Kirsley e Potter










H



arry tinha acabado de ter uma briga feia com os tios, e não queria voltar tão cedo pra casa. Foi até onde seus passos o guiavam, nisso, acabou indo ao parque destruído que ficava nos arredores. As crianças tinham medo de ir naquele parque, pois a gangue de Duda destruía todos os brinquedos e batiam nos pequenos. Harry sentou num balanço que Duda ainda não havia quebrado. Ainda era cedo e as ruas estavam vazias. Vez ou outra passava alguém, mas nem reparava na existência do parque e de Harry. Ele era visto como um delinqüente perigoso em Little Whinging. De repente, ele viu uma garota ir em sua direção, com uma revista na mão. Ela pareceu não notar que Harry estava ali, e sentou-se num balanço do lado dele. Ela abriu a revista e começou a lê-la. Na capa estava escrito Lipsticker: A revista da mulher antenada, mas Harry logo percebeu que as figuras da revista se mexiam, em câmera lenta, é verdade, como se a garota tivesse tentado um feitiço para fazer com que as figuras ficassem estáticas. Ela percebeu que ele estava olhando para a revista e a desviou do olhar de Harry. Ele não estava agüentando, uma bruxa em Little Whinging? Ele ficara praticamente sem contato nenhum com o mundo bruxo nas suas férias de verão na casa dos Dursley. Seus amigos mandavam cartas de vez em quando, mas sentia falta de conversar com eles. Não agüentou ter a presença de um bruxo ao seu lado e logo disparou:


                - Você é bruxa?


                Ela pareceu não ter ouvido. Deu um sorriso zombeteiro e disse, ainda olhando para a revista:


                - De onde você tirou essa idéia? Acho que anda vendo muito filme de terror...


                - Mas as fotos da sua revista se mexem!


                - Fotos mexendo? Desde quando fotos se mexem?


                - Escute, pare de fingir, eu sou um bruxo também, não se preocupe.


                Nesse momento ela fechou a revista e encarou Harry.


                - Bruxos em Little Whinging? Nesse povoado trouxa, er... Digo... Simpático? Quem é você?


                Harry estranhou a pergunta de quem ele era. Era estranho saber como todos o conheciam, mas mais estranho foi saber que alguém não o tinha reconhecido.


                - Sou Harry Potter.


                - Ah sim, estou vendo! Desculpe, normalmente não dou muita confiança a esses trouxas. Enfim... Sou Milena Kirsley. Não que eu seja uma pessoa muito importante.


                - De que Casa você é? Nunca te vi na Torre da Grifinória. Bom, se você for de Hogwarts.


                - Eu sou de Hogwarts. Vou começar o quinto ano. Sou da Grifinória, mas você fica tão absorto conversando com seus amigos que nem percebe quem passa por ali.


                - Er... Bem... Isso é normal, não é?


                Milena deu uma risadinha.


                - É, eu acho que é. Se eu tivesse amigos tão legais, aqueles em que eu posso confiar...


                - Você não tem amigos lá?


                - Tenho, mas não são como amizades entre você e aqueles seus dois amigos. Falo pouco com as meninas do quinto ano, elas são metidas demais. Mas converso com o pessoal do time de quadribol. Fiz amizade com eles no dia que fiz teste para goleira. Olívio Wood conseguiu entrar no time naquele ano. Eu sou péssima goleira, não sei o que me fez aparecer por lá. E de outras Casas, eu falava bastante com Rogério Davies da Corvinal, mas ultimamente ele tem preferido outras garotas. Também fiz amizade com Cedrico Diggory. Ele é mais legal do que eu pensava. É um ótimo amigo. Pena que nos distanciamos um pouco.


                - Ora, não são poucas pessoas.


                - É, não são. Mas não sou tipo a “melhor amiga” deles. E a pessoa que eu considero bastante como amigo, bem, parece que nem se lembra mais de mim.


                Harry percebeu que aquele assunto não estava animando Milena, ela não expressava mágoa até falar de Rogério Davies e Cedrico Diggory, então ele mudou de assunto mais uma vez.


                - Então, o que anda fazendo aqui em Little Whinging?


                - Estou de férias na casa dos meus tios trouxas. Meus pais andam muito atarefados no Ministério, apesar de estarem com vontade de se demitir, então me mandaram para cá até eu voltar para Hogwarts. E você?


                - Por incrível que pareça eu também. Mas passo as férias sempre aqui. É um inferno. Mas por que os seus pais querem se demitir?


                - O Ministério anda muito cego... Desde que Black fugiu entre os dedos do Ministério, lá está um completo caos. O Ministro diz que tudo está correndo bem, mas não está. Dumbledore contou a meus pais que Black era inocente... Meus pais não me explicaram a história direito.


                - Mas Black é inocente! Eu acredito nele!


                - Eu sei, ele é o seu padrinho.


                - Como você sabe?


                - Dumbledore.


                Nesse momento uma coruja parda sobrevoou ao lado de Milena e largou uma carta nas pernas da garota.


                - Caramba, eu já disse que não queria receber corujas... Logo logo esses trouxas nojentos vão dizer que além de alienada e esquisita eu contrabandeio aves. Ué, são dos meus pais. Espero que não sejam más notícias.


                Ela abriu nervosamente a carta. Harry não conseguiu deixar de ler.


 


“Mi,


Sabemos que não é seguro enviar corujas a você, ainda mais que você está num povoado trouxa.


Não tem acontecido nada de ruim no momento. O Ministério anda fazendo as trapalhadas de sempre, e o Ministro está abafando todos os casos. Contaremos a você depois.


Nós sabemos que você está muito preocupada conosco, mas somos aurores, sabemos nos cuidar, então você não precisa se preocupar.


Vamos tirar uma folga no final de semana, então passaremos aí para te visitar, pois não nos vemos desde setembro! Estamos com muita saudade!


Nos veremos em breve,


Mamãe e papai.”


 


                - Não consigo não me preocupar com eles. São aurores, claro, são super competentes e sabem lidar com o perigo. Mas sei que Você-Sabe-Quem e seus comensais também já mataram muitos aurores ou os torturavam até eles enlouquecerem.


                - Seus pais são aurores?


                - São. Por isso que faz tanto tempo que não nos vemos. Eles andam trabalhando demais.


                - Eu queria ser um auror.


                - Você tem todo o direito de ser um, mas eu não sei se eu escolheria essa carreira. Nossa! Já ta ficando tarde, já já minha tia aparece me chamando para o almoço... Aliás, você não quer almoçar lá em casa?


                - Não, muito obrigado. Espero que nos vejamos novamente, gostei de conversar com você.


                - Você é legal, Harry. E é um grande bruxo também.


                Milena se levantou e foi em direção à casa de seus tios. Harry voltou para a casa dos Dursley, e, por causa da dieta forçada de Duda, não teve um almoço muito bom. Se arrependeu de não ter aceitado o convite de Milena.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.