Diálogo Aberto



Minerva McGonagall teve que apelar para ter sua presença percebida na sala de aula. Apontou sua própria varinha para a garganta, sem dizer uma só palavra – lógico, estava conjurando “sonorus” apenas mentalmente.
            - QUIETOS TODOS! – sua voz retumbou num volume ensurdecedor, que fez todos os alunos imediatamente levarem as mãos aos ouvidos.
            Num passe de mágica, a sala ficou em um silêncio fúnebre. Olhos aflitos, nervosos e curiosos, todos apontavam para Minerva, enquanto ela desfazia o feitiço.
            - Quem pode me explicar que tipo de balbúrdia está acontecendo dentro da minha sala de aula? – perguntou a professora de Transfiguração.
            Vários alunos recomeçaram a falar ao mesmo tempo e novamente o falatório infernal recomeçou. Minerva fechou os olhos e olhou para o teto, como se sofresse de alguma dor. Procedeu novamente da mesma forma anterior, já que estava impossível entender as explicações atropeladas e as trocas de acusações entre alunos.
            - SILÊNCIO! – gritou ela. Os alunos calaram-se no ato. Ela olhou entre todos os presentes e apontou para Dorcas Meadowes. A garota tentou se esconder por trás de Marlene McKinnon, mas a amiga se esquivou.
            - Ela quer falar com você – Marlene disse, apontando para Minerva com o polegar.
            - Não diga? – Dorcas murmurou com raiva. Depois olhou para a professora, envergonhada.
            - Sra Meadowes, percebi que é a única que estava em silêncio, então, gostaria de me explicar essa confusão? – Minerva falou pacientemente.
            Dorcas gemeu ao lado das amigas, que as olhavam como se ela tivesse sido jurada de morte.
            - Bom, professora McGonagall... – Dorcas começou um tanto incerta. – Parece que Stonebreaker e Bletchley escolheram sua sala de aula para uma discussão de relacionamento.
            Uma nova onda de murmurinhos foi ouvida, mas dessa vez só a mão erguida de Minerva fez os alunos pararem. Ela olhou para o “casal” em questão. Amanda Stonebreaker estava com o rosto inchado e olhos molhados de tanto chorar, mas Domini Bletchley parecia se divertir com a situação.
            - Sr Bletchley? – Minerva ergueu uma sobrancelha observando o rapaz sonserino.
            - Eu só falei umas verdades para Mandy, professora, e ela não aguenta a verdade – respondeu ele, dando de ombros.
            - Mentira! – Amanda deu um gritinho, voltando a chorar. – Você me ofendeu! Me maltratou na frente de todos os outros!
            - Ah, se a verdade é ofensiva para você, aí já não é culpa minha.
            - Não interessa mais – Minerva cessou a conversa, agitando as mãos para frente. – Os dois estão dispensados dessa aula, vão lá para fora se acalmarem...
            - Não, professora! – Domini arregalou os olhos azuis. – Eu quero ficar, estou numa boa!
            Minerva McGonagall rolou os olhos.
            - Certo, você fica. Srta Stonebreaker? – a professora olhou para a menina loira.
            Amanda Stonebreaker pegou seus pertences com estupidez, olhando com raiva para o “ex-quase-namorado” e dele para Dorcas, que evitou o olhar, olhando para a frente. Saiu da sala sem olhar para trás.
            - Mais alguém quer deixar a sala? – Minerva perguntou, rodando o olhar pela sala.
            Ninguém se manifestou. Ela suspirou e deixou os ombros caírem, demonstrando cansaço.
            - Acho que agora... podemos começar a aula – anunciou, desanimada.


 


- Diretor Dumbledore? – Argus Filch se curvou numa reverência de respeito ao entrar na sala do Diretor de Hogwarts.
            - Sim, caríssimo? – o Diretor ergueu sua cabeça, o olhando através dos oclinhos de meia-lua.
            - A Srta Mayfair, ela acabou de chegar.
            - Ah, sim – Dumbledore levantou-se de sua cadeira de espaldar alto, unindo as mãos como se fosse começar a rezar. – Por favor, Argus, faça-a entrar.
            O zelador de Hogwarts fez um aceno com a cabeça, deixando a sala novamente. Dumbledore deu dois passos, ficando na frente de sua mesa. Quando o outro homem retornou, estava ruborizado e ligeiramente sem graça, apontando a entrada para que a mulher que trazia em seus calcanhares pudesse passar.
            - Cathy! – Dumbledore exclamou, num tom apaixonado.
            - Albus! – a belíssima mulher jogou as mãos para frente, tocando as do diretor, mas seu cumprimento se limitou a isso.
            Catherine Mayfair era o nome daquela mulher divina. Era alta, seu corpo elegantemente magro dentro de roupas finas com corte da moda e no topo sua cabeça delicadamente pousava um chapéu com ornamentos em organza, lindo e tão delicado quanto seus cabelos loiros dourados, que desciam pelas costas até à sua cintura em leves ondas. Os grandes olhos negros da mulher era o que mais lhe atribuía atenção: saltavam na pele branca, tão branca que parecia ser feita de porcelana, dois pontos pretos pintados no rosto de boneca. Não aparentava ter mais que 20 anos, mas chamara o Diretor pelo primeiro nome, demonstrando intimidade profunda.
            - Fico lisonjeado por ter atendido ao meu pedido, minha cara – Dumbledore falou, largando as mãos delicadas da mulher.
            - É a mim que lisonjeia seu convite, pode ter certeza! – respondeu ela, com um sorriso iluminado.
            - Argus? – o Diretor se dirigiu ao homem que estava ali parado, o olhar vidrado na mulher. – Já pode se retirar, muitíssimo obrigado por trazer nossa convidada.
            O zelador balançou a cabeça, como se libertando de um transe, e deixou a sala quase contra sua vontade. Os dois ali presentes o esperaram sair. Dumbledore apontou uma cadeira de estofado vermelho para a moça e contornou sua mesa, sentado-se novamente e apoiando os cotovelos na superfície lisa de madeira.
            - Muito obrigado por atender ao meu chamado – agradeceu o Diretor.
            Catherine agitou a mão no ar.
            - Não agradeça, eu fico feliz por ter sido lembrada, sabe que eu sempre quis ajudar, embora lamente profundamente o ocorrido com Sam, o motivo que me trouxera aqui.
            - Ah, sim, foi uma fatalidade cruel essa – comentou ele, crispando os lábios. – Cathy, você acha mesmo que consegue lidar com isso? Digo, os alunos?
            A mulher suspirou, olhando a sua volta, antes de respondê-lo.
            - Sim, eu já estou acostumada. Tenho sido a tutora de novos membros da Talamasca, os jovens quase estúpidos e loucos por aventuras. Acho que alunos internos serão fáceis de contornar.
            - Ah, que bom – ele deu um breve sorriso. – Como está New Orleans?
            - Muito bem e abafada como sempre. A antiga Mansão Mayfair agora é um dos pontos de encontro da nossa Ordem. Finalmente arrumei uma utilidade para aquela casa horrível – ela revirou os olhos, mas parecia divertida ao fazê-lo – e o mais interessante é que sempre foi vista pelo povo não mágico de New Orleans como uma casa má assombrada – de bruxas –, então, não há ninguém que se atreva a aproximar-se mais dos arredores.
            - A Talamasca então está crescendo – Dumbledore não perguntou, afirmou. Ainda assim a mulher assentiu com a cabeça.
            - Eu estive pensando sobre o que me disse, Albus, sobre a Ordem da Fênix. E cheguei à conclusão que não tem muito a ver com a Talamasca. Nós não somos um exército inimigo das trevas, somos uma sociedade secreta que desvenda e impede ações ilegais de seres míticos e das trevas... mas não temos qualquer expertise em duelar com outros bruxos – ela deu de ombros, displicentemente e delicadamente ao mesmo tempo. – Não temos esse problema nos Estados Unidos, ainda somos um país neutro, ou melhor, as Américas ainda estão neutras.
            - Mas é exatamente aí onde quero chegar, querida Cathy – Dumbledore enrugou a testa, falando seriamente. – Conheço os princípios da Talamasca e não somente por ser a sociedade mais antiga existente para essa finalidade, mas por ter eu mesmo passado algum tempo entre esses queridos amigos. E creio que poderemos aprender muito uns com os outros. Sua estadia conosco nos dará oportunidade de mostrar como nossa Ordem age e também de aprender com você a lidar com Criaturas das Trevas.
            Catherine se mexeu na cadeira, quase incomodada.
            - Albus, não sei... Pensei que minha ajuda se limitaria a dar as aulas de Defesa contra as Artes das Trevas, com ênfase nas Criaturas das Trevas, e substituindo Sam, até que ele tenha resolvido seu problema de família...
            - Sam não vai voltar – Dumbledore respondeu imediatamente. – Quer dizer, ele vai voltar, mas não será o mesmo Samuel McHale que conhecemos...
            Um flash de compreensão brilhou nos olhos negros da mulher. Ela mordeu o lábio inferior, tateando com a mão uma grande medalha pendurada no pescoço, escondida por dentro das vestes, antes de encarar novamente o Diretor.
            - Precisamos que nossos alunos tenham a melhor professora de Defesa contras as Artes das Trevas desse mundo – prosseguiu ele. – Por isso você, querida Cathy. Com esse trágico acidente de Sam, descobrimos que estamos lidando com aquilo que você conhece muito bem, até me atreveria a dizer que sem você, não teríamos a menor chance.
            - Entendo.
            - E não se iluda. Voldemort vai começar pelo Reino Unido, mas seus planos não se limitarão apenas a esse lugar se não tivermos sucesso na nossa luta. Leve para a Talamasca nosso conhecimento de combate, dos nossos membros da Ordem da Fênix e nos ensine tudo o que sabe sobre combate e controle das Criaturas das Trevas.
            A bela loira ficou por um momento em silêncio, contemplando a face serena do bruxo a sua frente. Sempre admirara Dumbledore, e não se enganara quanto a sua destreza: era o único que não temia o nome Daquele-que-não-deve-ser-nomeado, como era conhecido o líder das Trevas pelo resto da população mágica.
            - Claro, eu farei tudo o que estiver ao meu alcance, Albus, pode ter certeza da minha fidelidade – respondeu ela, após o breve silêncio contemplativo.
            - Eu agradeço imensamente por sua disponibilidade – ele meneou a cabeça. – Agora, tem um aluno em específico que gostaria que conhecesse.
            Dumbledore agitou sua varinha sem conjurar qualquer palavra. Em questão de segundos, Argus Filch já estava ali na porta de entrada novamente, olhando para o Diretor e esperando sua solicitação.
            - Traga Remus Lupin para conversar conosco, Argus. Por favor.


 


A aula de Transfiguração finalmente acabou. Isso para Minerva McGonagall, que parecia tão aliviada como se estivesse aguardando numa imensa fila na porta do banheiro após ter bebido cinco litros de suco de abóbora e então conseguido finalmente entrar do recinto. Mas quase infelizmente para Dorcas Meadowes, que ao sinal de término da aula, sentiu seu coração acelerar dolorosamente no peito.
            - Ai, até que enfim! – Marlene resmungou, juntando o cálice à sua frente, cheio de água transfigurada em vinho. – Queria poder beber isso, será que me faria esquecer do saco que foi essa aula? – e olhou para Dorcas, ofendendo-se na hora, ao ver que a amiga não prestava atenção em nada do que dizia. – DORCAS!
            A menina deu um pulo e um gritinho de “ai!” no susto.
            - Droga, Lene! – Dorcas levou a mão ao coração palpitante. – Não me assusta assim!
            - Que diabos está acontecendo com você, garota? – a morena cruzou os braços. Lily Evans e Emmeline Vance pararam perto das outras duas amigas.
            - Você está a cada dia mais parecida com o Black, sabia? – Dorcas retrucou com raiva. – Está falando num palavreado esdrúxulo, exatamente como o dele, parabéns, dentro de uns dias ganha diploma de seguidora fiel sênior.
            - Não muda do assunto! – Marlene rosnou impaciente.
            - Dorky, você está tão est... – Lily começou, mas uma presença inusitada a fez calar.
            Domini Bletchley se aproximou das quatro meninas. Dorcas se encolheu. Ele as saudou com um sorriso aberto e gentil.
            - Oi, meninas – disse. Depois, olhou para Dorcas. Seus olhos brilhavam, mas a menina fechou os dela, como se ele estivesse mandando feixes de raios laser para ela só com o olhar. – Meadowes, podemos conversar agora?
            Lily, Emmeline e Marlene olharam ao mesmo tempo para a garota, todas as três com uma expressão embasbacada nos rostos. Já o rosto de Dorcas estava completamente ruborizado de vergonha. Ela evitou os olhos das meninas e encarou Domini firmemente – o mais firme que seu tremor de ossos lhe permitia.
            - Cla...claro... – gaguejou ela, demorando uma eternidade para levantar-se, já que os joelhos pareciam feitos de gelatina.
            Domini se antecipou e estendeu a mão para ela. Num só puxão, ela já estava de pé e de olhos arregalados. Ele era forte, forte demais. Melhor não deixá-lo aborrecido ou contrariá-lo. Não queria saber qual era o gosto da poção Esquelesce. Ela não olhou para as amigas quando saiu da sala na companhia do rapaz enorme, mas ele se despediu delas com um sorriso quase infantil, com direito a covinhas nas bochechas.
            As outras três pareciam estupefatas demais até para debater sobre a cena que presenciaram.
            - Que foi isso? – Sirius Black se aproximou delas, olhando para o “casal” que saía da sala.
            - Eu também queria saber – Marlene piscou os olhos, olhando para o rapaz.
            - O que deu no Bletchley? – Remus perguntou, enquanto abraçava Emmeline pelas costas e dava um beijo na sua bochecha.
            - Não, a pergunta mais pertinente seria o que deu na Dorcas – Lily redarguiu, olhando para o lado e dando de chofre com James Potter. Ela ruborizou na hora em que sorriu para ele.
            - Esses sonserinos hoje estão estranhos... – Emmeline murmurou, balançando a cabeça. – Primeiro, Lestrange quer conversar com o Sirius, depois, Bletchley chama Dorcas para um papo-cabeça...
            - Aliás, Six – James parecia ter lembrado de algo importante. – O que o Lestrange queria com você?
            Sirius abriu a boca, mas hesitou. Ele não poderia dizer muito na presença das meninas. Olhou para os amigos – menos para Peter Pettigrew, ele não estava por ali, o que o fez inclusive rodar os olhos pela sala.
            - Onde está Pet? – Sirius perguntou, quase mecanicamente.
            - Ele saiu correndo quando a aula terminou – Remus respondeu prontamente.
            - Outro que está estranho demais – Marlene comentou, apoiando-se numa mesa, como se quisesse sentar-se nela.
            - Ah, ele é estranho por natureza – James fez um sinal de desprezo com a mão. Depois se virou para Sirius. – Mas então? O que Lestrange queria? Não me diga que com ele também era um papo civilizado?
            - Não, com ele nem teve papo, covarde... – Sirius riu debochadamente. – Foi Narcissa quem falou.
            - Narcissa? – Lily, Emmeline e Marlene exclamaram juntas.
            James e Remus se entreolharam. James arqueou uma sobrancelha e Remus fez cara de “oh, meu Deus”. Eles já sabiam que a) Sirius usou o conhecimento do Mapa do Maroto para fazer afronta a um deles, ao menos e b) acabava de se enrolar com as meninas. O que tinha a ver Narcissa Black e Travis Lestrange? Em outras palavras: sempre Sirius era inacreditável, se metia em confusão, até quando a intenção primária não era exatamente essa.
            Sirius conferiu essas expressões decepcionadas dos amigos antes de se pronunciar novamente.
            - É, coisa lá deles, sabe? – Sirius comentou quase indiferente. – Bellatrix está noiva de Rodolphus Lestrange, primo daquele demente, e parece que eles estão tendo dificuldade em aceitar que na família Black tenha um traidor do sangue – ele apontou para si mesmo, com um sorriso de vitória no rosto. – Como vão celebrar as festas de Natal juntas, as duas famílias miseráveis, eles vieram perguntar se eu estava a fim de encenar que eu era um deles, sabe? Para o bem geral da nação, essas coisas.
            Fosse lá de onde Sirius havia tirado a história, Remus e James sentiram vontade de aplaudi-lo, pois fora simplesmente brilhante. Entretanto, isso não o havia liberto do sermão chiclete que estava por vir.
            - Que patéticos! – Marlene se doeu. Ela encarou o rapaz e esse a sorriu, fazendo-a sentir vontade de se jogar nos braços dele e beijá-lo. Afinal, não eram namorados?
            Mas ainda tinha James e Lily. “Operação Potter + Evans”, não esquecer disso. Até o maldito baile, teriam que fingir, se quisessem o outro casal junto.
            Se eles ao menos soubessem das conversas noturnas dos dois...
            E Lily e James também não estavam se privando de passearem de mãos dadas e das trocas de beijinhos por eles dois? Não haviam também ele combinado que até o baile, não deveriam anunciar namoro, para que pudessem unir, de uma vez por todas, Marlene e Sirius?
            Que falta fazia um diálogo aberto, não?
            - REMUS LUPIN! – Alguém gritou. Remus pulou no susto, assim como Emmeline, que estava abraçada a ele.
            O zelador Filch chegava, com sua sempre tão fechada e ranzinza expressão. O rapaz loiro o olhou, sem entender o motivo da chamada.
            - O Diretor quer vê-lo.
            Remus arregalou os belos olhos azuis. James e Sirius o fitaram, confusos.
            - AGORA! – Filch completou, com rispidez.
            - Tudo bem, então... – ele se afastou da namorada, que também o olhava com curiosidade. – Eu vejo vocês na próxima aula... eu acho.
            Remus seguiu logo atrás de Argus Filch, fazendo um aceno de “não sei o que é” para os amigos que o acompanhavam com os olhos.


 


Severus Snape estava suspeitamente parado no corredor. Quando Peter Pettigrew passou por ali, como se fugindo de algo, a mão magra do rapaz fechou-se impiedosamente contra o braço gordo do outro. Peter gemeu baixinho, mas fora obrigado a parar. Severus olhou para os lados. Perfeito, ninguém por ali. Os olhos negros e ligeiramente maquiavélicos pousaram sob o outro, faiscando de malícia.
            - Alquimia? – Severus falou, numa mescla de repulsa e diversão.
            Peter não o respondeu, tentando puxa seu braço, para libertá-lo da mão impressionantemente forte do outro.
            - Escuta, seu ser ridículo e patético... Eu tenho prestado muita atenção em você ultimamente. Se você consegue enrolar os seus amiguinhos tão autosuficientes para não precisarem de mais ninguém na face da Terra, saiba que a mim não engana.
            - Eu-eu.. não preciso... esconder nada... deles – Peter gaguejou, trêmulo de medo.
            - Ow, não mesmo. Está com medo de mim, está? – Severus tinha um tom quase dissimulado. Peter fechou os olhos. – Por que não vira um ratinho e sai correndo, como você sempre faz nas noites de lua cheia?
            - Pare com isso! – Amanda Stonebreaker chegou perto deles, olhando com raiva para Severus. – Deixe esse idiota ir embora, nem vale a pena implicar com um ser tão desprezível como ele.
            Severus a olhou como se a pudesse matar somente com a força de seu pensamento. Largou Peter depois de uns instantes e o garoto saiu correndo, tropeçando nos seus próprios pés. A expressão de nojo que ele dirigia a ela não a deixou menos decidida. Ainda tinha os olhos vermelhos do choro na aula, mas parecia estranhamente dominada por algo maior.
            - Eu ouvi tudo – disse Amanda a Severus. – E tenho uma proposta a fazer.
            - Por que eu ouviria qualquer coisa vinda de semelhante “persona non grata”? – perguntou ele, com um deboche ressoante na frase.
            - Porque você está sozinho, e eles são três, e muito mais espertos que você, seu idiota. Ou você acha mesmo que eu estaria recorrendo a você se tivesse outras opções? – ela revirou os olhos.
            Severus mudou a expressão, para algo próximo de entendimento. Meneou lentamente a cabeça, concordando. Após algum tempo, quebrou o silêncio.
            - O que houve com suas convicções de não se envolver em guerrilhas entre as casas? – perguntou curiosamente.
            - Ela acabou no exato momento em que enxerguei a verdade, o que meu futuro me reserva – Amanda falou com ressentimento. – E antes de sair dessa escola, vou me vingar de todos, escreva isso, Snape, de TODOS que me fizeram sofrer... seja da Sonserina ou não.
            A garota fervia de raiva, podia sentir seu calor da ebulição interna ao seu redor. Severus curvou os lábios numa espécie de sorriso sombrio. Talvez ali estivesse uma boa aliada, ainda que ela fosse a garota com a mente mais rasa e egocêntrica que já conhecera.

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