Inconsolável
Milena sentiu que várias pessoas estavam tentando a tirar dali. Puxavam seu ombro, o seu braço... Mas ela resistia. Mesmo sabendo que não teria volta, não queria largar Cedrico. Não queria ter que encarar a realidade. Ela queria que alguém a matasse ali, naquele instante. Só a morte parecia ser a solução. Só a morte a pouparia de tanta dor e sofrimento.
Pra ela não tinha mais sentido viver, se ela tivesse que viver sem Cedrico. Preferia definhar ali do que ter que encarar uma vida inteira sem a única pessoa que ela verdadeiramente amou. As lágrimas rolaram pesadamente em sua face, e as pessoas já haviam desistido de tirar Milena dali. Uma mão suave apertava o seu ombro, com delicadeza, como se a estivesse consolando. Era Amos Diggory. Ele abaixou, e abraçou Milena. Ele estava chorando desconsoladamente, assim como a garota.
Mesmo assim, ela continuou ali, agarrando Cedrico com toda a força que podia reunir. Nada poderia consolá-la naquele momento. Levantou o rosto por um momento, e viu todas aquelas pessoas nas arquibancadas. Algumas estavam chorando. Subitamente, Milena levantou-se e foi correndo em direção à Taça. Queria ser transportada para aquele tal cemitério onde Cedrico foi morto. Queria matar Voldemort, ou causá-lo tanta dor para que ele se arrependesse do que tinha feito. Ou então ser morta por ele. Pelo menos ela continuaria com Cedrico, mesmo que fosse em um mundo imaterial.
Não deu tempo de Milena chegar à Taça. A Profª Minerva McGonagall e o Prof. Snape foram mais rápidos, e conseguiram detê-la. Já sem forças, Milena deixou-se levar pelos professores. Tudo à sua volta estava escurecendo, e ela estava perdendo os sentidos...
Quando Milena acordou, no dia seguinte, ela percebeu que estava na enfermaria, e que cada fibra de seu corpo doía. Mas nenhuma dor era comparada à dor que ela sentia em seu coração. Não conseguia mais chorar, mas também era impossível sorrir. Ela pensou que nunca mais teria motivos para sorrir. O fato de ter sabido que o Prof. Moody era um impostor e que tinha posto o nome de Harry no Cálice de Fogo só a fez piorar. Foi uma prova de que seus pais estavam certos e que todos estavam prestes a enfrentar tempos nebulosos.
Milena voltou para casa no Expresso de Hogwarts com Hermione, Rony, Harry, Gina, Fred e Jorge. Ela ficou distante a viagem inteira. Não participou das conversas, e não falou uma palavra sequer. Só ficou contemplando a janela, olhando para as nuvens, como se pudesse ver Cedrico ali. No fim da viagem, Jorge segurou a sua mão, confortando-a, com um olhar preocupado. Milena olhou para ele, e deu um sorriso triste. Ela estava sem Cedrico, mas não estava sozinha. Seus amigos estavam ali, a dando forças num momento tão difícil.
Chegar na casa de seus pais e não vê-los ali não ajudou-a a melhorar seu estado de espírito. Com a volta de Voldemort, a Ordem da Fênix foi reenconvocada. Mesmo eles não estando em casa, Milena não quis ir para a casa de seus tios trouxas. Ela queria estar o mais ligada possível ao mundo bruxo. Queria saber de tudo o que acontecesse, e ela iria fazer tudo o que pudesse para matar Voldemort e Dolohov, que torturou seus pais.
Ao subir para o seu quarto, ela viu que ao lado de sua cama, na mesinha de cabeceira, estava um porta-retrato. Nele, estava a foto dela e de Cedrico. Tirou a foto do porta-retrato e a guardou numa caixinha. Naquela caixinha estavam todas as melhores lembranças de Milena, e Cedrico era a melhor das lembranças. Queria apagar aquela noite trágica de sua memória. Seria tão mais fácil se ela lembrasse de Cedrico assim, sorridente...
Beijou a foto, e fechou a caixinha. Naquele momento, ela percebeu que ela teria que seguir em frente, por mais difícil que fosse. Cedrico não iria querer que ela sacrificasse a própria vida para acabar com a própria dor. Ela teria que ser forte, e teria que aprender a viver sem Cedrico, mesmo que isso apertasse o seu coração.
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