Confissões
Quando o mundo foi salvo e as luzes do cinema se acenderam, Virginia retirou rapidamente a mão. Não porque fosse desagradável estar de mãos dadas com ele, mas não estava com disposição de se arriscar a ouvir nenhum comentário sarcástico de Rony.
- Uma excelente escolha, Parminda. - Ronald falou para a prima.
- Repita isso depois que meu coração voltar ao normal.
Ronald passou o braço em torno de seus ombros, enquanto seguiam devagar pelo corredor até a saída.
- Ficou com medo?
- É claro que não. - Parminda se recusava a admitir. - Ficar quase duas horas vendo aquele corpo maravilhoso, nu até a cintura, é o suficiente para deixar qualquer mulher com o coração disparado.
Entraram no saguão iluminado e barulhento.
- Pizza! - Ronald decidiu. Olhou rapidamente para Johnny. - Está a fim de comer?
- Sempre estou a fim de comer.
- Ótimo. - Ronald abriu a porta e saíram para a noite. – Então você paga!
“Eles formam um trio e tanto” - Johnny pensou enquanto os quatro devoravam fatias de pizza com queijo derretido.
Rony e Virginia discutiam sobre tudo, desde que tipo de pizza pedir até qual dos ataques dos alienígenas tinha sido mais eficaz no filme que tinham acabado de assistir. Reparou que Virginia e Ronald gostavam de se provocar mutuamente, com Parminda intercedendo de vez em quando. Era óbvio que o laço entre eles era muito profundo, pois sob todas as reclamações, queixas e provocações havia um afeto indiscutível.
Quando Virginia disse a Ronald "Não seja idiota, amor!", Johnny sentiu que, para ela, tanto a palavra idiota como a palavra "amor" continham o mesmo peso.
Parminda se virou, encarando-o. Algo refulgiu em seus olhos por um instante, tão semelhante à simpatia, que Johnny sentiu uma onda de vergonha.
- Eles não têm intenção de ser assim tão grosseiros. - ela falou, sorridente. - Apenas não conseguem evitar.
- Grosseira? - Com os cabelos presos atrás das orelhas, Virginia girou o copo de vinho tinto. - Não é grosseria apontar os defeitos do meu irmão. Não quando eles são tão evidentes. - Deu uma palmada na mão de Rony, afastando-a do pedaço de pizza em seu prato. - Está vendo? falou para Johnny. - Ele sempre foi assim, ganancioso.
- Generoso em demasia. - Rony discordou.
- Convencido... - ela retrucou, fazendo uma careta para o irmão, enquanto cortava um belo pedaço de pizza. - Mal-humorado.
- Mentiras! - Pegando o copo de vinho, Rony recostou na cadeira. - Sou invejavelmente bem-humorado.
- É você quem sempre tem os ataques de raiva. Certo, Parminda?
- Bem, na verdade vocês dois...
- Nem a maturidade foi capaz de corrigir isso. - Rony interrompeu. - Quando Virginia era criança, se não conseguia ter o que queria começava a gritar como uma desvairada ou ficava emburrada num canto. O controle nunca foi seu ponto forte.
- Detesto ter de salientar - Parminda falou - mas pelo menos na metade das vezes em que Virginia tinha estes “ataques", era você quem provocava.
- É claro. - Ronald deu de ombros.
- Eu nunca deveria tê-lo deixado descer do teto, anos atrás.
Johnny ia beber o vinho, mas parou em meio ao gesto.
- O que foi que disse?
- Uma travessura, só isso. - Rony explicou.
- Que você mereceu. - Virginia bebericou o vinho. - Ainda nem sei se já o perdoei por aquilo.
Parminda foi obrigada a concordar.
- O que você fez foi muito feio, Rony!
Vendo-se em minoria, Ronald relaxou um pouco. E pôde até, com algum esforço, extrair um certo humor do acontecimento passado.
- Eu tinha apenas onze anos. Garotos desta idade têm o direito de fazer pequenas maldades. Além disso, nem era uma cobra de verdade.
Virginia torceu o nariz.
- Parecia verdadeira.
Rindo baixinho, Rony inclinou-se para frente a fim de contar o caso a Johnny.
- Estávamos todos na casa de tia Catherina e tio Mitchel, pais de Parminda, para comemorar o início da primavera. Eu admito que estava sempre procurando um jeito de irritar Gina e sabia que ela tinha pavor de cobras.
- É bem próprio de você se aproveitar de uma pequena fobia. - Virginia resmungou. – Algum dia também farei algo com aranhas.
Rony prosseguiu como se nada tivesse ouvido.
- O problema era que a garota não tinha medo de nada... exceto de cobras. - Os olhos de Rony reluziram com bom humor. - Então, já que garotos são sempre garotos, eu deixei uma cobra de borracha bem no meio da cama dela, enquanto ela estava ali deitada, é claro.
Johnny não conseguiu reprimir um sorriso, mas felizmente conseguiu transformar a risada num acesso de tosse, quando viu o olhar ameaçador de Virginia.
- Não parece tão terrível assim.
- Ele fez a cobra sibilar e se sacudir. - Parminda intercedeu, mordendo o lábio para também conter o riso.
Rony suspirou com nostalgia.
- Trabalhei naquele encantamento durante semanas. Feitiços nunca foram meu ponto forte, portanto foi uma tentativa um tanto deplorável, no fim das contas. Ainda assim... Olhou de soslaio para Virginia. - Funcionou.
Johnny descobriu que não tinha absolutamente nenhum comentário a fazer: ao que parecia, ele não estava sentado na mesa com três pessoas muito sensatas.
- Então, depois que parei de gritar e vi que na verdade se tratava de um feitiço muito malfeito, mandei Rony para o teto do quarto e deixei-o pendurado ali, de cabeça para baixo. - Havia um misto de orgulho e satisfação na voz de Virginia. - Por quanto tempo você ficou lá, querido?
- Duas terríveis semanas.
Ela sorriu.
- E ainda estaria, se minha mãe não o encontrasse e me obrigasse a fazê-lo descer.
- Pelo restante daquele verão - Parminda acrescentou, - vocês dois ficaram tentando se superar e sempre acabavam encrencados.
Rony e Virginia trocaram um sorriso. Depois, Virginia inclinou a cabeça e enviou um olhar penetrante para Johnny. Podia até ouvir as engrenagens do cérebro dele se movimentando.
- Tem certeza de que não quer um pouco de vinho? - perguntou.
- Não, obrigado, eu vou dirigir. - Tudo aquilo fora uma encenação para enganá-lo, compreendeu de repente, enviando um leve sorriso para Virginia. Mas, por que se importaria? Isso fazia com que participasse do grupinho e lhe fornecia novos ângulos para a história. - Quer dizer que vocês, ahn... pregavam muitas peças uns nos outros, quando eram crianças?
- Quando se tem determinados dons, é difícil se contentar com brincadeiras comuns.
- Mas fosse qual fosse a brincadeira, - Rony falou para Virginia, - você sempre trapaceava.
- Ora, é claro que sim. - Sem se ofender, Virginia lhe passou o que sobrara de sua pizza. - Eu gosto de vencer. Está ficando tarde. - Levantou-se para beijar o irmão e a prima no rosto. - Será que pode me levar para casa, Johnny?
- É claro. - Era exatamente isso que ele tinha em mente.
- Tenha cuidado, Varshall. - Rony avisou. - Ela gosta de brincar com fogo.
- Já percebi. - Johnny pegou a mão de Virginia e os dois se afastaram.
Parminda emitiu um leve suspiro e apoiou o queixo nas mãos.
- Com tantas faíscas se acendendo entre os dois a noite inteira, fico admirada por não termos uma fogueira acesa bem aqui nesta mesa.
- Haverá chamas em breve, querida prima. - Os olhos de Rony ficaram sombrios, tornando-se fixos e quase opacos. - Quer ela goste ou não.
Imediatamente preocupada, Parminda pousou a mão na dele.
- Mas vai ficar tudo bem com ela, não é?
Rony não estava vendo com tanta clareza como gostaria. Era sempre mais difícil com a família e especialmente com Virginia.
- Ela acabará com alguns "galos" e arranhões. - E ele sentia por isso. Então, seus olhos clarearam e o sorriso tranqüilo voltou ao seu rosto. - Ela vai superar, Parminda. Como ela mesma disse, gosta de vencer.
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Mas Virginia não estava pensando em batalhas ou vitórias, mas sim na sensação do ar frio batendo contra seu rosto. Reclinando a cabeça, olhou para o céu escuro, assombrado por uma meia-lua e deslumbrado pelas estrelas.
Era fácil desfrutar daquele momento. Virando a cabeça, Virginia observou seu perfil. Ah, ela bem que gostaria de passar os dedos sobre o rosto anguloso, experimentando o formato dos ossos, roçando um toque sobre os lábios bem desenhados, talvez sentindo a leve aspereza de seu queixo. Teria gostado disso e muito mais.
- Por que você foi à cidade esta noite? - perguntou
- Estava um pouco inquieto. Cansado de mim.
Ela compreendia tal sentimento. Não lhe ocorria com freqüência, mas quando acontecia era insuportável.
- O roteiro vai indo bem?
- Muito bem. Terei uma sinopse para enviar ao meu agente em poucos dias.
Johnny olhou na direção dela e imediatamente desejou não tê-lo feito. Ela estava tão linda, tão sedutora, com o vento nos cabelos e o luar refletindo em sua pele, que ele não queria mais desviar os olhos... Não era uma maneira muito sensata de se guiar um veículo.
- Você tem sido de grande ajuda.
- Isso quer dizer que não precisa mais de mim?
- Não. Virginia, eu... .
Ele se interrompeu e praguejou baixinho, dando-se conta de que passara a entrada da casa dela só um instante depois. Deu marcha a ré, fez a volta e parou, deixando o motor do carro ligado.
Se Virginia o convidasse para entrar ele teria de ir. Algo estava acontecendo naquela noite. Algo estava acontecendo desde o instante em que ele se virou e fitara os olhos cinzentos dela. Isso lhe dava a sensação perturbadora de ter entrado em um roteiro, cujo final ainda estava para ser escrito.
- Está mesmo inquieto. - ela murmurou - Não combina com você.
Num impulso, Virginia estendeu a mão e desligou a chave do motor. A ausência do ruído monótono fez com que o silêncio ressoasse na cabeça de Johnny. Seus corpos se roçaram e essa promessa de algo mais provocou um calor em seu estômago.
- Sabe o que gosto de fazer quando estou me sentindo assim?
A voz dela estava mais baixa. Ele se virou e deparou com aqueles vívidos olhos azuis reluzindo sob a luz da lua. E suas mãos já se estendiam para ela.
- O quê?
Virginia se afastou, escorregando das mãos dele como um espírito. Depois de abrir a porta do carro, foi andando lentamente para o lado dele e abaixou-se até que seus lábios quase se tocassem.
- Eu faço uma caminhada. - Com os olhos ainda fixos nos dele, endireitou-se e estendeu-lhe a mão. - Venha comigo. Vou lhe mostrar um lugar mágico.
Johnny poderia ter recusado. Mas sabia que o homem que não saísse do carro e tomasse a mão que lhe era oferecida ainda não nascera. Atravessaram o gramado, afastando-se da casa onde a única luz reluzia e penetraram nas sombras místicas e no silêncio murmurante do bosque de ciprestes. O luar adejava por entre as árvores, desenhando estranhas figuras com os galhos retorcidos no chão macio da floresta. Uma brisa muito leve sussurrava através das folhas e o fez pensar na harpa que Virginia tinha na saleta de estar.
A mão dela estava quente e firme na sua, enquanto seguia em frente, sem pressa, mas com determinação.
- Eu gosto da noite. - Virginia respirou fundo. - Do perfume e do sabor da noite. Às vezes acordo de madrugada e venho para cá.
Johnny ouvia o barulho das ondas nas rochas, um som constante e rítmico. Por motivos que nem queria compreender, seu próprio coração retumbava inexoravelmente no peito.
Alguma coisa estava acontecendo.
- As árvores. - Johnny achou que até o som de sua voz parecia estranho e misterioso no bosque sombrio. - Eu me apaixonei por elas.
Virginia parou de andar e o fitou, curiosa.
- É mesmo? E você sabe que árvore é essa? – perguntou apontando para a maior delas.
- Não.
- É um Carvalho Mágico. Igual ao que morreu quando eu nasci. Você deve conhecer a história.
- Conheço... Árvores são mágicas. Eu estive aqui de férias, no ano passado. Queria fugir do calor. E não me cansava de olhar para as árvores. - Encostou a mão numa delas, sentindo a áspera casca do tronco, que se inclinava dramaticamente para frente. - Nunca fui muito chegado à natureza. Sempre morei em cidades grandes ou próximo a elas. Mas sempre quis viver num lugar onde pudesse olhar pela janela e ver estas árvores.
- Aqui é o centro, o coração. A magia mais pura sempre está no coração.
Johnny não saberia dizer porque compreendia ou porque acreditava. Talvez fosse por causa da lua ou do momento. Sabia apenas que sentia um arrepio percorrê-lo, a mente flutuando. E, em algum lugar no mais profundo de sua memória, soube que já estivera ali antes. Com ela.
Erguendo a mão, tocou-lhe o rosto, deixando que os dedos deslizassem até o pescoço. Virginia não se moveu, nem para frente, nem para trás. Limitou-se a continuar olhando para ele. E esperou.
- Não sei se gosto do que está acontecendo comigo. - ele disse, em voz baixa.
- O que está acontecendo?
- Você. - Incapaz de resistir, Johnny levantou a outra mão e emoldurou-lhe o rosto, prendendo-o entre seus dedos tensos. - Eu sonho com você. Mesmo durante o dia, sonho com você. Não consigo pensar em qualquer outra coisa.
Virginia levou a mão até o pulso dele, querendo sentir as batidas fortes e vigorosas.
- E é tão ruim assim?
- Não sei. Sou um perito em evitar complicações, Virginia. E não quero que isso mude.
- Então vamos manter tudo bem simples.
Johnny não teve certeza se foi ela quem se moveu, ou se foi ele, mas de alguma forma Virginia estava em seus braços, e sua boca sorvia a dela. Nenhum sonho jamais fora tão arrebatador.
A língua de Virginia dançava sob a dele, incitando-o a ir mais fundo, e depois ela recebeu-o com um gemido que fez o sangue fervilhar em suas veias. Finalmente ele tinha o prazer de provar a longa linha do pescoço de Virginia.
Como ela podia pensar que teria alguma escolha, algum controle? O que eles estavam entregando um ao outro era tão velho quanto o tempo, tão novo quanto a primavera.
Se ao menos pudesse ser apenas prazer e nada mais, ela pensou debilmente, enquanto as sensações sobrepujavam sua força de vontade. Mas mesmo quando seu corpo latejava com aquele prazer, ela sabia que aquilo era muito, muito mais.
Nenhuma vez depois da morte de Harry Potter, ela havia entregado seu coração. Mas agora, com a lua no céu e o velho Carvalho Mágico como testemunha, ela o entregou a ele.
Seus braços tensionaram-se sob a dor aguda e penetrante.
O nome dele escapou de seus lábios. Naquele momento, Virginia soube porque precisara levá-lo até ali, o seu lugar mais secreto e pessoal. Que lugar seria mais adequado do que aquele, para perder seu coração?
Ficou abraçando-o por mais um instante, deixando seu corpo absorver o que ele poderia lhe dar, desejando ter honrado sua palavra de manter tudo bem simples.
Porém, nada seria simples a partir de agora. Para nenhum deles. Tudo o que podia fazer era aproveitar o tempo que ainda restava e preparar a ambos.
Mas no momento em que ela deveria ter se afastado, Johnny puxou-a para si, tomando-lhe os lábios mais uma vez, e mais outra, enquanto imagens, sons e desejos invadiam-lhe a mente.
- Johnny... - Virginia virou a cabeça e roçou a face carinhosamente na dele. - Não pode ser agora.
A voz baixa penetrou através dos bramidos que lhe enchiam a cabeça. Johnny foi tomado por uma necessidade urgente de atirá-la no chão e possuí-la naquele momento, provar que ela estava enganada. A súbita onda de violência o assustou. Atônito, afrouxou o abraço, percebendo que seus dedos se enterravam na pele dela.
- Me desculpe. - Ele soltou os braços ao longo do corpo. - Machuquei você?
- Não. - Emocionada, Virginia beijou-lhe a mão. - É claro que não. Não se preocupe.
Mas ele só podia se preocupar. Nunca, em toda sua vida, tratara uma mulher com tanta indelicadeza. Havia quem dissesse que ele já agredira seus sentimentos e, se fosse verdade, ele sentia muito. Mas ninguém jamais poderia acusá-lo de agredir fisicamente uma mulher.
No entanto, ele quase a jogara no chão e tomara à força o que tão desesperadamente queria, sem pensar se ela aceitaria ou concordaria com isso.
Abalado, enfiou as mãos nos bolsos.
- Eu estava certo, realmente não gosto do que está acontecendo. Esta é a segunda vez que a beijo e a segunda vez que senti que era algo que precisava fazer. Da mesma forma que preciso respirar, comer ou dormir.
Ela teria de ser muito cautelosa, agora.
- O afeto é tão necessário para a sobrevivência quanto respirar e comer.
Johnny duvidava, desde que passara a maior parte de sua vida sem isso. Observando-a, balançou a cabeça.
- Sabe de uma coisa? Se eu acreditasse que você é mesmo uma feiticeira, diria que estou enfeitiçado.
Virginia ficou surpresa ao perceber o quanto isso a magoava. Havia uma ponte de distância que se abria entre eles. Por mais que tentasse, não conseguia se lembrar de jamais ter sido magoada por um homem. Talvez fosse isso que significasse amar.
- Então, ainda bem que você não acredita. Foi só um beijo, Johnny - Ela sorriu, esperando que as sombras ocultassem a tristeza em seus olhos. - Não há nada a temer num beijo.
- Eu quero você. - A voz dele estava rouca e as mãos permaneciam nos bolsos. Havia nela um desamparo, mesclado com seu desejo. Talvez fosse isso que quase o levara à violência. - Mas pode ser perigoso.
Virginia não tinha dúvidas quanto a isso.
- Quando chegar a hora, vamos descobrir. Estou muito cansada agora. Vou voltar para casa.
Dessa vez, quando caminhou através do bosque, ela não lhe ofereceu a mão.
Trecho do próximo capítulo:
- Johnny. - A voz dela era baixa e extremamente sedutora. - Páre. Olhe para mim.
Ele se virou, olhou e soube. Embora não fosse possível, não fosse racional, ele sabia. Exalou um longo e cauteloso suspiro.
- Meu Deus, é de verdade. Não é?
- Sim. Não quer se sentar?
Nota da Autora: Espero que vocês estejam gostando do Johnny... Bjux e até o próximo...
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