Erros e Acertos



Sirius Black saiu correndo pelos corredores, rumo à sala da sua próxima aula: Transfiguração, com Minerva McGonagall. Se vacilasse com essa professora, uma boa detenção o esperava, disso ele tinha certeza.
            - O idiota está vindo só agora – James Potter balançou a cabeça, o que fez seus óculos escorregarem até a ponta do seu nariz, já que estava inclinado sobre um pergaminho discretamente aberto sobre a mesa. Ele os ajeitou e olhou para Remus Lupin. O amigo parecia pensativo. Peter Pettigrew ficou prestando atenção nos dois e sentindo-se, como sempre, fora de alguma coisa importante.
            - O que será que ele está aprontando? – Remus falou num sussurro. – Estava com Regulus, boa coisa não era. Temo que ele estava o provocando... – ele fechou os olhos e levantou a cabeça para o teto. – Eu daria um braço para entender como funciona a mente de Sirius...
            - Não vai ficar atraente com um braço a menos – Sirius se enfiou entre os amigos, ofegante por causa da corrida, mas com um risinho no rosto. – E talvez nem assim você consiga desvendar os meus misteriosos e incríveis pensamentos... – completou com solenidade debochada.
            - Podemos saber a causa desse sorrisinho babaca? – James perguntou antes que Remus se recuperasse do “pego de surpresa” e bolasse uma frase para rebater, logo depois murmurando para o pergaminho “mal feito, feito” para guardar os segredos do Mapa do Maroto.
            - Ah, sim, eu fui conversar civilizadamente com Regulus.
            James, Remus e Peter o dirigiram um olhar cético e embasbacado.
            - Mas que merda, sem ironias! – James resmungou, irritado. – Será que não pode ser sério um momento, não responda... – ergueu a mão quando Sirius abriu a boca para respondê-lo. – Se a próxima palavra que falar não for a verdade, eu vou te...
            - Ah, cala essa boca, Sr Sem Moral Nenhuma De Exigir Seriedade! – Sirius deu um tapa estalado na nuca do amigo. Enquanto James esfregava o local agredido, ele prosseguiu. – Por incrível que pareça, foi isso mesmo que fui fazer. Sei lá, surto de consciência, bondade ou que diabos aconteceu comigo, mas eu fui lá tentar abrir os olhos de Regulus para a situação da família, dizê-lo que ele é só um peão no tabuleiro de xadrez, a primeira peça que é movida no jogo para proteger o...
            - Sabemos jogar xadrez – Remus o cortou impaciente, sacudindo a mão. – Continua com a história que interessa, por favor.
            - Acontece que Regulus é um retardado mental, definitivamente, e está alienado, completamente alienado. Não aceitou nada do que eu disse e ainda falou que eu sou fedorento! – Sirius arregalou os olhos, enrugando a resta numa expressão ofendida.
            - Nessa parte, desculpa, mas eu tenho que concordar com ele – James redarguiu. –Essa noite eu cheguei até a sonhar que caminhava dentro de um esgoto trouxa, acordei sem conseguir respirar... seus peidos estão cada vez mais asfixiantes.
            - A culpa não é minha! Eu preciso colocar para fora! – ele se defendeu, olhando feio para James. – Vai dizer que você não peida também?
            - Será que podemos discutir a fisiologia do peido depois? – Remus os interrompeu, com cara de tédio.
            - Não é a fisiologia do peido, Aluado, é a carga letal que Sirius armazena dentro dele, tenta dormir na minha cama! – James cruzou os braços, encarando Remus com desafio. – Você não passa o constrangimento que eu passo! Não sente porque está lá do outro lado da explosão, agora, eu, do lado dessa bomba... sofro!
            - Pontas, se seu olfato é sensível como sua galhada, passe a dormir na casa do cara...
            - Ê, baixo nível! – Peter, se pronunciando pela primeira vez na conversa, ergueu as mãos, antes do amigo completar sua frase de baixo calão.
            Remus apenas grunhiu e passou a mão pelos cabelos, contendo sua irritação. Amava os amigos, mas o comportamento deles geralmente o deixava de mau humor. E eles sabiam disso. Tanto que sirius pigarreou e se ajeitou antes de continuar o relato.
            - Assim, eu percebi que ele não tem jeito, já está modelado para ser um soldadinho negro.
            Antes que qualquer um outro pudesse falar algo, um rapaz trajado de vestes da Sonserina, moreno e alto, se aproximava deles, sorrateiramente, olhando para Sirius. Os quatro rapazes o observaram atentamente, até que ele, após ter olhado para os lados, se dirigiu a Sirius, numa voz arrastada e entre os dentes.
            - Preciso falar com você – Travis Lestrange disse, voltando a olhar ao seu redor.
            Seus olhos pararam por um instante no lugar onde Severus Snape sentava-se sem desviar o olhar dele, e depois rolaram até onde Amanda Stonebreaker e Domini Bletchley se arrumavam para assistirem à próxima aula, junto com a Grifinória. A garota loira parecia muito interessada no que Lestrange tinha a dizer Black, e isso o fez silabar algo para o grandalhão ao seu lado, que tratou de inventar qualquer idiotice para distraí-la.
             Travis Lestrange era primo de primeiro grau de Rodolphus e Rabastan Lestrange, irmãos que já haviam concluído Hogwarts. Bem como seus primos, o rapaz era arrogante e se vangloriava do nome de sua família de sangue puro. Sabia o que o esperava fora de Hogwarts – estava preparado, o Lord das Trevas o queria, disso ele tinha certeza –, mas cometera um pequeno deslize, e precisava reparar isso antes de trazer para si problemas paralelos com futuros aliados. Podia ser mau, mas não era burro.
             - Eu até mandaria você ir pro diabo que te carregue...
             - Sirius hoje está mais sujo que nunca – Peter comentou com Remus, bem baixinho, mas Sirius o escutou e deferiu um tapa no alto de sua cabeça, sem parar de falar.
             - ...Mas realmente estou tão curioso para saber do que se trata, que me vejo obrigado a te conceder essa graça de ter minha atenção por alguns instantes.
             Travis respirou fundo e prendeu o ar, fechando com raiva os dedos contra os punhos. Não podia perder a calma agora. Sua vontade era de sacar sua varinha e azarar Sirius – ou fazer coisa pior – mas precisava dele. O pior de tudo é que ele precisava mesmo de Sirius.
             - Vem comigo – Travis falou numa expirada só.
             O sonserino virou de costas para eles e deu dois passos, antes de virar novamente a cabeça para eles e notar que Sirius não havia se movido. Ele mantinha um sorriso cínico no rosto e cruzou os braços contra os peitos.
            - A-ha, faltou as palavrinhas mágicas – disse ele, fazendo James prender uma risada. – Sabe, aquelas duas muito usadas por pessoas que pedem um favor...
            O outro rapaz fechou os olhos e comprimiu os lábios, cortando um palavrão que estava prestes a sair. Sirius deu uma risada baixa e Remus o olhou com desprezo. Ele odiava aquele olhar de “pare de ser idiota” que Remus o dirigia. Era pior que mil palavras dos seus tão certos sermões.
            - Por... favor... – Travis falou de má vontade e quase sem abrir a boca. – Black...
            - Ah, assim está melhor. Gentileza gera gentileza.
            Sirius foi atrás do outro, que na mesma hora virou-se de costas para ele, tão enfezado que parecia estar em chamas de tão rubro. Olhou de relance para os amigos e fez um sinal para o esperarem. Não havia nenhum sinal de Narcissa Black até aquele momento na sala de aula.


 


Os olhos verdes de Lily Evans procuraram por um momento os de James Potter. Eles se encontraram e a menina sorriu, ficando levemente ruborizada.
            - 10 galeões para guardar em segredo que você está flertando com Potter – Emmeline Vance sussurrou ao seu lado, fazendo-a simular inutilmente e virar-se fingindo indignação para a loira.
            - Que flertando com Potter o quê! – Lily retorquiu. – Estava tentando entender o que se passava entre Lestrange e Black, só isso.
            - Sei, e eu sou a Fada da Gruta, Lilyzinha – Emmeline jogou um beijinho debochado para a ruiva e depois se virou para ela mesma flertar com o seu namorado. Remus mandou um beijo pelo ar para ela, e ela acenou carinhosamente para ele, desenhando um coraçãozinho com os dedos indicadores. – Olha, o amor é tão lindo, não sei porque você não se permite ser feliz.
            Dorcas Meadowes e Marlene McKinnon deram risinhos depois de ter ouvido o comentário de Emmeline e o grunhido nervoso de Lily. Dorcas ergueu os olhos para olhar ao redor. Minerva McGonagall nunca se atrasava, mas ainda faltavam alguns minutos para o começo da aula e havia alguns alunos para chegar. Quando seus olhos passearam pelo lado Sonserino da sala – sim, eles se mantinha distantes por escolha própria – foi obrigada a parar na mesa onde um rapaz enorme sentava-se ao lado de uma loira que parecia ler algo, com a cabeça inclinada, olhando para a mesa. Era a segunda vez que ela pegava Domini Bletchley a encarando e estava tão curiosa que se permitiu não desviar o olhar. Ele arregalou os olhos azuis para ela, e por fração de segundos parecia ter-se aberto um sorriso nos seus lábios. Domini olhou de relance para Amanda Stonebreaker ao seu lado e a vendo entretida, balbuciou para Dorcas algo que a fez estampar uma careta no rosto quando entendeu.
            - Quero falar com você depois da aula – ele a disse, quase sorridente e extasiado.
            - Quê? – ela falou alto demais.
            Marlene parou de escrever e a olhou.
            - Que foi, Dorky? – perguntou a morena. Dorcas a olhou na hora, aflita.
            - Nada não, só pensei alto demais....
            Amanda Stonebreaker já tinha sua cabeça elevada e olhava de Domini para o lugar onde os olhos dele apontavam, estarrecida.


 


- É impressão minha ou você está mirando uma daquelas galinhas vermelhas e douradas? – a garota perguntou, dando um cutucão no ombro musculoso do garoto, já que ele parecia incapaz de olhá-la, os olhos fixos em Dorcas.
            Bletchley virou-se de forma tensa para ela. A garota tinha expressão de poucos amigos. Ele estava começando a se cansar da forma possessiva de Amanda ser, estavam ficando, mas ela não era dona dele. Ele tinha todo o direito de flertar com quem ele quisesse, incluindo Dorcas Meadowes, a garota com a qual ele sonhava desde o 5° ano.
            Domini Bletchley era um bruxo de sangue puro, como 97% dos alunos da Sonserina. Sua família era muito respeitável, tendo a maior parte dos seus membros à serviço do Ministério da Magia. Ele fora criado para ser um garoto malvado, para ser o melhor e intimidar aqueles que não o levavam a sério. E assim era ele... só nas aparências. No seu interior, Domini era um rapaz confuso, ambíguo, que ainda não tinha noção de qual era o seu lugar naquele mundo. Estava começando a repensar sua posição e aquele tipo de comportamento dos Sonserinos parecia ser tão... diferente do que ele esperava para o seu futuro.
            E ainda havia Dorcas. Lembrava-se como se tivesse sido há alguns minutos atrás, num jogo Grifinória x Sonserina, no quinto ano. As meninas da Grifinória prepararam uma bela apresentação de torcida organizada e aquela garota, seus cabelos castanhos dourados e corpo perfeito, estava simplesmente linda na sua roupa colante em tons de vermelho e dourado, as pernas tão bem torneadas quase totalmente de fora... Domini sonhou com ela chegando até ele com aquela mesma roupa e o beijando tantas vezes que já beirava à obsessão. Só que tinha aquele pequeno problema: ela era da Grifinória. Que legal. O que os amigos pensariam dele se resolvesse ficar com uma Grifa?
            Só que agora, ele pouco se importava com sua respeitável posição. Que se danasse seu status com Snape, Lestrange, Rosier ou quem quer que fosse. Dorcas era a prioridade, ele havia decidido, e se ela o quisesse, estava disposto a deixar de lado sua pinta de Bad Boy para tentar ser somente ele mesmo.
            - Estava sim, olhando para Dorcas Meadowes, o que você tem a ver com isso? – ele respondeu, depois de ter pensado por um momento. Ficou encarando Amanda com uma face de desafio.
            A belíssima loira fez uma careta, deixando as sobrancelhas juntas ao enrugar a testa e olhando para Dorcas, que observava discretamente de canto de olho os dois. Algo não a deixava desviar os olhos de Domini e isso fez seu coração acelerar e sua nuca arrepiar. Sintomas estranhos.
            - Meadowes, aquela piranha sem sal? – Amanda resmungou ofendida. – Bletchley, você está ficando comigo! Eu sou muito melhor que aquela... aquela...
            - Pra início de conversa, Mandy – ele a interrompeu, o tom da sua voz dava medo –, piranha é você, que já ficou com metade dos caras da Sonserina.
            - Como você ousa...!
            - E ao menos um da Grifinória – ele completou, sem deixá-la se manifestar, e dando um sorrisinho ácido. – Ou acha mesmo que eu já não vi você se esfregando com o Sirius Black por aí?
            Amanda o olhava, incrédula e estarrecida. Desde quando Domini falava assim com ela? Ofendendo-a tanto e sem motivos aparentes?
            - Se eu estou com você é porque você é a garota mais fácil que eu já peguei nessa Escola e como um bom rapaz regido pelos hormônios, preciso de uma gostosinha para me fazer feliz, seja ao menos por uns momentinhos íntimos, para isso você serve e muito bem, inclusive. Muito diferente é a Meadowes, ela, além de ser excepcionalmente linda, é respeitável, eu já a vi dando tantos foras nos idiotas que a cantam que... – os olhos do garoto brilharam – oh, Meadowes é a mulher certa para um cara.
            - Eu não vou admitir que você me ofenda tanto assim! – Amanda ficou histérica e levantou-se, num impulso, de sua cadeira. Seus olhos estavam mareados de lágrimas de ódio de Bletchley. – Você não tem o direito de me faltar com o respeito assim...!
            Os alunos começaram a prestar atenção na briga do casal. Dorcas sentiu as bochechas queimarem ao ver a cena. O que estava acontecendo com ela? Suas mãos suavam e estavam ligeiramente trêmulas, ela estava... ansiosa...? Para saber o que aquele garoto queria com ela!
            - Ai, não! – Dorcas fechou os olhos e choramingou para si mesma, mas a altura de sua voz era o suficiente para as amigas ouvirem o lamento. – Tanto homem no mundo e eu só me meto em furadas!
            Emmeline, Marlene e Lily a olharam, embasbacadas. Algo as dizia que Dorcas tinha a ver com a briga ao lado. Primeiro, o aceno nos jardins; agora, sua reação à briga. Ela até tentou não dar muitos sinais, mas desde que tivera a conversa com Alice Prewett sobre outras partes e metades que se completam, vinha pensando muito naquele brutamontes com mais músculos que cérebro – na sua opinião até o momento.
            Sempre achara Domini Bletchley um estúpido, trasgo e repugnante, que pegava sempre as garotas mais bonitas da Sonserina – sempre as dessa casa, nunca de outras –, mas de uns tempos para cá, estava observando como ele era singularmente bonito. Seu porte másculo era daqueles homens que protegem, cuidam de uma garota. Que porcaria de pensamento estúpido era esse? Ela pensava que Edgar Bones era sua meta, mas aquele idiota a fazia até esquecer qual era o primeiro nome do Lufano agora.
            E então, veio a maluca da Alice com aquele papo todo de que “mesmo que essa metade esteja encarnada numa pessoa que não é fisicamente atraente aos seus olhos, ela será o amor da sua vida, a única que poderá te completar”. Não que Domini não fosse atraente fisicamente... ele era repugnante num total!
            Pensando em Alice Prewett, ela e Frank Longbottom entravam na sala no exato momento em que Amanda e Domini lavavam sua roupa suja. Eles observaram a cena perplexos e desentendidos. Frank trocou um olhar rápido com a namorada, mas Alice olhou diretamente para Dorcas, que a olhava de volta. Dorcas se afundou na cadeira, pedindo que o mundo acabasse naquele momento para ela não ter que prestar esclarecimentos constrangedores no final da aula.


 


Travis Lestrange virou-se, com sua melhor expressão de quem cumpre uma obrigação indesejada, fitando Sirius Black seriamente. Sirius, por sua vez, matinha a mão por dentro dos bolsos das vestes, seu rosto demonstrava ligeiro divertimento pela situação embaraçosa do outro.
            O Sonserino olhou para um lado depois e num aceno de cabeça, Narcissa Black veio andando até eles, fulminando com seus olhos azuis o primo indesejável. A garota mantinha seus braços cruzados na frente do corpo e uma expressão de quem sentia um mau cheiro.
            Travis e Narcissa se entreolharam. Sirius os observava quase irritado com a demora no assunto. Por fim, a garota suspirou profundamente e olhou para Sirius.
            - Olha, eu não sei como você descobriu isso, mas só para deixar claro que não temos nada, Lestrange e eu. Eu estou noiva de Lucius e serei a Sra Malfoy assim que sair desse antro de traidores do sangue... – ela ergueu a mão direita e mostrou seu grande e brilhante anel de compromisso. – Não que eu deva alguma explicação para você, mas se por acaso meu noivo souber de alguma fofoca...
            Narcissa foi obrigada a parar de falar porque Sirius começara a gargalhar freneticamente, coisa que inclusive deixou os dois sonserinos completamente transtornados. Esperaram até que ele se aquietasse. Ele parou de rir um pouco, olhando para os dois, com a expressão ainda divertida.
            - Vocês estão com medo de que eu vá contar para o Malfoy? Claro, eu sou muito amigo desse retardado para isso... – ele balançou a cabeça, ironizando a situação. – Vocês acabaram de se denunciar como amantes, são bem inteligentes, parabéns. Só que eu quero mais é que vocês dois se explodam! Eu não quero contar isso para ninguém, só queria deixar claro uma coisa, Cissy, fofinha – e olhou para a prima, que já atingia a cor escarlate na sua ira –, você tem um péssimo gosto para escolher namorados e pelo visto o mesmo gosto horrível para escolher seus amantes... e eu simplesmente não tenho nada a ver com isso, mas foi impagável a sua cara quando eu disse o que sabia, dos seus encontros escondidos com o Lestrange...
            - Como você soube disso? – Travis perguntou entre os dentes, louco de vontade de gritar ou atacar Sirius, mas não tinha coragem de denunciar sua situação. Não precisava que a história vazasse e que Lucius Malfoy soubesse, ele era um bom aliado de seus primos.
            - Não te interessa como eu sei – Sirius retrucou cheio de estupidez. – Aliás, nossa, como você é corajoso... me chama para conversar e quem falou na verdade foi a Narcissa. Eu odeio gente como você, Lestrange.
            Os dois rapazes se encararam duramente, até que uma voz firme perto deles os fez desistir de continuar com o confronto quase às escuras.
            - Estão precisando de um mapa para acharem a sala de aula, Sr Black e Sr Lestrange? – Minerva McGonagall estava parada perto deles, os olhando desconfiada.
            Narcissa já estava na porta da sala, se afastando deles para não chamar tanto a atenção. Sirius e Travis entraram logo atrás da Professora, porém essa parou na porta da sala também, ao ver a confusão lá dentro: Amanda Stonebreaker e Domini Bletchley discutindo aos berros e os demais alunos ajudando a promover a confusão.
            - Ow, eu sabia que não deveria ter levantando da cama hoje – e levou a mão à testa, teatralmente, suspirando.


 


A aula de feitiços dos Lufanos e Corvinos do sétimo ano fora encerrada. Todos os alunos saíam, mas dois se demoram mais por lá.
            Hestia Jones e Benjamin Fenwick se entreolharam pesarosos, enquanto pegavam seus pertences. A menina das bochechas vermelhas sorria timidamente, abraçada com seu livro. O rapaz tinha um brilho diferente nos grandes e expressivos olhos azuis quando parou na frente dela.
            - Hestia, eu não queria ter que me separar de você agora, sua presença me faz tão feliz – ele levou delicadamente a mão até os cabelos negros da menina. Hestia fechou os olhos e inclinou um pouco a cabeça, mostrando como estava gostando do carinho.
            - Eu também não que... – ela começou, mas não terminou.
            Benjamin havia colado levemente seus lábios nos dela. O seu coração disparou e ela, no momento de surpresa, deixou seu livro cair. O Lufano foi obrigado a dar um passo para trás no susto do livro batendo no seu pé.
            - Ah, céus! – ela abriu os olhos, olhando para baixo, envergonhada. – Desculpa! Machucou?
            O belo e contagiante sorriso do rapaz negava. Ele levou sua mão para frente e a agitou, num aceno de “está tudo bem”.
            - Não tem problema, querida – ele parou de sacudir a mão e a estendeu para ela, que havia se abaixado para pegar o livro caído. – Vamos evitar acidentes, sendo mais atentos agora.
            Benjamin pegou o livro das mãos da garota, deixando-o sobre a mesa mais próxima. Depois, a puxou para si e, dessa vez, a passou o braço entorno de sua cintura para beijá-la de verdade.
            Rachel Clearwater deu um risinho na porta da sala, assistindo à cena. Estava feliz pela amiga. Fenwick era seu sonho de consumo há algum tempo e agora, finalmente, eles estavam se entendendo.
            - Parece que há um novo casal em Hogwarts – uma voz quase ao pé de sua orelha a fez gelar. Rachel fechou os olhos, como se preparando para enxergar o dono da voz quando os abrisse.
            Edgar Bones estava parado atrás dela. Ela virou-se, lentamente. Os olhos do rapaz pareciam tristes, embora um sorrisinho estivesse estampado nos lábios bem desenhados.
            - Eles formam um belo casal – Edgar falou novamente, olhando dentro dos olhos de Rachel. A proximidade que mantinha dela era quase insalubre.
            - Também acho – Rachel murmurou.
            - Eu amo você – ele falou, num fôlego só.
            Rachel piscou os olhos várias vezes, balançando a cabeça.
            - Como é?
            - Eu não posso mais esconder isso...
            Edgar lançou o rosto para frente e beijou Rachel, antes que ela tivesse tempo de entender o que estava acontecendo. Levou sua mão até a nuca da menina, mas a pressão exercida contra seu peito por ela o fez se afastar. Os olhos verdes da menina estava cheios de lágrimas.
            - NÃO! – ela gritou. – Você não podia ter feito isso! Não podia!
            - Rachel, desculpa! Eu...
            Mas ela não queria ouvir nada. Empurrou Edgar de sua frente e saiu correndo transtornada pelo corredor. Benjamin e Hestia saíram da sala, alarmados com os gritos.
            - O que houve, Ed? – o amigo o perguntou. Hestia olhava para a amiga sumindo pelo corredor.
            - Eu vou atrás da Rachel – anunciou, se apressando e acenando para Benjamin. – Nos falamos depois, meu lindo.
            - Tudo bem, querida – respondeu ele. Voltou a olhar para o amigo.
            - Eu estraguei tudo, Ben – Edgar passou a mão desoladamente pelo rosto, sentindo vontade de chorar ou de gritar, para liberar a raiva que sentia de si mesmo.

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