando.

Não foi preciso esperar mais que vinte minutos para ouvir os roncos de Rony. Harry imediatamente se levantou e deixou o dormitório. Quando alcançou os corredores, em direção ao corujal, pode ver que a madrugada ia lentamente clareando enquanto a Lua cheia se deitava.

Ainda na torre da Grifinória, no dormitório feminino do sexto ano, Hermione se encontrava deitada em sua cama, o cortinado fechado, mas não conseguia dormir, passara a última hora rolando de um lado para o outro inquieta. Aquele fora um dos dias mais confusos e complicados que ela já atravessara ao longo dos seus dezesseis anos de idade.

Logo pela manhã ela discutira com Sonserinos. O pequeno desentendimento foi sucedido por uma enigmática conversa com Harry, nesta, todas as dúvidas de Hermione se esclareceram e muitas suspeitas se confirmaram. Ela ainda não sabia o que ele escondia, mas agora tinha a certeza do que ele sentia por ela, mesmo ele não tendo dito isso diretamente.

Ela havia passado todo o dia pensando em Harry, se perguntando quando os dois finalmente se acertariam, e quando o fim do dia chegou ela foi se encontrar aos beijos com Draco Malfoy na biblioteca, e o pior: ela havia gostado. Não do fato de estar beijando Malfoy, mas do beijo dele. E ainda fora flagrada por Harry. Depois disso ela o vira beijando Gina para se vingar e como se não bastasse foi encontrar Belatriz Lestrange, acidentalmente, na sala de Tonks.

A Comensal a nocauteara. Enquanto estava inconsciente ela sonhara com Harry. Um sonho estranhamente real em que Harry a beijava. Quando acordou na enfermaria ela encontrou o mesmo esperando por ela. Os dois haviam fechado o dia, ou melhor: a noite, com uma discussão.

Sem querer ela se lembrou das intermináveis discussões que ela, antigamente, costumava ter com Rony. Será que teria de passar por tudo aquilo de novo?


****


Harry logo alcançou o corujal. Quase que desesperadamente ele procurou uma coruja um pouco mais branca que o normal no meio das outras inúmeras, mas Edwiges definitivamente não estava ali.

- Droga!- disse ele enquanto caminhava até o peitoral da torre na esperança de avistar sua coruja voando no meio da madrugada já quase findada.

Acabou se deixando cair assentado por ali. Porque tudo o que ele amava tinha de ir embora mais cedo? Primeiro foram seus pais, depois Sirius e agora até mesmo a sua coruja! Quem mais eles tirariam dele? Hermione?

Como ele era idiota. Se tivesse admitido mais cedo o que sentia por ela não correria, agora, o risco de perde-la para Malfoy. E de pensar que ele poderia ter evitado toda aquela decepção se tivesse aberto o jogo com ela quando eles estavam a sós antes da aula de Hagrid.

O rosto da garota surgiu diante dele. “Você não tem medo?” Perguntou a voz dela. Sim, disse Harry mentalmente, medo de perder você também! Será que você não entende isso? É tudo medo! Todas as pessoas que eu amo se vão! Não quero ter que ver você partir também! Por isso eu não consigo lhe contar sobre aquela... Não consigo lhe falar sobre o Sirius. Sobre o que eu sinto. Me abrir contigo seria criar uma corrente invisível entre nós, seria involuntariamente colocar mais preocupações em sua cabeça. Aumentar a vontade que você tem de me proteger, de cuidar de mim, e eu não quero perde-la!

Era horrível não saber o que fazer, pensou Harry enquanto se assentava no parapeito do corujal. Talvez se Sirius ainda estivesse vivo poderia ajuda-lo. Aquele lugar era extremamente alto. Mas Sirius não estava mais entre nós. Era uma altura tentadora. Será que era esse o papel de um pai: Aconselhar seu filho quando ele não sabe o que fazer? Era uma sensação gostosa a de sentir o vento da madrugada lambendo seus cabelos.


****


Hermione olhou o relógio. Já eram quase cinco da manhã. Levantou-se e trocou a camisola. Não adiantava, não conseguiria dormir. Iria aproveitar as horas que a separavam da primeira aula para despachar uma carta para seus pais, agradecendo o último livro que eles haviam mandado.

Os primeiros raios de sol já surgiam no horizonte quando ela ganhou os corredores e seguiu veloz para a torre das corujas. Foi encontrar uma cena no mínimo inesperada quando alcançou o alto da torre.

Havia um garoto assentado no parapeito do corujal parecia estranhamente prestes a pular dali. Foi com horrendo pânico que Hermione reconheceu os cabelos espetados da nuca do garoto. O mais rápido que suas pernas permitiam ela correu até ele.


****


O que aconteceria se ele pulasse? Pensou Harry de repente. Ele só poderia morrer pela mão de Voldemort, como dizia a profecia. Será que alguma força, vinda não se sabe de onde o seguraria?

Talvez fosse o sono e o cansaço de quem passou a longa noite em claro ou um momento de insânia qualquer, mas Harry achou que não haveria mal algum em testar.

Ele já havia soltado as mãos que o prendiam à pedra fria do parapeito quando sentiu um violento puxão às costas, e caiu. Primeiro a cabeça, que foi colidir com o chão do corujal. Tudo desapareceu.


- Harry...

Onde ele estava?

- Harry...

Tudo parecia escuro.

- Harry...

Ele estava morto?

- Harry, por favor, acorde...

Que estava chamando-o?

- Harry, volte! Não faça isso comigo…

Era uma voz bonita. É a minha consciência?

- Droga! O que você pretendia? Vamos, volte!

Parecia desesperada. O que está havendo? Porque ele estava de olhos fechados?

- Por favor....

Ele abriu os olhos. Por um momento ele viu tudo girando estranhamente até que os contornos de alguém começaram a ficar mais nítidos. Era Hermione.

- Oh! Harry!- disse ela antes de se atirar junto ao pescoço dele.

Ele sentiu o perfume do emaranhado de cabelos que cobriu seu rosto. Aquilo era um sonho?

Hermione o soltou.

Não! Aquele cheiro de titica de coruja era bem real.

- Que susto você me deu!- disse a garota que parecia menos aflita agora.- O que pretendia?

- Será que podemos nos levantar?- perguntou ele.- Há titica de coruja a toda a nossa volta.

- Ah!- disse Hermione sem graça.- Ok.

Ela se levantou e estendeu a mão para Harry. Ele aceitou. Os dois se apoiaram no parapeito do corujal, lado a lado, e ficaram olhando a aurora.

- O que você pretendia, Harry? Diga-me!- perguntou Hermione finalmente.- Virou suicida?

- Lógico que não!- disse Harry se virando pra ela. Por um momento ele pensou em explicar o que estava querendo fazer, aliás, ele quase o fez, mas Dumbledore o alertara sobre o local certo para dizer certas coisas e ele se conteve.- Eu escorreguei!

- Escorregou!- repetiu Hermione dando uma risada nervosa.- O que está fazendo aqui tão cedo? Resolveu madrugar?

- Eu nem dormi.- disse Harry com simplicidade.

- O que estava fazendo aqui então?- perguntou Hermione virando-se pra ele também.

- Edwiges morreu.- disse ele evasivamente.

- Oh, Harry! Eu sinto muito.- disse Hermione, pelo tom de voz ela parecia realmente sentir.- Como foi isso?

- Eu ainda não sei ao certo.- disse ele tristemente olhando novamente para o horizonte.- Até ela se foi. Como todas as outras pessoas.

Hermione permaneceu calada observando o perfil de Harry por algum tempo.

- Eu estou aqui.- disse ela finalmente.

Harry se virou pra ela e se assustou ao encontrar os olhos dela presos nele.

- Eu estava pensando em você.- disse ele.- Antes deu me distrair assentado aqui.

- Eu também estava pensando em você, lá no meu dormitório.- disse Hermione.

- Achei que tivesse ido dormir.

- Não! Eu não consegui. Você não saía da minha cabeça.- disse Hermione.- E se eu dormisse, você permaneceria nos meus sonhos.

Harry sentiu algo de repente crescer dentro de si como... Como se o balão da felicidade, que até então estava tão murcho, se enchesse tanto que estivesse, agora, prestes a estourar.

- Você estava pensando em quê, exatamente, sobre mim?- perguntou Hermione desencostando do parapeito.

- Que eu tenho perdido tempo de mais.- disse Harry se desencostando também.- E que dessa vez não tem a minha melhor amiga pra me dar dicas sobre como me suceder com a garota da qual eu gosto. Mesmo porque elas são a mesma pessoa.

Eles estavam parados um defronte ao outro agora. Por serem da mesma altura Hermione podia ver bem dentro dos olhos verdes de Harry. As pontas do nariz dos dois se tocaram. Hermione sorriu segundos antes de Harry se aproximar ainda mais.

A carta, para o Sr. E Sra. Granger, escorregou das mãos de Hermione para o chão e ficou esquecida ali, assim como todas as magoas que ela sentia até então. Enquanto isso Harry sentia todos os seus medos se esvaírem como num passe de mágica.


****


Draco depositou a varinha sobre a mesinha de centro e consultou o relógio. Eram cinco da manhã. Ele passou os dedos pelo cabelo loiro e depois esfregou os olhos cansados pela noite mal dormida.

Agora ele estava complicado. Tia Belatriz quase fora capturada pois enquanto ela adentrava o castelo ele se encontrava alheio à tudo aquilo, pensando nela. Antes ela fosse uma garota qualquer, mas não era. Não só era uma sangue-ruim como era a fiel escudeira de Potter.

Ele poderia ter negado. Poderia ter repetido para si mesmo milhões de vezes que ele não havia gostado. Poderia ter evitado aquele beijo na biblioteca. Mas ele desde pequeno aprendera com seu pai a botar os pingos nos is. A dar nome às coisas.

Ela parecia gostar do Potter, e ele não estava dizendo isso simplesmente porque eles andavam sempre juntos. Ela estava envolvida no beijo e quando viu o Potter ela simplesmente largou tudo e foi atrás dele.

Draco havia passado as últimas duas horas explodindo brasas na lareira com sua varinha. Fazia isso por sentir-se nervoso e impotente. Tinha ensinar magia negra à Sonserinos incompetentes. Tinha que arrumar cobaias para isso. Tinha que ser fiel ao Lord das Trevas e agora ainda tinha uma garota pela qual lutar.

Porque lutaria por uma sangue-ruim idiota e metida a Sabe tudo? Porque lembrava de uma história que seu pai certa vez contara, de que na época dele em Hogwarts todas as garotas só tinha olhos para dois Grifinorianos estúpidos, e que ele, Lúcio, conseguira salvar Narcisa no meio daquelas garotas estúpidas.

Ele salvaria Hermione Granger do meio daqueles garotos “bonzinhos” e quando tudo aquilo acabasse eles viveriam juntos para sempre.

Bah! Pensou Draco. Que bobajada sentimental é essa? Pensando melhor não seria muito diferente daquilo. Ele tinha idéias próprias que lentamente iam formando um plano em sua mente. Ele sabia muito bem que quando a guerra entre Potter e Voldemort acabasse não haveria mais lugar pra ele.

Se Voldemort ganhasse ele assistiria ao massacre dos trouxas, à própria Hermione Granger morreria, e o Lord das trevas cresceria ainda mais e então ficaria tão poderoso que descobriria que ele não fora um servo tão fiel quanto deveria ter sido.

Se Potter ganhasse iriam nevar flocos cor de rosa e todos viveriam em paz por toda a eternidade. Draco riu desdenhosamente. Flocos de neve cor de rosa! De onde ele tirara aquilo? Talvez não chegasse a tanto, mas ele teria de ver Hermione ficar com Potter.

Se fosse pra escolher entre uma das duas opções ele preferiria criar uma terceira.

Acontece que essa simples coisa de querer ficar junto de Hermione Granger era uma coisa muito mais complexa do que se pode imaginar. Pra começar tinha a sua família, ele não poderia correr o risco de ser deserdado antes de completar seus dezessete anos o que significada que caso ele tivesse alguma chance tudo teria de ser “escondido”. O que tornava a conquista ainda mais tentadora, tudo escondido é melhor.

Mas se ele conseguisse a chance que precisava deixaria pra pensar no resto somente mais tarde. O que, no final, seria um grande acerto: deixar os pés saírem do chão por um momento. Ser irresponsável, não era por isso que ela gostava do Potter?

Draco se levantou e subiu as escadas até seu dormitório saltando dois degraus de cada vez. Blás Zambini já estava se levantando. Crabbe e Goyle ainda roncavam.

- Ok. Vamos lá, Draco Malfoy.- disse o garoto fitando sua imagem no espelho assim que fechou a porta do banheiro atrás de si.- Olha, eu sei que você vai achar loucura minha mas é que eu estou realmente gostando de você.

Ele conjurou uma escova de cabelo e penteou suas madeixas louras caprichosamente pra trás.

- Você é uma garota bonita, inteligente, interessante... e eu também.- disse ele piscando para seu próprio reflexo.- A gente combina, não?

Horrível, pensou ele antes de lavar o rosto.

Meia hora mais tarde Draco deixou o banheiro, já pronto para mais um dia de aula.

- O que você tanto fazia no banheiro, Draco?- perguntou Zambini com um sorriso malicioso.

- Praticando a maldição cruciatus no espelho.- disse Draco rispidamente antes de descer as escadas imponentemente como costumava ser em todas as manhãs de terça feira.

Idéias não são coisas para se deixar passar. Principalmente idéias inteligentes como a que ele acabara de ter.


****


- Posso saber pra quem é essa carta?- perguntou Harry enquanto observava Hermione despachar uma coruja de igreja.

- Para meus pais.- disse Hermione se virando pra ele.- Você está com uma cara péssima, Harry.

Harry nem se preocupou em responder, sua cabeça estava ocupada com coisas mais importantes. Era como se ele tivesse passado da pessoa mais infeliz do mundo para a mais feliz de uma hora pra outra. Na verdade fora isso mesmo o que acontecera.

- Vamos descer.- disse Hermione tocando a mão de Harry, que até então estava parada sobre o parapeito do corujal.- Você vai se trocar e nós vamos tomar o nosso café da manhã.

- E o resto?- perguntou Harry enquanto seguia atrás da garota escada a baixo puxado pela mão.

- Que resto?- perguntou Hermione sem se virar.

- A invasão à escola. A morte da minha coruja. As desavenças entre nós...

- Porque não esquece o resto do mundo um pouco?- perguntou Hermione se virando pra ele e sorrindo.- De noite resolveremos tudo isso.- completou antes de continuar descendo a escada em caracol.

- Eu tenho detenção hoje à noite.- disse Harry.

- Eu te busco na detenção.- disse Hermione inocentemente.

- Não acho boa idéia.- disse Harry.- Não quero você andando por aí, sozinha, tarde da noite.

- Não seja bobo, Harry.- disse Hermione sorrindo novamente.

Os dois seguiram calados até a torre da Grifinória e despertaram olhares curiosos das pessoas por ali. Não era todo dia que Hermione Granger e Harry Potter entravam de mãos dadas no salão comunal.

- Estarei lhe esperando aqui.- disse ela antes de beijar a testa do garoto.

Harry subiu as escadas até seu dormitório silenciosamente. Hermione se assentou em uma das poltronas do salão comunal quando ouviu o som de algo que colide com a janela, se virou rapidamente. Havia uma coruja negra ali.

Ela se levantou e colocou a coruja pra dentro. Havia uma carta, pra ela.


Existem coisas que merecem serem descobertas por alguém inteligente como você. A explicação para a invasão estará na última estufa.


Hermione olhou à volta. O salão comunal havia esvaziado de repente. De que era aquele bilhete? Aquela coruja? Aquela letra?

- A explicação para a invasão está na última estufa.- repetiu ela. E se fosse uma cilada? Mas e se não fosse?

Rapidamente ela guardou o pergaminho no bolso e deixou o salão comunal.

Enquanto isso Harry olhava animado o seu reflexo no espelho.

- Ela gosta de você!- dizia o reflexo.- Ela está lhe esperando lá em baixo, ande logo!


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