O pior aniversário



– Capítulo I – O pior aniversário. – Harry leu e observou a reação de Lily, Tiago e Sirius.


– A gente vai ter que passar por isso no início de todos os livros? – Lily perguntou chateada.


– Mais ou menos isso. – Gina disse.


– Nem todos os meus aniversários foram ruins. – Harry disse consolando a mãe.


– Já contei onze ruins até agora. – Sirius disse.


– Não seriam doze? – Alice perguntou confusa.


– Não, – Tiago disse – quando ele foi para a casa dos Dursley já tinha um ano, o primeiro aniversário dele deve ter sido bom.


                Harry sorriu para Tiago antes de começar a ler o segundo livro.


 


Não era a primeira vez que irrompia uma discussão à mesa do café da manhã na Rua dos Alfeneiros número 4. O Sr. Válter Dursley fora acordado nas primeiras horas da manhã por um pio alto que vinha do quarto do seu sobrinho Harry.


 


– Mas esse cara é insuportável. – Remo disse irritado que Harry tivesse que conviver com aquilo.


 


— É a terceira vez esta semana! — berrou ele à mesa. — Se você não consegue controlar essa coruja, teremos que mandá-la embora!


Harry tentou explicar, mais uma vez.


— Ela está chateada. Está acostumada a voar ao ar livre. Se eu ao menos pudesse soltá-la à noite...


 


– Mas você não podia nem soltar a Edwiges? – Frank perguntou – Então não podia mandar cartas para seus amigos...


– Não. – Harry disse pesaroso – Ela não podia sair da gaiola...


– Era maldade com a pobrezinha. – Neville disse.


 


— Eu tenho cara de idiota? — rosnou tio Válter, um pedaço de ovo pendurado na bigodeira.


 


– Tem! – Sirius respondeu imediatamente, arrancando risadas de quase todos.


 


— Eu sei o que vai acontecer se você soltar essa coruja.


Ele trocou olhares assustados com sua mulher, Petúnia.


 


– Eles agem como se Harry pudesse matá-los mandando uma carta... – Rony bufou.


 


Harry tentou argumentar, mas suas palavras foram abafadas por um alto e prolongado arroto dado pelo filho de Dursley, Duda.


— Quero mais bacon.


 


– Amável como sempre. – Severo disse irônico.


 


— Tem mais na frigideira, fofinho — disse tia Petúnia, voltando os olhos úmidos para o filho maciço. — Precisamos alimentá-lo bem enquanto temos oportunidade... Não gosto do jeito daquela comida da escola...


— Bobagem, Petúnia, nunca passei fome quando estive em Smeltings — disse tio Válter animado. — Duda come bastante, não come filho?


Duda, que era tão gordo que a bunda sobrava para os lados da cadeira da cozinha, sorriu e virou-se para Harry.


— Passe a frigideira.


— Você esqueceu a palavra mágica — disse Harry irritado.


O efeito desta simples frase no resto da família foi inacreditável.


Duda ofegou e caiu da cadeira com um baque que sacudiu a cozinha inteira;


 


– Não quebrou o chão? – Rony perguntou retirando risos de todos – Impressionante.


 


a Sra. Dursley soltou um gritinho e levou as mãos à boca; o Sr. Dursley levantou-se com um salto, as veias latejando nas têmporas.


— Eu quis dizer "por favor"! — explicou Harry depressa.


 


– Mas é óbvio que ele quis dizer “por favor” – Hermione bufou – eles são realmente exagerados.


– Minha irmã sempre foi exagerada. – Lily bufou.


 


— Não quis dizer...


— QUE FOI QUE JÁ LHE DISSE — trovejou o tio, borrifando saliva pela mesa. — COM RELAÇÃO A DIZER ESSA PALAVRA COM "M" NA NOSSA CASA?


— Mas eu...


— COMO SE ATREVE A AMEAÇAR DUDA! — berrou tio Válter, dando um soco na mesa.


— Eu só...


— EU O AVISEI! NÃO VOU TOLERAR A MENÇÃO DA SUA ANORMALIDADE DEBAIXO DO MEU TETO!


 


– Anormais são vocês – Sirius rosnou com raiva.


 


Harry olhava do rosto purpúreo do tio para o rosto pálido da tia, que tentava pôr Duda de pé.


 


– Deve ter tido que fazer muito esforço. – Gina disse maldosa. – Devia ter usado um guindaste.


 


— Está bem — disse Harry —, está bem...


O tio Válter se sentou, respirando como um rinoceronte sem fôlego e observando Harry com atenção pelos cantos dos olhinhos penetrantes.


Desde que Harry voltara para passar as férias de verão em casa, tio Válter o tratava como uma bomba que fosse explodir a qualquer momento, porque Harry Potter não era um menino normal. Aliás, ele era tão anormal quanto era possível ser.


 


– Você não é anormal! – Lily exclamou irritada.


 


Harry Potter era um bruxo — um bruxo que acabara de terminar o primeiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. E se os Dursley se sentiam infelizes de tê-lo ali nas férias, isso não era nada comparado ao que Harry sentia.


Sentia tanta falta de Hogwarts que era como se tivesse uma dor de barriga permanente.


 


– Sei exatamente como se sente. – Sirius disse trocando um sorriso com o afilhado.


 


Sentia falta do castelo, com seus fantasmas e suas passagens secretas, das aulas (exceto talvez a de Snape, o professor de Poções), do correio trazido pelas corujas, dos banquetes no Salão Principal, de dormir em uma cama de baldaquino no dormitório da torre, das visitas ao guarda-caças, Hagrid, em sua cabana na orla da Floresta Proibida nos terrenos da escola, e, principalmente, do Quadribol, o esporte mais popular no mundo dos bruxos (seis postes altos para delimitar o gol, quatro bolas voadoras e catorze jogadores montados em vassouras).


 


                Tiago suspirou, desejava que seu filho pudesse passar as férias jogando quadribol no quintal como ele costumava passar.


 


Todos os livros de feitiços, a varinha, as vestes, o caldeirão e a vassoura Nimbus 2000, último tipo, pertencentes à Harry tinham sido trancados no armário debaixo da escada pelo tio Válter no instante em que o sobrinho pisara em casa.


 


– Então você não conseguiu nem fazer os deveres de casa? – Lily perguntou irritada.


 


Que importava aos Dursley se Harry perdesse o lugar no time de Quadribol da Casa porque não praticara o verão inteiro? O que significava para os Dursley que Harry voltasse para a escola sem os deveres de casa feitos? Os Dursley eram o que bruxos chamavam de trouxas (sem um pingo de sangue mágico nas veias) e na opinião deles ter um bruxo na família era uma questão da mais profunda vergonha. Tio Válter havia até passado o cadeado na gaiola da coruja de Harry Edwiges, para impedi-la de levar mensagens para alguém no mundo dos bruxos.


 


– Te impedir de falar com seus amigos é maldade demais. – Remo disse chateado.


                Rony e Hermione acenaram concordando.


 


Harry não se parecia nada com o resto da família. Tio Válter era corpulento e sem pescoço, com uma enorme bigodeira preta; a tia Petúnia tinha uma cara de cavalo e era ossuda; Duda era louro, rosado e lembrava um porquinho. Já o Harry era pequeno e magricela, com olhos verdes vivos e cabelos muito pretos que estavam sempre despenteados. Usava óculos redondos e, na testa, tinha uma cicatriz fina em forma de raio.


Era esta cicatriz que tornava Harry tão diferente, mesmo para um bruxo. A cicatriz era o único vestígio do seu passado muito misterioso, da razão por que fora deixado no batente dos Dursley, onze anos antes.


Com um ano de idade, Harry por alguma razão sobrevivera aos feitiços do maior bruxo das trevas de todos os tempos, Lord Voldemort, cujo nome a maioria dos bruxos e bruxas ainda tinha medo de pronunciar. Os pais de Harry morreram ao serem atacados por Voldemort, mas o garoto escapara com a cicatriz em forma de raio e por alguma razão — ninguém entendia muito bem — os poderes de Voldemort tinham sido destruídos na hora em que não conseguira matá-lo.


 


– Com certeza tem haver com Lily ter morrido para salvá-lo. – Frank disse pensativo.


 


Assim, Harry fora criado pela irmã e o cunhado de sua falecida mãe. Passara dez anos com os Dursley, sem nunca compreender por que fazia coisas estranhas acontecerem o tempo todo sem querer, acreditando na história dos Dursley de que sua cicatriz resultara do acidente de automóvel que matara seus pais.


Então, há exatamente um ano, Hogwarts escrevera a Harry, e a história toda fora revelada. O garoto ocupara sua vaga na escola de bruxaria, onde ele e sua cicatriz eram famosos... Mas agora o ano letivo terminara, e ele voltara à casa dos Dursley para passar o verão, voltara a ser tratado como um cachorro que andara se esfregando em alguma coisa fedorenta.


 


                Lily e Tiago bufaram raivosos.


 


Os Dursley nem sequer se lembraram que hoje, por acaso, era o décimo segundo aniversário de Harry. Naturalmente ele não alimentava grandes esperanças; seus parentes jamais tinham lhe dado um presente de verdade, muito menos um bolo — mas esquecê-lo completamente...


Naquele momento, o tio Válter pigarreou cheio de pose e disse:


— Hoje, como todos sabemos, é um dia muito importante.


 


– Duvido que ele esteja se referindo ao aniversário de Harry. – Sirius disse irritado.


 


Harry ergueu os olhos, mal se atrevendo a acreditar.


 


– E você ainda tinha esperanças? – Gina perguntou solidária.


 


— Hoje talvez venha a ser o dia em que vou fechar o maior negócio de minha carreira.


Harry tornou a se concentrar em sua torrada. Naturalmente, pensou com amargura, tio Válter estava falando daquele jantar idiota. Não falava de outra coisa havia duas semanas. Um construtor rico e sua mulher vinham jantar e tio Válter tinha esperanças de receber um grande pedido (a companhia de tio Válter fabricava brocas).


— Acho que devemos repassar o programa mais uma vez — disse ele. — Precisamos todos estar em posição às oito horas.


 


– Eles precisam de um programa para jantar? – Tiago perguntou exasperado – Meus pais estão sempre dando jantares para pessoas importantes em casa e nunca fizeram um programa.


– Petúnia precisa de um programa para ir ao banheiro. – Lily disse maldosa fazendo todos rirem.


 


— Petúnia, você vai estar...?


— Na sala de visitas — disse tia Petúnia sem pestanejar — esperando para dar as boas vindas como manda a etiqueta.


— Ótimo, ótimo. E o Duda?


— Vou esperar para abrir a porta. — Duda deu um sorriso desagradável e hipócrita. — "Posso guardar os seus casacos, Sr. e Sra. Mason?”


 


                Sirius revirou os olhos.


 


— Eles vão adorá-lo! — exclamou tia Petúnia arrebatada.


— Excelente Duda — disse tio Válter. Em seguida dirigiu-se zangado a Harry. — E você?


— Vou ficar no meu quarto, sem fazer barulho, fingindo que não estou em casa — disse Harry monotonamente.


 


– Mas isso é horrível! – Alice exclamou chateada.


– Ele morou em um armário por dez anos, – Frank disse irritado – você acha que eles deixariam que ele participasse de um jantar com convidados?


                Lily bufou, não conseguia suportar ouvir sobre como sua irmã tratava seu filho.


 


— Exatamente — disse tio Válter, sarcástico. — Eu levo o casal para a sala de visitas, apresento você, Petúnia, e sirvo os drinques. Às oito e quinze...


— Eu anuncio o jantar — disse tia Petúnia.


— E Duda, você vai dizer...


— Posso acompanhá-la à sala de jantar, Sra. Mason? — disse Duda oferecendo o braço gordo a uma mulher invisível.


— Meu perfeito cavalheirinho! — fungou tia Petúnia.


— E você? — perguntou tio Válter malevolamente a Harry.— Vou estar no meu quarto, sem fazer nenhum barulho, fingindo que não estou em casa — respondeu Harry sem emoção.


— Precisamente. Agora vamos procurar fazer uns elogios realmente bons ao jantar. Petúnia, alguma sugestão?


— Válter me contou que o senhor é um excelente jogador de golfe, Sr. Mason... Onde foi que a senhora comprou o seu vestido, me conte, por favor Sra. Mason...


— Perfeito... Duda?


— Que tal... Tivemos que fazer uma redação na escola sobre o nosso herói, Sr. Mason, e eu escrevi sobre o senhor.


 


– Que garoto idiota... – Severo murmurou irritado e se surpreendeu ao ver os outros concordando com a cabeça.


 


Essa foi demais tanto para Petúnia quanto para Harry. Tia Petúnia debulhou-se em lágrimas e abraçou o filho, e Harry mergulhou embaixo da mesa para que não o vissem rindo.


 


– Minha irmã é uma exagerada, – Lily disse revirando os olhos – parece até que o menino é um gênio...


– Fora que esse senhor Mason vai achar que os Dursley estão se esforçando demais para puxar o saco deles se o garoto que nem conhecia o Mason falar algo assim. – Sirius disse rindo.


 


— E você, seu moleque?


Harry fez força para manter a cara séria enquanto se endireitava.


— Vou estar no meu quarto, sem fazer nenhum barulho, fingindo que não estou em casa.


— E pode ter certeza que vai — disse tio Válter com vigor.


— Os Mason não sabem que você existe e vão continuar sem saber. Quando terminar o jantar, você leva a Sra. Mason de volta à sala de visitas para o cafezinho, Petúnia, e eu vou puxar o assunto das brocas. Com alguma sorte, o contrato vai estar assinado e selado antes do noticiário das dez. Amanhã a estas horas vamos estar procurando uma casa de férias em Majorca para comprar.


Harry não conseguiu se animar muito com a ideia. Não achava que os Dursley fossem gostar mais dele em Majorca do que gostavam na Rua dos Alfeneiros.


 


– Acho que eles não são capazes de serem pessoas agradáveis em lugar nenhum do planeta. –Alice disse dando de ombros.


 


— Tudo certo, estou indo à cidade apanhar os smokings para mim e Duda. E você — rosnou ele para Harry —, trate de ficar fora do caminho de sua tia enquanto ela está limpando a casa.


 


– Ele vai usar smoking em um jantar em casa? – Hermione perguntou abismada – Isso é completamente ridículo.


– O que é smoking? – Alice perguntou curiosa.


– São como vestes a rigor de trouxas. – Lily explicou. – Minha irmã é muito exagerada para essas coisas.


 


Harry saiu pela porta dos fundos. Fazia um dia claro e ensolarado. Ele atravessou o jardim, se largou em cima de um banco e cantou baixinho:


— Parabéns para mim... Parabéns para mim...


Nada de cartões, nada de presentes e ia passar a noite fingindo que não existia.


 


– Como assim nada de cartões? – Tiago perguntou olhando diretamente para Rony e Hermione – Seus amigos não te mandaram cartões de aniversário?


                Rony e Hermione se encolheram ligeiramente sob o olhar de Tiago.


 


Ele contemplou infeliz, a sebe do jardim. Nunca se sentira tão solitário.


Mais do que qualquer outra coisa em Hogwarts, mais até que do jogo de Quadribol, Harry sentia falta dos seus melhores amigos, Rony Weasley e Hermione Granger. Mas parecia que os amigos não estavam sentindo falta dele. Nenhum dos dois lhe escrevera o verão inteiro, embora Rony tivesse dito que o convidaria para passar uns dias em sua casa.


 


– Se você realmente abandonou meu afilhado durante o verão inteiro, – Sirius disse olhando para Rony ameaçador – então você é um péssimo amigo.


 


Inúmeras vezes, Harry estivera a ponto de usar a magia para destrancar a gaiola de Edwiges e mandá-la a Rony e Mione com uma carta, mas não valia o risco.


Bruxos menores de idade não podiam usar a magia fora da escola. Harry não contara isso aos Dursley; sabia que era apenas o terror que sentiam de que ele os transformasse em besouros bosteiros que os impedira de trancá-lo no armário embaixo da escada com a varinha e a vassoura.


 


– Se eles te trancassem no armário sob a escada você teria um bom motivo para usar a magia. – Lily disse sorrindo infeliz. – Bruxos menores de idade podem usar magia em situações de perigo. Eu considero ser mantido em cárcere privado uma situação de perigo... – Lily completou.


 


Mas, nas primeiras semanas de sua volta, Harry se divertira em murmurar palavras sem sentido, baixinho e em observar Duda sair correndo da sala o mais depressa que suas pernas gordas podiam aguentá-lo. Mas o longo silêncio de Rony e Mione fizera com que Harry se sentisse tão desligado do mundo da magia que até atormentar Duda tinha perdido a graça — e agora os dois amigos tinham se esquecido do seu aniversário.


 


                Sirius, Tiago e Remo olharam feio para Rony e Hermione. Rony se encolheu mais um pouco sob o olhar ameaçador dos três enquanto Hermione virou o rosto de modo a escondê-lo sob os cabelos volumosos.


 


O que ele não daria agora para receber uma mensagem de Hogwarts? De algum bruxo ou bruxa? Conseguiria até se alegrar com a visão do seu arqui-inimigo, Draco Malfoy, só para ter certeza de que tudo não passara de um sonho...


 


– Por que você é sempre tão pessimista. – Gina perguntou a Harry, carinhosa.


– Até recentemente pensava que acordaria debaixo da escada, e que tudo isso não passava de um sonho bom.  – Harry disse dando de ombros.


                Rony, Hermione e Gina olharam para Harry com pena, enquanto Lily pegava em sua mão com carinho.


– Posso te beliscar para provar que tudo está acontecendo. – Sirius disse tentando quebrar a tensão.


 


Não que o ano todo em Hogwarts tivesse sido uma brincadeira. No finzinho do último trimestre, Harry se vira frente a frente com Lord Voldemort em pessoa. O bruxo poderia ser astuto, ainda estava decidido a retomar o poder. Harry escorregara por entre as garras de Voldemort uma segunda vez, mas fora por um triz, e mesmo agora, semanas depois, Harry continuava a acordar à noite, encharcado de suor frio, imaginando onde estaria Voldemort neste momento, lembrando-se do seu rosto lívido, dos seus olhos arregalados e delirantes...


 


– Você também seria pessimista se tivesse sonhos assim... – Neville disse para Gina.


 


Harry endireitou-se de repente no banco do jardim. Estivera olhando distraidamente para a sebe — e a sebe estava olhando para ele.


 


– O que? – Tiago perguntou de repente.


– A sebe estava olhando para ele. – Frank disse confuso.


– Você não quis dizer que alguém olhava para você através da sebe? – Remo perguntou tentando por sentido na frase.


– Algo assim. – Harry disse antes de continuar lendo.


 


Dois enormes olhos verdes tinham aparecido entre as folhas.


O garoto levantou-se de um salto no mesmo instante em que uma voz debochada atravessou o gramado.


— Eu sei que dia é hoje — cantarolou Duda, andando feito um pato em sua direção.


Os olhos enormes piscaram e desapareceram.


— Quê? — disse Harry sem despregar os olhos do lugar onde os tinha visto.


 


– Devia ser um bruxo. – Frank disse esperançoso.


– Bruxos não têm olhos enormes. – Tiago disse categórico. – Devia ser outro ser magico...


– Que ser magico tem olhos enormes e desaparece de repente? – Alice perguntou pensativa.


– Elfos domésticos! – Sirius e Tiago disseram juntos.


– Mas o que um elfo doméstico estaria fazendo na casa dos Dursley? – Remo perguntou absorto.


– Alguém deve ter mandado ele para falar com Harry. – Tiago disse olhando para Sirius e Remo, esperançoso – Ele deve ter fugido por que a pessoa o mandou falar com Harry quando estivesse sozinho...


 


— Eu sei que dia é hoje — repetiu Duda, aproximando-se.


— Muito bem — disse Harry. — Até que enfim você aprendeu os dias da semana.


— Hoje é o seu aniversário — caçoou Duda. — Como é que você não recebeu nenhum cartão? Será que você não tem amigos nem naquele lugar esquisito?


 


– Que garoto desagradável. – Alice bufou.


 


— É melhor não deixar sua mãe ouvir você falando da minha escola — disse Harry com toda a calma.


Duda puxou para cima as calças que estavam escorregando pelo seu traseiro gordo.


— Por que é que você estava olhando para a sebe? — perguntou, desconfiado.


— Estou tentando decidir qual seria o melhor feitiço para tocar fogo nela — respondeu Harry.
Duda recuou aos tropeços na mesma hora, com uma expressão de pânico no rosto.


 


– Covardão. – Sirius disse irritado.


 


— Você não p-pode, papai disse que você não pode fazer mágicas, disse que expulsa você de casa, e você não tem para onde ir, você não tem nenhum amigo que possa ficar com você...


 Jigueri pokueri — disse Harry com ferocidade. — Ohocus pocus eskuigli wigli...


 


– Isso não são feitiços. – Alice disse rindo.


– O que você estava tentando fazer? – Frank perguntou rindo também.


– Nada. Trouxas acham que isso são palavras mágicas. – Tiago disse gargalhando.


 


— Mãããããe! — berrou Duda, tropeçando nos próprios pés enquanto disparava para dentro de casa. — Mããããe! Ele está fazendo aquilo que você sabe!


Harry pagou muito caro por aquele momento de prazer. Como nem Duda nem a cerca tinham sido molestados, tia Petúnia viu que ele não tinha feito mágica alguma, mas ainda assim ele precisou se encolher quando a tia tentou acertar sua cabeça com uma pesada frigideira cheia de sabão. Em seguida ela lhe deu trabalho para fazer, com a promessa de que ele não iria comer nada até terminar.


Enquanto Duda ficou por ali apreciando e se enchendo de sorvete, Harry lavou as janelas, lavou o carro, aparou o gramado, limpou os canteiros, podou e regou as roseiras e repintou o banco do jardim. O sol escaldava lá no alto, queimando sua nuca.


 


– Isso é praticamente trabalho escravo. – Sirius bufou irritado.


– Nem elfos domésticos trabalham assim! – Tiago reclamou cruzando os braços sobre o peito.


                Rony pôs a mão no braço de Hermione para impedi-la de falar sobre elfos domésticos.


 


Harry sabia que não devia ter mordido a isca de Duda, mas o primo dissera exatamente aquilo que ele andara pensando com os seus botões... Talvez não tivesse amigos em Hogwarts...


 


– Você pensou isso mesmo? – Rony perguntou ofendido. Harry apenas acenou afirmativamente com a cabeça.


 


Gostaria que eles pudessem ver o famoso Harry Potter agora, pensou com selvageria enquanto espalhava estrume nos canteiros, com as costas doendo e o suor escorrendo pelo rosto.
Eram sete e meia da noite quando finalmente, exausto, ele ouviu tia Petúnia chamá-lo.


— Venha já aqui! E ande em cima dos jornais!


Harry transferiu-se com prazer para a sombra da cozinha reluzente. Em cima da geladeira estava o pudim do jantar: uma montanha de creme batido e violetas cristalizadas. Um lombo de porco assado chiava no forno.


— Coma depressa! Os Mason não vão demorar a chegar! — disse com rispidez tia Petúnia, apontando para as duas fatias de pão e um pedaço de queijo em cima da mesa da cozinha. Ela já pusera o vestido de noite salmão.


 


– Eles vão comer um lombo de porco e deixam duas fatias de pão e um pedaço de queijo para você? – Remo perguntou chateado.


 


Harry lavou as mãos e engoliu seu jantar miserável. No instante em que terminou, a tia retirou seu prato.


— Já para cima! Depressa!


Ao passar pela porta da sala de visitas, Harry vislumbrou o tio e Duda de gravata borboleta e smoking. Mal acabara de chegar ao patamar do primeiro andar quando a campainha tocou, e a cara furiosa do tio Válter apareceu ao pé da escada.


— Lembre-se, seu moleque, nem um pio...


Harry foi para o seu quarto na ponta dos pés, se esgueirou para dentro, fechou a porta e se virou para cair na cama.


O problema foi que já havia alguém sentado nela.


 


– Quem? – Sirius, Tiago, Remo e Lily perguntaram juntos.


– Acabou o capítulo. – Harry disse fechando o livro e pousando-o sobre a mesa.


                Alice nem esperou que alguém falasse alguma coisa, pegou o livro e abriu no próximo capítulo.


– Capítulo II – O aviso de Dobby.

                                                                   ~~ x ~~  

 
Espero ver todos os meus leitores queridos comentando!
Até o próximo capítulo! 

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Comentários (16)

  • Helena

    Embarcando em mais uma história maravilhosa.

    2018-09-10
  • HarryJ.Potter

    Sua fic é Perfeita,me desculpe só comentar agora mas de qualquer jeito fique sabendo que tambem li "Marotos Lendo Harry Potter e Pedra Filosofal" e achei perfeita só fui comentar agora por que não sabia onde que criava a conta para  poder comentar( Eu sei que fui burro kkk) Ps: A partir de agora vou comentar em todos os capitulos 

    2013-12-09
  • James Fernando

    Muito bom, continueeeeeeeeeeeeee..... Você demora quantos dias para postar?Bem que você poderia postar um cpítulo por dia... 

    2013-12-04
  • Carolina Black

    Adorei. Mal posso esperar pelo segundo capítulo. bjos

    2013-12-04
  • Arthur lacerda

    Excelente. Como tudo que você já escreveu. Parabéns. Aguardando... Boa sorte. Até o próximo. Ps.: Só tem um problema... SÓ TEM O PRIMEIRO CAPÍTULO. Você gosta de deixar os outros ansiosos.

    2013-12-03
  • Mary Lilian Potter

    OOOOiiiiiiiiii, ADOREI!O cap estava otimo, coitado do Rony e da Hermione sendo entimidados pelos marotos kkkkk.Quero ver se Sirius reconhece o nome do elfo (DOBBY!), ADORO ELE ele tenta ajudar o Harry e quase o mata.Meus comentarios seram um pouco mais curtos por causas das ferias mas vou continuar a comentar. Esperando ansiosa o proximo cap!

    2013-12-03
  • sasa lovegood

    Posta rápido! Estou ansiosa pra ver os cupidos que Gina enviou a Harry e os comentários de todos! Hahahaha... ótimo. capítulo, parabéns!

    2013-12-02
  • Luiza Snape

    Muito boa a fic, estou adorando. Quero ver reações dos marotos e do Snape!Continua!Bjs 

    2013-12-02
  • Nina Lovegood

    Adorei, Adorei, Adorei, muito bom mesmo. Parabéns por ter terminado a PF, voce fez um otimo trabalho, muito obrigada por ter me contado um pouco do PA, ajudou muito sim, e eu adorei a reação deles no ultimo capitulo, bem como eu imaginava parabéns. Continue assim. Amo a fanfic.  

    2013-12-02
  • LuLu Weasley Potter

    AMEI AMEI AMEI AMEI AMEI...CAP MARAVILHOSO...CONCORDO COM Guilherme L. TODOS OS LIVRO COMEÇAM COM PELO MENOS  2 OU TRES CAP TRISTES...SUPER ANCIOSA PRA VER O QUE OS MAROTOS VÃO ACHAR DO "RESGATE" AO HARRY...RESPONDENDO AO QUE VC ESCREVEU NO ULTIMO CAP DE PF: PODE APOSTAR QUE ESTOU SUPER CURIOSA PRA VER AS REAÇÕES DA GINA NESSE LIVRO...E PODE TER CERTEZA TAMBEM QUE ELA JA TA AGRADONDO...SUPER ANCIOSA PRO PROXIMO CAP...BEIJINHOS E PARABENS... 

    2013-12-02
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