A festa de aniversário de mort



– A festa de aniversário de morte.



– Uma festa de fantasmas? – Tiago perguntou confuso.


– Já ouvi falar disso. – Sirius disse – fantasmas fazem festas para comemorar o dia em que morreram...


– Não devia ser um dia considerado triste? – Alice perguntou.


– Devia... – Remo respondeu – Mas em geral os fantasmas comemoram por que continuaram em terra... Apenas bruxos que temem a morte se tornam fantasmas...


 


Outubro chegou, espalhando, pelos jardins, uma friagem úmida que entrava pelo castelo.


Madame Pomfrey, a enfermeira, esteve multo ocupada com uma repentina onda de gripe entre professores, funcionários e alunos. Sua poção reanimadora fazia efeito instantâneo, embora deixasse quem a bebia fumegando pelas orelhas durante muitas horas. Gina Weasley, que andava pálida, foi intimada por Percy a tomar a poção.


 


                Rony encarou Gina pesaroso. Tantos sinais de que algo estava errado com a irmã e ele nunca percebeu. Gina baixou os olhos. Tiago observou o comportamento dos dois com atenção.


 


A fumaça saindo por baixo dos seus cabelos muito vivos dava a impressão de que a cabeça inteira estava em chamas.


Gotas de chuva do tamanho de balas de revólver fustigavam as janelas do castelo durante dias seguidos; as águas do lago subiram, os canteiros de flores viraram um rio lamacento, e as abóboras de Hagrid ficaram do tamanho de um barraco. O entusiasmo de Olívio Wood pelas sessões de treinamento regulares, no entanto, não esfriou, razão por que Harry pôde ser encontrado, no fim de uma tarde de sábado tempestuosa, nas vésperas do Dia das Bruxas, voltando à torre da Grifinória, encharcado até os ossos e coberto de lama.


 


– Você não pode esperar que um treino seja cancelado por causa de uma chuvinha. – Tiago disse sério.


– Se tiver um furacão, Tiago continua achando que não há motivo para um treino ser cancelado. – Sirius disse rindo.


– Eu levo quadribol a sério. Só isso. – Tiago respondeu à provocação do amigo.


 


Mesmo tirando a chuva e o vento não fora um treino alegre. Fred e Jorge, que tinham andado espionando o time da Sonserina, tinham visto com os próprios olhos a velocidade das novas Nimbus 2001. Eles comentaram que o time da Sonserina parecia sete borrõezinhos cortando o céu com a velocidade de mísseis.


 


– Velocidade é importante, mas não é tudo. – Tiago disse categórico – Não adianta nada ter uma vassoura rápida e não ter habilidade para conduzi-la... – Tiago calou-se antes que alguém resolvesse silenciá-lo.


 


Quando Harry vinha acabrunhado pelo corredor deserto encontrou alguém que parecia tão preocupado quanto ele. Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da torre da Grifinória, olhava desanimado pela janela, murmurando para si mesmo "... Não satisfaz os requisitos... Pouco mais de um centímetro, se tanto...”


 


– A caçada dos sem cabeça! – Remo, Tiago e Sirius exclamaram juntos.


– Todo ano a mesma coisa... – Tiago completou sozinho.


– O que? – Lily perguntou confusa.


– Nick está sempre tentando entrar para um grupo de fantasmas sem cabeça... – Remo explicou.


– Não aceitam ele por que ele não é tecnicamente sem cabeça... – Harry completou.


– Por pouco mais de um centímetro. – Lily compreendeu.


 


— Oi, Nick — cumprimentou Harry.


— Olá, olá — assustou-se ele olhando para os lados. Usava um elegante chapéu emplumado sobre a longa cabeleira crespa e uma túnica com rufos, que escondia o fato do seu pescoço estar quase completamente separado da cabeça. Nick era transparente como fumaça, e Harry via através dele o céu escuro e a chuva torrencial lá fora.


— Você parece preocupado, jovem Potter —, disse Nick, dobrando, ao falar, uma carta transparente e guardando-a no interior do gibão.


— Você também — disse Harry.


— Ah — Nick Quase Sem Cabeça fez um aceno com a mão elegante — uma questão de menor importância... Não é que eu queira realmente entrar... Achei que devia me candidatar, mas pelo visto "não satisfaço as exigências"...


Apesar do seu tom leve, tinha no rosto uma expressão de muita amargura.


— Mas a pessoa pensaria, não é — disse ele de repente, tirando mais uma vez a carta do bolso — que ter levado quarenta e cinco golpes de machado cego no pescoço qualificaria alguém a entrar para a Caça Sem Cabeça?


— Ah, sim — respondeu Harry, que obviamente deveria concordar.


— Quero dizer, ninguém gostaria mais do que eu que o corte tivesse sido rápido e limpo, e que minha cabeça tivesse realmente caído, quero dizer, teria me poupado muita dor e ridículo. No entanto... — Nick Quase Sem Cabeça abriu a carta com uma sacudidela e leu furioso:


“Só podemos aceitar caçadores cujas cabeças tenham se separado dos corpos. O senhor compreenderá que, do contrário, seria impossível os sócios participarem das atividades de caça como: Balanço de Cabeça à Cavalo e Pólo de Cabeça. É com o maior pesar, portanto, que devemos informar-lhe que o senhor não satisfaz as nossas exigências.


Com os nossos cumprimentos,


Sir Patrício Delaney-Podmore.”


 


– Mas para que ele quer entrar para a caça sem cabeça? – Alice perguntou fazendo careta – Não parece uma atividade agradável.


                Severo achava aquilo uma grande palhaçada.


 


Espumando de raiva, Nick Quase sem cabeça guardou a carta.


— Pouco mais de um centímetro, se tanto..." de pele..." e um tendão seguram minha cabeça, Harry! A maioria das pessoas acharia que fui decapitado, mas ah, não, não é o bastante para o Sr. Realmente Decapitado Podmore.


Nick Quase Sem Cabeça respirou fundo várias vezes e então disse, num tom muito mais calmo:


— Então... O que é que o está preocupando? Tem alguma coisa que eu possa fazer?


— Não — disse Harry. — A não ser que saiba onde podemos arranjar sete Nimbus 2001 de graça para o nosso jogo contra Sonse...


O resto da frase de Harry foi abafado por um miado agudo de alguém junto aos seus calcanhares. Ele olhou e deu com um par de olhos amarelos que mais pareciam globos de luz. Era Madame Nor-r-ra, a gata esquelética e cinzenta que o zelador, Argo Filch, usava como uma espécie de delegada na sua luta incansável contra os estudantes.


 


– Você está completamente enlameado andando pelo castelo. – Tiago disse compreendendo o que a gata estava fazendo. – Aposto que Filch vai te levar para a sala dele...


 


— É melhor você sair daqui, Harry — disse Nick depressa. — Filch não está de bom humor, pegou a gripe, e uns alunos do terceiro ano sem querer grudaram miolos de sapo pelo teto da masmorra cinco. Ele esteve limpando a manhã inteira e se vir você pingando lama para todo lado...


— Certo — disse Harry se afastando do olhar acusador de Madame Nor-r-ra, mas não foi suficientemente rápido. Atraído ao local pela força misteriosa que parecia ligá-lo àquela gata nojenta, Argo Filch irrompeu de repente pela tapeçaria à direita de Harry, chiando furioso à procura do infrator. Trazia um lenço de grossa lã escocesa amarrado à cabeça e seu nariz estava estranhamente purpúreo.


— Sujeira! — gritou, os maxilares tremendo, os olhos assustadoramente saltados, apontando a poça de lama que pingava das vestes de Quadribol de Harry. — Bagunça e sujeira por toda parte! Para mim, chega, é o que lhe digo. Venha comigo, Potter!


Então Harry acenou um triste adeus a Nick Quase Sem Cabeça e acompanhou Filch ao andar de baixo, duplicando o número de pegadas de lama no assoalho.


Harry nunca estivera no interior da sala de Filch antes;


 


– Acho que compensa o fato de Tiago ter passado metade do primeiro ano na sala do zelador. – Sirius comentou com uma risada que parecia um latido.


 


era um lugar que a maioria dos estudantes evitava. O local era encardido e escuro, sem janelas, iluminado por uma única lâmpada de óleo pendurada no teto baixo. Um leve cheiro de peixe frito impregnava a sala.


Arquivos de madeira estavam dispostos ao longo das paredes; pelas etiquetas, Harry pôde ver que continham detalhes sobre cada aluno que Filch já castigara. Fred e Jorge Weasley tinham uma gaveta separada.


 


– Eu e Sirius costumávamos ter uma gaveta separada... – Tiago disse saudoso.


– E você se orgulha disso... – Severo murmurou de seu canto e foi ignorado por todos.


 


Uma coleção muitíssimo polida de correntes e algemas estava pendurada na parede atrás da mesa de Filch. Era do conhecimento geral que ele estava sempre pedindo a Dumbledore que o deixasse pendurar os alunos no teto pelos tornozelos.


Filch pegou uma pena no tinteiro em cima da mesa e começou a procurar um pergaminho.


— Bosta — resmungou furioso —, bosta frita de dragão... Miolos de sapos... Tripas de ratos... Para mim já chega... Vou fazer disto um exemplo... Onde está o formulário... Aqui...
Ele retirou um grande rolo de pergaminho da gaveta da escrivaninha e abriu-o à sua frente, mergulhando a longa pena negra no tinteiro.


— Nome... Harry Potter. Crime...


— Foi só um pouquinho de lama! — exclamou Harry.


— Foi só um pouquinho de lama para você, moleque, mas para mim é mais uma hora de limpeza! — gritou Filch, uma gota nojenta estremecendo na ponta do nariz de bolota. — Crime... Sujar o castelo... Sentença sugerida...


Filch, secando o nariz sempre a pingar, lançou um olhar desagradável a Harry, que esperava prendendo a respiração, a sentença desabar sobre sua cabeça.


 


– Não precisa se preocupar de verdade com isso. – Sirius disse dando de ombros – Filch não tem poder para tirar pontos de ninguém, e a maioria das detenções dele não são aprovadas...


 


Mas quando Filch baixou a pena, ouviu-se um forte estampido no teto da sala, que fez a lâmpada a óleo chocalhar.


— PIRRAÇA! — rugiu Filch, atirando a pena no chão num assomo de raiva. — Desta vez eu te pego, eu te pego!


E sem nem olhar para Harry, Filch saiu correndo da sala, com Madame Nor-r-ra do lado.


Pirraça era o poltergeist da escola, uma ameaça aérea e sorridente que vivia a provocar desordem e aflição. Harry não gostava muito de Pirraça, mas não pôde deixar de se sentir grato pelo seu senso de oportunidade. Era de esperar, seja o que for que Pirraça tivesse feito (e parecia que desta vez estragara alguma coisa muito importante), desviasse a atenção de Filch de Harry.


Achando que devia provavelmente esperar Filch voltar, Harry afundou em uma cadeira comida por traças ao lado da escrivaninha. Sobre ela só havia uma coisa além do formulário incompleto: um envelope roxo, grande e brilhante com letras prateadas na face. Com uma olhada rápida à porta para ver se Filch já estava voltando, Harry apanhou o envelope e leu:


FEITICEXPRESSO


Um curso de magia por correspondência para principiantes.


 


– Filch é um aborto? – Sirius perguntou sobressaltado e riu.


– Isso não é engraçado! – Lily disse cruzando os braços sobre o peito.


– Pode não ser engraçado propriamente, mas explica muita coisa... – Tiago disse escondendo o riso – Agora sabemos por que ele odeia tanto os alunos, não é?


– Faz todo sentido... – Remo disse dando de ombros. – Como é possível que ninguém saiba isso?


– Não sei... – Sirius deu de ombros – Nunca pensei muito nele para ser sincero...


– Faz sentido que ele reclame tanto de limpar... – Alice disse compreendendo muita coisa – Ele não pode usar magia, por isso diz que tudo é tão difícil...


 


Intrigado, Harry sacudiu o envelope aberto e puxou o maço de pergaminhos que havia dentro, com inscrições prateadas dizendo:


Você se sente antiquado no mundo da magia moderna? Vê-se inventando desculpas para não executar feitiços simples?


Ouve caçoadas por manejar tão mal uma varinha de condão?


Feiticexpresso é um curso inteiramente novo, que garante resultados rápidos e fácil assimilação.


Centenas de bruxos e bruxas já se beneficiaram com o método do Feiticexpresso!


Madame Z. Nettles of Topsham nos escreve:


"Eu não tinha memória para guardar encantamentos e minhas poções eram motivo de riso na família! Agora, depois do curso Feiticexpresso, sou o centro das atenções nas festas, e meus amigos me pedem a receita da Minha Solução Cintilante!”


Bruxo D. J. Prod of Didsbury nos conta:


"Minha mulher costumava caçoar dos meus feitiços pouco eficientes, mas depois de um mês no seu fabuloso Feiticexpresso consegui transformá-la num iaque! Muito obrigado, Feiticexpresso!


 


– Mas essas pessoas do anuncio não são abortos... – Lily disse confusa.


– Mas Filch deve ser. Se não fosse não teria comprado esse curso... – Remo disse categórico.


– Por que? – Alice perguntou tão confusa quanto Lily.


– Porque ele mora em uma escola de magia, se ele fosse só um bruxo não formado, bastaria ficar no fundo de algumas aulas do primeiro ano para aprender. – Sirius disse dando de ombros – Tenho certeza que Dumbledore permitiria.


– Faz sentido. – Frank disse.


 


Fascinado, Harry correu os dedos pelo resto do conteúdo do envelope. Para que na vida Filch queria um curso feiticexpresso? Será que isto queria dizer que ele não era um bruxo formado? Harry estava começando a ler a ”Lição Um: Como segurar sua varinha (Algumas dicas úteis)" quando o ruído de passos arrastados pelo corredor lhe avisara que Filch estava voltando. Harry enfiou o pergaminho de volta no envelope e atirou-o sobre a mesa pouco antes da porta se abrir.


Filch exibia um ar triunfante.


— Aquele armário que desaparece foi muitíssimo valioso! — disse todo alegre à Madame Nor-r-ra. — Vamos acabar com o Pirraça desta vez, minha doce...


Seus olhos pousaram em Harry e daí correram para o envelope do Feiticexpresso que, o garoto percebeu tarde demais, fora colocado meio metro mais longe do que estava antes.


A cara cerosa de Filch ficou vermelho-tijolo. Harry se preparou para uma maré de fúria. Filch capengou até a escrivaninha, agarrou o envelope e jogou-o dentro de uma gaveta.


— Você... Você leu...? — gaguejou.


— Não — mentiu Harry depressa.


Filch torcia as mãos nodosas.


— Se eu sonhar que você leu a minha, minha não, a correspondência de um amigo, seja como for, mas...


 


– É óbvio que é dele, e não de um amigo. – Sirius revirou os olhos – Ele está apenas se entregando...


– E acho que essa reação dele só prova que ele é mesmo um aborto. – Tiago disse dando de ombros.


– Então esse curso idiota não vai servir para nada. – Severo disse categórico – Se ele não é bruxo, não tem como aprender a fazer magia e ponto final. A varinha só serve para canalizar a magia, ela não cria magia do nada...


– Ranhoso está certo. – Sirius disse com uma expressão surpresa e Severo revirou os olhos.


 


Harry olhava fixo para ele, assustado; Filch nunca parecera mais furioso. Seus olhos saltavam, um tique nervoso estremecia sua bochecha mole, e o lenço escocês não melhorava sua aparência.


— Muito bem, pode ir, e não diga uma palavra, não que... Mas, se você não leu, vá logo, tenho que fazer o relatório sobre o Pirraça, vá...


Espantado com a sua sorte, Harry saiu correndo da sala e tomou o corredor de volta para o saguão. Escapar da sala de Filch sem castigo provavelmente era uma espécie de recorde na escola.


— Harry! Harry! Funcionou?


Nick Quase Sem Cabeça saiu deslizando de uma sala de aula. Atrás dele, Harry pôde ver os destroços de um grande armário preto e dourado que parecia ter sido jogado de uma grande altura.


— Convenci Pirraça a largá-lo bem em cima da sala de Filch — disse Nick ansioso. — Achei que iria distraí-lo...


 


– Boa Nick. – Tiago e Sirius comemoraram.


– Convencer pirraça a fazer algo é realmente algo admirável. – Neville comentou dando de ombros.


– Não se está tentando convencê-lo a fazer algo errado. – Remo disse trocando um olhar risonho com Tiago e Sirius.


 


— Aquilo foi você? — perguntou Harry, grato. — Funcionou sim, eu não peguei nem uma detenção. Obrigado, Nick!


Os dois saíram juntos pelo corredor. Nick Quase Sem Cabeça, Harry reparou, ainda segurava a carta de recusa de Sir Patrício.


— Eu gostaria de poder fazer alguma coisa sobre a Caça Quase Sem Cabeça — comentou Harry.


 


– Péssima ideia! – Sirius exclamou olhando para Harry reprovador – Ele vai arrumar algo que você possa fazer, e levando em consideração o nome do capítulo, aposto que vai pedir que vá à festa de aniversário de morte dele...


 


Nick Quase Sem Cabeça parou de repente, e Harry passou por dentro dele. Gostaria de não ter feito isso; era como entrar embaixo de um chuveiro gelado.


— Mas tem uma coisa que você pode fazer por mim — disse Nick animado. — Harry, seria pedir muito, mas, não, você não iria...


— Aonde?


— Bem, este Dia das Bruxas será o meu quingentésimo aniversário de morte — disse Nick Quase Sem Cabeça, empertigando-se com o ar solene.


 


– Que droga! – Frank exclamou – Logo no dia das bruxas?


 


— Ah — exclamou Harry, sem saber se devia fazer cara triste ou alegre com a notícia. — Certo.


— Estou dando uma festa em uma das masmorras maiores. Vêm amigos de todo o país. Seria uma honra tão grande se você pudesse comparecer! O Sr. Weasley e a Srta. Granger também seriam muito bem-vindos, é claro, mas você não vai preferir comparecer à festa da escola? — Ele observava Harry cheio de dedos.


— Não — disse Harry depressa —, eu vou...


— Meu caro rapaz! Harry Potter no meu aniversário de morte! E... — hesitou, parecendo agitado — você acha que seria possível mencionar a Sir Patrício que me acha muito assustador e impressionante?


— Claro... Claro.


O rosto de Nick Quase Sem Cabeça se abriu num grande sorriso.


— Uma festa de aniversário de morte? — disse Hermione muito interessada quando Harry finalmente trocou de roupa e foi-se reunir a ela e a Rony na sala comunal. — Aposto que não existe muita gente viva que possa dizer que foi a uma festa dessas, vai ser fascinante!


— Por que alguém iria querer comemorar o dia em que morreu? — exclamou Rony, que estava quase terminando o dever de Poções, mal-humorado. — Me parece uma coisa mortalmente deprimente...


 


– Concordo com Rony. – Gina disse desanimada. Tiago estava percebendo que a cada capítulo a garota parecia mais tristonha e estava começando a ficar desconfiado de que algo de ruim tinha acontecido com ela nesse ano.


 


A chuva continuava a açoitar as janelas, que agora estavam pretas feito tinta, mas dentro da sala tudo parecia claro e alegre. As chamas da lareira iluminavam as inúmeras poltronas fofas onde os alunos estavam sentados lendo, conversando, fazendo o dever de casa ou, no caso de Fred e Jorge Weasley, tentando descobrir o que aconteceria se a pessoa fizesse uma salamandra comer um fogo Filibusteiro. Fred "salvara" o lagarto de couro laranja, que vive no fogo, de uma aula de O Trato das Criaturas Mágicas, e ele agora fumegava suavemente em cima de uma mesa rodeada de meninos curiosos.


 


– É um experimento realmente interessante. – Tiago trocou um sorriso com Sirius.


– Talvez eles tenham se tornado grandes inventores de logros depois de Hogwarts! – Sirius disse animado. – Eles tem criatividade o suficiente.


                Rony e Gina trocaram um olhar surpreso, quem poderia imaginar que eles adivinhariam assim o futuro dos gêmeos!


 


Harry ia começar a contar a Rony e Mione sobre Filch e o curso Feiticexpresso quando, de repente, a salamandra saiu rodopiando descontrolada pelo ar, soltando fagulhas e estampidos. A visão de Percy berrando de ficar rouco com Fred e Jorge, a exibição espetacular de estrelas cor de tangerina que jorravam da boca da salamandra e sua fuga para a lareira, acompanhada de explosões, afugentaram Filch e o envelope do Feiticexpresso da cabeça de Harry.


Até chegar o Dia das Bruxas, Harry já se arrependera de sua promessa precipitada de ir à festa do aniversário de morte. O resto da escola estava animado com a proximidade da Festa das Bruxas; o Salão Principal fora decorado com os morcegos vivos de sempre, as enormes abóboras de Hagrid tinham sido recortadas para fazer lanternas tão grandes que cabiam três homens dentro, e havia boatos de que Dumbledore contratara uma trupe de esqueletos dançarinos para divertir o pessoal.


 


– Agora não tem jeito. – Lily disse encarando Harry com um olhar maternal – Você prometeu que iria, tem que cumprir suas promessas.


 


— Promessa é dívida — Mione lembrou a Harry com ar de mandona. — Você disse que iria ao aniversário de morte.


Então, às sete horas, Harry, Rony e Mione passaram direto pela porta do Salão Principal apinhado de gente, que brilhava convidativo com pratos de ouro e velas, e tomaram o caminho das masmorras.


 


– Temos que admitir que eles são bons amigos. – Remo disse levantando os olhos do livro. – Eles não prometeram a ninguém que iriam à festa, e ainda assim não abandonaram Harry.


– Espero que nunca abandonem... – Tiago murmurou olhando para Rony e Hermione com carinho.


 


O corredor que levava à festa de Nick Quase Sem Cabeça tinha sido iluminado, também, com velas em toda a sua extensão, embora o efeito não fosse nada alegre: eram velas longas, finas e pretas, de luz azul, que projetavam uma claridade fantasmagórica mesmo nos rostos de gente viva. A temperatura caía a cada passo que davam. Quando Harry estremeceu e puxou as vestes mais para junto do corpo, ouviu um som que lembrava mil unhas arranhando um imenso quadro-negro.


— Será que isso é música? — cochichou Rony. Eles dobraram um canto e viram Nick Quase Sem Cabeça parado em um portal adornado com reposteiros de veludo negro.


— Meus caros amigos — disse ele pesaroso. — Sejam bem-vindos, sejam bem-vindos... Fico tão contente que tenham podido vir...


E tirou o chapéu emplumado fazendo uma reverência e indicando a porta.


Era uma cena incrível. A masmorra continha centenas de pessoas esbranquiçadas e translúcidas, a maioria deslizando por uma pista de dança, valsando ao som medonho de trinta serrotes musicais, tocados por uma orquestra reunida em cima de uma plataforma drapeada de negro. Um lustre no alto projetava uma luz azul meia-noite com outras mil velas negras. A respiração dos garotos se condensava, formando uma névoa à frente deles; parecia que estavam entrando em uma câmara frigorífica.


— Vamos dar uma circulada? — sugeriu Harry, querendo esquentar os pés.


— Cuidado para não atravessar ninguém — recomendou Rony, nervoso, e os três saíram contornando a pista de dança. Passaram por um grupo de freiras soturnas, um homem vestido de trapos que usava correntes e o Frade Gordo, um alegre fantasma da Lufa-Lufa, que conversava com um cavalheiro que tinha uma flecha espetada na testa. Harry não se surpreendeu ao ver que os outros fantasmas davam distância ao Barão Sangrento, um fantasma da Sonserina, muito magro, de olhos arregalados e coberto de manchas de sangue prateado.


 


– Até mesmo Sirius e Tiago mantém uma certa distancia do Barão. – Remo comentou dando de ombros.


                Lily olhou para Tiago intrigada.


– Não me olhe assim. – Tiago bufou – Ele ainda me dá arrepios... Você não conhece a história dele!


– E você conhece? – Alice perguntou curiosa.


– Bem... – Sirius encolheu os ombros – Quando estávamos no primeiro ano fizemos com que o frei gorducho nos contasse tudo sobre ele...


– E ai? – Frank e Neville perguntaram juntos.


– O que sabemos é que ele matou a mulher que amava e depois se matou. – Tiago disse com um suspiro.


– Ok, entendo por que vocês tem medo dele... – Lily disse sentindo um arrepio subir por sua coluna.


– Não temos medo. – Sirius bufou – Apenas não o temos como amigo!


 


— Ah, não — exclamou Mione, parando de repente. — Deem meia-volta, deem meia-volta, não quero falar com a Murta Que Geme...


 


– A Murta-que-Geme! – Alice e Lily exclamaram juntas.


– Quem é essa? – Tiago perguntou curioso.


– É uma fantasma que mora em um banheiro feminino no primeiro andar... – Lily explicou de cara feia.


– Por que o nome dela é murta-que-geme? – Sirius perguntou pensando em besteiras.


– Por que ela passa o tempo todo chorando e resmungando no banheiro... – Alice disse desgostosa – É horrível tentar usar aquele banheiro com ela lá choramingando.


 


— Quem? — perguntou Harry ao retrocederem.


— Ela assombra um boxe no banheiro das meninas no primeiro andar — disse Mione.


— Ela assombra um boxe?


— É. O boxe esteve quebrado o ano inteiro porque ela não para de ter acessos de raiva e inundar o banheiro. Eu nunca entrei lá sempre que pude evitar; é horrível tentar fazer xixi com ela gemendo do lado...


— Olhem, comida! — exclamou Rony.


 


– Não acho que vá ter comida para humanos nessa festa... – Frank murmurou.


 


Do lado oposto da masmorra havia uma longa mesa, também coberta de veludo negro. Eles se aproximaram pressurosos, mas no instante seguinte pararam de chofre, horrorizados. O cheiro era bem desagradável. Grandes peixes podres estavam dispostos em belas travessas de prata; bolos carbonizados estavam arrumados em salvas; havia uma grande terrina de picadinho de miúdos de carneiro cheio de vermes, um pedaço de queijo coberto de uma camada de mofo esverdeado e, o orgulho do bufê, um enorme bolo cinzento em forma de sepultura, com os dizeres em glacê de asfalto: SIR NICOLAS DE MIMSY-PORPINGTON FALECIDO EM 31 DE OUTUBRO DE 1492.


Harry observou, espantado, um fantasma imponente se aproximar da mesa, abaixar-se e atravessá-la, a boca aberta de modo a engolir um salmão fedorento.


— O senhor pode provar a comida quando a atravessa? — perguntou-lhe Harry.


— Quase — respondeu o fantasma triste e se afastou.


 


– Se eles não conseguem comer por que tem comida na festa? – Sirius bufou.


 


— Imagino que tenham deixado o peixe apodrecer para acentuar o gosto — disse Mione em tom de quem sabe das coisas, apertando o nariz e se debruçando para examinar o picadinho pútrido.


— Podemos ir andando? Estou me sentindo enjoado — disse Rony.


Nem bem tinham se virado, porém, quando um homenzinho saiu voando de repente de debaixo da mesa e parou no ar diante deles.


— Alô, Pirraça — cumprimentou Harry cauteloso.


Ao contrário dos fantasmas à volta, Pirraça, o poltergeist era o oposto de pálido e transparente. Usava um chapéu de festa laranja-vivo, uma gravata-borboleta giratória e exibia um largo sorriso no rosto largo e maldoso.


— Aperitivos — disse simpático, oferecendo aos garotos uma tigela de amendoins cobertos de fungo.


— Não, muito obrigada — disse Mione.


— Ouvi você falando da coitada da Murta — disse Pirraça, os olhos dançando. — Que grosseria com a coitada. — Ele tomou fôlego e berrou: — OI! MURTA!


 


– É claro que Pirraça vai dar um jeito de perturbar a Murta. – Lily disse com um suspiro – E então ela vai voltar para o banheiro e entupir todas as pias...


– Isso pode ser considerado um comportamento positivo se for pensar nas atitudes da Murta... – Alice completou dando de ombros.


– Sabe o que estava pensando? – Lily disse de repente – Murta é o único fantasma que já vi em Hogwarts que usa o uniforme...


– Ela usa uniforme? – Tiago perguntou pensativo – Então ela morreu em Hogwarts...


– Nunca ouvi falar sobre uma aluna que morreu em Hogwarts. – Sirius disse reflexivo.


– Talvez tenham abafado a morte dela. – Frank disse dando de ombros – Não deve ter sido uma morte natural...


– Nem um acidente. – Remo concordou – Ou não seria abafado...


– Estranho. – Tiago disse categórico.


 


— Ah, não, Pirraça, não conte a ela o que eu disse, ela vai ficar realmente chateada — cochichou Mione frenética. — Não falei por mal, ela não me incomoda, ah, alô, Murta.


O fantasma atarracado de uma moça deslizou até eles. Tinha a cara mais triste que Harry já vira, meio oculta por cabelos escorridos e espessos, e óculos perolados.


— Que foi? — perguntou aborrecida.


— Como vai, Murta? — cumprimentou Mione fingindo animação. — Que bom ver você fora do banheiro.


Murta fungou.


— A Srta. Granger estava mesmo falando em você... — disse Pirraça sonsamente ao ouvido da Murta.


— Só estava dizendo... Dizendo... Como você está bonita esta noite — completou Mione, fechando a cara para Pirraça.


Murta olhou para Mione desconfiada.


— Você está caçoando de mim — disse, lágrimas prateadas marejando rapidamente os seus olhos penetrantes.


— Não, sério, eu não acabei de falar como a Murta está bonita? — falou Mione, cutucando dolorosamente Harry e Rony nas costelas.


— Ah, claro...


— Falou...


— Não mintam para mim — exclamou Murta, as lágrimas agora escorrendo livremente pelo rosto, enquanto Pirraça, feliz, dava risadinhas por cima do ombro dela. — Vocês acham que não sei como as pessoas me chamam pelas costas? Murta Gorda! Murta Feiosa! Murta infeliz, chorona, apática!


— Você esqueceu do espinhenta — sibilou Pirraça ao ouvido dela.


A Murta Que Geme prorrompeu em soluços aflitos e fugiu da masmorra. Pirraça disparou atrás dela, jogando amendoins mofados e gritando:


— Espinhenta! Espinhenta!


 


– Pirraça tem um talento nato para perturbar os outros... – Alice murmurou.


 


— Ah, meu Deus! — lamentou-se Hermione.


Nick Quase Sem Cabeça agora deslizava por entre os convidados em direção aos garotos.


— Estão se divertindo?


— Ah, claro — mentiram.


— Um número de convidados bem grande — disse Nick Quase Sem Cabeça, orgulhoso. — A rainha viúva veio lá de Kent... Está quase na hora do meu discurso, é melhor eu ir avisar a orquestra...


A orquestra, porém, parou de tocar naquele exato instante. E, todas as pessoas na masmorra se calaram, olhando para os lados excitadas, ao ouvirem uma trompa de caça.


— Ah, lá vamos nós — disse Nick Quase Sem Cabeça amargurado.


Pelas paredes da masmorra irromperam doze cavalos fantasmas, cada um montado por um cavaleiro sem cabeça. Os convidados aplaudiram calorosamente. Harry começou a aplaudir, também, mas parou depressa ao ver a cara de Nick.


Os cavalos galoparam até o meio da pista de dança e pararam, levantando e baixando as patas dianteiras. A frente da cavalgada havia um fantasma corpulento que segurava a cabeça sob o braço, posição de onde ele tocava a trompa. O fantasma apeou, levantou a cabeça no ar de modo que pudesse ver as pessoas (todos riram) e se dirigiu a Nick Quase Sem Cabeça, recolocando a cabeça sobre o pescoço.


— Nick! — rugiu. — Como vai? A cabeça ainda pendurada?


Ele soltou uma gargalhada cordial e deu uma palmadinha no ombro de Nick Quase Sem Cabeça.


— Seja bem-vindo, Patrício — disse Nick secamente.


— Gente viva! — exclamou Sir Patrício, vendo Harry, Rony e Mione, e dando um grande pulo fingindo espanto, de modo que sua cabeça tornou a cair (os convidados gargalharam).


— Muito engraçado — disse Nick Quase Sem Cabeça com ferocidade.


— Não liguem para o Nick! — gritou a cabeça de Sir Patrício lá do chão. — Ainda está aborrecido porque não o deixamos se associar à Caçada! Mas quero dizer... Olhem só para ele...


— Acho — disse Harry depressa, a um olhar significativo de Nick —, Nick é muito... Assustador e...


— Ha! — gritou a cabeça de Sir Patrício. — Aposto como ele lhe pediu para dizer isso!


— Se todos pudessem me dar atenção, está na hora do meu discurso! — avisou Nick Quase Sem Cabeça em voz alta, caminhando com firmeza até o pódio e tomando posição sob a luz de um refletor azul-gelo.


— Meus saudosos cavalheiros, damas e senhores, tenho o grande pesar...


Mas ninguém ouviu muito mais do que isso. Sir Patrício e os Caçadores Sem Cabeça começaram uma partida de hóquei de cabeça e as pessoas foram se virando para assistir. Nick Quase Sem Cabeça tentou em vão reconquistar sua plateia, mas desistiu quando a cabeça de Sir Patrício passou navegando por ele em meio aos berros de vivas.


 


– Tadinho do Nick. – Alice disse pesarosa.


– Isso foi realmente deselegante da parte desse Sir Patrício. –Lily concordou enfaticamente.


 


Harry, por esta altura, estava sentindo muito frio, para não falar na fome.


— Não dá para aguentar muito mais que isso — murmurou Rony, os dentes batendo, quando a orquestra tornou a entrar em ação, e os fantasmas voltaram à pista de dança.


— Vamos — concordou Harry.


 


– Vocês até que ficaram bastante... – Tiago comentou enfático – Se forem direto para o salão ainda dá tempo de comer alguma coisa!


 


Os três saíram em direção à porta, acenando com a cabeça e sorrindo para todos que olhavam, e um minuto depois estavam andando depressa pelo corredor cheio de velas.


— Talvez o pudim ainda não tenha acabado — disse Rony esperançoso, seguindo à frente em direção à escada do saguão de entrada.


E então Harry ouviu: “Rasgar... romper... matar..”


 


– Péssimo momento para a voz que só Harry escuta se manifestar. – Sirius bufou. Mas Tiago estava prestando mais atenção na expressão deprimida de Gina do que no que o amigo falava.


 


Era a mesma voz, a mesma voz gélida e assassina que ouvira na sala de Lockhart.


Ele parou quase tropeçando, apoiando-se na parede de pedra, escutando com toda a atenção, olhando para os lados, apertando os olhos para ver nos dois sentidos do corredor mal iluminado.


— Harry, que é que você...?


— É aquela voz de novo, fiquem quietos um minuto... 


"Tanta fome... Tanto tempo...”


— Ouçam! — disse Harry com urgência, e Rony e Mione pararam, observando-o.


“Matar... Hora de matar...”


A voz foi ficando mais fraca. Harry tinha certeza de que estava se afastando — se afastando para o alto. Uma mistura de medo e excitação se apoderou dele ao fixar o olhar no teto escuro; como é que ela podia estar se afastando para o alto? Seria um fantasma, para quem tetos de pedra não faziam diferença?


— Por aqui — gritou ele e começou a subir correndo as escadas para o saguão. Não adiantava querer ouvir nada ali, o vozerio na festa do Salão Principal ecoava pelo saguão. Harry subiu correndo a escadaria de mármore até o primeiro andar, com Rony e Mione nos seus calcanhares.


— Harry, que é que estamos...


— PSIU!


Harry apurou os ouvidos. Longe, vinda do andar de cima, cada vez mais fraca, ele ouviu a voz: "... Sinto cheiro de sangue... SINTO CHEIRO DE SANGUE!" Sentiu um aperto no estômago...


— Vai matar alguém! — gritou ele, e sem dar atenção aos rostos perplexos de Rony e Mione, subiu correndo o lance seguinte de escada, três degraus de cada vez, tentando escutar apesar do barulho que seus passos faziam...


 


– Vocês pensaram que eu estava ficando louco, não é? – Harry perguntou a Rony e Hermione.


– Nós não ouvíamos a voz... – Hermione se defendeu.


                Rony, no entanto, prestava atenção na irmã que estava encolhida no sofá. Tiago seguiu o olhar de Rony e encarou Gina com curiosidade, ela parecia cada vez pior ao ouvir sobre aquilo.


 


Harry precipitou-se pelo segundo andar, Rony e Mione ofegantes atrás dele, e não parou até entrar no último corredor deserto.


— Harry, do que é que você estava falando? — perguntou Rony, enxugando o suor do rosto. — Eu não ouvi nada...


Mas Mione soltou uma súbita exclamação, apontando para o corredor.


— Olhem!


Alguma coisa brilhava na parede em frente. Eles se aproximaram devagarinho, apertando os olhos para ver na penumbra. Alguém tinha pintado palavras de uns trinta centímetros na parede entre as duas janelas, que refulgiam à luz das chamas das tochas.


A CÂMARA SECRETA FOI ABERTA.


INIMIGOS DO HERDEIRO, CUIDADO.


 


– Isso é terrível. – Lily murmurou nervosa e Tiago passou o braço pelo ombro dela para consola-la.


 


— Que coisa é aquela, pendurada ali embaixo? — perguntou Rony, com um ligeiro tremor na voz.


Ao se aproximarem, Harry quase escorregou — havia uma grande poça de água no chão; Rony e Mione o seguraram, e continuaram a avançar devagar até a mensagem, os olhos fixos na sombra escura embaixo. Os três logo perceberam o que era e deram um salto para trás espalhando água.


Madame Nor-r-ra, a gata do zelador, estava pendurada pelo rabo em um suporte de tocha. Estava dura como um pau, os olhos arregalados e fixos.


 


                Lily gemeu e escondeu o rosto no peito de Tiago, a gata era uma prova de que a mensagem era verdadeira.


– A única coisa que espero é que ela tenha sido a única vítima... – Remo falou pesaroso.


– Por algum motivo acredito que ela tenha sido apenas a primeira... – Sirius falou sombrio.


                Gina deixava grossas lágrimas escorrerem pelo seu rosto, e isso também não passou despercebido a Tiago.


 


Durante alguns segundos eles não se mexeram. Então Rony falou:


— Vamos dar o fora daqui.


— Será que não devíamos tentar ajudar... — começou a dizer Harry, sem jeito.


— Confie em mim — disse Rony. — Não podemos ser encontrados aqui.


 


– Rony está certo! – Tiago exclamou alarmado – Se encontrarem vocês ai vão pensar que foram vocês quem fizeram isso!


 


Mas era tarde demais. Um ronco, como o de um trovão distante, informou-lhes que a festa terminara naquele instante. De cada ponta do corredor onde estavam, ouviram o barulho de centenas de pés que subiam as escadas, e a conversa alta e alegre de gente bem alimentada; no instante seguinte os alunos entravam aos encontrões pelos dois lados do corredor.


A conversa, o bulício, o barulho morreu de repente quando os garotos que vinham à frente viram o gato pendurado. Harry, Rony e Mione estavam sozinhos no meio do corredor e os estudantes que se empurravam para ver a cena macabra se calaram.


Então alguém gritou em meio ao silêncio.


— Inimigos do herdeiro, cuidado! Vocês vão ser os próximos, sangues ruins!


Era Draco Malfoy. Ele abrira caminho até a frente dos alunos, seus olhos frios muito intensos, seu rosto, em geral pálido, corara, e ele ria diante do gato pendurado imóvel.


 


– Eu acho a atitude de Malfoy muito mais suspeita que a de Harry. – Alice falou com um tremor.


– Nenhum dos dois pode ter aberto a câmara de Slytherin. – Severo falou categórico chamando a atenção de todos. – Nenhum dos dois é o herdeiro.


– Pode ser que Malfoy seja. – Frank disse dando de ombros – Ninguém conhece a linhagem de Slytherin.


– Não, – Severo disse irritado – Mas conhecem a ascendência dos Malfoy, e dos Potter.


– Ele está certo. – Tiago disse com desagrado.


– Mas quem poderia ser o herdeiro? – Lily perguntou com a voz abafada por ainda estar escondida no peito de Tiago.


– Acho que vamos saber logo. – Tiago disse, estranhamente encarando Gina que fungava encolhida no sofá.


                Sirius pegou o livro que Remo lhe estendia.


– Capítulo IX – A pichação na parede.


                                                                   ~~ x ~~  

 


Olá leitores mais lindos do FeB e de todo o mundo. Eu sei que disse que ia postar três vezes essa semana, e eu realmente pretendo postar sexta, mas talvez eu não consiga, como vocês sabem o meu notebook está ruim, ainda está no conserto, mas para meu amigo poder formatar ele, vai precisar do carregador que estou usando no notebook do meu noivo, então não sei se sexta vou estar com bateria para postar...
Minha mãe me ouviu dizendo que fiquei curiosa para ler The Hunger Games, e comprou os livros para mim. Aviso a vocês quando os livros chegarem.
Rafaela C. da Silva: Fico feliz que esteja gostando! Comente sempre!
Li Everllark: Para mim, há coisas que podem ser mudadas e há coisas que fazem parte do destino de cada um. O destino do Harry é acabar com Voldemort. Não acho que Dumbledore, Tiago ou qualquer outro deva fazer isso no lugar dele...
sasa lovegood: Eu também gosto muito do Remo, das histórias extras que li no Pottermore a dele foi a mais interessante até agora. Na verdade, amo muito os 3 marotos, eles são os melhores personagens para mim... Fico feliz que possa vir aqui sempre! Não deixe de comentar!
Clenery Aingremont: Quando li seu comentário fui olhar se tava duplicado, mas aqui está que seria da minha vida sem eles, não consigo ler muito na internet, fico com os olhos ardendo... Devia usar óculos, mas sou meio teimosa... Depois que eu ler THG eu falo para você o que achei... Mas eu não consigo ver filmes antes de ler livros... O único que assisti o filme antes do livro foi Senhor dos Anéis, mas eu era nova...
Luiza Granger Malfoy: Eu também senti muita falta de vocês nesse tempo, vocês não fazem nem ideia... Depois que eu ler os livros te falo o que achei!
LULU789: Tudo bem, contanto que você não me esqueça... A Clenery também falou que o capítulo estava duplicado, mas fui olhar e aqui está normal. Para mim foi a Gina mesmo quem mandou, ela era bem tímida na época, e bem bobinha...
ste_panza: A Alice era muito apaixonadinha pelo Lockhart quando nova, é difícil para ela aceitar que ele não é quem ela imagina. Bem, eu vi várias fics desse tipo que não faziam muito sentido, comentários que não combinavam com os personagens, comentários extremamente idiotas e coisas do tipo... Então pensava, acho que eles não diriam isso... Acho que eles diriam outra coisa. E assim foi surgindo a fic.
JuanZ: Tudo bem, contanto que não desapareça de vez. Essa parte surgiu praticamente sozinha, nesses casos acabo deixando os marotos entrarem na minha mente... Depois que eu ler te digo o que achei!
Luiza Snape: Sempre achei que ele havia se arrependido, ele não é de todo ruim. Ele vai ter os momentos dele.
sempre-potterianas2: Fico feliz que vá voltar a comentar sempre! Esse é o livro que menos gosto de todos. Acho que é por causa do Lockhart mesmo. Essa parte você vai ter que ler até o fim para saber... Mas vou te contar um segredo, talvez as pessoas que morreram nos livros não precisem morrer para o Harry ser “o menino que sobreviveu”. Tem algo haver com destino, o destino de Harry é derrotar Voldemort, será que o destino dos pais dele é morrer pelas mãos de Voldemort? Mas talvez se Voldemort nunca matar Lily e Tiago, Harry nunca precisaria matá-lo... Enfim, vou pensar muito nisso ainda.
HarryJ.Potter: Ela ainda deve ficar muito irritada com esse livro, afinal, os Marotos adoram implicar com ela.
Guilherme L.: Minha fic de TWD ainda não foi publicada... Ela basicamente começa de onde a última temporada parou, mas não começa focando nos personagens de TWD, começa com uma personagem original, posteriormente ela encontra Rick e Cia, então não vou explorar o que aconteceu depois que eles saíram da prisão e etc, vou pegar de uns pontos a frente, talvez alguns meses depois. A minha mãe comprou os livros THG, então vou compartilhar com vocês minha opinião em breve. Dos que você falou meus favoritos são HP e LoTR.
Day Caracas: Lily ainda vai se estressar muito até o fim dos livros! Depois que eu ler eu digo para vocês se eu gostei dos livros! E vou procurar essa A Seleção, tem tanta gente falando dele.
Bia Ginny Potter: Seja muito bem-vinda! Fico muito honrada que você tenha feito uma conta só para poder comentar e me dizer o que acha! Dá muito trabalho mesmo, tenho que ler tudo de novo para poder escrever. Até as partes que odeio, tipo as do Lockhart. Espero te ver comentando sempre então! Adoro saber as opiniões de cada um de vocês! Fico feliz que tenha gostado do Natal Weasley, aquela fic é um xodó meu! Depois que eu ler THG conto para vocês o que eu achei!


Muito obrigada a todos os que leem e comentam, e também a todos os que leem e não comentam... Temos um total de 43 leitores, uns 25 comentam sempre, esses eu conheço por nome, vou criando amizade... Queria conhecer todos vocês! Por isso, comentem, mesmo que seja para falar um oi!


 

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Comentários (18)

  • ste_panza

    Outro capitulo tão perfeeeito *---*Esse livro é o que eu menos gosto, mas a sua fic ta tão divertida que eu estou até começando a me apaixonar por ele... hahahahahhaMas, sério, não vejo a hora de ver o capítulo novo... Agora começa a ficar tenso...Puxa, amei a história de como foi criada a fic... E, realmente, tem muitas histórias que dá pra ficar: "Puxa, se tal personagem tivesse falado tal coisa, seria muito mais legal"... 

    2014-01-21
  • Luiza Granger Malfoy

    Já comentei nesse cap, mas a demora tá me matando!!! Hahahahaha quero saber logo o que eles vão achar do próximo!

    2014-01-21
  • HarryJ.Potter

    Adorei! A reacção deles ao ler o livo ficou perfeita!mas deixa fazer uma pergunta. O pessoal do futuro ta comentando pouco por algum motivo especial ou você que esquesceu deles?MAS MESMO ASSIM A FIC TA PERFEITA 

    2014-01-20
  • IzabelR

    To atrasada mais to aqui. Meu tempo no pc ta contadinho, então só pra dizer que eu to amando o capitulo e to com mta pena da Gina, apesar de eu detestarrrrrrrrrrrr ela.

    2014-01-18
  • sasa lovegood

    Aiiii que dó da Gina! Ela não merece ter que passar por tudo isso novamente né! O Harry bem q poderia consolar ela Hahahahaha...Bom capitulo, bjos 

    2014-01-17
  • Guilherme L.

    Ah, quando você for postar a fic de TWD me manda o link, eu gostaria de ler =]]. O começo do THG é muito bom, você se entusiasma bastante, depois o livro cai um pouco de produção..principalmente no segundo livro que é basicamente uma cópia do primeiro. Mas enfim, não quero viesar sua decisão,haha.

    2014-01-17
  • Mary Lilian Potter

    Oi, adorei o cap.Me descupe por nao comentar nos 2 cap é que estou viajando e esta um pouco complicado de ler em paz!Thiago esta bem perto da resposta do que os outros, mas da um pouco de dó da Gina.Esperando o proximo cap!

    2014-01-17
  • Gi Molly Weasley

    Ameeeeeeeeei o capítulo! Posta mais logo, por favor! Desculpa nao tem comentado no outro capítulo... é que eu li com muita pressa pq tava ocupada kkk beijo ;&

    2014-01-17
  • Luiza Granger Malfoy

    Gente, faz tanto tempo que eu não leio Câmara Secreta que nem lembrava que tinha essa festa do Nick hahaha ainda bem que to relendo aqui =)Concordo com o que o pessoal comentou, tadinha da Gina, deve tá sendo duro pra ela relembrar essas coisas... Harry podia ter sido mais carinhoso!! hahahaha mas eu entendoUma coisa que me chamou a atenção foi o raciocinio rápido deles! Já falaram que os gêmeos podiam ter uma loja de logros e tal, fiquei surpresa em como eles são rápidos hahahaBom, eu tenho uma pergunta pra você... Já parou p pensar no livro das Reliquias da Morte, sobre o cap que mostra as lembranças do Snape? Eu fico pensando que seria muito legal se a Lily lesse o cap, mas acho que seria interessante o Snape ler tb, ou até mesmo o Tiago, fico na maior dúvida! O que você acha? As vezes eu pego o livro só pra ler essa parte, é uma das minhas favoritas!Falando em partes favoritas, qual é a sua? E o seu livro favorito? Eu gosto mt de PdA, mas não consigo eleger um 'favorito' mt dificil =)Hoje eu falei demais hehehe beijooops: li os comentários que vc respondeu e a trilogia 'A Seleção' é mtttt legal! Já terminei o 2o livro e to esperando lançarem o 3o, mas vai ser só em maio. Uma tortura com a gente!!

    2014-01-17
  • Day Caracas

    Tadinha da Gina, vai ser um pessimo livro pra ela. Eu to adorando le novamente a Camara Secreta, faz tanto tempo que eu li. AdoreiiiiiAte o proximo 

    2014-01-16
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