Pequena invasão, pequeno desma



Hermione deve ter passado defronte a sala de Tonks mais de três vezes. Estava extremamente nervosa. Precisava se acalmar. Precisava pensar.

Havia falhado. Sim! Ela, Hermione Granger, havia falhado. Onde já se viu? Deixar-se flagrar por Harry aos beijos com Malfoy na biblioteca. Malfoy!

Isso não podia ter acontecido, simplesmente não podia! Ela devia ter evitado. Devia ter lutado para trocar o horário da detenção. Devia ter se afastado de Malfoy quando ele se abaixou para apanhar a varinha. Mas o que Harry queria com ela para aparecer na biblioteca àquela hora?

Sentia-se agora uma adolescente fútil que se rende aos desejos, não do coração, pois não amava, de forma alguma a Draco, mas aos [i]desejos da carne.[/i]

Ela passou pela porta da sala de Tonks pela quarta vez e se assentou no final do corredor. O que as pessoas iriam pensar dela? O que Harry estaria pensando dela? Porque ele tinha de beijar Gina para se vingar?

Talvez devesse sair dali. Já passava de meia noite e não seria legal, mesmo para uma monitora, ser encontrada fora da cama àquela hora. Muito provavelmente ninguém visitaria a sala de Tonks tão tarde, ou visitaria? Pensando bem a professora de DCAT provavelmente não a puniria se a encontrasse ali pelo motivo que estava.

Lembrou-se de um episódio com Tonks na casa de Sirius certa vez. Foram certamente as primeiras palavras trocadas entre elas. Hermione e Gina conversavam. Gina se queixava de sua paixão platônica por Harry. A bruxa se reunira às duas e dera inúmeras dicas sobre como se fazer notar.

“Mostre sempre que você é melhor que ele. Finja que não se importa. Haja com indiferença. Se mesmo assim ele não lhe notar, lembre-se mais uma vez que você é melhor do que ele, tenha certeza de que ele não te merece e parta pra outra.”

É lógico que aquilo tudo era uma bobajada feminista. Mas no caso de Gina, havia funcionado muito bem. Será que Gina, realmente, esquecera Harry? Talvez. E se o beijo que ele dera nela despertasse toda a paixão que um dia ela sentira por ele?

Gina não sabia que ela, Hermione, gostava de Harry...

CLEQUE!

Hermione se levantou em sobressalto e espremeu os olhos para enxergar mais além no corredor mal iluminado pelo luar. Já deviam ser mais de meia noite. Uma porta acabara de bater. Pelos cálculos de Hermione se tratava exatamente da porta da sala de Tonks.

Sacando sua varinha Hermione caminhou até a porta da sala e parou para escutar. Ouviu passos. Havia alguém lá dentro, devia ser Tonks. Bateu na porta, os passos pararam.

Silêncio.

Hermione bateu uma segunda vez na porta.

- Professora Tonks?- chamou ela.

Silêncio.

Hermione respirou fundo e abriu a porta. Foi encontrar uma longa varinha apontada para seu pescoço antes mesmo de entrar na sala. Com um horrendo frio na barriga ela olhou do pôster de Belatriz Lestrange para a própria parada à porta.

O que ocorreu em seguida foi muito rápido. Hermione ouviu a porta fechar-se atrás de si. Apertou a varinha com força, estava pronta para atacar apesar de sentir que todos os seus músculos estavam paralisados.

- Onde está Tonks?- perguntou Hermione, finalmente, encarando com bravura a Comensal sem baixar a varinha um milímetro sequer.

Belatriz Lestrange, do alto de seus um e oitenta e poucos de altura examinou Hermione de cima a baixo como se considerasse a possibilidade de um pequeno, mas divertido, duelo. Na verdade a comensal ainda não sabia quem era aquela garota, ou a teria desafiado. Quero dizer: não ainda. Talvez por isso ela limitou-se a gargalhar alto antes de fazer a adolescente de não mais que dezesseis anos cair inconsciente no chão.


****


- Rony?!- perguntou Gina assim que o buraco do retrato se fechou atrás do garoto.- O que aconteceu? Você está pálido!

Rony engoliu em seco e olhou de Gina para Harry.

- Estão todos aqui?- perguntou ele.- Onde está Hermione?

- Não sabemos!- disse Gina. Harry desviou os olhos de Rony.- O que aconteceu?

- Lua cheia.- disse Rony.- Tonks sofreu um acidente. Ouve uma enorme falha na segurança do castelo. Gui veio avisar.

- O que você quer dizer com isso?- perguntou Gina.- Comensais entraram no castelo?

- Não se sabe.- disse Rony.- Mandaram que eu viesse direto para cá e não deixasse nenhum de vocês três sair. Principalmente você, Harry.- completou fitando o último.

Harry imediatamente se levantou e sacou sua varinha. Para as outras pessoas aquilo podia parecer pura birra e vontade de fazer tudo ao contrário, mas algo dentro dele, algo grande dentro dele, dizia que ele deveria ir atrás de Hermione.

- Não vamos deixar Hermione lá fora.- disse ele com veemência.

- Não vou deixar você sair.- disse Rony.- Ela já deve estar voltando. A detenção já era pra ter acabado.

Harry involuntariamente olhou para Gina.

- Conte a ele.- ela limitou-se a dizer.

- Vamos ir andando.- disse Harry.- Eu conto no caminho.

- Já disse que não vou deixar você sair, a menos que tenha um motivo mais que convincente pra isso.- disse Rony se postando na frente de Harry.- Principalmente sabendo sobre... Sobre aquela coisa!

- Ok!- disse Harry se assentando irritado.- Aconteceu o seguinte: Eu fui idiota a ponto de decidir ir buscar Hermione na biblioteca.

- Pra quê?- indagou Rony.

Harry encarou o amigo. Talvez fosse pelo misto de irritação e desespero que sentia no momento, mas ele achou que não tinha mais porque esconder aquilo das pessoas.

- Eu ia me DECLARAR pra ela!- despejou ele arfando.- Mas quando cheguei lá eu a encontrei aos beijos com o Malfoy.

- Eu disse ao Harry que ele deve tê-la agarrado novamente.- disse Gina.

- Ela não estava com cara de quem estava desgostando.- disse Harry.

- Sobretudo ela largou o Malfoy lá e veio atrás de você.- disse Gina.

- Isso não significa muita coisa.- comentou Rony inocentemente.

- Significa sim! Não é qualquer garota que largaria o Malfoy assim pra ir atrás de outro garoto qualquer.- disse Gina com veemência.

- Não era outro garoto qualquer.- disse Rony.- Era o Harry!

- Você entendeu o que eu quis dizer, Ronald Weasley!- disse Gina de cara fechada.

Rony deu ombros.

- A propósito, o que aconteceu em seguida? Porque a Hermione saiu daqui então?

- Conte ao Rony o que você fez então, Harry.- disse Gina ruborizando.

- Eu beijei a Gina.- disse Harry em tom baixo.

- VOCÊ O QUE?- perguntou Rony se levantando.

- Beijei a Gina.- repetiu Harry esperando receber um soco do amigo em seguida, mas ao invés disso Rony começou a andar de um lado para o outro.

- Na frente da Mione?- perguntou ele.

- Acho que sim.- disse Harry.- Quer dizer, ela vinha logo atrás de mim. Acho que viu tudo e deu meia volta.

- Harry.- disse Rony fitando-o.- Eu sempre me achei um idiota quando se tratava da Mione, mas você conseguiu ser pior. Muito pior!

- Eu já disse isso a ele.- disse Gina com simplicidade.

Harry baixou a cabeça. Hermione havia beijado Draco Malfoy e os dois ainda ficavam do lado dela?

- Quanto tempo faz isso?- perguntou Rony.

- Uma hora.- disse Gina.

- Vamos atrás dela.- disse o próprio Rony sacando sua varinha e correndo até o buraco do retrato. Harry foi atrás e quando ele alcançou o corredor deserto Gina já estava ao seu lado.

- Onde ela pode estar?- perguntou Rony.

- Na sala de Tonks.- disse Gina.

- O que ela estaria fazendo na sala de Tonks?- perguntou Rony fitando Gina.

- Antes de serem professora e aluna elas já eram amigas, Rony.- disse Gina como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo.

- De qualquer forma ela não encontraria Tonks lá.- disse Harry.- Como o Rony disse, ela está na enfermaria, ouve um acidente durante nossa aula de oclumência.

- Então não sei onde mais ela pode estar.- disse Gina sem parar de andar.

- Que tal na biblioteca?- arriscou Rony.

- São mais de meia noite! A biblioteca há muito está fechada.- disse Gina.- E ela provavelmente não ia voltar atrás do Malfoy.- completou dando um sorriso brejeiro.

- Onde você costuma ir quando quer ficar sozinha?- perguntou Rony.

- Ao banheiro da Murta- Que- Geme.- disse Gina ruborizando assim que eles viraram a primeira esquina.- Mas não faz o tipo da Mione.

- Já sei como acha-la.- disse Harry de repente.- Vamos entrar na sala de Tonks e olhar o mapa do maroto.

Rony pareceu considerar a possibilidade.

- E se ele não estiver mais lá?- perguntou ele.

- Está em uma moldura, na parede.- garantiu Harry.

- Acho que tenho um palpite sobre onde ela pode estar.- disse Gina.

- Onde?- perguntou Rony.

- Vocês vão até a sala de Tonks olhar o mapa e eu verifico no outro lugar.- disse Gina e antes que um dos dois garotos perguntasse mais alguma coisa ela foi sumindo de vista.

Harry e Rony, parados, se entreolharam e então recomeçaram a andar.

- Eu ainda não acredito que você beijou a Gina.- disse Rony assim que eles viraram a esquina do corredor de DCAT.

Harry não respondeu. Nem ele sabia a resposta ao certo. A única justificativa possível era o simples fato de que queria se vingar de Hermione e de preferência da forma mais dolorosa, com as mesmas armas.

Harry observou Rony tocar a maçaneta para abrir a porta, mas então segurou a mão do outro.

- Se você fosse um comensal da morte, e entrasse escondido no castelo...- começou Harry.- Qual seria o primeiro lugar para o qual você iria?

- Eu tentaria render Dumbledore.- disse Rony com simplicidade depois de pensar por um minuto.

- Não seja tolo!- disse Harry.- Ninguém seria capaz de render Dumbledore, logo você iria render o responsável pela segurança antes que ela avisasse aos aurores sobre a sua presença.

- Ok. Então suponhamos que há uma dúzia de comensais aí dentro.- disse Rony distraído.- O que a Mione estaria fazendo aí?

Harry considerou a pergunta. Eles estavam ali em busca do mapa, e não de Hermione. Mas e se no lugar de Tonks eles tivessem encontrado Hermione? Seus olhos encontraram os de Rony, ele parecia ter pensado a mesma coisa.

Em seguida a porta da sala foi aberta com um chute dado por Rony. Harry entrou na frente e ficou paralisado ao ver quem se encontrava ali.

- Hermione!- disse a voz de Rony.

Harry imediatamente olhou para o lado e pode ver, com um horrendo frio na barriga, o corpo de Hermione caído a um canto. Respirando fundo ele se virou novamente para Belatriz Lestrange que estava assentada por trás da mesa de Tonks, com as longas pernas sobre a mesma, observando o que parecia ser o quadro com o mapa do maroto.

- Pensei em ir atrás de você.- disse ela em um tom de voz sério anormal para ela.- Mas esse interessante mapa me mostrou que não seria preciso.

- O que você quer aqui?- perguntou Harry mantendo a varinha em punho.

- Ainda pergunta?- respondeu Belatriz recuperando o velho tom de falsete de voz de criança.

- O que fez com Hermione?- perguntou Harry. Alguém podia chegar, alguém tinha que chegar!

- Hermione?- perguntou a bruxa fazendo pouco caso.

- Hermione Granger.- disse Harry indicando a garota nos braços de Rony. “Ei Rony! Solte-a, ela não é mais a sua namorada!” Disse uma voz no fundo da cabeça de Harry.

- Então essa é Hermione Granger!- sorriu maliciosamente Belatriz. Parecia não ter pressa alguma.- Se soubesse disso quando ela entrou por aquela porta a teria matado de uma vez.

Harry olhou rapidamente para Rony avaliando o que poderia ser feito. Eles estavam em Hogwarts. Hermione estava desacordada nos braços de Rony pouco atrás dele, Harry. Quatro metros a frente estava Belatriz Lestrange, uma Comensal da Morte. A sala não devia ter mais do que quinze metros quadrados, o que significava que não haveriam obstáculos para feitiços lançados em um possível duelo.

Um duelo, repetiu Harry mentalmente. Ele não morreria num duelo com Belatriz Lestrange. “[i]Um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...[/i]” Era isso. Belatriz nada podia contra ele, mas ainda haviam Hermione e Rony por ali.

- Ainda triste com a morte do meu odiado primo, Harryzinho?- perguntou Belatriz no mesmo tom horrendo.

Harry a encarou pronto pra responder qualquer grosseria, mas então seus olhos verdes encontraram o fogo igualmente verde ardendo na lareira. Era isso! Deveria chamar a atenção de professores, que provavelmente estavam vasculhando o castelo em busca do possível invasor, para a sala de Tonks, encontrando-se em desvantagem a comensal nada poderia contra Rony ou Hermione.

- Incêndio!- murmurou Harry apontando sua varinha para a lareira. Imediatamente um dos pôsteres mais próximos começou a pegar fogo.

- O que é isso?- perguntou Belatriz se erguendo rapidamente tomando o cuidado de deixar a varinha apontada para Harry.

Harry sorriu para Rony, este por sua vez começou a se levantar carregando Hermione.

- Fique onde está, garoto!- disse Belatriz, mas no movimento de se virar para Rony o fogo inexplicavelmente começou a queimar a barra de sua capa. Harry observou uma vassoura surgir do nada. O fogo agora aparentemente queimava as mãos de Belatriz, mas isso não parecia provocar dor.

Antes que Harry pudesse fazer mais alguma coisa a porta atrás de si caiu com um estrondo e ele foi derrubado por Belatriz que passou voando velozmente.

Harry se apoiou na parede e começou a se reerguer. Rony, que largara Hermione novamente no chão, tinha a varinha em mãos e já apontava para a direção do fogo, mas esse inexplicavelmente se dissolveu. Ele e Harry se entreolharam.

- O que foi aquilo?- perguntou Rony.- Ou melhor, como você fez aquilo?

- Eu não sei.- disse Harry.- O meu objetivo era provocar um pequeno incêndio que atraísse a atenção de professores.

- Mas o fogo a atacou.- disse Rony.

Harry concordou com a cabeça, estava totalmente de pé agora.

- Vou chamar alguém.- disse Rony caminhando até a porta.

- E Hermione?- perguntou Harry.

- Ela está no máximo estuporada.- disse Rony.- Cuide dela.

Harry o observou sumir velozmente no final do corredor. Involuntariamente ele olhou para dentro da sala. Hermione continuava deitava, imóvel, como que adormecida.

Harry se agachou ao lado dela e involuntariamente se lembrou duma aula de Tonks sobre a Azaração do sono mortífero. E se Hermione não estivesse simplesmente desmaiada?

- Despergitare!- disse Harry com urgência, Hermione se mexeu e começou a .


****


Hermione se via em um lugar estranho, onde não havia nada mais além dela e da escuridão absoluta. Havia apenas uma voz que chama por ela, quando de repente ela sentiu como se recebesse uma carga elétrica.


****


Harry ficou observando a garota ir acordando. Se não fosse pela raiva que ele ainda sentia por ela naquele momento ele teria desejado assisti-la acordar por todas as manhãs pelo resto da sua vida. Mas ele se limitou a ficar admirando a beleza da garota e se perguntando porque ela tinha que ter feito aquilo com ele.

Hermione abriu os olhos e viu Harry a fitando com os seus olhos verdes brilhando. Aquilo era um sonho, ela achava saber. Sentia-se tonta e Harry estava tão bonito que quando ela se apoiou nos cotovelos para se levantar teve certeza de que aquilo era definitivamente um sonho.

Um sonho com Harry deveria ser como os antigos sonhos com Rony. Não foi preciso pensar duas vezes nisso.

Harry viu que Hermione sorria de um jeito diferente pra ele e não foi preciso olhar duas vezes pra ela para que ele esquecesse de tudo o que sentia naquele momento.

Ela se assentou. Os rostos estavam na mesma altura agora. Harry estendeu a mão e tocou o rosto de Hermione. Ela não desviou. Ele se limitou a acariciar a pele macia do rosto dela durante algum tempo.

Hermione estremeceu. A estranha tonteira que sentia e o toque da mão de Harry faziam aquilo. Ele foi aproximando o seu rosto do dela até que finalmente os lábios se tocaram, de leve.

A mão de Harry escorregou para a nuca de Hermione e a puxou para mais junto dele, mas mal fizera isso e ele a sentiu ficar mole de repente.

Harry se levantou e, com alguma dificuldade, ergueu Hermione. Tinha que leva-la dali. Sentia-se idiota, ela poderia estar morrendo e ele se preocupando em beija-la.

Mal ele alcançara a porta quando viu a Profª. McGonagall vindo acompanhada por Rony.

- Eu não acreditei quando o Sr. Weasley me disse.- disse a professora fitando Harry enquanto Rony o ajudava com Hermione.- Era ela mesmo?

- Sim.- confirmou Harry.- Hermione chegou a acordar, mas desmaiou de novo.- completou rapiademente.

- Andem! Andem!- disse a professora finalmente.- Levem-na para a enfermaria e em seguida chame o Professor Snape, Sr. Weasley.

Harry e Rony concordaram com a cabeça e então desceram as escadas até a enfermaria carregando Hermione.


****


- Você está bem?- perguntou Harry assim que Hermione se assentou em seu leito.

- Acho que sim.- disse ela.- O que aconteceu?

- Você não se lembra?- perguntou ele, já quase não sentia mais raiva dela.

- Não.- disse Hermione.- Eu me lembro de um sonho que tive...- ela parou ao se lembrar do sonho, em que ela beijara Harry, e ruborizou.

Madame Pronfey veio trazendo uma barra de chocolate.

- Como querida.- disse ela.- Não foi nada de grave, apenas um feitiço de desmaio.

- Belatriz Lestrange...- começou Hermione se lembrando do encontro que tivera com a Comensal.

- Ela fugiu.- disse Harry.- O fogo da lareira a atacou estranhamente.

Hermione mordeu um pedaço da barra de chocolate pensativa enquanto Madame Pronfey sumia novamente pela enfermaria.

- Quem me achou?- perguntou ela.

- Quando Rony chegou no salão comunal e contou sobre a suspeita de invasão, nós imediatamente fomos atrás de você.

Hermione lembrou-se de Draco, sentiu-se incomodada e buscou os olhos de Harry, mas não os encontrou.

- Acho que vocês precisam ir andando.- disse a enfermeira que estava de volta.

Harry concordou com a cabeça e se levantou. Hermione fez o mesmo e sentiu uma pequena tontura ao ficar de pé, mas nem se importou.

- Você está chateado, não está?- perguntou ela assim que eles ganharam o corredor.

- Chateado?- perguntou Harry sem olha-la sentindo toda a raiva voltar.- Eu? Com o que?

- Comigo.- disse Hermione.

- E porque eu estaria?- perguntou Harry irônico.

- Eu realmente sinto muito por você ter visto aquilo.- disse Hermione.

- Seria melhor se eu não tivesse visto, não é mesmo?- perguntou Harry dando uma risada forçada.- Você não ficaria com a consciência pesada e nem teria de dar explicações para ninguém.

- Não seja tolo, Harry.- disse Hermione se irritando.- Você sabe muito bem que não fazia parte dos meus planos sair beijando o Malfoy por aí.

- Então você admite que o beijou!- disse Harry em triunfo.- Gina tentou me fazer acreditar que ele a tinha agarrado!

- Eu não estou admitindo que beijei ninguém.- disse Hermione.- Aconteceu e pronto. Foi uma fatalidade!

- Mas podia ser bem outra pessoa, Mione.- disse Harry.- Podia ser até mesmo Neville Longbottom, qualquer um seria melhor do que o Malfoy.

Hermione tinha a cara mais infeliz do mundo. Realmente: Qualquer um seria melhor que o Malfoy.

- Eu sinto muito, Harry.- disse Hermione.- De verdade, isso não vai mais acontecer, eu prometo.- porque tinha de prometer aquilo? Ninguém havia pedido pra ela prometer nada e, a propósito, ela não devia explicações a ninguém.

Harry não respondeu nada. Já era possível avistar o retrato da mulher gorda.

- A propósito, o que você queria comigo?- perguntou Hermione.

- Quem disse que eu quero algo com você?- perguntou Harry agressivamente.- Chifre de unicórnio.

- Você foi à biblioteca atrás de mim.- disse Hermione assim que atravessou o buraco do retrato.- Provavelmente queria algo comigo.

- Eu queria.- disse Harry.- Não quero mais.

- Deixe de fazer birra!- disse Hermione.- Você ta parecendo o Rony!

- Eu tenho motivos.- disse Harry cruzando os braços e se assentando em uma poltrona.

- Você fala como se fosse um santo!- disse Hermione se assentando também.- Você fez mais errado que eu: beijou a Gina.

- Você mereceu!- disse Harry se virando pra ele e se sentindo triunfante ao encontra-la de cara fechada.

- Você fez papel de idiota!- disse Hermione.

- Você é a terceira pessoa a me dizer isso.- disse Harry.

- Eu deveria ralhar contigo por aquilo.- disse Hermione incomodada ao notar que tivera a reação que Harry queria.- Onde já se viu?! A Gina é sua amiga, você não devia ter feito isso com ela.

- Não finja que não se importa!- disse Harry.

- Ok! Eu me importo!- disse Hermione.- Se não importasse não teria dado meia volta! Agora me diga o que você queria comigo?

- Você sabe.- disse Harry dando um sorriso tímido.

- Não vou saber enquanto você não disser.- disse Hermione séria.

- Eu já fiz mais do que dizer.- disse Harry com veemência.

- Ah é?!- perguntou Hermione.- Não me lembro de nada que você fez!

- Tem certeza?- perguntou Harry.

- Sim.- disse Hermione, e ela realmente tinha, o que ele tinha feito?

Harry pensou por um minuto, e se ela não estivesse exatamente acordada quando eles se beijaram?

- Você sentiu ciúmes de mim?- perguntou Harry mudando o rumo do assunto.- Ao me ver beijando a Gina?

- Não.- disse Hermione com simplicidade.- Eu sabia bem porque você fez aquilo, na verdade eu senti raiva.

Harry deu ombros, impaciente.

- Já vi que vamos perder a nossa noite nessa coisa de fez e não fez.- disse Hermione olhando rapidamente seu relógio. Já passavam de três da manhã.

- Eu não tenho nada a dizer.- disse Harry.- Resta a você, lembrar o que eu fiz ou não.

- Você tem mais a dizer do que imagina Harry.- disse Hermione se levantando.- E eu não vou levar você à sério enquanto você fingir que não tem nada a esconder.

- O Malfoy você leva!- disse Harry.- Ele tem mais a esconder que eu.

- Não fique tentando me fazer sentir culpada.- disse Hermione ainda de pé.- Eu sei bem o que eu faço da minha vida, se você quer saber. Uma boa noite, Harry.- completou ela antes de subir as escadas correndo.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.