Não tão forte quanto um dragão

Não tão forte quanto um dragão



 









A



lgumas horas depois, Harry e Mione voltaram de Hogsmeade. Aos bocejos, Milena foi conversar com os amigos.


                - E aí, gente? Foi legal o passeio?


                - Foi sim. Exceto a idéia maluca do Hagrid.


                - Idéia maluca? Ah, convenhamos, o Hagrid é um pouco maluco.


                - Tanto é que ele quer que eu vá à cabana dele às onze e meia.


                - Mas você precisa se encontrar com Sirius à meia-noite!


                - Eu sei, e é aí que mora o problema.


                - Acho que você não deve ir. Provavelmente Hagrid vai te mostrar o único explosivim sobrevivente.


                - Tão tarde? Acho que não. Mas eu vou. Não vou demorar muito, quero chegar a tempo de falar com Sirius. E o seu dia, Mi? Não deve ter sido muito bom ter ficado o dia inteiro aqui.


                - Foi pior do que vocês imaginam.


                Milena contou o que Snape tinha dito, com a voz fraca. Além do cansaço, toda aquela preocupação a estava corroendo por dentro.


                - Não sei não. Não acredito muito no Snape.


                - Ele não tem motivos para mentir. Nunca tocamos num fio de cabelo dele. Acho que algum outro professor passou a informação a ele, e como ele foi o primeiro a me encontrar, me contou.


                - Acho que ninguém nunca tocou num fio de cabelo dele. Parece que nem o próprio Snape. Sinceramente, eu não queria ser o primeiro.


                - Estou desesperada, por mim eu pegaria as minhas coisas e iria ao St. Mungus, agora mesmo!


                - Controle-se, Mi. É claro que você está desesperada, são os seus pais! Mas se o Snape disse que eles vão ficar bem, eles vão.


                - Quero saber quem fez isso com eles. Não vou descansar até descobrir.


                Algum tempo depois do jantar, Harry foi correndo ver o que Hagrid tanto queria. Milena e Hermione ficaram no Salão Comunal, atentas. Iriam jogar bombas de bosta se ainda tivesse alguém na sala na hora em que Sirius determinou. Estavam também aguardando Harry, e avisariam Sirius se ele se atrasasse. Faltando cinco minutos para a uma da manhã, Harry chegou correndo no Salão, a capa escorregando.


                - Preciso avisar Cedrico... Madame Maxime e Karkaroff já sabem... Ou melhor, Krum e Fleur já sabem...


                - Do que você está falando?


                - A primeira tarefa! Serão dragões! Teremos que passar por eles!


                Inexplicavelmente, Milena disse que iria avisar Cedrico. Não sabia por que tinha feito isso. Foi como se uma vozinha estivesse em sua cabeça, implorando para que ela falasse com ele.


                No dia seguinte, já um pouco arrependida, ela foi procurar Cedrico. Não sabia exatamente onde ele estava. Só esperava não encontrá-lo aos beijos com Cho. Milena achava que morreria se visse essa cena. Felizmente, ela o encontrou conversando com um amigo nos jardins. Não hesitou e foi até lá, sem se importar se estaria interrompendo alguma conversa importante ou não. Quanto mais ela se aproximava, mais ela conseguia entender o que eles estavam conversando.


                - Sinceramente, Jay, ela está me deixando louco!


                - Você vivia reclamando dela, porque resolveu voltar? Você não estava gostando daquela outra garota?


                - Porque aquela outra garota não me vê como eu a vejo. Pra ela eu sou só... um amigo.


                - E ela te falou sobre isso, por acaso? Você devia ter conversado com ela!


                Milena pigarreou para indicar que ela estava ali. Tanto Cedrico quanto o seu amigo se sobressaltaram.


                - Desculpa interromper... Cedrico, será que eu poderia falar com você em particular?


                Jay murmurou que iria ao Salão Comunal, e retirou-se rapidamente.


                - Claro. Pode falar.


                - A primeira tarefa serão dragões.


                - Como é que é? Como você sabe disso?


                - Harry descobriu, e todos os outros campeões já sabem. Hagrid mostrou os dragões a Madame Maxime, e Harry viu. E Karkaroff estava seguindo os dois e acabou vendo os dragões também. Os campeões terão que passar pelos dragões na primeira tarefa.


                Milena percebeu que Cedrico estava preocupado, talvez até meio perdido.


                - Droga, o que é que eu faço? – e olhou desesperadamente para Milena. Ela olhou para Cedrico, impassível.


                - Eu não sei. Nunca nem vi um dragão. Bom, já falei o que eu tinha que falar. Boa sorte.


                Milena já ia virando as costas para Cedrico quando ele a segurou pelo braço.


                - Espere. Não vá ainda.


                - Eu agradeceria se você soltasse o meu braço.


                - Desculpa. Fiquei sabendo dos seus pais. Você deve estar bem preocupada.


                - E não deveria estar? São os meus pais, Cedrico! Você não sabe como é ter os seus pais num hospital e você não poder vê-los! Você não sabe como é sofrer por causa do Você-Sabe-Quem ou pelos Comensais da Morte! Você não sabe como é viver com tudo desabando sobre a sua cabeça!


                Nesse momento, Milena começou a chorar. E, sem pensar, abraçou Cedrico. Ele a abraçou também, meio sem jeito.


                - Você está sofrendo, mesmo não falando com você, eu percebo. Nem todas as palavras do mundo conseguiriam te consolar, e eu entendo isso. E desculpa se eu fui meio rude com você, eu não deveria ter agido daquela forma. – Cedrico disse, acariciando os cabelos de Milena.


                - Tudo bem. Eu preciso ir. Boa sorte na primeira tarefa. E... boa sorte com a Cho Chang.


                Milena soltou Cedrico e foi em direção ao castelo, ainda chorando. Por que ela tinha que complicar tanto as coisas? Ela estava sozinha com Cedrico, poderia ter desabafado, poderia ter falado tudo o que ela queria ter falado há tanto tempo! Mas não adiantava voltar atrás. Também não teria adiantado ter falado. Cedrico estava namorando Cho de novo e fazia um tempo que Milena não tinha notícias de seus pais. Se tudo continuasse assim, ela não sabia se conseguiria agüentar por muito tempo. Ela se sentia fraca e vulnerável, como se qualquer brisa pudesse quebrá-la. Na verdade, ela já estava sentindo-se quebrada, despedaçada. Parecia que tudo estava girando, numa mistura de cores e formas indefiníveis. Como uma vertigem.

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