Inferno astral



10. Inferno astral


 









N



o dia seguinte, Harry acordou tarde e desanimado. Hermione e Milena tinham levado torradas para ele, e foram andar pelos jardins conversando sobre o que havia acontecido na noite anterior.


                - Nós acreditamos em você, Harry. Estávamos conversando sobre isso ontem, quando você foi com os outros campeões para aquela sala. Mas tome muito cuidado, pois essa é uma boa chance de alguém ferrar você.


                - Me ferrar? Acho que quem fez isso queria que eu fizesse papel de idiota na frente da escola inteira.


                - Harry, preste atenção! As tarefas do Tribruxo são bem perigosas e alguém poderia ter colocado seu nome no Cálice de propósito, pra tentar te fazer mal!


                - Pra tentar me matar, é isso que você está me dizendo? Ora, Voldemort está muito longe daqui e duvido que ele tenha forças para tanto.


                - Nós sabemos disso. Não importa quem fez isso ou como, o que importa agora é que você tome cuidado e fique atento.


                - Bom, mudando de assunto... Nós ouvimos uma gritaria no dormitório de vocês ontem... O que aconteceu? Onde está o Rony? Ele estava emburrado e não quis falar com a gente...


                - Ah, o Rony... Ele merece um bom chute pra deixar de ser tão estúpido.


                - Vocês brigaram. Já suspeitava que isso iria acontecer.


                - Lá vem você e sua “Visão Interior”...


                - Por favor, Harry! Não preciso de adivinhação para perceber que Rony tem ciúmes de você! Porque todos os irmãos dele, de certa forma, foram melhores do que ele. Tiveram um certo prestígio aqui em Hogwarts. Rony não esperava que o melhor amigo dele fosse assim também. Ele se sente inferior e incapaz por causa disso.


                - Então ele quer ser famoso? Quer que todo mundo olhe pra ele com a boca aberta? Quer estar no meu lugar e participar do Torneio Tribruxo sendo que um maníaco pode estar por aí? É isso que ele quer?


                - Rony está sendo muito infantil, nós sabemos disso. Mas se vocês conversassem...


                - Não vou conversar com ele.


                Os dias se passaram e Harry e Rony ainda estavam brigados. Mione e Milena tentavam persuadir os dois a conversarem e fazerem as pazes, mas as tentativas foram em vão. Os dois estavam decididos a não falarem um com o outro tão cedo.


                Na manhã do passeio a Hogsmeade, Harry recebeu um correio-coruja de Sirius Black. Dizia que era pra ele estar no Salão Comunal da Grifinória à meia-noite.


                - O que será que Sirius quer falar com você?


                - Provavelmente da minha cicatriz... ou do Torneio Tribruxo. Eu escrevi a ele dizendo que tinham colocado o meu nome no Cálice.


                - Deve ser por isso. Ele deve estar preocupado com você.


                Enquanto os amigos estavam vestindo os seus casacos para irem a Hogsmeade, Milena ficou no castelo. Ela estava com muitas tarefas para fazer. Os N.O.M’s a estavam enlouquecendo. Foi se despedir dos amigos no Salão Principal, e viu ao longe Cedrico de mãos dadas com Cho. Eles tinham reatado. Cedrico estava sorridente, mas quando o seu olhar cruzou com o de Milena, ele parou de sorrir instantaneamente. Ela já não sabia mais o que sentia. Raiva, tristeza, paixão... Tudo estava muito confuso. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, e ela saiu rapidamente dali antes que Cedrico percebesse.


                Andando pelo corredor em direção às escadas, Milena quase esbarrou no Prof. Snape.


                - Olhe por onde anda, Kirsley!


                - Desculpa, Prof. Snape.


                - O que está fazendo aqui? Não deveria estar em Hogsmeade?


                - Com tanta lição pra fazer, não posso me dar ao luxo de ficar passeando. Com licença, professor. Vou voltar ao Salão Comunal.


                - Espere aí, Kirsley.


                Milena olhou assustada para Snape. Nunca tivera medo dele, mas era inegável que às vezes o seu jeito de morcego e a sua voz ríspida a assustava às vezes.


                - Tenho um recado de seus pais.


                - Um recado de meus pais? Não seria mais fácil me mandarem uma carta?


                - Não retruque, Kirsley. Apenas me escute. Eles estão em St. Mungus. Eles estavam resolvendo um assunto do Ministério quando Comensais da Morte os torturaram. Seus pais estão se recuperando.


                - Danem-se os N.O.M’s! Onde está Dumbledore? Quero permissão para visitá-los!


                - Você não pode sair do castelo. Fique aqui e não se arrisque. Seus pais vão ficar bem, te deixarei a par do que está acontecendo com eles.


                Milena estava desesperada. Por que todas as coisas ruins estavam acontecendo de uma só vez? Cedrico já não importava mais. Não naquele momento. Não quando ela sabia que seus pais estavam em St. Mungus, provavelmente desacordados ou muito debilitados. Não importava que dissessem que eles ficariam bem. Milena se lembrou de Alice e Frank Longbottom. Aurores que foram torturados pelos Lestrange e que enlouqueceram. Respirou fundo. Não, isso não iria acontecer com eles...


                Ela tentou se concentrar nas suas tarefas. Quando estava colocando os livros sobre a mesa do Salão Comunal, um livro caiu no chão, aberto numa página aleatória. Quando Milena se abaixou para pegá-lo, viu que era o seu livro de Adivinhação, e que estava aberto num capítulo intitulado Inferno Astral. Curiosa, leu o primeiro parágrafo.


 


                “Na Adivinhação, Inferno Astral é uma fase onde o bruxo passa por sofrimentos ou aborrecimentos sucessivos. Geralmente acontece quando o planeta regente do bruxo está alinhado com Marte...”


 


                Milena não conseguiu terminar de ler. Fechou o livro com um estrondo. Não precisava de um livro imbecil de Adivinhação lhe dizendo que ela estava vivendo um inferno. Ela já sabia.

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